O ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, já vinha esbarrando na má vontade de Dilma Rousseff e do PT ─ único partido do mundo que quer ser oposicionista e governista ao mesmo tempo. Nesta segunda-feira, apareceu outra pedra no caminho de Levy: o ex-presidente Lula, que não só combate a redução da gastança como resolveu ampliá-la: ele exige do Planalto uma doação de 8 bilhões para que o prefeito Fernando Haddad continue sonhando com a reeleição.
Milhões de brasileiros estão inquietos com a inflação, o desemprego e outras assombrações amamentadas pelo desgoverno lulopetista. Enquanto os pagadores de impostos contam centavos, um megalomaníaco incurável cobiça uma montanha de dinheiro para manter respirando por instrumentos a candidatura condenada ao malogro. Para Lula, 8 bilhões não parecem nada de mais. Representam apenas um terço, por exemplo, da fortuna que já foi enterrada nas obras superfaturadas da refinaria Abreu e Lima.
Veja repercussão no Congresso da prisão de Marin e dirigentes da Fifa
Ex-presidente da CBF foi preso por suspeita de irregularidades no futebol. FBI conduz investigações sobre corrupção na FIFA e confederações.
Do G1, em Brasília
Senadores e deputados comentaram nesta quarta-feira (27), em Brasília, a prisão do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin e de mais seis dirigentes da Federação Internacional de Futebol (Fifa). As prisões foram realizadas pelo serviço de inteligência norte-americano (FBI), em Zurique (Suíça), na sede da entidade máxima do futebol.
As investigações do FBI apontam para esquema de corrupção na gestão do futebol. Duas linhas de apuração dizem respeito diretamente ao Brasil: suspeita de o superfaturamento do contrato da CBF com uma empresa de fornecimento de material esportivo e a compra de direitos de transmissão por agências de marketing esportivo da Copa América Centenária, edições da Copa América, Libertadores da América e Copa do Brasil (torneio de clubes brasileiros).
Além disso, o FBI investiga também suposto pagamento de propina dos organizadores das copas da Rússia, em 2018, e no Catar, em 2022, a dirigentes da Fifa, para garantir que os países fossem escolhidos como sedes.
Veja o que disseram alguns políticos no Congresso:
Álvaro Dias (PSDB-PR) Senador e presidente, entre 2000 e 2001, da CPI do Futebol "Desde a CPI do Futebol, lá pelos anos de 2000, 2001, nós identificamos essa relação da CBF com a FIFA no campo da corrupção. Infelizmente, futebol no Brasil parece que se coloca acima do bem e do mal, acima da legislação vigente. Por isso nós achamos que a consequência agora seria um novo arcabouço jurídico para a CBF e para as federações.
Fátima Bezerra (PT-RN) Senadora e vice-presidente da Comissão de Educação e Cultura do Senado “Esperamos que as investigações continuem e, caso a justiça brasileira e internacional comprovem o ato ilícito, que os culpados sejam punidos na forma da lei. O esporte precisa de pessoas corretas que lutem pelo bem de todos.”
Otávio Leite (PSDB-RJ) Deputado federal e relator da MP do Futebol “Encaminhei à embaixadora dos Estados Unidos pedido de informações sobre as investigações da Fifa. O objetivo é que ela acione o Departamento de Justiça Americano, para saber as conexões possíveis com o futebol brasileiro. Está na hora de reestruturar direito o futebol brasileiro. Tem gente falando em criar CPI aqui na Câmara e o Ministério Público também poderá atuar com base nas informações que os Estados Unidos fornecerem.”
Renan Calheiros (PMDB-AL) Presidente do Senado “A Comissão Parlamentar de Inquérito ela decorre da necessidade de se investigar, de se esclarecer algo. Se houver o número mínimo de assinaturas, nós vamos constituir a CPI. Esse assunto é um assunto que mobiliza a sociedade e o país cobra respostas. E se o caminho for o caminho da CPI, nós temos que estimular.”
Romário (PSB-RJ) Senador e presidente da Comissão de Desporto "Uma notícia muito interessante do futebol que muitos dos corruptos, ladrões e que fazem mal ao futebol foram presos, inclusive um dos maiores do país, que se chama José Maria Marin. Infelizmente, não foi nossa polícia que prendeu, mas alguém tinha que prender um dia, não é? Ladrão tem que ir para a cadeia. Então, quero parabenizar o FBI e a polícia suíça."
Zezé Perrella (PDT-MG) Senador e ex-presidente do Cruzeiro “Eu gostaria de comunicar a esta Casa que, a partir desta tarde, vou começar a coletar assinaturas para uma CPI da CBF. Eu fui contra a CPI, na época da Copa do Mundo, porque eu achava que nós não tínhamos um fato relevante que justificasse uma CPI. Na manhã de hoje, ligando a televisão, assisti a todas as matérias de ex-dirigentes da CBF presos por corrupção. A polícia americana fez um levantamento minucioso há três anos e acho que, pela gravidade da situação, nós temos obrigação, neste momento, de fazer uma CPI nesta Casa."
José Maria Marin está entre dirigentes da Fifa presos na Suíça http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/05/150527_prisoes_suica_mdb.shtml
José Maria Marin está entre dirigentes da Fifa presos na Suíça
Há 8 horas
O vice-presidente da CBF, José Maria Marin, e outros seis dirigentes da Fifa foram presos na manhã desta quarta-feira em um hotel em Zurique, na Suíça, sob acusações de corrupção.
A polícia suíça efetuou as prisões a pedido da Justiça americana, onde corre um processo sobre corrupção na organização.
Marin foi visto deixando o hotel entre os detidos, acompanhado de policiais que carregavam sua mala e seus pertences em uma sacola plástica.
O vice-presidente da Fifa, Jeffrey Webb, que é presidente da Concacaf (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe), também está entre os detidos. Eles podem ser extraditados para os Estados Unidos.
Em nota, o Departamento de Justiça americano informou ter indiciado 14 pessoas por fraude, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha: nove dirigentes da Fifa e cinco executivos de empresas ligadas ao futebol.
O grupo é acusado de armar um esquema de corrupção com propinas de pelo menos US$ 150 milhões de dólares (mais de R$ 470 milhões), que existe há pelo menos vinte e quatro anos.
Entre as acusações que os suspeitos enfrentam estão lavagem de dinheiro, crime organizado e fraude eletrônica.
"O indiciamento sugere que a corrupção é desenfreada, sistêmica e tem raízes profundas tanto no exterior como aqui nos Estados Unidos”, disse a secretária de Justiça Loretta Lynch.
"Essa corrupção começou há pelo menos duas gerações de executivos do futebol que, supostamente, abusaram de suas posições de confiança para obter milhões de dólares em subornos e propina."
Mais brasileiros
Além de Marin, outros dois brasileiros estão envolvidos nas investigações sobre corrupção na Fifa.
O mais conhecido deles é José Hawilla, dono da Traffic Group, maior agência de marketing esportivo da América Latina.
O Departamento de Justiça norte-americano revelou que Hawilla assumiu a culpa em dezembro do ano passado por acusações de extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça.
O outro acusado é José Margulies, conhecido como José Lázaro, proprietário de empresas de transmissão de eventos esportivos.
Copas de 2018 e 2022
Em outro desdobramento do caso, autoridades suíças abriram uma investigação sobre como foram escolhidas as sedes para as próximas duas Copas do Mundo.
Segundo a promotoria, o caso é "contra pessoas suspeitas de gestão criminosa de verbas e lavagem de dinheiro, ligadas à distribuição de verbas para as Copas de 2018 e 2022".
Autoridades também fizeram buscas na sede da Fifa em Zurique, onde documentos e arquivos digitais foram confiscados.
Em entrevista coletiva na manhã da quarta-feira, a Fifa disse que não há alteração nos planos de realizar as Copas de 2018 na Rússia e de 2022 no Catar.
Em nota, a organização disse que está "colaborando plenamente" com as investigações na qualidade de "parte lesada", e que "saúda ações que possam ajudar a contribuir para eliminar práticas criminosas no futebol".
Prisões
Os dirigentes da Fifa estavam reunidos em Zurique para o encontro anual da organização, marcado para sexta-feira, no qual o presidente Sepp Blatter buscaria um quinto mandato. Blatter não estaria entre os presos.
Segundo o jornal The New York Times, policiais à paisana pegaram a chave dos quartos dos suspeitos na recepção do hotel Baur au Lac e, sem alarde, deram início às prisões.
Eduardo Li, da Costa Rica, e o uruguaio Eugenio Figueredo, presidente da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) também foram levados pelas autoridades.
Outros nomes confirmados posteriormente foram Jeffrey Webb, Julio Rocha, Costas Takkas, Rafael Esquivel (leia ao lado).
A vizinhança entrou em alvoroço. Dilma Rousseff anunciou que pretende reformular as regras do Mercosul para que Brasil, Uruguai e Paraguai assinem, antes do final do ano, um tratado de livre comércio com a União Europeia. Tradução: distanciada do protecionismo extremo de Cristina Kirchner, Dilma está a ponto de romper a histórica aliança comercial com a Argentina. Evo Morales levanta a voz ao reclamar, contra o Chile, uma saída ao mar para a Bolívia. Não seria novidade, se não tivesse encontrado um eminente advogado: o papa Francisco tornou-se um defensor da causa boliviana. Não é o único ator inesperado neste drama. A China, a potência externa com maior presença na região, vai construir uma ferrovia transoceânica em sociedade com o Brasil e o Peru. Uma indelicadeza para Bachelet e Kirchner, que estavam planejando seu próprio corredor. Contra o que sugere a retórica de seus líderes, a América Latina é hoje uma região invertebrada.
Para a presidenta do Chile, os desgostos não têm fim. Remodelado o Gabinete para superar os escândalos de corrupção, ela pensava em mudar de ares viajando para Roma. O Papa vai recebê-la dia 5 de junho. Mas, antes disso, solicitou à Universidade Católica de Buenos Aires uma fórmula para resolver o litígio do Chile com a Bolívia pela saída ao mar deste país. O encarregado de responder foi o arcebispo Víctor Fernández, reitor daquela universidade. Fernández, que é o representante não oficial de Francisco na Argentina, reuniu na quinta-feira passada 12 intelectuais bolivianos, chilenos e peruanos para sugerir uma solução que, de um ou de outro modo, implica que o Chile ceda um território que considera próprio. Nesse seminário houve a proposta de que o ex-presidente uruguaio José Mujica fosse o intermediário. Morales, que levou o conflito ao Tribunal de Haia, elogiou ontem a iniciativa.
Para Bachelet essas notícias são como chuva ácida. O rechaço à demanda boliviana é, para os chilenos, uma causa nacional. Mas deixa o governo socialista em uma posição desagradável frente à esquerda da região. Um detalhe piora tudo: Morales foi apoiado por Jorge Bergoglio que, apesar de ser o chefe da Igreja, no Chile desperta receios como qualquer outro argentino.
Ao contrário da intervenção no reencontro de Cuba e dos Estados Unidos, essa proposta informal do Vaticano só é aceita por uma das partes em disputa. Será tratada em 5 de junho, quando Francisco receber Bachelet. Um mês depois, ele viajará à Bolívia. O Papa está interessado em conversar com Bachelet sobre outra questão: o projeto de lei para despenalizar o aborto em casos de violação, inviabilidade do feto ou risco de vida da mãe, que ela enviou ao Congresso em janeiro passado. Talvez sobre tempo para que a Presidenta expresse seu mal-estar pela reclamação da Bolívia.
O Brasil e a Argentina também produzem ruídos incômodos. Na quinta-feira passada, depois de um encontro com o uruguaio Tabaré Vázquez, Rousseff declarou: “O Mercosul sempre precisa se adaptar às novas circunstâncias. Nossa prioridade na agenda externa é chegar, este ano, a um acordo com a União Europeia”. Essa definição exige modificar a regra pela qual os membros do Mercosul negociam em conjunto seus acordos comerciais com outros blocos ou países. Esse princípio já havia sido suspenso quando a Venezuela se excluiu da negociação com a União Europeia. Agora a Argentina vai ficar de fora.
O anúncio de Rousseff é impactante. O Mercosul deixará de existir como união aduaneira porque não terá mais uma tarifa externa comum. Vai sobreviver como simples área de livre comércio, na qual os bens circulam sem barreiras alfandegárias. Essa regressão foi facilitada pela desinteligência permanente entre as presidentas do Brasil e da Argentina. Há mais de dois anos elas não realizam encontros bilaterais, apesar de que se comprometeram a realizá-los a cada seis meses. Durante esse tempo, a Argentina continuou sem definir a diminuição alfandegária que exige o tratado com a Europa. O Brasil decidiu terminar a negociação sem seu principal sócio comercial. A novidade foi comunicada há duas semanas pelo chanceler de Rousseff, Mauro Vieira, ao ministro de Economia argentino, Axel Kicillof, e ao chanceler Héctor Timerman em uma viagem que estes fizeram a Brasília. Rousseff continua desmantelando sua primeira administração. Pressionada por uma economia angustiante, teve que admitir o que não se esperava de uma presidenta petista: que o Brasil precisa abrir sua economia porque o mercado interno é insuficiente para garantir o crescimento.
O rechaço à demanda boliviana é, para os chilenos, uma causa nacional
Nessa perspectiva, é preciso ler os anúncios da presidenta durante a visita que está realizando ao México, e também quando, no dia 30 de junho, fará uma visita a Washington, Nova York e Califórnia. Rousseff está governando com o programa de Aécio Neves, seu rival do ano passado. Enfrenta três limitações: os bancos reduziram sua exposição no Brasil; as empresas de infraestrutura têm vedado o crédito por medo de que estejam contaminadas com a corrupção da Petrobras; e o ajuste fiscal vai reduzir o investimento estatal.
Os chineses são velozes no aproveitamento dessas dificuldades. Já se viu como lucraram com a queda do preço do petróleo na Venezuela e com a crise de reservas monetárias da Argentina. Na terça-feira passada, Rousseff e o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, assinaram 35 acordos de investimento. Um deles servirá para injetar 7 bilhões de dólares (21,6 bilhões de reais) na golpeada Petrobras.
Nesses convênios está prevista a construção de uma linha de trem que vai cruzar o Brasil na altura do Amazonas e chegará ao Pacífico pelo Peru. Significa uma bofetada no Chile e na Argentina. No último dia 21 de abril, a embaixada do Chile em Brasília organizou em Santiago um seminário com a participação de funcionários brasileiros e argentinos. Pela enésima vez foi analisado o traçado de corredores bioceânicos através do Brasil, Argentina e Chile. Mas, para raiva de Kirchner e Bachelet, Dilma caiu na tentação da inapelável carteira dos chineses. Quando chegam os ajustes, a primeira coisa que começa a desaparecer é a cortesia.