Até o final do ano, todos os professores de ensino médio das escolas públicas do País deverão ter em mãos tablets com acesso a material didático para melhorar o conteúdo das aulas. O Ministério da Educação (MEC) prevê a compra e a entrega de até 598.402 tablets a partir do início do segundo semestre. Esse é o número de professores do ensino médio. Parte deles já conta com o equipamento, comprado pelas secretarias estaduais.
O novo projeto de educação digital foi anunciado ontem pelo ministro Aloizio Mercadante. 'Começar pelo professor é mais seguro', disse o ministro. O projeto usará licitação realizada no ano passado para a compra dos tablets de sete polegadas para os professores a um custo entre R$ 276,99 e R$ 278,90 cada um, dependendo da região do país.
Tablets maiores, de dez polegadas, do tamanho de um Ipad, também serão distribuídos às escolas para o uso associado a uma espécie de projetor com acesso à internet, chamado de lousa digital. A estimativa de gasto com o projeto é de aproximadamente R$ 180 milhões neste ano. 'Para o tamanho do orçamento do MEC, isso é nada', calcula Mercadante, insistindo em que o dinheiro está garantido.
As empresas Digibras e Positivo ganharam o pregão para a venda dos tablets, cujo resultado foi anunciado no final de janeiro. Os computadores terão saída para vídeo e entrada USB, além de bateria com duração de seis horas. Antes de serem distribuídos, os tablets vão receber conteúdos, como as aulas de física, matemática, biologia e química da Khan Academy, previamente traduzidas. Os professores também terão acesso à edição diária de jornais nacionais e locais.
Num primeiro momento, receberão os equipamentos só os professores de escolas que já contam com laboratório de informática e acesso à banda larga. As escolas aptas representam 82% do universo de 62.230 estabelecimentos localizados nas cidades. As escolas da zona rural contarão com programa específico, a ser anunciado posteriormente.
'Não adianta dar o tablet, que é uma espécie de torneira, sem que haja canos nem uma caixa d'água disponíveis', comparou o ministro da Educação, sem estabelecer prazos para a distribuição de tablets aos professores do ensino fundamental. Não há previsão de entrega dos computadores aos alunos da rede pública.
Nova prioridade. Diferentemente dos programas de inclusão digital desenvolvidos na gestão Fernando Haddad, a prioridade agora é o professor. E sobretudo do ensino médio, considerado mais problemático por Mercadante. 'A evasão no ensino médio é grande, os indicadores não são bons e a escola não está atrativa: é um grande nó que precisamos desfazer.'
As chamadas lousas digitais, projetores com acesso à internet e material para melhorar o conteúdo das aulas, começaram a ser distribuídos a 10 mil escolas no final do ano passado. 'É nesse ano que o projeto vai ganhar escala', disse o ministro, que afirma ter detalhado o programa em apenas nove dias, desde que assumiu o Ministério da Educação.
'É importante definir uma estratégia sólida para preparar a nova geração para a tecnologia da informação. Queremos acelerar o processo, mas sem atropelos, sabendo que a tecnologia não é um objetivo em si', diz. O lema do programa é 'Na educação, inclusão digital começa pelo professor'.
MEC atropela processo e compra tablets 
MARIANA MANDELLI - O Estado de S.Paulo
O Ministério da Educação (MEC) abriu uma licitação para a compra de 900 mil tablets sem concluir a análise do impacto que o programa Um Computador por Aluno (UCA), que chegou a 2% das escolas do País, teve sobre o aprendizado. A previsão é de que a avaliação do projeto seja concluída apenas em fevereiro do ano que vem.


Até agora, o MEC distribuiu 150 mil computadores em 386 escolas pelo UCA. O programa começou em 2005, mas só em 2009 os laptops chegaram às escolas.
A avaliação tem três fases: diagnóstico (para revelar o que os alunos já sabiam antes do programa), processo (o que ocorre durante o UCA) e resultados (que mostram o impacto efetivo do projeto). Até agora, apenas o diagnóstico inicial de 52 escolas, que fazem parte do primeiro lote de participantes do UCA, foi concluído. Os outros dois lotes de escolas não serão analisados durante o processo. "A análise começou no começo de 2010", diz Isabel Cappelletti, da PUC-SP, que é da comissão avaliadora.
A Secretaria de Assuntos Estratégicos encomendou uma avaliação do UCA para a Universidade Federal do Rio de Janeiro, sobre cinco cidades que tiveram todas as escolas atendidas. O texto deve chegar ao MEC neste mês.
Diferenças. O MEC diz que as duas iniciativas - laptops e tablets - são diferentes e os tablets terão utilidade distinta. Do total, a pasta deve comprar 300 mil tablets, por R$ 110 milhões.
De acordo com a pasta, serão comprados diversos modelos de tablets - cada um terá um tipo de aplicação. Cada tablet custará R$ 283. O MEC ainda não divulgou os números de alunos e escolas que devem ser atendidos.
O edital, em curso no Fundo Nacional de Desenvolvimento>>>>>>>