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segunda-feira, 11 de março de 2013

Referendum de Malvinas exibe vontade de 98,8% por seguir britânico


VOTACIÓN EN LAS ISLAS

Abrumador triunfo del Sí en el referendum de Malvinas

POR NATASHA NIEBIESKIKWIAT. ENVIADA ESPECIAL.

Como se preveía, el 98,8% votó por seguir siendo territorio británico de ultramar. Hubo 3 votos en contra. La participación fue del 92% del padrón.
FESTEJO. Un hombre vota hoy en un puesto electoral en Puerto Stanley. (EFE)

Las Malvinas são uruguaias...?


Livro diz que ilhas Falkland são uruguaias

Atualizado em  3 de fevereiro, 2013 - 19:52 (Brasília) 21:52 GMT
Ilhas Falkland (Malvinas) / BBC
Autores dizem que documentos históricos confirmam controle uruguaio sobre ilhas Falkland
Um livro que afirma que as ilhas Falkland (chamadas de Malvinas na Argentina) podem pertencer ao Uruguai adicionou mais um capítulo à polêmica sobre o arquipélago.
A ideia, entretanto, é refutada por historiadores.
A tese partiu do arquiteto uruguaio John Ackermann e do engenheiro agrônomo argentino-uruguaio Alfredo Villegas e é baseada em um tratado de 1841 mencionado pelos dois autores em seu livro "Las Malvinas ¿son uruguayas?" ("As Malvinas são uruguaias", em tradução livre).
Segundo eles, o acordo, assinado pela Espanha e pelo Uruguai, teria cedido ao país sul-americano os poderes que o porto militar de Montevidéu tinha sobre o arquipélago do Atlântico Sul.
Para Ackermann e Villegas, o tratado não perdeu a validade.
"Queremos divulgar os documentos que envolvem tal acordo e a história que se sucedeu a partir daí. E, ao analisá-los, chega-se à conclusão de que as Malvinas são uruguaias", disse Ackermann.
"Estamos fazendo uma reivindicação histórica", acrescentou ele à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

Assunto esquecido

Ackermann lembrou que, 17 anos após esse tratado, a Espanha assinou um acordo similar com a Argentina, mas na ocasião informou que o país não poderia "ceder o que já cedido para o Uruguai".
Villegas acrescentou que o mesmo pacto hispânico-uruguaio se baseou em um tratado antártico validado pelo Senado argentino mais de um século depois, em 1974, um "documento que ninguém nunca menciona."
"A pergunta que me faço é o que os senadores argentinos estavam fazendo quando assinaram um documento baseado em um tratado que invalidava o controle do país sobre as Malvinas".
Villegas negou que o livro contenha um ineditismo histórico e afirmou que intelectuais uruguaios, como Eugene Petit Muñoz (1896-1977), já havia feito menção sobre tal possibilidade há um século.
"O que acontece é que nunca ninguém se aprofundou no assunto", disse ele.
"Nós simplesmente levantamos uma questão que estava esquecida."

Contradição

Ilhas Falkland (Malvinas) / PA
Guerra das Malvinas opôs Argentina a Reino Unido
O livro, que foi publicado em 2012 sem levantar polêmica, reacendeu as discussões sobre o assunto durante uma palestra ocorrida na semana passada no balneário uruguaio de Punta del Este.
A possibilidade de o Uruguai ser o verdadeiro dono das Malvinas ocorre em meio a um reaquecimento da longa disputa diplomática entre Argentina e Reino Unido sobre o arquipélago, três décadas após a guerra que opôs os dois países.
A polêmica entre argentinos e britânicos também leva em conta aspectos históricos sobre quem descobriu as ilhas e como elas foram habitadas.
Em março deste ano, os habitantes do arquipélago devem votar em um referendo sobre se querem continuar ligados ao Reino Unido.
O Uruguai, por outro lado, nunca alegou direitos sobre as ilhas, embora Ackermann disse que poderia reivindicá-los enquanto que Villegas afirmou que o país poderia aproveitar para negociar com a Argentina questões comerciais e bilaterais.
O presidente do Uruguai, José Mujica, fez um comentário sobre a reivindicação argentina das ilhas durante uma cerimônia realizada em maio, que contou com a presença do embaixador argentino em Montevidéu, Dante Dovena.
"Não somos indiferentes em relação à possibilidade das Malvinas serem uruguaias. Mas isso é uma questão para depois", disse Mujica na ocasião, segundo publicou o jornal uruguaio El Observador.

Ceticismo

Questionada sobre o livro, a historiadora uruguaia Ana Ribeiro, uma das mais conhecidas do país e especializada em pesquisa histórica, disse: "Trata-se de um tema que, sem dúvida, que incentiva e provoca certa polêmica".
"As Malvinas, na verdade, pertenciam ao Vice-Reino do Rio da Prata e foram administradas a partir da estação naval em Montevidéu. Porém, naquela época, tal território pertencia à Coroa espanhola e o Uruguai que conhecemos hoje ainda não existia."
Ana Ribeiro, historiadora uruguaia
Para Ribeiro, entretanto, o Uruguai não tem um argumento de peso para reclamar o controle das ilhas.
"As Malvinas, na verdade, pertenciam ao Vice-Reino do Rio da Prata e foram administradas a partir da estação naval em Montevidéu. Porém, naquela época, tal território pertencia à Coroa espanhola e o Uruguai que conhecemos hoje ainda não existia", explicou ela.
"Um historiador nunca pode olhar para apenas um detalhe. A História é muito mais complicada", acrescentou.
Na avaliação da historiadora, pela mesma linha de raciocínio, o Uruguai também poderia reivindicar o controle dos Sete Povos das Missões (aldeamentos indígenas fundados por jesuítas espanhóis no atual território do estado do Rio Grande do Sul), que foram ocupados pelos portugueses no início do século 19.
A BBC Mundo tentou contatar o Ministério das Relações Exteriores uruguaio sobre o assunto, mas não recebeu uma resposta até o fechamento desta reportagem.

Brasil trata melhor assassinos, bandidos do que suas vítimas

11/03/2013
Famílias de presidiários receberam R$ 434 milhões em 2012
Marina Dutra


Do Contas Abertas
A Previdência Social pagou R$ 434 milhões em auxílio-reclusão no ano passado. O valor é 18% maior do que o de 2011, quando foram pagos R$ 368,3 milhões em benefícios. O valor pago em 2012 é o maior dos últimos anos. O aumento coincide com o crescimento da população carcerária no país. Segundo dados do Ministério da Justiça, o número total de presos em penitenciárias e delegacias brasileiras subiu de 514.582 em 2011 para 549.577 em 2012.
Em 1992, o Brasil tinha um total de 114.377 presos, o equivalente a 74 presos por 100 mil habitantes. No ano passado, essa proporção chegou a 288 presos por 100 mil habitantes. Nas últimas duas décadas o ritmo de crescimento da população carcerária brasileira (380,5%) só foi superado pelo do Camboja (aumento de 678% em 17 anos) e pelo de El Salvador (aumento de 385% em 19 anos).
O auxílio-reclusão é um benefício pago à família do preso sob regime fechado ou semiaberto, que antes da detenção ou reclusão tenha estado em dia com as contribuições ao Instituto Regime Geral da Previdência Social (RGPS). Além disso, para ter direito ao auxílio, é necessário que o último salário de contribuição do segurado seja igual ou inferior a R$ 971,78. Nos casos de liberdade condicional ou cumprimento de pena em regime aberto, os detentos não têm direito ao benefício.
A concessão do auxílio-reclusão não exige tempo mínimo de contribuição, porém, para ter direito ao benefício, o detento não pode estar recebendo salário ou qualquer outro ajuda durante a reclusão (como auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço). Além da comprovação de que o trabalhador é segurado, os dependentes devem apresentar à Previdência, de três em três meses, atestado de que este permanece preso.
Desta forma, o direito é extinto em caso de fuga, liberdade condicional, transferência para prisão albergue ou cumprimento da pena em regime aberto, do mesmo modo se a condição de “dependente” for perdida. Conforme a ocasião, o benefício também pode ser convertido em aposentadoria ou auxílio-doença (opção que for mais vantajosa) e, em caso de óbito, em pensão por morte.
Para o cientista político, Antônio Flávio Testa, o pagamento do auxílio-reclusão é justo. “É um direito que o detento tem por ter contribuído antes de ser preso”, afirma.
De acordo com Testa, o pagamento do benefício à família do detento compensa a ausência do familiar. “É uma forma de suprir a falta daquele pai que infelizmente naquele momento não pode ajudar financeiramente a família”, conclui.

Apenas 6,5% dos detentos recebem o benefício
De acordo com os últimos dados divulgados pelo Ministério da Justiça sobre a população carcerária do país, 549.577 pessoas encontram-se detidas. Em julho de 2012, data mencionada na pesquisa do órgão, apenas 35.937 detidos recebiam o benefício. Isso quer dizer que, ao contrário do que pensa grande parte da população, o auxílio-reclusão só é pago para 6,5% dos presos.
No primeiro mês de 2013, 38.618 presos receberam auxílio-reclusão, segundo boletim da Previdência Social. Em janeiro, foram pagos R$ 28,1 milhões em benefícios e cada família de detento beneficiado recebeu em média R$ 728.
O auxílio-reclusão tem valor correspondente a 100% do salário-de-benefício, que, por sua vez, é a média dos 80% maiores salários-de-contribuição do período contributivo, a contar de julho de 1994. Dessa forma, o valor do auxílio-reclusão não é fixo e vai variar de acordo com as contribuições de cada segurado. Para o segurado especial (trabalhador rural), o valor do auxílio-reclusão será de um salário mínimo, se o mesmo não contribuiu facultativamente.

A persistência da miséria...

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/03/130307_sub_brasilia_pobreza_brasil_jp_jf.shtml

Em Brasília, miséria rodeia Palácio da Alvorada

Atualizado em  11 de março, 2013 - 05:22 (Brasília) 08:22 GMT
Miséria no Brasil | Foto: BBC
Moradora da ocupação (ao fundo, as torres do Congresso).
Levada ao pé da letra, a afirmação da presidente Dilma Rousseff de que o Brasil "venceu a pobreza extrema visível" não resiste a um rápido giro pelas vias que cercam o Palácio da Alvorada, residência da governante, e a Esplanada dos Ministérios.
À beira das avenidas, em acampamentos visíveis a qualquer motorista ou passageiro, centenas de pessoas vivem em barracos sem acesso a redes de água, esgoto, eletricidade e, em muitos casos, tampouco a programas de transferência de renda.
O discurso de Dilma, em 25 de fevereiro, ocorreu dias após o anúncio da ampliação do programa Brasil sem Miséria. Em seu programa de rádio, ela afirmou que a medida zeraria o cadastro de brasileiros considerados extremamente pobres pelo governo, com renda familiar per capita inferior a R$ 70.
"Vencemos a pobreza extrema visível e agora vamos atrás da pobreza extrema invisível, aquela que teima em fugir aos nossos olhos e aos nossos programas sociais", disse a presidente. Dilma estimou que 700 mil famílias ("nas periferias das grandes cidades, em comunidades ribeirinhas e extrativistas na Amazônia, no semiárido do Nordeste e em outras áreas rurais") ainda estejam à margem das políticas públicas.
No entanto, o caso das famílias acampadas não na periferia, mas coração da capital federal, ilustra a complexidade da missão do governo, além de expor lados da pobreza que não foram erradicados com a expansão dos planos de transferência de renda.
De acordo com a Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do Distrito Federal, há entre 400 e 500 pessoas que vivem acampadas no Planto Piloto, zona central de Brasília, onde trabalham informalmente na coleta e separação do lixo para reciclagem. Em todo o Distrito Federal, o grupo soma até 3.500 pessoas, das quais grande parte não recebe qualquer benefício do governo, segundo a central.
A BBC Brasil visitou um acampamento vizinho ao Clube de Golfe de Brasília, no Setor de Clubes Esportivos Sul. Ali, a poucos quilômetros do Palácio da Alvorada, famílias se instalaram em meio à densa vegetação do cerrado, em área com vista para as torres do Congresso.
Numa clareira que dá acesso a seis barracos de lona e madeira, habitados por 17 pessoas, crianças brincam e adultos conversam em círculo. "Nunca recebi nada do governo", diz Marcilene Modesto dos Santos, de 30 anos.
Mãe de três filhos em idade escolar – uma quarta filha morreu de dengue, aos 9 anos –, ela passa a maior parte do dia a poucos metros dos barracos, separando o lixo que chega em carroças puxadas por cavalos, meio de transporte comum entre os trabalhadores do setor.
Como ela e o companheiro, juntos, têm renda inferior a R$ 400, integram o público-alvo do Bolsa Família. Mas Santos diz que jamais conseguiu se cadastrar no programa.
Outros moradores também citaram dificuldades para agendar entrevistas nos centros do Distrito Federal responsáveis por registrar famílias para os programas federais.
Mãe de três filhos em idade escolar, Girlene Pereira da Silva, 32 anos, diz que recebeu pagamentos do Programa Fome Zero, lançado em 2003 e posteriormente absorvido pelo Bolsa Família. No entanto, após trabalhar com carteira assinada por um curto período, diz que perdeu o benefício e jamais conseguiu atualizar seu registro.
O cadastramento para os programas federais é atribuição dos governos locais. Em Brasília, entrevistas devem ser agendadas pelo telefone 156. Desde o início da semana, a BBC Brasil tenta marcar um horário nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) da cidade, mas o sistema está fora do ar.
Procurada, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda não explicou as falhas no serviço telefônico, mas disse em nota que suas equipes estão sendo ampliadas para aprimorar o atendimento às famílias pobres.
Afirmou ainda que, a partir deste mês, fará uma "intervenção sistemática" em áreas ocupadas por trabalhadores do setor de reciclagem para identificar famílias que possam ser incluídas no Cadastro Único.

Expectativas

Sem filhos, Emílio Luis da Silva, de 62 anos, não se enquadrava no Bolsa Família até a última alteração no plano, que estendeu o benefício a todas as famílias com renda per capita inferior a R$ 70.
Nascido em Petrolina (PE), ele migrou para Brasília há oito anos em busca de trabalho. Ao não encontrar ocupação formal, comprou uma bicicleta e passou a percorrer o Plano Piloto atrás de fios de cobre ou máquinas avariadas nas lixeiras.
Sua renda varia conforme a sorte: se encontra algum equipamento valioso e consegue consertá-lo, pode ganhar algumas centenas de reais, o equivalente a um ou dois meses normais de trabalho.
Nos tempos de azar, conta com a comida e o dinheiro doados por moradores de Brasília para se manter com a esposa, Maria Lúcia Maciel, de 47 anos. Os dois se instalaram perto do Clube de Golfe há três anos. Desde então, Silva afirma ter tentado comprar uma residência em Brasília pelo programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.
Os planos ruíram, segundo ele, quando descobriu que precisava ganhar ao menos três salários mínimos mensais para pleitear um financiamento. Silva então cogitou alugar uma casa em alguma cidade-satélite, mas, como trabalha de bicicleta e o lixo que recolhe se concentra no Plano Piloto, abandonou a ideia. "Não daria conta de morar lá e vir para cá todos os dias no pedal."
Para que passe a receber o Bolsa Família, ele aguarda que o Congresso aprove a Medida Provisória que instituiu as mudanças no plano, o que deve ocorrer nos próximos meses.

Auxílio-doença

Já outras duas famílias da ocupação recebem repasses pelo programa. "É um dinheirinho que faz a diferença", diz Solange da Silva, 35 anos, mãe de dois filhos.
Desde que, há dois anos, passou a receber R$ 100 mensais pelo plano, ela busca algum auxílio governamental para seu irmão, que tem crises frequentes de epilepsia e foi impedido de trabalhar pelo médico. "Na última vez que saiu, teve uma crise e caiu de um caminhão. Hoje cada um ajuda no que pode para ele ficar em casa."
Mesmo entre alguns beneficiários do Bolsa Família, há queixas sobre o programa. Em visita a amigos que vivem na ocupação, Francisco Neto, 61 anos, diz receber mensalmente R$ 166 do plano para criar seus três filhos, que têm entre 10 e 15 anos. Viúvo – a esposa foi assassinada após uma briga – e morador de Planaltina, cidade goiana no entorno do Distrito Federal, ele afirma que o repasse "não dá nem para o café da manhã".
Neto faz bicos, consertando bicicletas de vizinhos. No ano passado, porém, teve diagnosticado um engrossamento da próstata (hiperplasia prostática benigna), doença que provoca fortes dores nas pernas e bloqueia a urina.
Na véspera do fim de ano, diz ele, o hospital onde se trata suspendeu a entrega de seu remédio, cujas cartelas custam R$ 200 ao mês. Interrompido o tratamento por dois meses, as dores se agravaram e ele não foi capaz de trabalhar. Mas só por alguns dias.
"A pobreza funciona assim: se você se abate por causa de uma dor, não sai mais de casa e vai piorando. Mesmo nas minhas condições, eu tenho que fazer minha correria."

" A morte do caudilho" // Mario Vargas Llosa

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/feira-livre/a-morte-do-caudilho-por-mario-vargas-llosa/


10/03/2013
 às 22:40 \ Feira Livre

‘A morte do caudilho’, por Vargas Llosa

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PUBLICADO NO ESTADÃO DESTE DOMINGO
MARIO VARGAS LLOSA 
O comandante Hugo Chávez Frías pertencia à robusta tradição dos caudilhos que, embora mais presentes na América Latina que em outras partes, não deixaram de se assomar a toda parte, até em democracias avançadas, como a França. Ela revela aquele medo da liberdade que é uma herança do mundo primitivo, anterior à democracia e ao indivíduo, quando o homem ainda era massa e preferia que um semideus, ao qual cedia sua capacidade de iniciativa e seu livre-arbítrio, tomasse todas as decisões importantes de sua vida.
Cruzamento de super-homem e bufão, o caudilho faz e desfaz a seu bel prazer, inspirado por Deus ou por uma ideologia na qual, quase sempre, se confundem o socialismo e o fascismo ─ duas formas de estatismo e coletivismo ─ e se comunica diretamente com seu povo mediante a demagogia, a retórica, a espetáculos multitudinários e passionais de cunho mágico-religioso.
Sua popularidade costuma ser enorme, irracional, mas também efêmera, e o balanço de sua gestão, infalivelmente catastrófico. Não devemos nos impressionar em demasia pelas multidões chorosas que velam os restos de Hugo Chávez. São as mesmas que estremeciam de dor e desamparo pela morte de Perón, de Franco, de Stalin, de Trujillo e as que, amanhã, acompanharão Fidel Castro ao sepulcro.
Os caudilhos não deixam herdeiros e o que ocorrerá a partir de agora na Venezuela é totalmente incerto. Ninguém, entre as pessoas de seu entorno, e certamente em nenhum caso Nicolás Maduro, o discreto apparatchik a quem designou seu sucessor, está em condições de aglutinar e manter unida essa coalizão de facções, de indivíduos e de interesses constituídos que representa o chavismo, nem de manter o entusiasmo e a fé que o defunto comandante despertava com sua torrencial energia nas massas da Venezuela.
Uma coisa é certa: esse híbrido ideológico que Hugo Chávez urdiu chamado revolução bolivariana ou socialismo do século 21, já começou a se decompor e desaparecerá, mais cedo ou mais tarde, derrotado pela realidade concreta: a de uma Venezuela, o país potencialmente mais rico do mundo, ao qual as políticas do caudilho deixaram empobrecido, dividido e conflagrado, com a inflação, a criminalidade e a corrupção mais altas do continente, um déficit fiscal que beira a 18% do PIB e as instituições ─ as empresas públicas, a Justiça, a imprensa, o poder eleitoral, as Forças Armadas ─ semidestruídas pelo autoritarismo, a intimidação e a submissão.
Além disso, a morte de Chávez coloca um ponto de interrogação na política de intervencionismo no restante do continente latino-americano que, num sonho megalomaníaco característico dos caudilhos, o comandante defunto se propunha a tornar socialista e bolivariano a golpes de talão de cheques. Persistirá esse fantástico dispêndio dos petrodólares venezuelanos que fizeram Cuba sobreviver com os 100 mil barris diários que Chávez praticamente presenteava a seu mentor e ídolo Fidel Castro? E os subsídios e as compras de dívida de 19 países, aí incluídos seus vassalos ideológicos como o boliviano Evo Morales, o nicaraguense Daniel Ortega, as Farc colombianas e os inúmeros partidos, grupos e grupelhos que por toda a América Latina lutam para impor a revolução marxista?
O povo venezuelano parecia aceitar esse fantástico desperdício contagiado pelo otimismo de seu caudilho, mas duvido que o mais fanático dos chavistas acredite agora que Maduro possa vir a ser o próximo Simon Bolívar. Esse sonho e seus subprodutos, como a Aliança Bolivariana para as América (Alba), integrada por Bolívia, Cuba, Equador, Dominica, Nicarágua, San Vicente e Granadinas, Antígua e Barbuda, sob a direção da Venezuela, já são cadáveres insepultos.
Nos 14 anos que Chávez governou a Venezuela, o preço do barril de petróleo ficou sete vezes mais caro, o que fez desse país, potencialmente, um dos mais prósperos do planeta. No entanto, a redução da pobreza nesse período foi menor que a verificada, por exemplo, no Chile e no Peru no mesmo período. Enquanto isso, a expropriação e a nacionalização de mais de um milhar de empresas privadas, entre elas 3,5 milhões de hectares de fazendas agrícolas e pecuárias, não fez desaparecer os odiados ricos, mas criou, mediante o privilégio e o tráfico, uma verdadeira legião de novos ricos improdutivos que, em vez de fazer progredir o país, contribuiu para afundá-lo no mercantilismo, no rentismo e em todas as demais formas degradadas do capitalismo de Estado.
Chávez não estatizou toda a economia, como Cuba, e nunca fechou inteiramente todos os espaços para a dissidência e a crítica, embora sua política repressiva contra a imprensa independente e os opositores os reduziu a sua expressão mínima. Seu prontuário no que respeita aos atropelos contra os direitos humanos é enorme, como recordou, por ocasião de seu falecimento, uma organização tão objetiva e respeitável como a Human Rights Watch.
É verdade que ele realizou várias consultas eleitorais e, ao menos em algumas delas, como a última, venceu limpamente, se a lisura de uma eleição se mede apenas pelo respeito aos votos depositados e não se leva em conta o contexto político e social no qual ela se realiza, e na qual a desproporção de meios à disposição do governo e da oposição era tal que ela já entrava na disputa com uma desvantagem descomunal.
No entanto, em última instância, o fato de haver na Venezuela uma oposição ao chavismo que na eleição do ano passado obteve quase 6,5 milhões de votos é algo que se deve, mais do que à tolerância de Chávez, à galhardia e à convicção de tantos venezuelanos que nunca se deixaram intimidar pela coerção e as pressões do regime e, nesses 14 anos, mantiveram viva a lucidez e a vocação democrática, sem se deixar arrebatar pela paixão gregária e pela abdicação do espírito crítico que o caudilhismo fomenta.
Não sem tropeços, essa oposição, na qual estão representadas todas as variantes ideológicas da Venezuela está unida. E tem agora uma oportunidade extraordinária para convencer o povo venezuelano de que a verdadeira saída para os enormes problemas que ele enfrenta não é perseverar no erro populista e revolucionário que Chávez encarnava, mas a opção democrática, isto é, o único sistema capaz de conciliar a liberdade, a legalidade e o progresso, criando oportunidades para todos em um regime de coexistência e de paz.
Nem Chávez nem caudilho algum são possíveis sem um clima de ceticismo e de desgosto com a democracia como o que chegou a viver a Venezuela quando, em 4 de fevereiro de 1992, o comandante Chávez tentou o golpe de Estado contra o governo de Carlos Andrés Pérez. O golpe foi derrotado por um Exército constitucionalista que enviou Chávez ao cárcere do qual, dois anos depois, num gesto irresponsável que custaria caríssimo a seu povo, o presidente Rafael Caldera o tirou anistiando-o.
Essa democracia imperfeita, perdulária e bastante corrompida, havia frustrado profundamente os venezuelanos que, por isso, abriram seu coração aos cantos de sereia do militar golpista, algo que ocorreu, por desgraça, muitas vezes na América Latina.
Quando o impacto emocional de sua morte se atenuar, a grande tarefa da aliança opositora presidida por Henrique Capriles será persuadir esse povo de que a democracia futura da Venezuela terá se livrado dessas taras que a arruinaram e terá aproveitado a lição para depurar-se dos tráficos mercantilistas, do rentismo, dos privilégios e desperdícios que a debilitaram e tornaram tão impopular.
A democracia do futuro acabará com os abusos de poder, restabelecendo a legalidade, restaurando a independência do Judiciário que o chavismo aniquilou, acabando com essa burocracia política mastodôntica que levou à ruína as empresas públicas. Com isso, se produzirá um clima estimulante para a criação de riqueza no qual empresários possam trabalhar e investidores, investir, de modo que regressem à Venezuela os capitais que fugiram e a liberdade volte a ser a senha e contrassenha da vida política, social e cultural do país do qual há dois séculos saíram tantos milhares de homens para derramar seu sangue pela independência da América Latina.
TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK

Dois anos depois do tsunami do Japão ... // Fotos

http://www.publico.pt/multimedia/fotogaleria/japao-317429#/18

O Japão dois anos depois do tsunami

sexta-feira, 8 de março de 2013

PT tenta negociar 'franquia' de Lincoln... com a História


GUILHERME FIUZA - 08/03/2013 12h38 - Atualizado em 08/03/2013 12h38
TAMANHO DO TEXTO

E o Oscar de efeitos especiais vai para... o PT

GUILHERME FIUZA
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Guilherme Fiuza é jornalista. Publicou os livros Meu nome não é Johnny, que deu origem ao filme, 3.000 dias no bunker e Amazônia, 20º andar. Escreve quinzenalmente em ÉPOCA gfiuza@edglobo.com.br (Foto: Reprodução)
Abraham Lincoln e Luiz Inácio da Silva não são a mesma pessoa, mas quase. Na festa de 30 anos da CUT, o filho do Brasil e pai da maior máquina de perpetuação no poder já vista neste país voltou a se queixar em grande estilo, como é próprio das vítimas profissionais. Declarou que ele e o companheiro Lincoln são uns injustiçados: “Fiquei impressionado como a imprensa batia no Lincoln em 1860. Igualzinho bate em mim”. 
As semelhanças não param por aí: Lincoln não ganhou o Oscar, Lula também não. Mais uma armadilha do sistema capitalista contra os heróis do povo. Como um sujeito que sai limpinho do mensalão, convencendo mais de 100 milhões de pessoas de que não sabia de nada, pode não ser premiado com o Oscar? É muita injustiça social mesmo. Só pode ser preconceito das elites contra o ex-operário.

Lincoln e Lula, os irmãos siameses da resistência contra a imprensa burguesa, passarão juntos à história da CUT apesar do boicote de Hollywood. Mas que os americanos não se animem muito com essa dobradinha. Mesmo com as incríveis semelhanças entre os dois estadistas, Lula é melhor. Lincoln jamais seria capaz de eleger uma Dilma e, depois de um governo inoperante, preguiçoso, fisiológico, perdulário, destruidor das instituições com tarifas mentirosas e contabilidade idem, se encaminhasse para reelegê-la. Com todo o respeito à mitologia ianque e ao talento de Steven Spielberg, uma façanha dessas não cabe na biografia de Lincoln. Como transformar uma militante inexpressiva em símbolo feminino nacional, sem que ela manifeste um único pensamento original em anos de vida pública? Lincoln teria de nascer de novo duas vezes para aprender essa com Lula.

Enquanto o líder máximo de todos os tempos das Américas demonizava a imprensa, ensinando a classe operária a suspeitar da informação livre, odiar o contraditório e só confiar no que seu guru diz, notava-se ao lado os sorrisos divertidos de Gilberto Carvalho, o chefe de gabinete vitalício do Brasil. Carvalho é uma espécie de entroncamento entre Lula e Dilma, um avalista da continuação do final feliz petista no berço esplêndido do Estado brasileiro. Como se sabe, para que esse final feliz dure bastante, é necessário que o conto de fadas do oprimido prevaleça sobre a vida real – daí a implicância sistemática com a imprensa.
Lincoln teria de nascer
de novo duas vezes para
aprender com Lula as façanhas da permanência no poder 
Ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho está sempre nos fóruns partidários prometendo à militância que o governo criará uma imprensa nova, confiável. Parece piada chavista, mas é verdade. Por acaso, foi um subalterno de Carvalho que voltou de Cuba com um dossiê contra a blogueira Yoani Sánchez, caprichosamente gravado num CD. É o velho estilo petista de conspirar com o rabo de fora.

Na chegada da blogueira cubana ao Brasil, surgiram subitamente patrulhas organizadas de apoio ao regime de Fidel Castro, um movimento que ninguém imaginava que existia, que nunca mostrara sua cara em lugar nenhum. De repente, num Brasil supostamente democrático e tolerante às diferenças ideológicas, esses grupos surgidos do nada simplesmente impediram os debates públicos com Yoani – no grito, na marra. Quem será que instrumentalizou essa turminha braba?

A inacreditável operação abafa contra uma blogueira, nesse espetáculo deprimente de censura que o Brasil engoliu, veio mostrar que o chavismo só não prosperou no Brasil porque o oxigênio da liberdade por aqui ainda é maior do que na Venezuela. Mas o estado-maior petista não desistiu de sua doutrina da democracia dirigida e baba de inveja dos índices fabricados pela companheira Cristina Kirchner, em sua cruzada bolivariana pela informação de laboratório. Assim como Lincoln e Lula, Cristina também é uma vítima da imprensa reacionária, que tem essa mania mórbida de querer divulgar indicadores públicos verdadeiros.

O lucro do BNDES acaba de ser maquiado, graças a mais uma manobra genial dos companheiros que produzem superavit de proveta e passam blush na inflação. Quando se trata de picaretagem para se agarrar ao poder, é impressionante como a mediocridade do governo popular se transmuta em brilhantismo. Como disse Lula na CUT: “Nós sabemos o time que temos”.

É mesmo um timaço. Merece no mínimo o Oscar de efeitos especiais.