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quinta-feira, 28 de abril de 2016

"A Câmara dá nojinho, mas representa o Brasil” ! Luiz Felipe Pondé



IDEIAS

"A Câmara dá nojinho, mas representa o Brasil”, diz o filósofo Luiz Felipe Pondé

No Debates e Provocações Época/FAAP, Pondé e o cientista político Marco Aurélio Nogueira pensaram em formas de elevar a discussão no país

BEATRIZ MORRONE (TEXTO) E MARCELO MOURA (EDIÇÃO)
28/04/2016 - 11h47 - Atualizado 28/04/2016 12h14
O diretor de redação de ÉPOCA, João Gabriel de Lima, o cientista social Marco Aurélio Nogueira e o filósofo Luis Felipe Pondé participam do Debates e Provocações ÉPOCA/FAAP (Foto: Reprodução)
"O meu primeiro ato pós-votação na Câmara é a proposta de um pacto, de uma nova repactuação sem vencidos nem vencedores”, afirmou Dilma Rousseff, quatro dias antes de deputados votarem seu afastamento. A fala da presidente reflete a necessidade de reconciliar o Brasil, hoje dividido em um Fla-Flu partidário que pouco ou nada ajuda a enfrentar a grave crise econômica. “Precisamos ordenar e qualificar o conflito”, afirma o cientista político Marco Aurélio Nogueira. “A atitude mais otimista agora é procurar informações mais qualificadas. Não ficar só nas redes sociais e conseguir escutar o que o outro diz no almoço de domingo”, diz o filósofo Luiz Felipe Pondé. Os dois expuseram suas opiniões sobre a polarização política no Debates e Provocações – ÉPOCA/FAAP, evento transmitido pela internet e com entrada gratuita, promovido na terça-feira (26), com mediação de João Gabriel de Lima, diretor de redação de ÉPOCA. Eis abaixo as principais questões do debate:
O acirramento político se deve a intolerância dos debatedores ou a falta de lógica dos argumentos?
“Não sei se há muita intolerância ou se há muita ignorância em relação aos argumentos que precisam ser mobilizados para se instituir um espaço público democrático e inteligente”, diz Nogueira. Ele afirma que o país progrediu politicamente, desde a Constituição de 1988, mas carece de renovação. “Parece que o estoque de ideias que temos para desenhar o futuro do país está se desfazendo”.  
Para Pondé, a carência de ideias está ligada, também, à crise do Partido dos Trabalhadores (PT): “A inteligência que discute o Brasil que deveria existir, com melhores condições econômicas e menos sofrimento social, esteve gravitando ao redor do projeto do PT e guardava expectativas associadas a ele. No momento que o partido entra em crise e agonia, a produção de ideias é afetada.”
Vai ter golpe?
Nogueira afirma que chamar o impeachment de "golpe" é uma forma de distorcer o debate, pela carga passional que o termo carrega e por estar associado, no Brasil, a ditaduras. “Criou-se a figura do golpe para enfraquecer a figura do impeachment. Uma parte grande da opinião pública brasileira acha que o país está enveredando por uma linha que, no limite, vai levar à ditadura. A discussão vai para um caminho de cegueira, não de clarividência.”
Ambos concordam que o impedimento é um processo intrinsecamente político, mais do que jurídico. “Está dentro das regras do jogo constitucional”, diz Pondé. “Os governos, se não conseguem dar conta de suas obrigações, acabam. Podem acabar por morte morrida ou por morta matada. Impeachment é uma morte matada”, afirma Nogueira.
O Congresso representa o país?
Na votação do impeachment de Dilma pela Câmara dos deputados, no dia 17 de março, faltaram justificativas em torno do mérito da denúncia - crime de responsabilidade - e sobraram discursos em exaltação a parentes, a Deus e à paz em Jerusalém, em meio a chuvas de confete. Folclórica e incapaz de debater com seriedade o afastamento da presidente, a Câmara representa o país? “Sou daqueles que acha que a Câmara representa o país e isso dá certo nojinho na gente”, diz Pondé. “O brasileiro não é um pouco aquilo, escrachado e debochado?”, afirma Nogueira.  "A postura dos deputados em relação ao impeachment da presidente Dilma é proporcional à postura da população brasileira. Pelas pesquisas, entre 70 e 75% dos brasileiros são a favor do impeachment e 70% dos deputados defenderam essa posição”, diz João Gabriel.
Se a Câmara representa o país e é imatura, de onde vem a imaturidade? Nogueira atribui a falta de engajamento político a falhas de instituições responsáveis por estimular o pensamento.  Para o cientista político, as escolas não produzem cidadãos suficientemente esclarecidos e a imprensa dá atenção a discussões equivocadas, promovidas por políticos e intelectuais. “O debate das campanhas presidenciais de 2014 foi uma baixaria. Um desserviço completo ao país que vai custar muito tempo para ser sanado”, diz.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

"O império da superficialidade barulhenta...?" // João Gabriel de LIMA // Época

IDEIAS

O lugar onde a democracia acontece

JOÃO GABRIEL DE LIMA - DIRETOR DE REDAÇÃO
30/04/2015 - 21h40 - Atualizado 30/04/2015 21h40
Existem duas maneiras de enxergar a democracia brasileira. Uma, pessimista, se materializa quando navegamos pela internet. Nas seções de comentários, a intolerância dá o tom. Xinga-se quem pensa diferente. Amizades se desfazem. Seria isso a democracia? O choque inútil de opiniões veementes que não dialogam? O império da superficialidade barulhenta?
Uma visão mais otimista surge quando se constata que, em meio aoruído virtual, existe o debate real – e um bom debate. O país discute se deve ou não fazer uma reforma política. Se é o caso de reduzir amaioridade penal. Ou se as leis trabalhista e do desarmamento precisam de atualização. Por mais que se critique (com razões) o Congresso Nacional, os temas que apaixonam os brasileiros mobilizam os representantes eleitos pelo povo. Há muito tempo a população não refletia sobre tantas questões relevantes, no Parlamento e fora dele.
Cabe à imprensa não apenas noticiar o barulho, mas também contribuir para a elevação do debate. O jornalismo profissional cumpre esse papel quando publica informações objetivas que ajudam a iluminar as discussões, evitando que elas se tornem um campeonato de quem grita mais alto. Cabe também à imprensa agir como mediadora, ao identificar as vozes relevantes e colocá-las para dialogar. Televisão, rádio, sites, jornais e revistas devem promover o encontro entre as ideias. É na imprensa profissional – que, não por acaso, é campeã de compartilhamentos nas redes sociais – que uma parte importante da democracia acontece.
Nas últimas semanas, a área de Ideias de ÉPOCA, coordenada pelo editor executivo Guilherme Evelin, percorreu várias das questões que mobilizam o país, dentro da seção Debates e Provocações. A vinheta existe nas versões impressa e digital de ÉPOCA. A revista impressa publica artigos com diferentes pontos de vista sobre cada tema. O critério para a escolha dos articulistas é o teor informativo e asolidez dos argumentos, e não a veemência gratuita destinada a conseguir cliques e “likes”. Na versão digital de Debates e Provocações, aparecem mais artigos, entrevistas – e enquetes interativas. No celular ou no desktop, os leitores dão suas opiniões a respeito de diversos assuntos. Nas últimas edições, os leitores opinaram sobre o desarmamento, sobre o Estatuto da Família e sobre a oposição política – se ela deveria, ou não, abraçar a tese do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
ALÉM DOS CLIQUES E "LIKES" Identidade visual da vinheta  Debates e Provocações. Versões  analógica, digital e ao vivo (Foto: Ilustração: Espaço Ilusório)
A partir desta edição, os Debates e Provocações ganham uma versão ao vivo, graças a uma parceria entre ÉPOCA e uma das mais importantes universidades do país, a Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). O primeiro dos Debates e Provocações ÉPOCA/Faap terá lugar na segunda-feira, dia 4, no campus da universidade, em São Paulo. O tema é a maioridade penal, e os debatedores serão Eduardo Suplicy, secretário de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional de Segurança Pública, e o procurador de Justiça Mario Luiz Sarrubo, professor da Faap. Os debates ocorrerão mensalmente e serão transmitidos ao vivo pela internet. Valendo-se de todas as plataformas disponíveis – papel, site, encontros ao vivo –, ÉPOCA quer ser, cada vez mais, um lugar onde as ideias dialogam. E a democracia acontece.