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domingo, 13 de novembro de 2016
"EUA e Rio mostram como o mundo pirou." / Fernando Gabeira
domingo, novembro 13, 2016
Trump e a curva do Rio -
FERNANDO GABEIRA
O Globo - 13/11
EUA e Rio mostram como o mundo pirou. O mundo não acabou, apenas ficou mais louco. Esta frase, de um dirigente alemão, é precisamente o que penso depois da vitória de Donald Trump. Mas, às vezes, sou tentado a revê-la quando olho o Rio de Janeiro, lugar onde moro, ameaçado pelo caos e pela anarquia. Todos se lembram do Brexit, o rompimento da Inglaterra com a comunidade europeia. Também ali, imprensa e pesquisa foram traídos pelas circunstâncias. Esperavam um resultado que não veio.
Mas a verdade é que a globalização produziu perdedores nos países mais ricos e contribuiu para que alguns estados mais frágeis se dissolvessem em guerras fratricidas. As ondas de imigração levaram medo e inquietude. Na Inglaterra, temia-se pelo emprego e também pelos leitos de hospital e assistência médica.
Nos Estados Unidos, Trump denunciou acordos importantes como o Nafta e prometeu construir um muro na fronteira com o México. No seu discurso, um outro fator também aparece: o medo da desordem, da presença de criminosos que possam perturbar a paz americana, igualando o país a outros lugares caóticos do mundo.
Walt Whitman, num poema de 1855, dizia que os Estados Unidos é um país que não se representa por deputados, senadores, escritores ou mesmo inventores, e sim pelo homem comum. Durante quase toda a campanha, observando as entrevistas dos eleitores de Trump, não havia neles apenas o medo dos efeitos da globalização,
O que há de comum nas surpresas de Trump e do Brexit é a confiança na racionalidade inevitável da globalização. O filósofo John Gray escreveu muitas vezes sobre o tema. Para ele, o comunismo internacional e a expansão planetária do livre comércio são duas utopias nascidas do Iluminismo. Discordo apenas num detalhe: o livre comércio não se impõe à força, ninguém é obrigado a tomar Coca-Cola ou comprar tênis Nike.
Mas a verdade é que a globalização produziu perdedores nos países mais ricos e contribuiu para que alguns estados mais frágeis se dissolvessem em guerras fratricidas. As ondas de imigração levaram medo e inquietude. Na Inglaterra, temia-se pelo emprego e também pelos leitos de hospital e assistência médica.
Nos Estados Unidos, Trump denunciou acordos importantes como o Nafta e prometeu construir um muro na fronteira com o México. No seu discurso, um outro fator também aparece: o medo da desordem, da presença de criminosos que possam perturbar a paz americana, igualando o país a outros lugares caóticos do mundo.
Walt Whitman, num poema de 1855, dizia que os Estados Unidos é um país que não se representa por deputados, senadores, escritores ou mesmo inventores, e sim pelo homem comum. Durante quase toda a campanha, observando as entrevistas dos eleitores de Trump, não havia neles apenas o medo dos efeitos da globalização,
mas também uma repulsa pelos políticos tradicionais. Alguns, mesmo discordando das bobagens que ele dizia, afirmavam: pelo menos é sincero, ao contrário dos profissionais. Outros mais exaltados gritavam abertamente para as câmeras: foda-se o politicamente correto.
A suposição de que o progresso triunfa sempre é um contrabando religioso na teoria política. A história não é linear. E talvez os formadores de opinião e pesquisadores tenham perdido o pé por acharem, equivocadamente, que o triunfo sempre estará ao lado do que consideramos certo. É preciso mais humildade, mais presença na vida das pessoas para compreender que a globalização produz ressentimentos e que muitos anseiam pelos “velhos e bons tempos” de sua experiência nacional.
O caso do Rio deveria ser tratado à parte. Mas é um estado falido, algo que também não é estranho à história mundial. O Haiti é aqui, já dizia, profeticamente, a canção de Caetano e Gil. Falavam da Bahia, mas o verso inicial é válido para todos: pensem no Haiti.
Uma grande contradição na falência do Rio é o fato de que os mesmos políticos que arrasaram o estado são os responsáveis para liderar sua reconstrução. A falta de legitimidade torna a tarefa quase impossível. Depois de tanta incompetência e corrupção, grande parte das pessoas gostariam de vêlos na cadeia, e não no comando do estado.
Eles não vão renunciar. Será preciso que a sociedade se movimente, sem quebradeiras, sem gritos, para que as coisas voltem à normalidade. Ela também se deixou levar pela febre do petróleo. Em 2010, quando disputei com Cabral, já era evidente o colapso do sistema de saúde, a corrupção assustadora. Naquele momento, percebi que muitos intelectuais, alguns amigos queridos, continuavam seduzidos por um governo que mascarava a incompetência e corrupção com os abundantes recursos do petróleo. A sedução não envolveu apenas intelectuais críticos, mas todo o establishment. Hoje, os manifestantes gritam Bolsonaro, quando invadem a Assembleia. Como são policiais, e a família Bolsonaro sempre apoiou a corporação, não significa ainda um sentimento mais amplo na sociedade carioca, embora Bolsonaro, pai e filho, já sejam campeões de voto.
Será preciso humildade para compreender o que se passa, independentemente de nossas projeções teóricas sobre futuros luminosos. A cidade maravilhosa, cosmopolita etc. já está nas mãos de um grupo cristão que tende, ao contrário do Velho Testamento, a defender não uma ética particular, mas um caminho que deva ser universalmente aceito.
A gravidade da crise no Rio, caso sobreviva à quadrilha que o governou, e caso a sociedade não se esforce para buscar soluções, pode nos levar a um tipo de dissolução que encha as ruas de fantasmas perambulando com suas cestas de pequeno comércio, gangues dominando amplos setores da cidade e, sobretudo, saída em massa para o interior, para outros estados, para fora do país.
Pensem no Haiti, diz a canção. Precisamos mais do que isso: pensar no Haiti e fazer algo para evitar o mesmo destino.
A suposição de que o progresso triunfa sempre é um contrabando religioso na teoria política. A história não é linear. E talvez os formadores de opinião e pesquisadores tenham perdido o pé por acharem, equivocadamente, que o triunfo sempre estará ao lado do que consideramos certo. É preciso mais humildade, mais presença na vida das pessoas para compreender que a globalização produz ressentimentos e que muitos anseiam pelos “velhos e bons tempos” de sua experiência nacional.
O caso do Rio deveria ser tratado à parte. Mas é um estado falido, algo que também não é estranho à história mundial. O Haiti é aqui, já dizia, profeticamente, a canção de Caetano e Gil. Falavam da Bahia, mas o verso inicial é válido para todos: pensem no Haiti.
Uma grande contradição na falência do Rio é o fato de que os mesmos políticos que arrasaram o estado são os responsáveis para liderar sua reconstrução. A falta de legitimidade torna a tarefa quase impossível. Depois de tanta incompetência e corrupção, grande parte das pessoas gostariam de vêlos na cadeia, e não no comando do estado.
Eles não vão renunciar. Será preciso que a sociedade se movimente, sem quebradeiras, sem gritos, para que as coisas voltem à normalidade. Ela também se deixou levar pela febre do petróleo. Em 2010, quando disputei com Cabral, já era evidente o colapso do sistema de saúde, a corrupção assustadora. Naquele momento, percebi que muitos intelectuais, alguns amigos queridos, continuavam seduzidos por um governo que mascarava a incompetência e corrupção com os abundantes recursos do petróleo. A sedução não envolveu apenas intelectuais críticos, mas todo o establishment. Hoje, os manifestantes gritam Bolsonaro, quando invadem a Assembleia. Como são policiais, e a família Bolsonaro sempre apoiou a corporação, não significa ainda um sentimento mais amplo na sociedade carioca, embora Bolsonaro, pai e filho, já sejam campeões de voto.
Será preciso humildade para compreender o que se passa, independentemente de nossas projeções teóricas sobre futuros luminosos. A cidade maravilhosa, cosmopolita etc. já está nas mãos de um grupo cristão que tende, ao contrário do Velho Testamento, a defender não uma ética particular, mas um caminho que deva ser universalmente aceito.
A gravidade da crise no Rio, caso sobreviva à quadrilha que o governou, e caso a sociedade não se esforce para buscar soluções, pode nos levar a um tipo de dissolução que encha as ruas de fantasmas perambulando com suas cestas de pequeno comércio, gangues dominando amplos setores da cidade e, sobretudo, saída em massa para o interior, para outros estados, para fora do país.
Pensem no Haiti, diz a canção. Precisamos mais do que isso: pensar no Haiti e fazer algo para evitar o mesmo destino.
"Quem vai pagar a conta" / Marcos Lisboa
Quem vai pagar a conta? -
MARCOS LISBOA
FOLHA DE SP - 13/11
As regras da Previdência dos servidores públicos e os reajustes salariais acima da inflação na última década resultaram no elevado crescimento da despesa pública, muito acima do aumento da renda nacional.
Com a deterioração fiscal dos últimos anos, muitos Estados optaram por medidas paliativas para continuar com o crescimento da despesa, apesar da queda da receita recorrente. Essas medidas incluíram, por exemplo, o aumento do endividamento público com aval da União ou novos empréstimos concedidos pelos bancos oficiais.
Os exemplos de medidas paliativas não deixam de surpreender. Depósitos judiciais entre partes privadas foram utilizados para financiar parte das despesas públicas no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, e royalties de petróleo foram destinados ao financiamento do deficit da Previdência dos servidores, entre vários outros exemplos.
A renegociação da dívida dos Estados com a União deu um fôlego temporário a vários deles, porém apenas adiou a inevitável dificuldade com o pagamento das obrigações.
Financiar despesas correntes com receitas extraordinárias, como novos empréstimos, ou com recursos incertos, como royalties de petróleo, reflete irresponsabilidade fiscal.
Além disso, critérios criativos foram utilizados para evitar os limites previstos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, como excluir da despesa de pessoal diversos auxílios e abonos pagos a servidores, além dos gastos com terceirizados. Essa lista está longe de ser exaustiva.
O poder público se comprometeu com obrigações incompatíveis com as suas receitas e as medidas paliativas apenas permitiram o agravamento dos problemas nos últimos anos.
A crise do Rio de Janeiro é apenas o prólogo das graves dificuldades que muitos Estados enfrentarão nos próximos meses. A falta de recursos resultará em dificuldades crescentes para pagar as despesas correntes com serviços básicos, como saúde, educação e segurança.
Infelizmente, diversos Tribunais de Contas estaduais foram coniventes com esse processo de deterioração fiscal.
Será inevitável debater direitos adquiridos e normas como a estabilidade dos servidores públicos.
As corporações públicas no Rio de Janeiro invadem a Assembleia Estadual e demandam que o restante da sociedade pague pelos seus benefícios. Governadores, que não enfrentaram as dificuldades e deram reajuste salarial em 2015, apesar da gravidade da crise fiscal, pedem que o país arque com as obrigações que, irresponsavelmente, assumiram.
Resta saber quem terá os seus direitos reduzidos: as corporações ou a sociedade?
A crise dos Estados não pode surpreender.
As regras da Previdência dos servidores públicos e os reajustes salariais acima da inflação na última década resultaram no elevado crescimento da despesa pública, muito acima do aumento da renda nacional.
Com a deterioração fiscal dos últimos anos, muitos Estados optaram por medidas paliativas para continuar com o crescimento da despesa, apesar da queda da receita recorrente. Essas medidas incluíram, por exemplo, o aumento do endividamento público com aval da União ou novos empréstimos concedidos pelos bancos oficiais.
Os exemplos de medidas paliativas não deixam de surpreender. Depósitos judiciais entre partes privadas foram utilizados para financiar parte das despesas públicas no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, e royalties de petróleo foram destinados ao financiamento do deficit da Previdência dos servidores, entre vários outros exemplos.
A renegociação da dívida dos Estados com a União deu um fôlego temporário a vários deles, porém apenas adiou a inevitável dificuldade com o pagamento das obrigações.
Financiar despesas correntes com receitas extraordinárias, como novos empréstimos, ou com recursos incertos, como royalties de petróleo, reflete irresponsabilidade fiscal.
Além disso, critérios criativos foram utilizados para evitar os limites previstos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, como excluir da despesa de pessoal diversos auxílios e abonos pagos a servidores, além dos gastos com terceirizados. Essa lista está longe de ser exaustiva.
O poder público se comprometeu com obrigações incompatíveis com as suas receitas e as medidas paliativas apenas permitiram o agravamento dos problemas nos últimos anos.
A crise do Rio de Janeiro é apenas o prólogo das graves dificuldades que muitos Estados enfrentarão nos próximos meses. A falta de recursos resultará em dificuldades crescentes para pagar as despesas correntes com serviços básicos, como saúde, educação e segurança.
Infelizmente, diversos Tribunais de Contas estaduais foram coniventes com esse processo de deterioração fiscal.
Será inevitável debater direitos adquiridos e normas como a estabilidade dos servidores públicos.
As corporações públicas no Rio de Janeiro invadem a Assembleia Estadual e demandam que o restante da sociedade pague pelos seus benefícios. Governadores, que não enfrentaram as dificuldades e deram reajuste salarial em 2015, apesar da gravidade da crise fiscal, pedem que o país arque com as obrigações que, irresponsavelmente, assumiram.
Resta saber quem terá os seus direitos reduzidos: as corporações ou a sociedade?
A carruagem da História segue seu caminho...
Encontro marcado
Surpreendente que Trump jamais havia estado na Casa Branca como cidadão comum, antes do encontro desta semana
Dorrit Harazim, O Globo
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, embarca esta semana rumo à Europa, mas não será uma típica viagem de fim de mandato para respirar uma última lufada de notoriedade mundial antes do ocaso do poder. Pelo contrário. Ele estará sendo aguardado por seus pares Angela Merkel, Theresa May, François Hollande, Matteo Renzi e Alexis Tsipras com urgência e ansiedade máximas, como único tradutor possível do enigma chamado Donald Trump.
Dado que nenhum dos líderes europeus conhece o novo personagem, e muito menos imaginava vir a conhecê-lo como 45º ocupante da Casa Branca, as migalhas de informação que Obama compartilhar sobre seu inesperado sucessor serão ouvidas com voracidade. Tampouco o presidente conhecia Trump quando o recebeu na quinta-feira para a visita que serve de liturgia da democracia americana e dá início prático à complexa transição do poder.
Ou melhor, ambos haviam estado sob o mesmo teto uma vez, em 2012. Foi durante o concorrido jantar anual dos correspondentes da Casa Branca, que reúne a nata do establishment de Washington num hotel — para Trump, uma lembrança humilhante. É praxe, neste tradicional evento, o chefe de Estado submeter-se com bonomia a tiradas de humor do mestre de cerimônias e, em troca, deleitar o salão repleto de celebridades com tiradas de humor autodepreciativo intercaladas de alfinetadas nos presentes.
Obama, mestre absoluto neste jogo, pinçara o bilionário como um dos alvos de sua verve. Dizem tê-lo ferido mais fundo do que durante a campanha eleitoral de agora. Surpreendente que Trump jamais havia estado na Casa Branca como cidadão comum, antes do encontro de equilibristas desta semana — nem como aluno em excursão de colégio, nem como pai que faz fila cívica com o filho, nem como megaempresário convidado a um dos tantos eventos presidenciais das últimas quatro décadas.
Foi, portanto, um encontro entre dois homens com pressa de passar do estágio de nunca terem se cruzado sequer num elevador, para o de precisarem confiar um no outro. No caso de Trump, tratava-se de absorver, captar, sugar, compreender, assimilar o máximo possível — a digestão seria feita depois. E Obama estreou no papel crítico de tutor, com responsabilidade (e dificuldade) maior do que todos os seus antecessores somados em apontar ao novato as armadilhas do cargo.
Ao final, o visitante declarou-se encantado pelo encontro ter durado quase uma hora e meia, e não os dez ou 15 minutos que imaginara. Mencionou que, à parte temas de política externa e interna e questões organizacionais, Obama lhe explicara algumas das dificuldades e “conquistas realmente formidáveis que foram obtidas” em seu governo. Nesta frase pode estar embutida uma das razões pelas quais o encontro foi tão longo — o presidente deve ter exposto com vagar os riscos de se desmontar determinadas iniciativas inclusivas do tecido social americano.
Sobretudo porque o país ainda não está aquietado do choque eleitoral. Representantes de minorias planejam uma marcha sobre Washington para, segundo os organizadores, “mostrar que ainda estamos aqui”. Enquanto isso, Michelle Obama percorria com Melania Trump os domínios da Ala Oeste reservados às primeiras-damas. Com a troca próxima de inquilinos, a Casa Branca se tornará mais branca, e os americanos perceberão a falta que os Obama farão.
Ali morou durante oito anos não apenas um comandante em chefe da nação, mas um casal negro com duas filhas que viraram adolescentes sob escrutínio ininterrupto, formando uma unidade familiar sólida, normal, alegre, participante e esclarecida, e como tal serviram de exemplo para suas respectivas gerações. Imprimatur Michelle.
Quanto a Melania, sua entrada em cena já produziu pelo menos um primeiro efeito educativo: os americanos, péssimos em geografia, puderam aprender que a Eslovênia, terra em que nasceu a futura primeira-dama, e a Eslováquia não são o mesmo país. Falta apenas o terceiro futuro morador da Casa Branca ser visto sem o habitual semblante sério e entristecido.
Enfiado numa indefectível gravata lisa que lembra as do pai, Barron Trump, ainda não apareceu como moleque de 10 anos à vontade na vida. Obama, com seu extravagante índice de popularidade em final de segundo mandato (acima de 55%), foge do figurino de líder que vai ser despejado. De Woodrow Wilson a Dwight Eisenhower, de Lyndon Johnson a Bill Clinton, todos sentiram o capital político esfarelar à mesma época.
George W. Bush tratou de buscar consolo lotando a agenda com viagens ao exterior. Ziguezagueava por países e surgia como uma espécie de furão em fotos com líderes estrangeiros. Ironicamente, a eleição da incógnita Trump dá à presença mundial de Obama uma sobrevida inesperada, embora em final de mandato quase nenhum presidente consiga resolver seus grandes impasses de política internacional.
Harry Truman passou o cargo para Eisenhower junto com o fardo da guerra da Coreia. Lyndon Johnson entregou os pontos sem conseguir mudar o rumo do atoleiro no Vietnã. Bill Clinton não conseguiu ter no currículo o almejado tratado de paz no Oriente Médio. E Obama deixará para seu sucessor, entre outros, a ferida exposta e obscena da destruição da Síria. Donald Trump parece sentir-se talhado para triunfar em desafios impossíveis.
Até porque resta um naco de rocha nas montanhas de Dakota do Sul onde, em tese, ainda cabe uma quinta efígie. As quatro cabeças de 18 metros cada, esculpidas no granito de Mount Rushmore, são de George Washington, Thomas Jefferson, Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln. Elas representam, respectivamente, a luta pela independência, processo democrático, liderança e igualdade. Por que não começar a cultivar a fantasia de se juntar a essa galera?
Meme das efígies de George Washington, Thomas Jefferson, Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln, esculpidas no granito de Mount Rushmore, Keystone, South Dakota, EUA (Foto: Redes Sociais)
Frases ...
FRASE DO DIA
Temer, os estudantes estão indo pra Brasília e vão ocupar as escolas e a cidade contra sua política que pretende destruir o país. Não vai ter limites para a luta dos estudantes, vamos ocupar tudo.
CAMILA LANES,
PRESIDENTE DA UNIÃO BRASILEIRA DOS ESTUDANTES SECUNDARISTAS
Outras frases
Quem está distribuindo dinheiro para a 'criançada' praticar insubordinaçao civíl; ?
Quem está oferecendo apoio logístico para um projeto desse tamanho ?
quem é a 'cabeça coroada' que incentiva o movimento ou o 'dever de casa dos estudantes'?
Qual o valor da empreitada dos estudantes?
os recursos da iniciativa são da contabilidade da ubes?
Os pais da 'criançada' conhecem, aprovam, reprovam o tal projeto?
John fields (proto filósofo)
"Justiça boa é Justiça justa" / MARY ZAIDAN
Justiça boa é Justiça justa
Themis, a deusa-guardiã dos juramentos dos homens e da lei. Estátua em mármore, 300 aC. (Foto: Museu Arqueológico Nacional de Atenas)
Tema polêmico, que divide o mundo jurídico, a prisão de réus condenados em segunda instância antes de esgotados os recursos nos tribunais superiores foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na noite da última quinta-feira. Passa, portanto, a valer para todos os tipos de processo em todo o país. A decisão mexe profundamente com o Judiciário: dá mais poder e responsabilidade aos tribunais de Justiça e aos tribunais federais regionais, mina a indústria de recursos e, consequentemente, confere maior celeridade à Justiça.
O cumprimento da pena após a condenação em segundo grau já tinha sido aprovado pelo Supremo. Em fevereiro, em uma votação de recurso sobre um roubo – a mesma que foi reafirmada agora –, e no início de outubro, quando foram julgadas ações movidas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pelo Partido Ecológico Nacional (PEN), ambas questionando a legalidade da prisão antes da conclusão de todas as fases recursais de um processo.
Os placares sempre apertados, 6 a 5 em fevereiro e outubro e 6 a 4 agora, escancaram o tamanho da encrenca. E com idas e vindas. Nas duas primeiras votações, os ministros Edson Fachin, Luís Alberto Barroso, Luiz Fux, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Cármen Lúcia foram favoráveis à tese de cumprimento da pena após a deliberação da segunda instância. Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Rosa Weber foram votos vencidos. Desta vez, Cármen Lúcia, presidente da Corte, não votou. Rosa Weber também não. E Toffoli mudou de lado.
Perto do que preconizava o ex-presidente do STF, Cezar Peluso, a saída aprovada pelo Supremo é levíssima. Sua proposta era radical: mudar a Constituição e estabelecer que todos os processos terminassem depois de julgados pelos tribunais de Justiça ou pelos tribunais regionais federais, com imediato cumprimento das penas. Os recursos ao STJ e ao STF serviriam apenas para tentar anular a decisão.
Encabeçados pela OAB, os críticos mais ferozes da tese que prevaleceu no Supremo apoiam-se na garantia constitucional de inocência até que uma ação tenha percorrido todos os caminhos possíveis, o que no Brasil chega à jabuticaba perfeita: o único país do mundo com quatro instâncias, três delas recursais. Apontam ainda a hipótese de erros cometidos nas instâncias inferiores, quase que questionando a capacidade dos juízes de primeiro grau e dos tribunais. No fundo, sabem que estão perdendo a possibilidade de procrastinar.
Embora velocidade não seja critério de qualidade, a excessiva morosidade – processos que se arrastam por décadas – beneficia o réu e pune a vítima.
Depois de dar entrada em um fórum local onde ficará por alguns meses ou anos, um processo segue para os tribunais de Justiça ou para tribunais regionais federais, dependendo do tipo de ação. Neles, de forma otimista, tramitam por outros dois ou três anos.
No STJ e depois no STF, um recurso leva em média cinco anos para ser julgado em cada uma das casas, sem contabilizar os agravos possíveis no Supremo. Alguns processos superam 10 anos, outros expiram, simplesmente prescrevem.
Ainda que a percepção popular aponte no sentido contrário, os processos mais céleres no Supremo envolvem políticos com fórum privilegiado, que levam de dois a três anos para ser apreciados. Isso depois da formalização da denúncia, essa, sim, não raro muitíssimo lenta. O presidente do Senado, Renan Calheiros, alvo de 12 inquéritos, que o diga.
Para procuradores e advogados de vítimas, a mudança definida pelo Supremo é mais do que bem-vinda, é determinante. Sem ela, as condenações e penas impostas pela Lava Jato correriam risco, milhares de culpados continuariam recorrendo em liberdade. Sem ela, bandidos continuariam a usar a Justiça para encobrir seus delitos. Com ela, a Justiça, que nem sempre consegue ser tão justa, aumenta a chance de fazer Justiça.
sábado, 12 de novembro de 2016
"Vem aí um rolo compressor sobre o conjunto da classe política brasileira"
Terremoto político à vista
Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Vem aí um rolo compressor sobre o conjunto da classe política brasileira – é o que anunciam fontes da Lava Jato.
A megadelação da Odebrecht, a maior de que se tem notícia, envolve não apenas os donos, mas toda a diretoria – cerca de 50 executivos - da maior empresa privada do continente.
Vem aí um rolo compressor sobre o conjunto da classe política brasileira – é o que anunciam fontes da Lava Jato.
A megadelação da Odebrecht, a maior de que se tem notícia, envolve não apenas os donos, mas toda a diretoria – cerca de 50 executivos - da maior empresa privada do continente.
Atinge, segundo se antecipa, quase todos os presidenciáveis – os principais. Pode ser conhecida ainda este ano, se a Procuradoria Geral da República, que promete validar as delações até o final deste mês, se dispuser a divulgá-la na íntegra.
O próprio Michel Temer foi acusado, esta semana, pela defesa de Dilma Roussef, de ter recebido cheque de R$ 1 milhão para a campanha de 2014, o que ele nega, mas não impede que enfraqueça, perante o TSE, a tese de que as campanhas não se misturaram. E essa mistura, se comprovada, o afasta inapelavelmente do cargo.
Mesmo não se comprovando, a jurisprudência lhe é desfavorável, uma vez que, até aqui, delitos de campanha têm penalizado a chapa, independentemente de quem seja o infrator.
Os presidenciáveis não são os únicos delatados, apenas os mais graduados da extensa lista, de quase duas centenas de nomes. É claro que as acusações, pelo menos parte delas, ainda não se materializaram em provas. Mas, sabendo-se o custo de uma delação falsa – o aumento da pena do delator -, alguma credibilidade acaba obtendo e gerando imenso dano moral e político ao acusado.
Em regra, o fim da carreira. Há deputados (federais e estaduais), senadores, governadores, prefeitos, vereadores – todo o arco dos que disputam eleições e postulam contribuições.
Em resumo, compromete não apenas os políticos, mas o modo como se faz política no Brasil.
As delações confirmam a estimativa de Lula, feita ao tempo em que era constituinte, de que haveria algo em torno de “300 picaretas” no Congresso. Apenas lá.
Ele sabia do que falava, já que não apenas integrava o grupo, mas um dia viria a comandá-lo – e remunerá-lo.
Nem todos são acusados da mesma coisa. A maior parte é de caixa dois, a acusação mais branda. Dentro dela, há duas modalidades: a clássica, que consiste em receber por fora parte da contribuição, que, no entanto, o beneficiário supõe de origem legítima; e a nova, que pesa contra PT, PMDB e PP – e agrava o delito. Nela, o beneficiário sabe que a contribuição provém de dinheiro roubado da Petrobras.
Há aí delitos adicionais: roubo e lavagem de seu produto via Justiça Eleitoral. A chapa Dilma-Temer terá de responder por isso. Mas não apenas: há o roubo sistemático, sistêmico, fora do período eleitoral, às estatais e aos fundos de pensão.
Dilma é pessoalmente acusada por Marcelo Odebrecht de tê-lo abordado mais de uma vez para tratar de recebimentos. Lula é acusado, também por Marcelo Odebrecht, segundo a IstoÉ, de ter embolsado pessoalmente R$ 8 milhões, em dinheiro vivo.
A Câmara dos Deputados, antevendo o terremoto, tentou, na calada da noite de terça para quarta-feira passada, quando as atenções estavam voltadas para as eleições dos EUA, aprovar um projeto salvacionista, que estabelecesse, a partir de agora, punição específica para caixa dois.
O truque é que, aprovada essa lei – o que acabou não acontecendo, graças às denúncias nas redes sociais -, estariam anistiados os que incidiram até aqui no caixa dois, uma vez que a lei, segundo cláusula pétrea constitucional, não retroage para punir. Só seriam alvos os que voltassem a delinquir.
Seria um golpe na Lava Jato, que teria de abandonar investigações nesse quesito, que é dos mais densos até aqui. Não deu certo. Continua em pauta a crônica do terremoto anunciado, que mantém o país sob preocupante instabilidade.
Como, em tal contexto, atrair capitais de investimento? A tentativa de dar alguma sinalização externa positiva, com a aprovação da PEC do teto dos gastos públicos, serve de moldura para que os grupos políticos de esquerda, que destruíram a economia, PT à frente, promovam badernas de rua.
E a inclusão do presidente da República nas delações, ainda que se mostre inconsistente, o enfraquece como autoridade moral para tranquilizar o conjunto da população, que, em sua maioria, votou favoravelmente às forças políticas que ele encarna.
Só que essas forças, segundo essas novas delações, também estão na zona do terremoto. E aí? Pois é: 2018 está ainda a anos-luz da realidade.
"O Pai Patrão e a Tia Diretora" / Vlady Oliver
Vlady Oliver: O Pai Patrão e a Tia Diretora
Por: Augusto Nunes
Li muito nestes dias, na minha modesta tentativa de entender o fenômeno Donald Trump na eleição norte-americana. Todas as teorias conspiratórias possíveis. Todas as suposições esdrúxulas. Concluí que analistas e jornalistas não estão conseguindo ler, através de conceitos mercadológicos muito simples, o que anda acontecendo na cabeça convulsionada do eleitor de hoje.
Um candidato é um ente audiovisual. A campanha política nada mais é que uma tentativa de “enquadrar” sua imagem em padrões e estereótipos já conhecidos do público. O que vemos é que o político tradicional – terno, gravata e vomitando platitudes – está morto e enterrado no ideário popular, dada a sua imensa rejeição nas urnas. Outras figuras precisam ser exploradas, para sensibilizar este eleitor frustrado.
Neste caldo, é engraçado que, para o pensamento de esquerda, não basta ser “tolerante” com as minorias; é necessário algum tipo de política compensatória com elas, e todas estão em franca decadência no mundo inteiro. A bronca desses dinossauros é que “não há mulheres e negros no governo”, não importando se são honestos ou não. Se são competentes ou não. Basta serem da seita de turno que o marketing se encarregará do resto. Grande engano.
Não me espanta que, sendo o socialismo o modelo doutrinatório que é, faça seguidores justamente nas fábricas de fazer linguiças montadas em nossas escolas e afins. É razoável supor que a idolatria míope dessa gente acabe por incensar a figura da “Tia Diretora da Escolinha”, um personagem histriônico típico, encontrado nas Bezerras, Dilmas, Martas e Hillarys, com tanta frequência. Outro modelo falido.
São os tais “corações impertinentes”, cuja valentia guardada no armário deu lugar, há muito tempo, a um modelo de “gerentona meia-bomba”, que não cai no gosto popular nem matando, pois são falsas como notas de três dólares. Pois a crise econômica pede mesmo hoje a figura do “Pai Patrão”; político que não tenha compromisso com a política (ou que pelo menos assim se apresente), mas sim com o modelo administrativo, posto em falência justamente pelo excessivo doutrinamento de véspera.
De Doria a Trump, passando por Paulo Hartung e outros que o eleitorado identifica primeiro como gestores bem sucedidos (e só depois como fraudes políticas, se é que serão fraudes políticas, pois todos os seus antecessores o foram primeiro, resta evidente que a tal “política compensatória”), temos que ser governados necessariamente por uma mulher, por um negro, por um metalúrgico que perde os dedos no torno ou por um índio que anda de gravador na cintura. Afinal, é o “coletivo” que importa, não o “individual”.
A tese anda totalmente em baixa, diante do individualismo quase exacerbado dos exemplos acima. Pegue uma pessoa qualquer, que estudou, ralou e trabalhou a vida inteira e tente convencê-la a dividir tudo o que conquistou e produziu na vida com aqueles “que não tiveram a mesma sorte”. Por um tempo você até vai conseguir, contando com a boa fé daqueles que cujo coração é solícito. Com o tempo, no entanto, você verá aflorar a verdadeira índole desses “pastores” dos rebanhos de feitos de besta, ao vê-los fazer fortuna sistematicamente rapinando as riquezas alheias.
Bandidos, isso é o que são. Empulhadores. Vigaristas. Gente que precisa ser presa para simbolizar um mínimo de decoro e justiça no trato com a coisa pública de um país. Gente que não resiste ao pente fino da lei. Pois vou querer ver toda a diretoria do parquinho cacarejando atrás das grades. Tenho certeza de que será didático para todos os estudantes. Não é por acaso que Trump tenha citado a Lava Jato como exemplo a ser seguido.
É o Brasil fazendo escola. A escola da roubalheira impune e soltinha da Silva. A tia diretora que pare de roubar os docinhos da festinha infantil. Está pegando mal em todo o planeta.
sexta-feira, 11 de novembro de 2016
"A maior derrotada nessa eleição, além de Clinton, foi a grande imprensa."
E deu Trump... -
RODRIGO CONSTANTINO
GAZETA DO POVO - PR - 10/11
Culpar a estupidez do povo quando a democracia vai na direção contrária do que a intelligentsia deseja é um caminho fácil, mas impede que se aprenda as lições necessárias
“Quem se vinga depois da vitória é indigno de vencer”, escreveu Voltaire. Donald Trump venceu, apesar dos ataques inflamados de que foi alvo e da forte campanha difamatória da imprensa, que fez mais torcida que jornalismo. Mas começou muito bem, fazendo um discurso de estadista, agradecendo Hillary Clinton, falando em união.
A maior derrotada nessa eleição, além de Clinton, foi a grande imprensa. Não quero tripudiar desses “especialistas” todos, que não têm acertado uma. Quero apenas que aprendam com os próprios erros, que isso sirva de lição. Deixemos o clima de hostilidade para a esquerda. São os “progressistas” que querem dividir para conquistar. O que queremos é construir.
A esquerda tem duas opções diante do que está acontecendo no mundo: entender que se trata de um protesto contra um establishment corrupto, arrogante, hipócrita e intervencionista por parte daqueles “de fora”, cada vez mais indignados; perceber que o Obamacare (o socialismo na saúde) e o welfare state não são uma maravilha para os mais pobres; que o multiculturalismo não é tão bonitinho na prática quanto na teoria; que o “capitalismo de compadres” não funciona; que a “marcha das vítimas oprimidas” já cansou; ou pode simplesmente acusar o outro lado de ser nazista, preconceituoso, racista, idiota e ultraconservador, além de reacionário e tacanho.
O mundo não vive uma guinada à extrema-direita, e sim uma fase de resgate de valores após excesso de “progressismo”
Claro que a maioria vai optar pelo segundo caminho. Não seria de esquerda se não o fizesse. Mas, agindo assim, não terá aprendido nada com essa estrondosa e humilhante derrota. Culpar a estupidez do povo quando a democracia vai na direção contrária do que a intelligentsia deseja é um caminho fácil, mas impede que se aprenda as lições necessárias. O povo quer mudança. Não está satisfeito com Obama, cujo legado foi péssimo. Não está feliz com a “globalização”, ao menos essa que temos.
Ora, se a esquerda diz que quem votou em Trump foi a turma de perdedores da globalização, um pessoal ignorante, pobre e revoltado, como os britânicos do Brexit, então quer dizer que essa “globalização” é prejudicial à maioria, principalmente aos mais pobres. Elementar, meu caro Watson.
Por sorte dos liberais, não se trata daquela globalização que defendemos, de livre comércio sem tantas barreiras alfandegárias e burocráticas, e sim de um movimento “globalista” coordenado por elites poderosas em simbiose com grandes empresários. Ou seja, Washington e Bruxelas ditando os mínimos detalhes, não o livre comércio. Justamente aquilo que Clinton e George Soros representam com perfeição.
Isso explica por que aquele seu professor de História ou Geografia que detona a globalização e o capitalismo condena ao mesmo tempo Trump e seus eleitores por serem contra a “globalização”. A incoerência só pode ser explicada pelo que se entende pelo termo aqui usado.
Por fim, muitos ficam chocados com o fato de a Flórida ter fechado com Trump, ou de um latino como eu – e que mora neste estado – ter defendido essa opção como a menos pior. Não temo ser deportado? Balela, e novamente culpa da imprensa. O alvo são os imigrantes ilegais, não aqueles que chegam respeitando as regras. Os que seguem as leis não têm o que temer. Agora, se você se chama Juanito Mohammed, vem de uma família islâmica do México e, principalmente, entrou no país de forma ilegal, aí é realmente para ficar tenso e preocupado.
O mundo não vive uma guinada à extrema-direita, e sim uma fase de resgate de certos valores após excesso de “progressismo”. O pêndulo exagerou para a esquerda. Os resultados, como sempre, foram ruins, muito aquém daqueles prometidos pelos “intelectuais”. É hora de endireitar um pouco as coisas mesmo. Que Trump, com um Congresso republicano, consiga fazer isso. O mundo – ou boa parte dele – agradece.
Rodrigo Constantino, economista e jornalista, é presidente do Conselho do Instituto Liberal.
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