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Josias de Souza
Compartilh*O PROJETO BLUE BEAM: Já soube que os governos estão admitindo os OVNIs e há vários movimentos atuando para a implantação de uma religião gl...
Assim como setores da esquerda toleram a corrupção sob o argumento de que a vida do povo melhorou, os liberais tendem a olhá-la com complacência desde que se façam as reformas sonhadas pelo mercado. Num livro sobre a tolerância na idade moderna, Wendy Brown lembra aos estudiosos que ela é uma descendente da superação das sangrentas guerras que separaram política e religião. Modernamente, existe um espaço maior para o indivíduo, diante do Estado e da Igreja. Mas existe também um certo cansaço diante das tramas políticas, uma vontade de se concentrar apenas na sua própria vida. O novo governo traz um perigo de natureza diferente. Ele não quer transformar o país num paraíso bolivariano. Nem se meter na liberdade individual, classificando as pessoas como reacionárias, progressistas ou preconceituosas. Quando Renan disse que a estupidez humana era infinita, concordei com ele pela primeira vez. Se estivesse no plenário, apenas acrescentaria: a malandragem humana também. O país apenas se livrou de um tipo de exploração. Por falar em tortura, tema que Dilma trouxe à tona, não se pode esquecer que uma boa equipe é sempre dividida entre os bons e os maus torturadores. Uns mordem, outros sopram.
Em 1992, nesse dia, duas entidades entraram com uma representação contra mim. Em 1º de setembro de 2015, renomados juristas apresentaram denúncia (aditada em outubro) contra a ex-presidente por crime de responsabilidade.
O processo de 1992 foi todo ele reunido em quatro volumes de documentos. O de agora já conta com 72 volumes.
Ao comparar os dois processos, cabe repetir: o rito era o mesmo; o ritmo, o rigor e, agora, o remate, não. O Senado atentou contra o vernáculo, reescreveu a Constituição. Criou insegurança jurídica e, praticamente, decretou a inexistência da lei no Brasil. Foi um vilipêndio ao bom senso e à razão.
Não vou atribuir todos os males desta terra ao PT, já que nossa história e ethos nos mostram que malandragem, jeitinho, corrupção e populismo têm lugar garantido desde priscas eras. Entretanto, é inegável que a era petista ampliou o ódio e estimulou algumas práticas que hoje estão plenamente incorporadas ao modo de agir brasileiro. Somadas ao caráter natural de parte da população e ao advento das redes sociais, constituíram um pacote explosivo que resulta na atual face da nossa sociedade.
Atordoados pelo veneno, feridos pelas marcas de um passado ditatorial recente que nos apavorava, muitos acreditaram nas ilusões que viam. E reverenciaram salvadores da pátria que tinham como único objeto de adoração o seu próprio projeto de poder. Nossa gente tão crédula abraçou os discursos demagógicos, os corruptos em pele de cordeiro, os exploradores da pobreza e os que, espertamente, os insuflavam a se odiarem mutuamente.
Os velhacos comunistas tramando o golpe sob a orientação criminosa de Lula. Clique sobre a imagem para vê-la ampliada. Fotos: IstoÉ |
O professor de Direito Constitucional da USP Dircêo Torrecillas Ramos foi peremptório: “O texto da Constituição é claro. O presidente impedido deve perder o cargo, com inabilitação para cargos públicos por oito anos. O presidente do STF não deveria ter aceito o destaque para a votação em separado de início. Essa votação foi inconstitucional”.
O advogado Julio César Martins Casarin também recorreu ao STF pedindo a suspensão do separação da votação . Casarin escreveu: “A Constituição foi rasgada. Primeiramente, o destaque foi inconstitucional, pois a Constituição Federal coloca como decorrência da cassação do mandato a perda dos direitos políticos. A Constituição não permite interpretação quanto à dissociação da perda do cargo em relação à inabilitação por oito anos para o exercício da função pública”. Ou seja, ao fim e ao cabo, o verdadeiro golpe foi desferido por aqueles que, durante meses a fio, cinicamente o alardearam.
Petistas, congêneres e defensores insistem na mentira de que o governo Temer é ilegítimo, mas não disseram o mesmo sobre Itamar Franco, que assumiu depois da destituição de Collor. Sentiram-se vingados porque haviam perdido a eleição para o marajá caçador de marajás. O esquerdismo, na sua versão ressentida, expõe uma especialidade da idiotia latino-americana que culminou no bolivarianismo: o personalismo na política. Então, tudo é transformado em questões pessoais; é assim, por exemplo, que Lula toma como ofensa pessoal a dupla vitória de FHC sobre ele nas eleições presidenciais de 1994 e 1998. No Brasil, esse personalismo apresentou outra degeneração no oportunista populismo de gênero, com a ascensão de Dilma Rousseff. Com um carisma artificial, a ex-presidente forjou certo dilmismo e grassaram entre nós o getulismo, o lulismo, o malufismo e até o marinismo.
O nefando personalismo na recente política brasileira pariu um jeca que precisou de quase 40 anos de vigarice para instaurar o lulismo; uma parvoíce que em apenas 6 anos nomeia como dilmismo uma vertente da escória; e uma Marina que só precisou de duas campanhas para fazer florescer o marinismo. Sempre usando os pobres como álibi moral, escudo contra a lei e anteparo de críticas, é somente no culto secular a figuras antidemocráticas e medíocres, que os esquerzoides podem ainda defender o capitalismo estatista, o coitadismo, os fins justificando quaisquer meios, a vigarice intelectual para fraudar a história e convencer quem pensa pouco de que nos salvarão da direita má que quer exterminar direitos, do imperialismo americano que espreita nossas riquezas e da elite perversa que só quer, bem, continuar sendo elite perversa.
Já escrevi aqui e reitero: sou bastante grato aos ladrões do PT; sou bastante grato à incompetência específica de Dilma e ao fato de ela ter cometido crime de responsabilidade. Um PT que pensasse o que pensa e fosse absolutamente honesto nos conduziria ao caos.
Em um de seus documentos, o PT lamentou não ter conseguido controlar a imprensa, não ter conseguido impor a reforma política, não ter conseguido mudar as Forças Armadas, não ter conseguido controlar o Judiciário, não ter conseguido, enfim, fazer do Brasil uma Venezuela.