Operador de grupo que fraudava financiamento é preso no RJ
Suspeito faria parte de esquema que fraudou financiamento de imóveis. Segundo PF, ele contou com ajuda de funcionários públicos.
Gabriel BarreiraDo G1 Rio
A Polícia Federal prendeu na manhã desta terça-feira (17) em Itaboraí, Região Metropolitana do Rio, um homem apontado como operador do esquema responsável por fraudar o financiamento de mais de 100 imóveis no estado entre os anos de 2012 e 2013. A fraude contava com a ajuda de funcionários públicos, inclusive da Caixa Econômica Federal (CEF).
O suspeito não teve o nome divulgado, mas durante mandado de busca e apreensão em sua residência foi encontrada uma arma sem registro.
Todos os imóveis financiados eram do Rio, principalmente na Região dos Lagos. Ainda assim, há mandados de busca e apreensão para São Paulo e Minas Gerais, onde pessoas físicas e empresas são suspeitas de participar na avaliação das residências. Os imóveis tinham sobrepreço ou até mesmo inexistiam. Há ainda o caso de compradores que só existiam no papel, após a fraude de documentos de identificação. Os prejuízos são estimados em R$ 100 milhões.
Segundo a Polícia Federal, em alguns casos o envolvimento reunia vendedor, operador e comprador do imóvel. Em outros, o vendedor não sabia do esquema — mesmo o valor da venda de imóvel sendo depositado diretamente na sua conta. Em todos, porém, empresas lucravam com a comissão da venda e o valor era repartido entre os funcionários da Caixa que participavam do esquema e com os demais operadores.
Ao menos um deles já sinalizou o interesse de participar de um sistema de colaboração premiada para ter sua pena reduzida, caso seja condenado. De acordo com a CEF, alguns dos funcionários envolvidos já foram afastados dos seus cargos. Em suas contas, valores considerados ilícitos pela PF teriam sido depositados.
Crimes Os suspeitos podem responder por associação criminosa, falsificação de selo ou sinais públicos, falsificação de documentos públicos, estelionato, peculato, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de capitais.
A Caixa Econômica Federal informou que a operação Dolos, deflagrada nesta terça-feira, foi identificada pelo banco por meio de mecanismos de controle interno. A Caixa encaminhou notícia-crime à Policia Federal, para apuração da ação criminosa.
O Brasil tem agora o antes e depois de 15 de março de 2015.
Mais de um milhão de pessoas foram às ruas para protestar contra a presidente Dilma Rousseff e contra o PT, que, desde 1980, era quem tinha força e capacidade de mobilização.
Quem poderia imaginar que o PT mudaria de lado e passaria a ser alvo, após 30 anos de glórias e de jogar as ruas contra tudo e contra todos em nome da ética? Bastaram 12 anos de poder para o caçador virar caça. E isso tem um lado dramático. Mas cada um colhe o que plantou.
À crise política, aos erros na economia, aos desmandos éticos, ao desmanche da Petrobras, soma-se o último fator que faltava: as ruas.
Fecha-se o cerco. Não foi uma manifestação a mais, foi uma para entrar na história, tal a dimensão e a extensão.
Em junho de 2013, a classe média assalariada explodiu nas ruas com uma pauta difusa – e confusa – de reivindicações e de acusações generalizadas contra “tudo o que está aí”. Já neste 15 de março de 2015, jovens e velhos, mulheres e homens, empresários e assalariados tiveram uma pauta bastante específica: a rejeição a Dilma, ao governo e ao PT.
Registre-se uma grande ausência: a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não apareceu na sexta-feira nem no domingo, fosse para aprovar ou desaprovar qualquer dos dois movimentos. Mas o pior não foi isso: as multidões, com seus cartazes e slogans, simplesmente ignoraram Lula. Será que Lula, para o bem e para o mal, também não é mais o mesmo?
Do outro lado, a palavra impeachment, que foi o mote original da convocação pelas redes sociais, foi perdendo apelo e se enfraquecendo ao longo do processo e praticamente desapareceu no dia “D”. O “Fora Dilma” é simbólico. O pedido de impeachment, bem mais concreto, sumiu.
Tudo isso desaba sobre o PT num momento em que Dilma despenca nas pesquisas de opinião em todas as faixas e em todas as regiões e em que o governo deixa de ser um trunfo do partido para se transformar num fardo político. Por quê? Porque não tem o que dizer, não tem o que apresentar, não tem um horizonte melhor a oferecer.
Diz a regra que, se você não tem o que dizer, é melhor ficar calado. Dilma quebrou essa regra no Dia Internacional da Mulher e ontem destacou os ministros José Eduardo Cardozo e Miguel Rossetto para responder à avalanche popular com os dois temas sacados em junho de 2013: reforma política e pacote anticorrupção. Dois anos depois, é tudo o que o governo tem a dizer?
Como “defesa”, os ministros disseram que quem foi às ruas não foi o eleitor de Dilma, foi o eleitor de oposição. Isso escamoteia o desgaste real e perceptível da presidente recém-reeleita; é uma admissão de que a oposição está cada vez mais forte e mais organizada e confirma que o governo, incapaz de fazer alguma autocrítica, continua autista, isolado, talvez incapaz de ouvir a voz rouca das ruas. Pior: foi para o confronto e perdeu.
O governo, via PT, CUT e UNE, pagou para ver e deu no que deu. Os atos de sexta-feira, organizados, foram relevantes, mas os protestos de ontem, espontâneos, mostraram que os irritados com o governo ultrapassam em muito os aliados do PT.
É hora de o governo lamber as feridas e de a oposição avaliar seriamente como entrar no vácuo das manifestações. Espera-se que Dilma passe a ouvir, a conversar, a ceder, mas isso é querer que Dilma deixe de ser Dilma. Espera-se que o governo recomponha uma economia esgarçada e recupere a capacidade de articulação política com o Congresso, mas é preciso combinar com o PMDB.
E da oposição, o que se espera? Aí está o x do problema. As manifestações foram contra o PT, mas não foram a favor da oposição. O PSDB parece não saber o que dizer, o que fazer e para onde ir, está sem rumo e a reboque das ruas. E isso leva a um diagnóstico bastante grave: a crise é gigantesca, mas sem saída.
Com o projeto de mapear virtualmente os lugares mais inóspitos do planeta, oGoogle Street View chegou ao Monte Everest. Considerado o ponto mais alto do planeta, com 8.848 metros, a ferramenta oferece imagens do parque nacional de Sagarmatha, onde fica o monte, localizado em Katmandu, capital do Nepal.
Reprodução (Wikipedia)
Com 8.848 metros de altitude, Monte Everest é considerado o ponto mais alto do mundo
O cenário, formado por rios gelados que aparecem sob os picos nevados, registra monges tocando música, criadores de iaques (animal típico da região) guiando os rebanhos por caminhos repletos de pedras. A região foi considerada Patrimônio Mundial pela Unesco em 1979 por suas características tanto naturais quanto culturais.
Ao acessar o Street View e procurar pelo Parque de Sagarmatha, é possível observar uma vista panorâmica de 360 graus do monte e de seus arredores criada a partir de milhares de fotografias de 75 megapixels.
Queria viajar com você e perceber que não são os lugares que escrevem nossa história;
Queria deitar com você e notar que o tempo não apagou a chama que proporcionou o primeiro beijo;
Queria navegar com você por mares revoltos só para confirmar que terei sempre a sua companhia a cada tempestade;
Queria ter a certeza que hoje desapareceu;
Sumiu no dia a dia corrido;
No esquecimento de um bom dia;
No afago cada vez mais raro da noite;
No olhar infeliz que já não conta com os abraços despretensiosos;
Até a pipoca das tardes frias regadas a bons filmes sumiu levada pela falta de ‘apetite’;
Queria ter a certeza de que tudo ainda respira mesmo diante de tantas provas contrárias;
Há males rondando o brilho, ofuscando o sorriso e maltratando a magia;
Penso no futuro e confesso que ele se encontra obscuro e pode renascer ou sepultar meus mais profundos sonhos;
Agora busco a minha própria contemplação. Na dor do Ser descubro os meus sonhos ainda não realizados, os morangos ainda não colhidos, as fotos dispensadas, os amores poupados, as tentações evitadas e as dores desnecessárias;
Sou o resumo de meus erros e acertos e na contabilidade da vida possuo saldo positivo que não é garantia de uma nova janela rumo ao recomeço.
Neste domingo, estarei no time do site de VEJA escalado para a cobertura das manifestações de rua que mostrarão, em quase todos os Estados e no exterior, a determinação do país decente e o vigor da resistência democrática. Ao lado da equipe da TVEJA, farei entrevistas e comentários na Avenida Paulista do começo ao fim da mobilização. Durante e depois da marcha, no estúdio da Editora Abril, colunistas, editores e repórteres prosseguirão o desfile de informações e análises.
Nada disso vai afetar o ritmo dos posts e da liberação de comentários da coluna.A propósito, convido os leitores a ampliar a abrangência da cobertura com o envio de informações sobre o que está acontecendo em sua cidade. Mais: mandem em comentários para este post imagens (são especialmente bem-vindos vídeos com menos de 2 minutos) que ratifiquem as dimensões nacionais do movimento.
Na sexta-feira, as manifestações dos celebrantes de missa negra resultaram em outro tiro na testa: os pelegos federais já não conseguem juntar devotos subsidiados em número suficiente para garantir o quórum de quermesse em louvor de santo padroeiro. Chova ou faça sol, vão aprender neste 15 de março que a rua que os renega acolhe e ecoa os brados dos indignados com a incompetência, a roubalheira e o primitivismo autoritário.
Hoje a festa é nossa. O choro é deles: começa neste domingo o velório da seita liberticida.
Família unida na morte. Magda e Joseph Goebbels com os filhos: Só Harald (de uniforme), filho do primeiro casamento de Magda com magnata herdeiro da BMW, sobreviveu - Reprodução
BERLIM - O lugar onde o pior ditador do século XX encontrou o seu fim fica no subsolo de um estacionamento de carros, junto a um prédio de apartamentos simples, de arquitetura despojada típica da era comunista, no centro de Berlim. A aparência banal do terreno que fica sobre o bunker do Führer é intencional, projetada pelo regime comunista da extinta República Democrática Alemã, onde ficava essa parte da rua Wilhelm no período de 1949 até 1989. No bunker onde a cúpula do regime nazista procurou proteção quando a derrota já parecia inevitável, ocorreram cenas dramáticas nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial, que terminaram com a morte de todos. Mas o clima de tragédia dos derrotados não ficou limitado à cúpula: contaminou a Alemanha. Num livro sobre como os alemães reagiram à derrota nas semanas e meses de transição, pouco antes da chegada dos vencedores, o historiador Florian Huber revela que o suicídio de Hitler e Goebbels não foi um caso isolado, mas parte de uma histeria nacional que tomou conta da Alemanha.
— O mito do soldado nazista que lutou por sua ideologia racista até a última gota de sangue precisa ser revisto — contou Huber em entrevista ao GLOBO, pouco depois de ler trechos da obra “Kind, versprich mir, dass du dich nicht erschiesst” (“Criança, prometa-me que não vais te suicidar”, em tradução livre), escrita em forma de reportagem, no salão literário da Casa Bertolt Brecht, em Berlim.
SEM VIDA DEPOIS DO FÜHRER
Pouco depois do suicídio de Hitler e Eva Braun, Joseph e Magda Goebbels mataram primeiro as filhas Helga, de 12 anos, Hilde, 11 anos, Holde, 8 anos, Hedda, 6 anos, e Heide, de 4 anos, bem como o único filho, Helmut, de 9 anos (todos os nomes começavam com H em homenagem a Hitler), antes de dar fim às suas próprias vidas. “A vida no mundo que vai chegar depois do Führer e do nacional-socialismo não vale a pena”, escreveu Magda na carta de despedida ao seu filho mais velho, Harald Quandt, o único que sobreviveu. Harald (1921-1967), que por parte de pai pertencia à familia dos magnatas da empresa BMW, era filho do primeiro casamento de Magda com o industrial Günther Quandt, de quem ela se divorciou para casar, mais tarde, com o nazista Joseph Goebbels.
‘Aldeia do suicídio’. Rua Adolf Hitler em Demmin, - Reprodução
Segundo Huber, o suicídio coletivo no centro do poder nazista começou já em janeiro de 1945, quando nem o próprio ditador conseguia acreditar que seria possível uma vitória. No livro, o historiador diz que a “histeria nacional de suicídio” é o capítulo mais obscuro da história do Terceiro Reich. Foram dezenas de milhares de suicídios em toda a Alemanha. Só em Berlim, mais de seis mil pessoas suicidaram-se nos últimos dias da guerra. O clima de medo era não somente em relação aos soviéticos: também as grandes cidades ocidentais, como Munique ou Colônia, que foram libertadas pelos aliados, caíram na febre da maior onda de suicídio do mundo moderno.
Os números, no entanto, são apenas aproximados, porque nunca houve um levantamento exato dos casos, que até agora não tinham despertado atenção. Eram homens e mulheres que entraram em pânico por medo do futuro em um país ocupado, depois de uma ditadura durante a qual haviam esquecido qualquer resquício de humanidade.
— De um lado havia o confronto com um mundo que estava desmoronando. Depois de mais de 12 anos de regime nazista, as pessoas se deparavam com o nada, como se o mundo tivesse acabado. Mas havia também a convicção da culpa que haviam acumulado nesses anos e o medo terrível de que os inimigos vitoriosos na guerra praticassem contra elas as mesmas atrocidades que os nazistas haviam cometido contra os judeus — explica Huber.
No cemitério de Demmin, cidade que tem hoje 12,2 mil habitantes, um monumento lembra a tragédia que tomou conta do lugar no início de 1945. Quando os soviéticos atingiram Demmin, no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, 230 km ao norte de Berlim, um pânico coletivo tomou conta da população. Em apenas três dias, quase mil pessoas se mataram.
— Mães e pais matavam os filhos por afogamento, estrangulamento ou com um tiro na cabeça, para depois fazer o mesmo consigo. A tragédia marcou para sempre a vida de muitas pessoas que conseguiam matar os filhos mas depois não tinham coragem de se matar — revela Huber.
Apenas um homem de Demmin, entre as centenas que sobreviveram depois de matar a família (e não ter tido coragem de tirar a própria vida), foi julgado pelo crime: o assassinato da esposa e dos dois filhos a tiros. O julgamento terminou com absolvição, porque os juízes consideraram o pai vítima de uma situação extrema, sem culpabilidade e isento de pena, do ponto de vista jurídico.
As vítimas da tragédia de Demmin estão sepultadas em uma cova coletiva. Os mortos eram enterrados apenas com a roupa que usavam no momento final ou em caixões de papelão — com tantos cadáveres em tão pouco tempo, não havia mais caixões de madeira disponíveis. As lápides, improvisadas, às vezes nem revelam os nomes, apenas descrições sobre a morte, como “menina enforcada pelo avô”, “menino afogado pela mãe” ou “crianças levadas pela mãe no suicídio”.
Manfred Schuster tinha 10 anos quando foi testemunha da tragédia de Demmin. Ele viu uma mãe pular no rio Peene, tendo os filhos pequenos fixados junto ao próprio corpo com a ajuda de uma corda de varal, usada para pendurar roupas.
— Duas das crianças conseguiram se desamarrar e nadar até a margem, de onde observaram a última luta dos irmãos para não afundar nas águas junto com a mãe — lembra Schuster, hoje com 80 anos, filho de um soldado da Wehrmacht.
SUICÍDIOS ERAM ROTINA NO PÓS-GUERRA
Karl Schlosser, também de 80 anos, é o último sobrevivente das famílias suicidas. Ele lembra como conseguiu escapar da tentativa da mãe de matá-lo com uma navalha de barbear.
— Minha mãe preferiu matar os dois filhos e seu pai, meu avô, para depois se suicidar, em vez de viver em uma cidade dominada pelas tropas do ditador soviético Josef Stalin — recorda Schlosser, que acompanhou a “epidemia de suicídio” em sua cidade natal como a principal rotina do final da guerra.
Todos os dias, ele via corpos sendo levados pela correnteza do rio, adultos e crianças enforcados que ainda estavam pendurados nas árvores ou pessoas mortas com a fisionomia desfigurada por causa do veneno que haviam tomado ou recebido dos parentes próximos. O veneno mais consumido era o cianureto de potássio, e, segundo Schlosser, as pessoas falavam sobre o cianureto na taça de vinho tinto como se fosse um pouco de leite no café.
— Toda a elite do regime nazista tinha doses de cianureto que planejava usar para o caso de cair nas mãos do inimigo. Com esse veneno, alguns condenados no Tribunal de Nuremberg evitaram uma execução, morrendo antes — explica o historiador e autor do livro. — Esse veneno era muito popular porque qualquer farmacêutico conseguia produzi-lo artesanalmente e porque ele oferecia a possibilidade de uma morte rápida.
Huber esteve na região do Palatinado, no Sudoeste da Alemanha, e teve a ideia de escrever o livro ao recordar as narrativas do seu pai, que tinha 11 anos quando a guerra acabou na região. Os soldados alemães tinham ido embora, os americanos eram esperados, mas não haviam ainda chegado, e as pessoas começaram a acabar com suas vidas como se tivessem perdido o equilíbrio mental.
— Meu pai contava que havia um clima de profunda incerteza, talvez porque as pessoas, no fundo, já soubessem que quase tudo que era lei no regime nazista passaria a ser visto como crime contra a Humanidade — conta Huber.