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terça-feira, 16 de agosto de 2016

"O 'trouxa e a 'inocenta'" / José Casado

O "trouxa" e a "inocenta" - 

JOSÉ CASADO

O GLOBO - 16/08

Dilma e Bumlai, o amigo de Lula, culpam o PT por suas dores. Ela se acha traída. Ele se vê como o otário usado para pagar a conta de uma suposta chantagem contra Lula



Ela se considera vítima do próprio partido e da oposição, traída pelos aliados e até hoje perseguida pelos assassinos e torturadores da ditadura acabada 31 anos atrás. Ele se acha “trouxa”, otário, simplório, fácil de ser enganado.

Foi dessa forma que a ex-presidente Dilma Rousseff e o pecuarista José Carlos Bumlai se apresentaram nos últimos dias.

Dilma, em defesa prévia, culpou o PT por “responsabilidade” no pagamento ilícito de US$ 4,5 milhões aos publicitários João Santana e Mônica Moura para saldar dívidas da sua campanha presidencial de 2010.

O dinheiro teve origem em propinas cobradas pelo ex-secretário de Finanças do PT João Vaccari sobre os contratos da Petrobras com o um estaleiro de Cingapura, Keppel Fels — contou no tribunal o engenheiro Zwi Skornicki, intermediário de repasses mensais de US$ 500 mil para Santana, via Suíça, entre setembro de 2013 e outubro de 2014, quando Dilma foi reeleita.

Era um segredo das campanhas presidenciais de 2010 e 2014: “Achava que isso poderia prejudicar profundamente a presidente Dilma”, disse Santana, em juízo, ao explicar por que não contara antes. “Eu que ajudei, de certa maneira, a eleição dela, não seria a pessoa que iria destruir a presidente. Nessa época (da sua prisão, em fevereiro deste ano), já se iniciava um processo de impeachment”.

Há mais coisas ocultas. Envolvem o fluxo de dinheiro da Odebrecht para campanhas de Dilma, Lula e outros do PT. Ficaram reservadas à colaboração premiada cujo desfecho talvez coincida com o impeachment no Senado.

Nesse outro processo, a “presidenta inocenta” — segundo o golpismo gramatical da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) — apresentou sexta-feira uma defesa de 675 páginas. Nela se definiu como vítima de uma “farsa” marcada pelo “desvio de poder, pela traição, pela desonestidade e pela ilegalidade”. Amaldiçoou quem discorda: “Nunca poderão afastar das suas mentes a lembrança dos que morreram e foram torturados.”
Se confirmado o epílogo, Dilma estará fora do baralho, inelegível aos 68 anos de idade. E, sem imunidade, passa ao centro das investigações sobre corrupção na Petrobras. Isso porque os publicitários confirmaram seu aval para operações ilegais com fornecedores da estatal.

Como Dilma, o pecuarista Bumlai também culpa o PT por suas dores. Apresentou uma defesa em 70 páginas na sexta-feira. Delas emerge como o “amigo de Lula” que aos 72 anos coleciona doenças, carros (23) e imóveis (23) — entre eles, uma fazenda de R$ 90,4 milhões. Bumlai se define, literalmente, como “um trouxa usado pelo PT e pelo Banco Schahin” na lavagem de R$ 12 milhões.
Esse dinheiro teria sido usado, em parte, para pagamento de uma suposta chantagem sobre Lula, quando era presidente da República. O objetivo era evitar revelações sobre o sequestro, a tortura e o assassinato do prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, no ano eleitoral de 2002. A vítima teria descoberto desvio dos cofres municipais para o caixa do PT.

O caso permaneceu à sombra por 14 anos. Ressurgiu no juízo de Curitiba pela voz de Bumlai, agora no improvável papel de “trouxa” — confissão que lhe abriu o caminho para um acordo de delação premiada.


O conto de uma fraude, de uma ilusão... / Arnaldo Jabor

A vida é de direita - 

ARNALDO JABOR

O Globo - 16/08

“A primeira vez que vi a luz foi num botequim, tomando um cafezinho com o chefe teórico de minha base no Partido Comunista, um excelente stalinista com um nariz inchado em ‘couve-flor’. Ele me disse a frase decisiva: ‘O comunista não morre. Só quem morre é o indivíduo iludido. O comunista se sabe um ser social. Ele faz parte de uma coisa maior, logo, comunista não morre’.

E eu, emocionado, sonhei com a vida eterna. Vi a luz. A partir daí, eu era parte de um processo histórico inelutável, muito mais importante que meus anseios burgueses.

Mas, confesso que, para atingir a verdade ideológica, percorri um labirinto de dúvidas. Desviei-me da pequena burguesia, evitei as teses reacionárias dos socialdemocratas.

A fé entrou em mim como uma água santa. Um batismo. Contra todos os obstáculos, chegaríamos ao futuro. Mesmo os erros nos levariam a um acerto final, como ensina a dialética materialista.

Daí para frente vivi com fé e força. Minha vida seria salvar o Brasil. Quando conquistamos o poder com Lula eu pensei: vamos fazer agora o que não conseguimos em 63. Agora é o trem em direção ao fim da história, ao paraíso social.

No entanto, hoje exalo uma cava depressão, à beira do impeachment de nossa presidenta! Que horror esse golpe!... A direita neoliberal imperialista burguesa, a oligarquia alienada e aliada à mídia conservadora, conseguiram destruir nosso grande projeto histórico.

Não viemos para essa piadinha de ‘democracia representativa’, não; a gente tomou o poder para mudar o Estado.

Em 2010, o presidente seria o Dirceu, mas a direita conseguiu expulsar nosso guerreiro do povo. Que pena... Fomos tão sérios em nosso projeto, fizemos tudo certo, sempre seguimos a ‘linha justa,’ sempre soubemos usar os meios para nossos fins. Os inimigos dizem que os fins não justificam os meios, mas nós — vamos botar a bola no chão, amigo leitor —, nós somos pessoas especiais, superiores mesmo à estupidez geral das classes médias, essa gente horrenda, burra, que deveria ser apunhalada ou enterrada viva, como bem disseram dois professores de São Paulo e Rio. Fins justificam meios sim. Por exemplo, dizem que roubamos, mas nunca usamos essa palavra. Sim, ‘desapropriamos’ empresas burguesas para montar nosso pecúlio para o socialismo bolivariano.

Alguns neoliberais dirão: ‘E a Petrobras?’. Muito simples. A Petrobras é uma empresa do povo brasileiro, e seu capital pode ser usado para o bem do mesmo povo. Foi tudo dentro de um projeto progressista.

Por exemplo, qual o problema de comprar a refinaria de Pasadena, no Texas (apelidada de ‘lata velha’ rs, rs), por um preço 30 vezes maior do que valia? 800 milhões de dólares não foram desviados por acaso; nossa presidenta fez olhos de cabra cega para o memorando do Cerveró porque essa grana seria para vencermos a luta entre opressores e oprimidos. Só a luta de classes nos explica.

Agora, está na moda uma visão crítica do patrimonialismo brasileiro, invenção daqueles revisionistas Sérgio Buarque e Gilberto Freyre. Quiseram explicar o Brasil por complexidades sociais e psicológicas. Mas, onde está a opressão, a injustiça que tanto gostamos de lembrar e de sofrer? Eles já estão sendo denunciados por nossos intelectuais. Criticar a injustiça nos enobrece.

Vejam aquela festa de abertura da Olimpíada, por exemplo. Foi uma coisa sórdida embelezar nossa vida, sob aquela ladainha política de ‘país tropical’, abençoado por Deus.

O show uniu a favela e o asfalto, numa falsa conciliação multicultural, mas no fundo para silenciar nossas contradições e a violência dos conflitos. Dizem que foi belíssima a apresentação para 3 bilhões de pessoas no planeta, mas não me deixo enganar: a beleza pode ser reacionária. Foi um show de direita, para uma Olimpíada reacionária.

Não vi nenhum jogo, a não ser da Venezuela e Coreia do Norte, bastiões de defesa contra o imperialismo norte-americano, que será destruído. Os sinais estão no ar.

Acho até bom que o Trump seja eleito presidente dos Estados Unidos — aí... Fode tudo logo e arrasa aqueles gringos, responsáveis por nossa desgraça. O próprio Estado Islâmico é culpa dos americanos; são a consequência do imperialismo na Ásia.

Ouso dizer mesmo que todo o desmanche que aconteceu com o Brasil teve um lado, digamos, ‘progressista’. Desorganizou a oligarquia capitalista, uma coisa que é sempre boa. Temos de avacalhar o capitalismo, mesmo sem ter o que botar no lugar.

Fizemos muito pelo povo, mas agora fomos barrados pela direita mais sórdida: os fascistas que só pensam em equilibrar as contas do país. Mas, que contas? Estávamos no poder, e resolvemos distribuir grana para o povo porque o apoio popular era mais importante que uma contabilidade certinha de armazém. Chávez quebrou a Venezuela, mas, como um passarinho no ouvido do Maduro, detém o poder com ajuda de juízes e militares dominados.

Talvez nosso maior erro, como disse brilhantemente a direção do PT, foi não termos nos aproximado mais dos militares.

Fico olhando o povo. É minha única delícia ainda. Amo sua ignorância, sua simplicidade, sua obediência fácil. Sou um homem bom. E hoje minha consciência está tranquila. Sempre lutei pelo povo, mas sobretudo por minha própria boa consciência. A pobreza seria nossa bússola para salvar a sociedade. Um grande Estado regulando tudo e nosso povo pobre, mesmo analfabeto, mas todo arrumadinho, regido por um Comitê Central esclarecido.

Claro que minha vida pessoal melhorou com algumas sobras de campanha, caixas dois etc. Menti sobre isso sim; mas, que que tem mentir? São mentiras revolucionárias. Mas estou muito triste porque esse sonho ficou impossível. Eles, os neoliberais, os cães capitalistas desfizeram todas nossas grandes obras. A vida social hoje é um caos, sem a tranquilidade do ritmo socialista de viver. Chego a ter inveja da vida arrumadinha da Coreia do Norte. Não aceito a vida como ela é hoje no Ocidente. O presente não presta; só existe o futuro. O certo está no avesso de tudo. A vida é de direita.”

"As mulheres caminham integralmente cobertas, repito. Mas o homem avança na frente, expressão pública e visível do lugar que a mulher ocupa na hierarquia dos sexos"

terça-feira, agosto 16, 2016

Estado de Direito não deve permitir a exibição pública de mulheres-múmias - 

JOÃO PEREIRA COUTINHO

FOLHA DE SP - 16/08

1. Caminho pelo centro de Londres. Várias mulheres de burca passam por mim. Como sempre, sinto desconforto físico e moral.

Essas coisas não se sentem, dizem. Nem se escrevem. Que direito tenho eu de impor um código de vestuário sobre terceiros?

Admito: nenhum. Mas quando vejo uma mulher transformada em múmia, não penso em mim. Penso nela. Aquilo é uma escolha pessoal? Ou, na esmagadora maioria dos casos, uma forma de submissão ao poder masculino?

As mulheres caminham integralmente cobertas, repito. Mas o homem avança na frente, expressão pública e visível do lugar que a mulher ocupa na hierarquia dos sexos.

É também por isso que concordo com a proibição de burcas ou véus integrais no espaço público europeu –já acontece na França; há debate na Alemanha. Primeiro, porque é uma forma de respeito pelos outros: viver nas sociedades ocidentais significa partilhar um código mínimo de valores ou comportamentos.

E, como já escrevi nesta Folha, se eu não ando nu pelas ruas (apesar da minha costela panteísta), agradeço que os outros não andem tapados da cabeça aos pés.

Mas a proibição é também uma forma de respeito pelas mulheres. Excetuando casos extremos, defendo que o Estado não entre na casa dos cidadãos. Que o mesmo é dizer: se uma mulher deseja estar integralmente vestida ou despida entre quatro paredes, problema dela.

Coisa diferente é falar do mundo que existe fora das quatro paredes.

Será que um Estado de Direito deve permitir a exibição pública de uma mulher encerrada em presídios de tecido? Ou deve declarar, em alto e bom som, que não há qualquer tolerância para essas manifestações de brutalidade masculina?

Claro que alguns crentes afirmam o oposto: brutalidade é remover a burca e o véu integral sem respeitar "culturas diferentes". Engraçado: eu julgava que a violência sobre as mulheres não era uma "cultura" digna de respeito entre pessoas civilizadas.

E, já agora, relembro aos multiculturalistas que o Ocidente também é uma "cultura diferente". Por que motivo a "tolerância" perante a diferença se aplica aos outros –mas não a nós?
Seja como for, só posso aconselhar às brigadas a leitura da história que o "Daily Telegraph" publica sobre a libertação da cidade síria de Manbij.

Foram dois anos sob as garras do chamado "Estado Islâmico". A libertação chegou com as tropas americanas. E quando as mulheres viram os soldados entrarem na cidade, o que fizeram? Rasgaram as burcas e, para festejar, fumaram cigarros.

Admito que essas duas ações –rasgar burcas, fumar cigarros– possam ofender multiculturalistas e higienistas em partes iguais. Mas quando vejo uma mulher de burca nas ruas de Londres, é também essa a minha vontade: convidá-la a sair da masmorra e oferecer-lhe um cigarro para comemorar.

2. Estreou no Brasil "Amor & Amizade", o mais recente filme de Whit Stillman. Prometo escrever em breve sobre o assunto. Merece. Primeiro, porque Stillman filma pouco mas filma barbaramente bem (conheci-o com "Metropolitan" e virei cliente). Depois, porque o diretor pegou uma novela "menor" de Jane Austen ("Lady Susan") e acertou no essencial: a cínica misoginia de Jane Austen.
Essa verdade não cai bem em certas fãs da escritora, que veem em Austen uma espécie de feminista "avant la lettre". Não era. Os homens, na prosa dela, podem ser tontos ou vulgares. Mas as mulheres, exceções à parte, são retratadas como seres gananciosos ou reptilianos. Só uma mulher poderia escrever assim sobre as outras mulheres.

E o que é válido para a literatura, é válido para o desporto. Leio na "The Economist" que a Universidade Harvard estudou "padrões de reconciliação" entre homens vs. homens e mulheres vs. mulheres depois de jogos "confrontacionais" (tênis, ping-pong, badminton, boxe).

Conclusão: quando o confronto termina, os homens têm mais contato físico (cumprimentos, abraços, palmadas nas costas etc.) do que as mulheres. As donzelas, com má cara, despacham o assunto rapidamente.

Como explicar a diferença? Os antropólogos de Harvard não sabem. Um pouco de Jane Austen talvez fosse útil para eles. Da minha parte, prometo apenas que vou prestar mais atenção aos Jogos do Rio. Só para confirmar se a "guerra dos sexos" é samba de uma nota só.

A fraude de uma fraude chamada PT / Vlady Oliver



Vlady Oliver: Só sobrou a fúria
O velho de 600 anos tentando encontrar três mulheres que são uma só é um caso a parte no romantismo pilantra do projeto


Por: Augusto Nunes 15/08/2016 às 10:20

A platinada exibiu neste domingo de madrugada um “desenho desanimado” genuinamente brasileiro. É um longa lançado há pouco tempo, no auge da ditadura do proletariado possível, instalada por aqui por aquela fraude chamada PT.


Eu tinha um professor acometido de um tipo de paralisia que lhe tirou os movimentos das rótulas dos joelhos. Tal deficiência não o impedia de fazer qualquer coisa na vida – exceto se abaixar para pegar alguma coisa – e não causava qualquer comoção ou constrangimento, mas era evidentemente engraçada de experimentar, com seus passinhos duros de RoboCop e a necessidade de afrouxar os parafusos de uma prótese para o cara “parecer sentado” enquanto lecionava.


Lembrei dele porque o resultado é semelhante. De “animação” a coisa passa longe: tecnicamente, é uma sucessão de “ilustrações movimentadas” semelhantes as dos desenhos do Hulk dos anos sessenta. A limitação técnica empurrada para o público como “linguagem” só não é uma fraude pior que o próprio roteiro e o argumento. É aí que mora a sacanagem propriamente dita.

Os recursos técnicos de hoje acabam permitindo que coisas primitivas e sem fundamentos se mimetizem naquilo que não são, como os discursos de Dilma do Chefe, o partido dos trabalhadores que não trabalham, os cultos nas igrejas fast food da fé e a bancada da chupeta. São fraudes, brandindo a máxima de que eles também detém o direito de terem um lugar ao sol na confraria, sem pagar pelo assento.


As citações aos filmes que o autor viu – Blade Runner, Minority Report, Forrest Gump, Highlander, The Day After, Matrix, entre tantos – são escancaradas tentativas de revestir com um verniz tecnológico uma cartilha vagabunda de curso primário, onde uma improvável dupla de Ceci e Peri com deslavada orientação de esquerda trafegam enfadonhos pelo roteiro que mistura balaiada, militarismo e canibalismo tupinambá.

Isso só para ressaltar um heroísmo discutível frente “ao sistema opressor e injusto” que os obriga a tornar-se assaltantes de bancos para promoverem “uma retomada” do dinheiro que eles fingem que lhes pertence. E a “atriz principal”, até bem pouco tempo, era protagonista de anúncios da “Nossa Caixa”. Uma salada.


O velho de 600 anos tentando encontrar três mulheres que são uma só é um caso a parte no romantismo pilantra do projeto. É o “amor de aparelho”, no jargão da macacada que não comia ninguém na época, mas fazia um barulho danado para chamar a atenção de suas vítimas, como seus colegas símios fazem na jaula, quando confinados.


Confesso que de “amor” e “fúria” só sobrou esta última, depois de ter engolido o filme inteiro sem maionese nem salgadinhos. Impressionante saber que uma aberração audiovisual como esta – como outras tantas outras “obras” paridas do mesmo jeito – teve o apoio improvável do nosso próprio dinheiro para se concretizar contra nós mesmos, pagantes de toda sorte de impostos indecorosos,


Essa é a fraude. Usando o jargão do Bernardinho do vôlei, eu diria que é o dá pra jogar sem atentar para os fundamentos. Tal como andar sem joelhos, a coisa fica esquisita. Animação sem animadores parece que é, mas passa longe.

Sempre as mesmas notícias...Não é porque o juiz Sergio Moro seja bom em investigações... É que o PT é muito ruim em governança!




Delação de Benedito de Oliveira é ponto de partida de nova fase da Acrônimo


Amigo de governador mineiro, o empresário citou favorecimento de Pimentel à construtora paulista

FELIPE COUTINHO
16/08/2016 - 10h23 - Atualizado 16/08/2016 11h51
Benedito Oliveira, amigo de Carolina Oliveira e Fernando Pimentel  (Foto: Reprodução)
A nova fase da Operação Acrônimo, deflagrada na manhã desta terça-feira (16) em São Paulo e em Belo Horizonte, teve como ponto de partida a delação premiada do empresário Benedito de Oliveira, o Bené, firmada com o Ministério Público Federal. Ele afirmou que o governador mineiro, Fernando Pimentel, de quem é muito próximo, fez lobby pela construtora JHSF para que conseguisse instalar um aeroporto no interior de São Paulo.

A Polícia Federal deverá realizar outras diligências com base em informações de Bené, que está em prisão domiciliar.

>> Em delação, Bené se compromete a ficar longe de "atividades criminosas"

>> PF prende operador Bené, ligado ao governador Fernando Pimentel

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Ensaio sobre a vida esportiva de Usain Bolt / BBC

Usain Bolt: O que treinadores, colegas e rivais acham do homem mais rápido do mundo

  • Há 1 hora
Usain Bolt no estádio olímpico do RioImage copyrightGETTY IMAGES
Image captionBolt conquistou no Rio seu terceiro ouro olímpico nos 100m neste domingo no Rio
A única vez que Usain Bolt foi lento na vida foi quando o jamaicano chegou ao mundo, dez dias após a data prevista.
Sua mãe, Jennifer, diz que sabia que o filho era especial desde que ele tinha três semanas de vida - uma opinião muito comum entre pais, mas que no caso dela se confirmou. Ela viu seu filho se tornar o homem mais rápido da Terra.
Usain Bolt está tentando uma tripla vitória no Rio. Já conseguiu os 100m, no último domingo. Agora ele também tentará os 200m e o 4x100m, nos Jogos que o atleta, de 29 anos, diz que serão seus últimos.
O "raio" percorreu um longo caminho desde que começou a correr em Trelawney, na Jamaica, e chorava quando perdia uma corrida.
"Ele não gosta de perder", disse o pai, Wellesley, à BBC Sport.
Com sete ouros olímpicos, 11 títulos mundiais e diversos recordes, parece não ter havido muito tempo para lágrimas em sua carreira.
"Ele tinha uns cinco anos quando percebemos que estava disputando com os colegas de turma e sempre ganhava", diz Jennifer. "Ele ficava sempre em primeiro. Percebemos que seria um grande atleta."

A escola de Usain BoltImage copyrightGETTY IMAGES
Image captionAtleta diz que deve muito à professora de ex-escola

Na escola

Mais tarde, já no ensino médio, Bolt tinha mais interesse em jogar críquete do que treinar na pista de atletismo. Estava "tão apaixonado" pelo esporte que "não queria fazer nenhuma outra coisa".
Mas uma professora de educação física, Lorna Thorpe, o aconselhou a focar no atletismo, já que ele "tinha uma mina de ouro nas pernas".
E o campeão, hoje, agradece muito o conselho da professora.
"Ela é como uma segunda mãe para mim", diz.
"Quando eu estava no ensino médio ela cuidava de mim, garantindo que tudo estava ok, sempre focada. Ela teve um papel muito importante."
Mas a diretora à época, Lorna Jackson, conta que teve que dar conselhos a Bolt em outra área: mulheres.
Ela contou ao jornal britânico Sunday Telegraph que Bolt era muito próximo de uma garota que o ajudava nas redações.
"Mas aí disseram que ele tinha uma namorada em uma escola vizinha. Falei para ela: não escreva mais nada para ele!", brinca.
Ela também ensinou espanhol ao atleta porque sabia que ele "viajaria muito e precisaria de espanhol".
Usain BoltImage copyrightGETTY IMAGES
Image captionUsain Bolt ganhou o Mundial júnior nos 200m em 2002
Aos 15 anos, Bolt virou "o assunto" no mundo do atletismo ao correr os 200m no Mundial júnior na Jamaica, em 2002, contra homens quatro anos mais velhos.
Ele venceu e virou o medalhista júnior mais novo da história. Também ganhou o prêmio de "estrela em ascensão" da Associação Internacional de Federações de Atletismo.
Faculdades americanas correram para oferecer bolsas de estudos para Bolt - e agentes esportivos lhe ofereceram contratos.
O irlandês Ricky Simms era um jovem agente que havia acabado de assumir uma das grandes empresas esportivas do mundo. Ele conseguiu assinar com o jamaicano.
"Após o ensino médio, atletas jamaicanos constumam ir para a universidade nos Estados Unidos e passam quatro anos lá antes de virarem profissionais", explica Simms. "Mas ele decidiu virar profissional em 2003."
Mas o início da vida profissional de Bolt não foi tão fácil - o adolescente às vezes ficava tão nervoso antes de corridas que chorava.
"Quando conversamos, ele parou de chorar e disse: 'Vou fazer o melhor que puder'", contou a mãe, Jennifer, à rede americana CNN, sobre o campeonato júnior de 2002.
Usain Bolt e Justin GatlinImage copyrightGETTY IMAGES
Image captionBolt e Gatlin são rivais mas conseguem se divertir juntos

Inspiração

O futuro parecia favorecer Justin Gatlin quando o velocista americano, que já tinha sido suspenso por doping, ganhou os 100m aos 22 anos em 2004 e o adolescente Usain Bolt foi eliminado nas classificatórias dos 200m.
Mas eis que, nos Jogos de 2008, em Pequim, Gatlin estava no meio de uma suspensão de quatro anos por doping e Bolt havia se firmado em cena, destruindo o tempo que o americano havia feito em Atenas e ganhando suas três primeiras medalhas de ouro.
Gatlin ficou com o bronze quando Bolt defendeu seu título nos 100m em Londres 2012, e no Mundial do ano passado a rivalidade deles foi renovada quando o jamaicano venceu o americano por 0,01 segundo.
"Ele (Bolt) provou que, quando está por baixo, consegue dar a volta por cima, e quando está em cima, ele está no topo", Gatlin disse à NBC. "É o tipo de pessoa que te faz querer seguir. Ele me deu uma visão de onde preciso estar".
As mães deles se conheceram no Mundial em Pequim e agora são amigas. Apesar da rivalidade nas pistas, os filhos também gostam da companhia um do outro.
"A gente relaxa e se diverte fora das pistas, mas quando pisamos ali, queremos vencer", afirma Gatlin.

A equipe de revezamento da Jamaica, em 2012Image copyrightGETTY IMAGES
Image captionA equipe de revezamento da Jamaica conta com Bolt para vencer

O mentor

Os colegas jamaicanos de Bolt não são nem de forma alguma lentos. Entre 2005 e 2008, Asafa Powell quebrou o recorde mundial duas vezes. Já o ex-campeão mundial Yohan Blake ganhou a prata tanto nos 100m quanto nos 200m em Londres em 2012 (e ficou em quarto na competição de domingo no Rio).
Embora com Bolt eles tenham mais chances de ganhar o ouro no revezamento 4x100m, eles sabem que o "raio" abocanha todas as medalhas individuais.
Ele foi o primeiro atleta a ganhar ouros tanto nos 100m quanto nos 200m e já tem sete títulos mundiais desde 2009, perdendo apenas os 100m de 2011 quando foi desclassificado por queimar a largada.
Então será que os companheiros de equipe dele se sentem ameaçados ou frustrados por não conseguirem ganhar?
"É bom para o esporte ter ele, já que ele é o número 1 do mundo e recordista", disse Powell, que não vai correr no Rio. "Somos amigos desde antes dos recordes mundiais e das Olimpíadas. Nada mudou, ele só ficou bem mais famoso."
E quando Powell terminou em um decepcionante sétimo lugar no Mundial do ano passado, Bolt mandou uma mensagem de apoio.
"Força, irmão. As pessoas não entendem esse caminho e o sacrifício que fazemos", tuitou.
Enquanto Blake, três anos mais novo que Bolt, entrava em cena, o futuro campeão olímpico já agia como mentor de seu prodígio adolescente.

Glen Mills e Usain BoltImage copyrightGETTY IMAGES
Image captionGlenn Mills treinou Bolt aos 19 anos em Kingston
Bolt assistia enquanto Blake ganhava uma corrida juvenil na Jamaica em 2008, dizendo ao jovem recém-chegado ao grupo para não se desgastar muito, porque "ele ainda tinha uma grande carreira pela frente".
Blake disse à Newsweek que ficou surpreso por Bolt saber quem ele era. "Eu fiquei muito feliz (com seus conselhos)".

O piadista

Glen Mills foi técnico-chefe da equipe nacional da Jamaica por 22 anos. Ele treinou atletas que conquistaram mais de 100 campeonatos mundias e medalhas olimpícas - número favorecido pelas conquistas de Bolt.
Após a decepção na estreia olímpica em Atenas, Bolt recorreu a Mills e seus mais de 40 anos de experiência.
"Ele é uma atleta abençoado", disse Mills ao Speed Endurance. "Quando comecei a trabalhar com ele, uma das coisas que se destacavam era sua técnica, muito ruim. Ele corria fora do centro de equilíbrio. Isso trazia uma força negativa que afetava outras áreas".
"Começamos a gravar os treinos, para ver em câmera lenta o que ele fazia. Eu desenhava diagramas com as posições que ele deveria atingir", contou.
A determinação de Bolt para melhorar acabou transformando-o em uma estrela global, e ele fez tudo isso com um sorriso no rosto.
"Ele trabalha muito duro", disse Mills ao jornal britânico Evening Standard. "Ele mistura isso com sua personalidade jovial. Mas as pessoas precisam saber que ele leva treinos e corridas muito a sério", afirmou.
E como é competir com Bolt?
"Ficamos pasmos com o que tinha acontecido", disse Darvis Pattons, 8º em Pequim, à Sports Illustrated sobre a noite em que Bolt ganhou seu primeiro ouro olímpico e bateu o recorde mundial no caminho.
"A forma (como foi a corrida). Ele correu 9,6 (segundos). E comemorando."
Marc Burns, de Trinidad e Tobago, acrescentou: "Eu estava me preparando para cruzar a linha de chegada quando ouço esse barulho e vejo Bolt já do outro lado, celebrando."

Usain Bolt e seus paisImage copyrightGETTY IMAGES
Image captionBolt comemora com seus pais após vencer os 100m no Mundial no ano passado

O futuro do homem mais rápido do mundo

A família Bolt ainda mora em Trelawney, onde o pai dele ainda trabalha na lojinha local. O filho mais famoso da localidade sempre é bem recebido quando volta.
Seu melhor amigo, Nugent Walker, diz que Bolt "nunca esqueceu de onde ele vem". A fundação do ídolo oferece ônibus e computadores para sua ex-escola e pagou pela reconstrução de um centro de saúde próximo.
"A Jamaica deu muita base para ele", acrescenta. "Os pais dele passaram valores importantes: respeitar as pessoas, cuidar delas. Ele é muito gentil - até gentil demais, alguns diriam."
"Acho que ele não percebe muito que é uma estrela. Certa vez, na França, fomos para um lobby (de hotel) e havia muita gente esperando do lado de fora. Ele perguntou para o porteiro: 'Quem eles estão esperando?'. O porteiro respondeu: 'Você'".
A mãe dele, Jennifer, diz que ele passa bastante tempo com a família quando não está correndo, mas que a aposentadoria pode trazer uma situação diferente.
"Ele vai poder ir e vir o quando quiser", diz Jennifer. "As pessoas sempre querem estar perto dele, não para machucá-lo, mas para estar perto."
Ela diz que ele ainda é aquele mesmo menino que ganhou o campeonato júnior em 2002 - e que ainda escuta seus pais.
Mas Wellesley, que assume o crédito pelos passos de dança do filho, diz que com o sucesso ele virou "mais um entertainer".
A mãe gostaria que ele virasse um embaixador do esporte.
"Ele traz diversão para o esporte", diz. "Sem ele, quem vai assumir esse papel? Vai ficar chato."
E sobre mais um membro na família Bolt? Seus pais dizem que estão confiantes de que serão avós logo, mas Bolt se mantém discreto sobre a identidade da mulher que namora há dois anos.
"É por isso que ele quer se aposentar cedo", diz o pai. "Ele quer fazer uma família."