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sábado, 31 de agosto de 2013

Vestidos de noiva artesanais...! / "Sou do lar"

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/
31/08/2013
 às 10:56 \ Feira Livre

Cara ou Coroa: A modista

Publicado em 2009 no site de Veja
BRANCA NUNES

Costurar é desmanchar, avisa Maria Celina de Freitas Nunes, revelando o maior segredo da profissão. “É preciso fazer e refazer a mesma peça dezenas de vezes até que esteja perfeita”.
Ela sabe do que está falando. Celina aprendeu a costurar aos 14 anos com as bordadeiras da Ilha da Madeira, em Portugal. Fez o que toda garota da sua idade fazia para garantir um bom casamento: costurar, bordar, cozinhar, cuidar da casa. O mínimo. “Uma moça prendada”, diziam.
Foi também nessa época que o enxoval para o casamento ainda nem programado com o noivo que ela ainda nem conhecia começou a ser confeccionado. “Ninguém tinha dinheiro para comprar tudo de uma vez”, lembra. “Fazíamos aos poucos, com as próprias mãos”.
O de Celina demorou dez anos para ficar pronto. O vestido de noiva foi emprestado. Um dia, ela entrou na igreja. No outro, embarcou com o marido para o Brasil, segunda opção na lista encabeçada pela Inglaterra. O casal emigrou em busca de trabalho com a ideia de permanecer em terras estrangeiras o mínimo possível. Faz 34 anos.
Em São Paulo, a menina que sempre foi considerada boa costureira se transformou numa das modistas mais requisitadas da cidade. Profissão conhecida somente por quem já passou dos 50 anos, a modista, uma especialista em alta costura, além de manejar linhas e agulhas com perfeição, cria o modelo e desenha o molde. Hoje, existem costureiras, estilistas, personal stylers, produtores de moda, gestores de moda, designers de moda e outros profissionais aos montes. A modista é uma espécie em extinção.
“É preciso dedicação, disciplina e paciência”, diz Celina, enumerando as qualidades que o ofício requer. “As pessoas aprendem a costurar porque querem ganhar dinheiro rápido, mas nesta profissão a pressa é a principal inimiga da perfeição”. Quem é de uma classe social mais alta e se interessa por moda, dificilmente se propõe a “pilotar a máquina”. Esse serviço normalmente é terceirizado, e as costureiras são consideradas o degrau mais baixo na hierarquia do mundo da moda.
Celina começou por ele: costurando roupas do dia a dia. Calças de alfaiataria, tubinhos de piquê, vestidos de viscose, tailleurs. Detestava. De tanto escutar elogios de clientes como Reinaldo Lourenço, Glória Coelho, Tônia Carreiro e José Possi Neto, Celina convenceu-se de que realmente tinha mãos de fada. Decidiu especializar-se em roupas de festa.
Há 15 anos, finalmente descobriu e apaixonou-se por sua vocação: a mulher que se casou usando uma roupa emprestada agora só faz vestidos de noiva – “e o da mãe da noiva, quando elas insistem muito”. Neste ano já foram 26. O preço médio é 7.000 reais por peça, já incluído o valor do tecido (seda pura, na maioria das vezes). “Eu sei que o que faço é uma obra de arte”, fala com orgulho, esforçando-se para vencer a timidez.
Celina pode até baixar um pouco o valor, dependendo do modelo. Mas, depois de amargar muitas injustiças, aprendeu a valorizar o ofício. Serviço não falta. E até sobra. Se lhe perguntam qual sua profissão, a resposta é sempre a mesma: “do lar”. “Quando você diz que é costureira, as pessoas pedem seu telefone na hora”, diverte-se. “Todo mundo procura uma boa costureira”. Muitos correm atrás de trabalho, Celina foge.
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