Mario Sabino
As crianças brasileiras não dizem "por favor" e "obrigado". Entre o "por favor" e o "obrigado" é que se constrói um país de verdade.
*O PROJETO BLUE BEAM: Já soube que os governos estão admitindo os OVNIs e há vários movimentos atuando para a implantação de uma religião gl...
Palocci recebeu os agentes da PF sozinho no seu apartamento, vestido para sair e com mala pronta. Foto: DP.
Experientes policiais recomendam que a Lava Jato, se já não faz isso, investigue o possível vazamento da prisão de Antônio Palocci. É que o ex-ministro de Lula e Dilma parecia preparado, quando na segunda (26) a Polícia Federal bateu à porta do seu luxuoso apartamento, em São Paulo, ao amanhecer. Ele estava sozinho. Não havia familiares, como se eles tivessem sido poupados do constrangimento, tampouco empregados – à exceção da visita imprevista do tratador da piscina. A informação é colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder.
Guido Mantega também parecia avisado da prisão: deu um jeito de sair de casa às 4h da madrugada para “acompanhar a mulher ao hospital”.
Estranho, no caso Mantega, é que não era um hospital público e sim o “vip” Albert Einstein, onde não há filas de espera às 4h da madrugada.
Logo após a prisão de Mantega, petistas espalharam que sua mulher faria “procedimento cirúrgico”, aliás, jamais confirmado pelo hospital.
Assim como Mantega, que parecia preparado para viajar a Curitiba, Palocci tinha mala pronta e já estava vestido quando a polícia chegou. Do site Diário do Poder
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Antonio Palocci se encontra detedido na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Foto do site do Estadão. |
Na sexta-feira, pouco depois da notícia na internet, redes sociais destacavam a “abertura de processo” contra Temer, com uma saraivada de xingamentos e mentiras, bem ao estilo da turma alimentada pelo PT.
A delação também envolve o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), os ex-presidentes José Sarney (PMDB) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os senadores Romero Jucá (PMDB) e Aécio Neves (PSDB), a ex-ministra Ideli Salvatti (PT) e outros tantos. Diante de lista tão extensa, Zavascki decidiu fatiá-la em petições distintas.
Ministros que falam demais, que têm encantamento absoluto com o próprio umbigo, que preferem uma manchete de jornal à solução dos problemas para os quais o país os remuneram. Projetos lançados sem negociação prévia, algo que trai a experiência congressual de Temer. Um conjunto de equívocos perdoáveis na interinidade, seriíssimos na condição de titular.
Governo algum se faz em semanas ou poucos meses. Mas, ao contrário daqueles recém-eleitos que têm pelo menos cem dias de trégua, Temer carrega o passivo incômodo de ser taxado de “golpista”, de não ser popular.
Considere-se ainda que os pagamentos deviam ser dissimulados, o que trazia o trabalho adicional de esconder a circulação do dinheiro e ocultar os nomes dos destinatários. Coloquem na história os funcionários que criavam os codinomes dos beneficiários — Casa de Doido, Proximus, O Santo, Barba Verde, Lampadinha — e a gente tem de reconhecer: os caras eram eficientes.
Mais importante ainda: se o Brasil caiu 33 posições nos últimos seis anos, os demais emergentes importantes ganharam posições com reformas e mais atividade econômica. Prova-se assim, mais uma vez, que a crise brasileira é “coisa nossa”, genuína produção nacional. Os governos Lula 2 e Dilma foram tão eficientes na geração do desastre quanto a Odebrecht com suas operações estruturadas.
Em circunstâncias normais, numa economia de mercado, a empresa privada opera tendo como base as leis e as regulações que devem ser neutras e iguais para todos. A Petrobras precisava ter regras públicas para contratação de obras e serviços. Em vez disso, o que a Lava-Jato nos mostrou? Um labirinto de negociações escondidas, operações dissimuladas, manipulações de lei e regras.
Nenhum país fica rico sem ganhos de produtividade. O Brasil da era PT perdeu produtividade. Mas, pior que isso, criou sistemas ineficientes e corruptos desde os principais setores da economia — construção civil, indústria de óleo e gás — até os mais simples serviços públicos, como a concessão de bolsa-pescador ou auxíliodoença.
Em sua grande maioria, eles não escreviam para convencer o leitor: preferiam levantar dúvidas, inclusive neles mesmos. E era isso que eu apreciava neles –embora os chamasse, eventualmente, de "lacaios da burguesia".
A gente se queixa de que os grandes conglomerados da mídia estariam difundindo uma versão única e parcial de fatos e ideias, mas a realidade é pior: não são os conglomerados, somos nós que, ao confeccionar um jornal de nossas notícias preferidas, criamos nossa própria Coreia do Norte e vivemos nela. Como sempre acontece, somos nossos piores censores, os maiores inimigos de nossa possibilidade de pensar.
Viés. Em 2012, a renomada bióloga Jo Handelsman, professora da Universidade de Yale, publicou estudo em que expôs o viés que existe na comunidade científica em relação à contratação de mulheres. O experimento randomizado com 127 cientistas e professores universitários apresentou a cada um dois currículos idênticos: em um deles, o candidato à vaga chamava-se John; no outro, o nome era Jennifer. Os currículos nada tinham de excepcional. Contudo, o fictício John foi não só o candidato que os cientistas se mostraram mais propensos a contratar, mas aquele cujo salário todos julgaram justo ser cerca de 10% mais elevado do que o oferecido a Jennifer. Desde então, o mesmo experimento foi usado em diversos ambientes profissionais para conscientizar as pessoas do viés que carregam dentro de si. Homens e mulheres.
Se ele responde com falta de compostura, é porque é “autêntico”. Se ele ataca Clinton pelo escândalo dos e-mails quando era Secretária de Estado, a expõe como mentirosa, enquanto ele próprio, que mente e omite, é visto como aquele que tem a coragem de tirar a máscara dos políticos convencionais. Quando ele revela sua mal escondida misoginia ou seu desprezo por imigrantes, é elogiado por não ser politicamente correto. Quando ele diz que reduzirá impostos “como nem Reagan foi capaz de fazer”, é aplaudido pela audácia, sem que tenha dito como pretende que essa política evite o aumento da dívida que ele próprio chama de “insustentável”. Há pouco tempo, Trump fez alusões a não pagar a dívida dos EUA, deixando claro que não tem a menor noção do impacto que isso teria sobre a economia global.
E depois, quando o pesquisador comunica ao "hooligan" que a referida política, afinal, é de Obama, o "hooligan" muda de opinião; ou afasta-se; ou indigna-se. Como dizia T. S. Eliot sobre Henry James, a cabeça de um "hooligan" é tão dura que nenhuma ideia é capaz de violá-la.
Felizmente, Jason Brennan tem uma solução: se as pessoas precisam de uma licença para dirigir, o mesmo deveria acontecer para votar. "Epistocracia", eis a proposta. O governo dos conhecedores. Antes de votar, é preciso provar.
Acontece que nunca são: a política, ao contrário da matemática ou da geometria, lida com a complexidade e a imperfeição da vida humana.
Ou, para não irmos tão longe, é ignorar o estado de fanatismo ideológico que as universidades, hoje, produzem e promovem.