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domingo, 16 de outubro de 2016

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Frase de Mario Sergio Cortella

"Quando morre um velho é como se incendiasse uma biblioteca"

Em palestra no Café Filosófico da CPFL da TV Cultura

Great Pyramids of Giza in Egypt

A polêmica sobre 'uma nova tradução da Bíblia' / Frei Herculano Alves / OBERVADOR


Uma nova tradução da 

Bíblia


Frei Herculano AlvesSeguir
16/10/2016, 0:16165
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Traduzir uma Bíblia é vencer a enorme distância 
entre a língua e cultura cristalizadas num 
texto-origem  e a língua e cultura atual. 
É um processo de transculturação, o que tem 
as suas complicações

Os leitores de BÍBLICA ouviram falar de uma nova Bíblia, traduzida apenas por uma pessoa, o prof. Frederico Lourenço, e pediram a minha opinião de caráter técnico sobre esta obra, que trata da palavra de Deus. Faço-o limitando-me apenas ao que se conhece neste momento: a introdução geral ao projeto, o I dos seis volumes prometidos (Os Quatro Evangelhos) e várias entrevistas publicadas.
E faço-o porque o tradutor se referiu ao meu nome no que toca às traduções da Bíblia em Portugal (DN, 18.09.2016,) e fez considerações explícitas sobre a tradução que coordenei para a Difusora Bíblica, em 1998 (O Sol, 01.X.2016). Mas também porque os leitores têm direito a ser esclarecidos, não apenas sobre uma tradução a partir da língua grega, mas sobre a tradução da Bíblia em geral; pois a Bíblia não é um livro qualquer.
Entretanto, apenas me pronuncio acerca de certas confusões destacadas pela linguagem do marketing jornalístico. Dizendo, desde já, que essa linguagem só tem prejudicado a obra e o seu autor, por lhe faltar a informação e a verdade exigidas para falar de um tema como este. Veja-se, por exemplo, o DN, 28.07.2016, onde se diz: «Bíblia dos Setenta, escrita entre os séculos I e VII» — quando a Setenta foi escrita no séc. III a. C.

1. O que é traduzir uma Bíblia?

O conhecido tradutor de obras clássicas gregas decidiu traduzir, sozinho, uma Bíblia. Como se um trabalho destes pudesse ser feito por uma só pessoa. De facto, como ele próprio esclarece, houve traduções feitas por um único tradutor: J. Ferreira Annes d’Almeida, o Padre António Pereira de Figueiredo e, já no séc. XX, o padre Mattos Soares.
Os dois últimos, católicos, traduziram da Vulgata latina usada nessa altura, e não é qualquer pessoa da nossa praça que tem capacidade para contestar essas traduções. Elas têm os seus defeitos, mas também as suas virtudes; mas têm, sobretudo, um defeito fundamental: são obras de um único tradutor. Quanto a João Ferreira d’Almeida, é incorreto afirmar que ele traduziu a Bíblia a partir do hebraico e do grego. Isso, não só não está provado como é altamente duvidoso, sobretudo no que diz respeito ao hebraico.
Traduzir uma Bíblia é vencer a enorme distância entre a língua e cultura cristalizadas num texto-origem e a língua e cultura atual, no caso presente. Trata-se de um processo de transculturação, que tem as suas complicações. Cada livro da Bíblia é diferente dos outros, porque nasceu numa época culturalmente diferente, com o seu Sitz im Leben próprio; e tem, por isso, o seu vocabulário próprio técnico. Além disso, mesmo o Novo Testamento possui um substrato inegavelmente semita. Duvido que Lourenço, ao desconhecer o hebraico, tenha competência para entrar em todos esses meandros.
Portanto, traduzir todos e cada um dos livros de toda a Bíblia é tarefa demasiado complicada apenas para uma só pessoa, por mais conhecimentos que ela tenha da língua grega. Isso aconteceu no passado, é verdade; mas, hoje, tal tarefa é impensável. A não ser que se faça uma tradução preocupada, apenas, com os valores culturais do texto bíblico, isto é, traduzi-lo simplesmente como um texto comum, neutro.
Assim, esta é uma tradução possível e até culturalmente louvável, quando ficar no seu território próprio, sem invadir o terreno alheio; coisa que Frederico Lourenço, como salientam alguns destaques das suas entrevistas na imprensa escrita, por vezes parece não fazer nem aceitar.

2. Uma “Bíblia cristã” ou uma “Bíblia neutra”?

Por estas razões, a tradução em causa não poderá ter o valor de uma Bíblia cristã propriamente dita, pois esta é, essencialmente, o livro da fé de um povo, dirigido a um povo de fé. E a fé utiliza um vocabulário próprio, como qualquer ciência tem o seu. Portanto, na Bíblia, como em qualquer tradução científica, temos que utilizar, na língua de chegada (neste caso, o português), uma linguagem equivalente à do texto de origem. Até porque, possivelmente, o ilustre tradutor desconhece tal linguagem, pois se confessa de formação católica, mas “não praticante, há uns anos” (DN, 18.09.16). E também não consta que tenha formação superior em Teologia ou em Ciências Bíblicas.
Por esse motivo, poderíamos chamar à tradução do Professor Frederico Lourenço uma tradução cultural da Bíblia. De facto, como ele próprio afirma, esta será uma “Bíblia neutra”. Damos-lhe os parabéns pela honestidade, pois ele diz que não quis traduzir uma Bíblia propriamente cristã, porque esta tem uma linguagem própria; diríamos, “interessada”… em transmitir e fortificar a fé dos leitores / ouvintes, sem ser infiel à filologia; mas numa tradução da Bíblia, não basta ter em conta a filologia, o valor denotativo das palavras; também é necessário ter em conta a semântica, o género literário, as conotações, a simbologia e, sobretudo, as palavras da linguagem cristã, usadas através dos séculos para transmitir as verdades da fé. Assim, por exemplo, foi a linguagem da Vulgata (traduzida ou não) que configurou o vocabulário da teologia, da liturgia, da cultura da Europa cristã, em geral. E a Europa não perdeu nada com isso; pelo contrário, foi uma luz para muitas civilizações. Na liturgia, por exemplo, não se lê a palavra de Deus por uma Bíblia “neutra”.
Portanto, um bom tradutor da Bíblia, como livro de fé de um povo, não pode prescindir desse contexto de fé, que é o da Bíblia.

3. Que Bíblia devem ler os cristãos?

Pelo que foi referido, não estamos de pleno acordo quando o autor afirma que “os católicos têm tanto a ganhar em conhecer a fundo o Novo Testamento. Regressar à origem, à fonte…” (ib., p. 39). Dá a impressão que ainda não houve tradutores “a fundo”… Será que os tradutores da Bíblia, ao longo de 20 séculos, não tinham descoberto o Novo Testamento “a fundo”. Até hoje, não houve uma verdadeira tradução da Bíblia em geral e do Pai-nosso em particular? Dizer que, durante mais de 1500 anos, andámos a rezar o Pai-nosso mal traduzido em Portugal é, no mínimo, deselegante. Estamos perante um vocabulário, por vezes, polissémico, ao qual os cristãos de todas as épocas atribuíram determinado sentido. E que motivos temos nós para os reprovar? Será que a generalidade dos tradutores cristãos, até hoje, não sabia grego?
Também é de pasmar que o tradutor diga que encontrou o verdadeiro sentido das Cartas de S. Paulo, ao afirmar: “Às vezes pasmo com as traduções de S. Paulo, que se fazem por esse mundo fora e que dão uma imagem totalmente distorcida do texto do Apóstolo” (ib., p. 39). É caso para perguntar, uma vez mais: só agora, depois de 20 séculos, em tantas línguas europeias, apareceu, precisamente em Portugal, o verdadeiro tradutor de S. Paulo?
Por isso, afirmar que o “distanciamento” em relação ao cristianismo dá mais liberdade de tradução, dá mais liberdade ao tradutor, pode ser verdade, mas também pode significar falta de “rigor bíblico” e, portanto, “científico” na tradução. É dentro do cristianismo que melhor se compreende o sentido profundo da linguagem da Bíblia; pois não basta traduzir as palavras da Bíblia, mas sentir-lhe o perfume cristão, o perfume que elas foram ganhando ao longo dos séculos, ao passarem pela vida de milhares de milhões de cristãos, no povo de Deus, que foi sempre acompanhado pelo Espírito de Jesus. Isso, sim, é fazer uma tradução cristã, “rigorosa”, da Bíblia. Como disse o Concílio Vaticano II: “A Bíblia deve ser lida com o mesmo espírito com que foi escrita” (Dei Verbum, 12). E se lida, também traduzida.
É igualmente digno de admiração que o tradutor de Coimbra julgue estar a fazer a verdadeira tradução do Novo Testamento, quando afirma: “Porque é que os leitores de língua portuguesa não hão de ter a oportunidade de se confrontarem com o texto real do Novo Testamento? Penso que é o momento de o fazerem” (ib., 39). Isto equivale a dizer que nenhuma tradução portuguesa apresenta o tal “texto real” do Novo Testamento. Ou seja, todos os outros tradutores portugueses do Novo Testamento, até hoje, não apresentaram o tal “texto real”…

4. Alguns conceitos confusos

Lamentar que a versão grega do Antigo Testamento tenha ficado esquecida (ib., p. 39) não retira mérito às traduções que foram feitas a partir da mesma: a Vetus Latina, a Vulgata e tantíssimas outras. É que a Igreja teve sempre um feeling tradutor que a levava ao texto original da Bíblia, que era, e é, o da Bíblia Hebraica e não a Setenta, a não ser nos deuterocanónicos e apócrifos, que são assim chamados por não estarem na Bíblia Hebraica. Portanto, dir-se-ia que a Igreja procedeu bem ao não traduzir a Bíblia dos Setenta, que é já uma tradução, mas foi traduzir dos originais hebraicos existentes.
Dizer igualmente que os judeus aceitaram bem a Bíblia grega, é só meia verdade, pois aconteceu precisamente o contrário, com os judeus da Palestina/Israel: já na época cristã, “inventaram” outras traduções gregas do Antigo Testamento, a fim de desacreditarem a Setenta e os cristãos que a usavam. E isto, por motivos teológicos importantes. Deste modo, apareceram outras traduções gregas dos judeus: a de Áquila, a de Símaco e a de Teodocion. Cabe perguntar aqui: De que Bíblia grega vai ser traduzido o Antigo
Testamento de Frederico Lourenço? Da Setenta ou destas Bíblias gregas do Antigo Testamento? De facto, dizer Bíblia grega, sem mais, é pouco rigoroso.
Neste sentido, não se pode afirmar com tanta convicção que esta tradução da Bíblia é para “leitores de todas as proveniências e convicções” (DN, 18.09.2016).

Em resumo

Ninguém contesta a capacidade do tradutor da língua grega para a língua portuguesa. Pelo contrário, é digno dos melhores elogios, por se meter em tamanha tarefa. Mas pode fazer-se alguns reparos à tradução de uma Bíblia. E porquê? Precisamente porque, como acima se diz, a Bíblia, grega ou hebraica, não é um livro clássico, como outro qualquer. Tem um vocabulário “técnico” próprio, tem a linguagem da fé, situa-se num contexto de fé, pois, como livro de fé, nasceu e cresceu num povo de fé e foi escrita precisamente para transmitir os valores da fé desse povo. Tudo isto porque a Bíblia não é uma obra literária escrita para manifestar apenas os valores literários, estéticos; pois ela é um conjunto de documentos que manifestam as vicissitudes e o conteúdo da fé de um povo e dos seus respetivos valores. É esta compreensão global do texto bíblico que deve funcionar também como critério de tradução.
Enfim, falar da Bíblia não é nada fácil. Traduzi-la ainda é mais difícil. E falar da Bíblia grega dos Setenta também não é para iniciados. É pena que, em alguns textos de apresentação da obra, apareçam algumas imprecisões e meias verdades, que não favorecem a preciosa e importante obra do Professor Frederico Lourenço, a quem endereçamos daqui os nossos parabéns e as nossas saudações bíblicas.
Franciscano capuchinho, professor de Sagrada Escritura na Universidade Católica do Porto, coordenador da nova tradução da Bíblia da Difusora Bíblica (1992-1998), realizou a sua tese de doutoramento sobre “A Bíblia de João Ferreira Annes d’Almeida”

POR QUE LULA ESTÁ ME PROCESSANDO? / Vídeo de Joice Hasselmann

"Presenteando gregos e troianos" / Leandro Karnal

Presenteando gregos e troianos
Temo os gregos, mesmo quando dão presentes. A advertência foi feita por um ilustre troiano ao final da guerra. Ele suspeitava que o estranho cavalo diante das muralhas da cidade poderia ser uma armadilha. Não foi ouvido. Troia caiu. A desconfiança originou a expressão “presente de grego”.
Presentes são altamente simbólicos. Quem me oferece algo diz muito sobre nossa relação. Um presente ruim é recebido com estranheza dupla. Primeiro, não gosto do que recebo. Segundo, desconfio que traduza um equívoco de compreensão da minha pessoa. Uma oferta é uma radiografia das almas.
Resultado de imagem para foto de garrafa de vinho
O campo é vasto. Um presente pode ser uma forma de controle. Dar algo que alguém não possa retribuir é uma forma de afirmar meu poder. Parte da questão foi tratada por Marcel Mauss no seu estudo clássico sobre a dádiva. Presentes falam muito além de seu simples pacote.

A boa educação e os sentimentos piedosos ensinam a aceitar qualquer coisa em nome do afeto contido no gesto. É um conselho sábio. Quem me presenteou, gastou algum tempo e algum dinheiro com isso. Em nome dos bons modos, todo pacote deve ser bem recebido. O presente é secundário, a intenção é central. Também é adequado empanzinar-nos de capim sem sal para que nossa saúde floresça com o viço das ervas ruminadas. Raramente o correto é gostoso. O caminho da virtude, por vezes, contém renúncia abnegada.


Um presente é um gesto de sensibilidade. Implica na abdicação do meu gosto para perceber o alheio. Muita gente dá algo para si, ao invés de dar ao outro. A primeira virtude do bom presenteador é evitar a universalização das afinidades estéticas e conceituais.


Do parágrafo anterior, emerge outro risco. Leandro ama vinho tinto? Que bom, eu estava numa cidade do interior e lá eles fazem um vinho maravilhoso... Trouxe para você! Voltamos ao sentimento piedoso: que bom que você se recordou do meu gosto. E ponto. Decisão silenciosa: a portaria do prédio será presenteada com a garrafa gestada nas vinhas da ira.




Não é uma arte fácil. Leandro gosta de ler? Vou dar um livro! Duas hipóteses: o livro é expressivo e bom e, nesse caso, há uma chance alta de eu possuir a obra. Hipótese alternativa: o livro é um horror, portanto, não o tenho e não desejaria tê-lo. E lá vamos à portaria de novo...
Presentes caros podem ser bem recebidos pelo valor em si ou porque demonstram que sou importante a ponto de a pessoa gastar mais comigo. Precisamos ressaltar: os presentes especiais são os que mostram o cuidado e não o valor.
Vejam um exemplo trivial. Vai presentear vovó? Uma toalha de rosto com o nome dela bordado é simples e barata. Será mais bem recebida do que um vaso com flores comprado a caminho da casa dela. O primeiro presente demandou certa antecedência e possui o toque especial do nome. O segundo sinaliza: tenho de levar algo, compro no caminho. Importante: nem toda pessoa mais velha gosta de receber sabonetes em todas as datas.
Faltou dinheiro? Conheci uma senhora que recortava gravuras bonitas de revistas, criando um cartão original. De novo: o cuidado torna o presente significativo. Meu tempo é, sempre, a entrega maior.
A boa oferta é definida no evangelho como o óbolo da viúva. Ao depositar as minúsculas moedas que lhe fariam falta, ela deu mais do que os ricos, que lançavam o que sobrava.
No filme A Pele do Desejo (Salt on Our Skin, 1992), a protagonista, sofisticada, ganha vários presentes ruins do namorado pescador. No final, ele acerta: uma âncora, pequena e significativa, uma peça-símbolo do que ele fazia e do que eram um para o outro. Ela fica emocionada. Ele aprendera que menos é mais.
Algumas pessoas emitem sinais do que desejam. Outras pedem diretamente. Ao contrário de mim, há quem se deleite com surpresas.
Além da pessoa, existe o momento. Nada de peso deve ser dado a quem vai pegar avião ou está em viagem. Um colega palestrante segredou-me que recebeu, ao final de um trabalho, uma enorme faca de churrasco. O objeto era quase uma espada. Faria soar alarmes até a sede da Otan. Como eu, quase todo viajante profissional não despacha bagagem. Não existe fórmula, mas existe uma sensibilidade a ser desenvolvida.
Por fim, existem pessoas focadas. Sempre lembro de uma tia-avó que, em todos os aniversários, trazia a mesma coisa: uma bola embrulhada. Eu e meus irmãos sabíamos: ano após ano, lá estava ela, constante como o relógio-cuco da nossa casa, segurando a indefectível bola. Diante do pacote esférico, ela perguntava: adivinha o que eu trouxe? Nós fingíamos dúvida e abríamos com falsa avidez. Uma bola! Que bom! Era um ritual simpático da nossa infância.
Bíblia define que ninguém tem maior amor do que aquele que dá a própria vida pelo outro. O segredo está nessa ideia. O presente deve ter sua vida em diálogo com a vida do outro. Dar-se é uma grande dádiva. O bom presente é uma via dupla e alegra o que oferta e o que recebe. É um gesto de comunhão e de afeto.
Já pensou em dar algo imaterial e precioso como sua atenção total? Ofereça um jantar e não leve seu celular. Siga com genuíno afeto tudo que ela ou ele fala e esteja inteiro na conversa. É um presentão! 

    O resto são pacotes... Um bom domingo a todos vocês.

É sacanagem de todos os lados... e nós aqui esperando a punição !

Investigação do TSE expõe submundo das finanças eleitorais

Inspeção em campanha da chapa Dilma-Temer mostra gasto de R$ 416 mil com caminhada de 1 quilômetro
Dilma Rousseff e Michel Temer (Foto: Orlando Brito)
José Casado, O Globo
Na mesa havia uma montanha de dinheiro: R$ 14 bilhões em contratos, 80% financiados pelo banco estatal BNDES, para a construção da Usina de Belo Monte, no Pará, uma das maiores hidrelétricas do mundo.
O governo Lula decidira obrigar as empreiteiras concorrentes a se juntar num consórcio liderado pelos grupos Andrade Gutierrez, Odebrecht e Camargo Correa. Otávio de Azevedo Marques, então presidente do grupo Andrade Gutierrez, não esquece daquele outono de 2010: “Eu fui chamado pelo deputado, ex-ministro Antonio Palocci, para uma reunião. Na época ele não era ministro, né? Trabalhava na arrecadação de fundos da presidente Dilma, futura presidente, candidata.”

A conversa foi objetiva, contou dias atrás a Herman Benjamin, juiz-corregedor do Tribunal Superior Eleitoral: “Ele me disse que aquela escolha, feita pela ministra Erenice (Guerra, chefe da Casa Civil na época), precisaria ter um entendimento de que havia um projeto político para ser apoiado. E que nós deveríamos recolher 1% do valor dos nossos faturamentos naquele consórcio: 0,5% para o PT e 0,5% para o PMDB.”
As empresas privadas pagaram na proporção da sua participação no negócio, relatou o executivo. À Andrade coube uma fatura de R$ 20 milhões. “Também pagaram nos outros projetos federais?”, quis saber o juiz-auxiliar Bruno Cesar Lorencini, referindo-se às obras em rodovias, ferrovias e aeroportos. “Também houve contribuições”, confirmou o executivo.
O dinheiro de empresas investigadas por corrupção em contratos públicos irrigou o caixa das campanhas da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer (PT-PMDB) nas eleições de 2010 e 2014. Algumas usaram métodos convencionais de lavagem. Outras, como a Andrade, preferiram disfarçar pagamentos como doações eleitorais.
Recursos fartos levaram a um recorde de gastos. Nunca uma campanha presidencial foi tão cara quanto a de 2014. A chapa Dilma-Temer liderou nos votos e na gastança: declarou despesas equivalentes a R$ 514,2 milhões (valor atualizado pelo índice IGPM/FGV). A oposição achou que a derrota foi provocada pelo “abuso de poder econômico” do governo e pediu uma devassa nas contas.
Há 21 meses a Justiça investiga a origem e o destino desses recursos. Financiamento eleitoral ilícito é punível com a cassação dos eleitos. Desde o impedimento de Dilma, em maio, o processo avança no TSE com um único alvo: o antigo vice-presidente. Numa ironia da história, Temer, o sucessor de Dilma, hoje é um presidente “sub judice” — por iniciativa do seu principal avalista político, o PSDB. O inquérito sobre o caixa da campanha presidencial de 2014 está expondo em detalhes, pela primeira vez, como funciona o submundo dos negócios e das finanças eleitorais.
Na quinta-feira, por exemplo, o TSE resolveu decretar a quebra do sigilo de três gráficas (Red Seg, Focal e VTPB). Juntas, teriam sido responsáveis por 15% dos gastos totais declarados pela chapa DilmaTemer na eleição de 2014. A documentação coletada mostra o seguinte: do total de despesa declarada pela chapa PT-PMDB com serviços dessas empresas (R$ 77 milhões, em valores corrigidos), o tribunal só conseguiu comprovar regularidade sobre 21% (R$ 16,1 milhões).
Significa que só existem comprovantes fiscais para R$ 16 de cada R$ 100 gastos pela chapa Dilma-Temer nessas gráficas. Dois terços desses gastos da chapa Dilma-Temer foram concentrados em gráficas (Focal e VTPB) que não dispunham de empregados ou maquinário suficiente e multiplicaram por dez seu movimento de caixa com “serviços” ao PT e PMDB nas eleições presidenciais de 2010 e 2014.
Criada como empresa de “banca de jornais e revistas”, a VTPB se transformou em “impressora de material publicitário” em julho de 2014, às vésperas da campanha eleitoral. É controlada por Beckembauer Rivelino de Alencar Braga, filiado ao PT paulista, segundo o TSE. Já a Focal tem como controlador Carlos Alberto Cortegoso, militante do PT mineiro com histórico em inquéritos sobre lavagem de dinheiro na política.
Foi personagem no caso do mensalão, delatado pelo publicitário Marcos Valério Fernandes, que repassou-lhe R$ 1 milhão (valor atualizado). Cortegoso também aparece em dois processos sobre corrupção em curso na Justiça Federal, em Curitiba. Num deles figura como receptor de sete imóveis do pecuarista José Carlos Bumlai, que se confessou à Justiça como o “trouxa perfeito do PT” em negócios ilícitos com a Petrobras.
Em outro foi delatado como intermediário da empresa Consist na lavagem de R$ 67 milhões para o PT (80% obtidos na cobrança de taxas ilegais sobre empréstimos consignados tomados por servidores do Ministério do Planejamento). Ao conferir as despesas declaradas pela chapa Dilma-Temer em 2014, peritos judiciais estranharam pagamentos elevados por alguns “serviços” em eventos de campanha.
À Focal, por exemplo, pagou-se R$ 204 mil pela “organização” de um “comício de Michel Temer na quadra da Portela”, no Rio. E R$ 431 mil pela “organização” de uma “coletiva de imprensa no Hotel Royal Tulip Brasília” para Dilma. Os documentos apresentados para justificar gastos de R$ 77 milhões com as gráficas são sugestivos. A “organização” de carreatas custou R$ 390 mil em Aracaju, R$ 204 mil em Campinas e R$ 138 mil em Padre Miguel, no Rio.
Gastou-se R$ 322 mil para “organizar” uma caminhada de Dilma em Canoas (RS). Outros R$ 416 mil num percurso de 1,3 mil metros no Centro do Recife, e R$ 127 mil em 500 metros da rua Barão de Itapetininga, em São Paulo. Cobrou-se R$ 404 mil pela “organização” de um encontro de Dilma com estudantes em Maceió. E R$ 314 mil pela reunião com artistas no Leblon, Rio. E um “ato pela Igualdade Racial”, em Nova Lima (MG), custou R$ 302 mil.
Os preços da “organização” de comícios oscilaram entre R$ 433 mil (Guaianases, SP), R$ 639 mil (Goiânia) e R$ 719 mil (Ceilândia, DF). Nesses eventos, supostamente, foi consumida parte dos 693 milhões de santinhos da chapa Dilma-Temer que teriam sido impressos por uma das gráficas sob investigação. Volume suficiente para distribuir três panfletos a cada brasileiro, com ou sem título de eleitor.
Dilma Rousseff e Michel Temer (Foto: Orlando Brito)

Humor de Chico Caruso


Charge (Foto: Chico Caruso)

sábado, 15 de outubro de 2016

Notícias escatológicas de Brasília / na coluna de Cláudio Humberto

15 DE OUTUBRO DE 2016
Está longe de ser consensual ou mesmo prioritário, para merecer tanta pressa, o projeto do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) que pretende “punir abuso de autoridade” de policiais e procuradores. Ainda licenciado, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) acha o projeto “inoportuno sob todos os aspectos”. Com apoio do PT e políticos investigados, é vista como tentativa de intimidar a ação da Lava Jato.
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Indicado por Renan como relator, Romero Jucá (PMDB-RR) quer votar logo a projeto. “Quem abusa desautoriza as demais autoridades”, diz.
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“Não há nenhuma prioridade para o tema”, disse Cássio Cunha Lima sobre o projeto de Renan, “que tende a irritar ainda mais a sociedade.”
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A senadora Simone Tebet (PMDB-MT), uma das mais atuantes, acha o projeto de Renan “inoportuno, intempestivo, inadequado”, disse ela.
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Renan Calheiros, autor do projeto, responde a 8 inquéritos da Lava Jato, no STF, e a outros três: casos Mendes Jr, Zelotes e Belo Monte.
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Tomada por petistas na gestão Dilma, a EBC (Empresa Brasil de Comunicação), dona da ‘TV Brasil’, que registra audiência “traço” (não é nem zero) pagou, em 2015, R$ 272 milhões em salários e benefícios para os 2.600 funcionários concursados e comissionados. Sob o comando de Michel Temer, a empresa quer “fazer uma faxina ética”. Desde que Laerte Rimoli assumiu a EBC foram cerca de 40 demissões.
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Em um único mês, os servidores da EBC custaram ao contribuinte R$ 24,8 milhões em 2015. As 40 demissões poupam R$ 2,8 milhões/ano.
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Auditoria apontou cerca de 300 funcionários fantasmas deixados pela administração Dilma na EBC. Custavam mais de R$ 4,2 milhões/mês.
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Os cerca de 300 funcionários fantasmas da EBC de Dilma (apelidados de funcionários-caviar) recebiam média de R$ 16 mil por mês.
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O senador Romário (PSB-RJ) precisa de um craque administrando suas coisas. Ele sofreu novo revés na Justiça: teve dois apartamentos penhorados, no Rio, em ação movida por uma empreiteira.
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Neste Dia do Professor, não há muito a comemorar desde a instituição da “Pátria enganadora”, no governo Dilma. Prioridade para Educação continua sendo apenas promessa vã de período eleitoral.
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Irmão do ministro Geddel Vieira (Secretaria de Governo), o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) presidirá uma comissão especial para discutir a reforma política, pauta paralisada no Congresso há décadas.
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Em evento com Blairo Maggi (Agricultura) e o governador Beto Richa em Guarapuava (PR), um padre dava benção aos presentes, e concluiu: dou graças a Deus porque “as urnas livraram o Brasil do PT”.
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O deputado Celso Russomano (PRB) negou que foi retirado de avião após supostamente se recusar a passar pelo raio-x no aeroporto, em Brasília. Segundo ele, passou pela segurança. Estava só “apressado”.
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O filme Olhar de Nise, de Jorge Oliveira e Pedro Zoca, está entre os 13 filmes selecionados para o 31º Festival del Cinema Latino Americano de Trieste, na Itália, de 20 e 30 deste mês. Nise é dos documentários brasileiros mais premiados e um dos mais exibidos no exterior.
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Presidente da Câmara, Rodrigo Maia desistiu de colocar em votação projeto que muda a Lei de Repatriação. Ele diz que o governo não o apoiou, mas sequer acertou a votação com o governo. Fica para o vice.
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A polícia alagoana prendeu e exibiu à imprensa dois irmãos, acusados de matar um professor. Cinco dias depois, “ops, era engano”. O governo sequer pediu desculpas às vítimas da violência do Estado.
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...o ex-presidente Lula deve ter formação mesmo é em artes cênicas.
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