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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Nosso barco está sem piloto-capitão... e o mar está ficando bravo


16/12/2015
 às 16:36 \ Opinião

José Nêumanne: ‘Inútil! A gente somos inútil!’

Publicado no Estadão
Em 17 de junho de 2013, cerca de 2 milhões de brasileiros protestaram nas ruas contra o statu quo. Em 15 de março deste ano, cidadãos em número similar queixaram-se de Dilma, Lula e do PT deles. Em 12 de abril, 660 mil. Em 16 de agosto, 790 mil. Neste domingo, 73 mil exigiram impeachment, cassação, deposição ou renúncia da presidente Dilma Rousseff. O povo está se calando? Ou já se cansou de berrar o óbvio, à toa?
Para entender o esvaziamento progressivo das ruas este ano convém, primeiro, ouvir o que dizia quem saiu de casa e relatar como a elite política dirigente do país lhe respondeu. Em 2013, o Movimento Passe Livre (MPL) convocou protestos contra o aumento de tarifas de transporte urbano e evoluiu para reivindicar a gratuidade. A multidão aproveitou para exigir direitos que a Constituição garante e os três Poderes da República lhe negam: segurança pública, saúde e educação, principalmente.
Quem, em sã consciência, garante que o povo foi atendido? Fingindo só ter percebido o pedido de dispensa de R$ 0,20, governadores, entre eles o paulista Geraldo Alckmin, do PSDB, e prefeitos de grandes cidades, incluído o paulistano Fernando Haddad, do PT, adiaram o aumento, fingindo que assim eliminariam a causa da revolta. Mitigariam a ira popular por R$ 0,20 a cabeça?
Ledo e ivo engano, dir-se-ia na minha adolescência em Campina Grande, quando grande parte dos adolescentes sabia ler. O PT no poder, sob a égide de Dilma Rousseff, fez ouvidos surdos ao clamor e prometeu Constituinte exclusiva para reforma política, com financiamento das milionárias campanhas eleitorais dos políticos pelo suado dinheirinho escasso do cidadão. Mera embromation, diz-se na pré-adolescência de meu neto. E a oposição prometeu dar o que o povo pedia e o governo não atendia. Só que não contou como. Um ano e meio depois, Dilma e o PT venceram Aécio e o PSDB. Se o pleito foi fraudado, como muitos desconfiam, ninguém na rua jamais saberá, pois é impossível recontar votos.
O que qualquer cidadão que protestou contra gregos e baianos no inverno de 2013 e contra o 13 petista nas quatro estações no primeiro ano do segundo desgoverno Dilma viu foi tudo piorar muito nestes 30 meses. Inocentes morrem em tiroteios nos bairros pobres de grandes cidades em maior número do que antes. E a saúde pública, totalmente sucatada, não honra seu patrono, Oswaldo Cruz, que expulsou o Aedes aegypti, transmissor da febre amarela, destes tristes trópicos há cem anos. Mas este voltou para ficar em pleno século 21, transmitindo dengue, zika e chikungunya antes mesmo de o ovo virar inseto, segundo explicação da douta presidenta no ápice de sua sesquipedal ignorância sobre todos e tudo.
O símbolo da educação desbaratada são sem-teto organizados, black blocs alucinados e partidecos de extrema esquerda sem eleitores que, beneficiados pelo aparelhamento generalizado dos Poderes republicanos, invadem escolas públicas no estado mais rico da Federação. Enquanto o governo tucano brinca de fechar e reabrir escolas ao sabor da queda nos índices de popularidade.
Essa explicação não é única. Há outra, além da falta de líderes à altura da crise, do curto prazo da organização e da proximidade das festas de fim de ano: é que todos concordam quanto ao diagnóstico da situação, mas falta consenso sobre o que fazer para lhe dar o xeque-mate. A solução para a crise, ulula o óbvio (apud Nelson Rodrigues), será tirar de Dilma qualquer poder. Todos sabem que ela condescendeu com a metástase do câncer moral que nos assola, erigiu tijolo por tijolo a ruína econômica, como o faz na transposição do Véio Chico, e afagou a fera política com as garras da arrogância e da ignorância que formam sua personalidade. E é incapaz de debelá-las pelas mesmas deficiências próprias que as produziram: como poderá liderar a conciliação se não convive em paz sequer com o seu vice?
A carta de desamor de Michel Temer a Dilma é criticada por explicitar o fisiologismo reinante no presidencialismo de coalizão, que vira de colisão – o caso no momento. Nunca antes na História tantas queixas pessoais exibiram com tanta crueza as mazelas deste sistema que joga o público na privada.
Três processos dentro dos conformes do Estado Democrático de Direito se propõem a remover o obstáculo à pacificação nacional e à entrega da administração a gestores com QI de mais de dois dígitos. Impeachment, ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) investigando uso de propina no financiamento da campanha presidencial e votação no Congresso da violação explícita da Lei de Responsabilidade Fiscal, que a presidente jurou cumprir, não são lana caprina. Mas talvez nem a divulgação pelo Valor de documento obtido por Leandra Peres, revelando o que os “juristas” vassalos do Planalto não conseguirão provar que ela “jura” que não sabia, tenha o condão de evitar que 5.600 trabalhadores percam o emprego no Brasil diariamente sob o jugo de uma chefe de governo que tem provado diuturna, noturna e madrugadurnamente não saber de nada em geral.
A nação suporta o Legislativo contaminado por presidentes da Câmara e do Senado investigados por corrupção milionária. E a oposição muda ao capricho do vento, só que na direção contrária, não sendo alternativa de poder e só gemendo no muro das lamentações.
Tardando a enquadrar os maganões, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Supremo Tribunal Federal (STF) negam à cidadania o tratamento igual dado pelo juiz Sergio Moro, pela PF e pelo MPF na Lava Jato, que processam ricos e pobres sem distinção. Ao distinguir quem tem mandato de quem não tem, PGR e STF tornam letra morta a igualdade de todos perante a lei. Nesta democracia capenga, em que uns são mais iguais que outros e não se ouve o cidadão, é o caso de trocar o Hino Nacional pela canção do Ultraje a Rigor: “Inútil! A gente somos inútil!”.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

"Em seis minutos, quando você houver terminado de ler este texto, 12 brasileiros terão perdido o seu emprego: dois a cada minuto. Será difícil achar outro."


02/12/2015
 às 15:24 \ Opinião

José Nêumanne: Brasil, uma vergonha lá fora e outra aqui dentro

Publicado no Estadão
Em seis minutos, quando você houver terminado de ler este texto, 12 brasileiros terão perdido o seu emprego: dois a cada minuto. Será difícil achar outro. Quem encontrar, dificilmente será com um salário semelhante. Mas isso não é problema para a sempre “extremamente preocupada, estarrecida e muito chateada” presidente da República Dilma Rousseff, que viajou na sexta-feira e está de volta após ter participado da Cúpula do Clima em Paris, para onde Barack Obama só foi no domingo.
Que Deus nos acuda! Nosso clima agora não é favorável – do Oiapoque ao Chuí. A sinistra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que ficará na Europa duas semanas, na chefia da delegação brasileira nas negociações da mudança climática, informou há 15 dias que o desmatamento na Amazônia aumentou 16% de agosto de 2014 a julho último, longe da meta zero anunciada. Nunca no Brasil governo algum tomou a única atitude para pôr fim ao desmate da floresta tropical: simplesmente proibi-lo. Mas Dilma foi aquém ao cortar 72% das verbas programadas para combatê-lo. Com a Hileia em chamas, diz candidamente Izabella que a defesa do ecossistema não depende só de sua presença aqui. Enquanto isso, ardem reservas florestais no interior da Bahia.
Domingo, Dilma reuniu-se, antes de começar a 21.ª Conferência das Nações Unidas sobre Condições Climáticas (COP-21), com os chefes de governo do Equador e da Noruega. Será que tentou convencê-los a transpor neve dos Andes e água dos fiordes noruegueses para o semiárido? Lá ocorre a maior seca em 50 anos, sem que jamais ela haja visitado a região, nem que fosse apenas para confortar sertanejos morrendo de sede. Os reservatórios de água das grandes cidades nordestinas estão praticamente vazios e a única providência tomada por seu governo foi incluir nos anúncios do Partido dos Trabalhadores (PT) na televisão depoimentos de vítimas da estiagem manifestando sua esperança na transposição do Rio São Francisco, obra faraônica que virou esfinge inconclusa em ruínas.
A presidente só foi ao Vale do Rio Doce uma semana após a tragédia da ruptura da barragem de contenção de rejeitos da mineradora Samarco, um dos maiores desastres ambientais da História. Assim mesmo, manteve a tradição de não pôr o pezinho na lama tóxica. A participação do Brasil na COP-21 foi vergonhosa como a avalanche de mentiras que a candidata à reeleição desencadeou na campanha de 2014. A diferença é que, no ano passado, ela mentiu em português tatibitate, enquanto em Paris balelas como a cobrança de R$ 20 bilhões de multas pelo Ibama tiveram tradução simultânea para muitos idiomas. Os meios de comunicação já se tinham encarregado de contar a verdade em línguas suficientes.
Não dá para levar a sério um governo que nunca tomou nenhuma providência para evitar a trágica imprevidência da mineradora, na qual a União tem relevante participação acionária. E ninguém está disposto a relevar essa falha só porque antes nenhum outro governo também nunca fiscalizou alguém. A tragédia ambiental e humana é de tal monta que qualquer desculpa esfarrapada, a esta altura, deixa de ser cínica para virar um escárnio – tomando emprestada a magnífica metáfora usada pela ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao votar pela permissão da prisão, pela Polícia Federal, do líder do governo no Senado, Delcídio “do” Amaral (PT-MS).
A onda de lama contaminada que desceu da cidade histórica de Mariana, em Minas, até o mar do Espírito Santo (que não nos valeu!) foi mais do que uma evidência da vergonha que o Brasil passaria em Le Bourget com o descaramento destrambelhado da desabilitada gestora desta República. A tragédia que destruiu vidas, vilas e campos às margens do Rio Doce é também a metáfora mais exata dos vexames que têm paralisado o país com a revelação da roubalheira devassada na Operação Lava Jato.
Preso na véspera o amigo de Lula que tinha licença do ex para entrar em seu gabinete sem ser anunciado, o 25 de novembro entrou para a História com a prisão do líder do governo no Senado, por ter planejado a fuga do ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró para não ser delatado por ele. O PT abandonou-o em nota alegando que ele não cumpria tarefa partidária, igual desculpa do Palácio do Planalto para evitar se sujar na lama que invadiu seu lago na entrada, onde nem os patinhos nadam em paz.
Delcídio (na etimologia, assassínio de Deus) só podia, então, estar a serviço do Menino Jesus, cujo aniversário se celebrará em menos de um mês e era frequentemente citado em suas pias mensagens em redes sociais. Essa hipótese seria reforçada pela desculpa de que sua decisão de doar R$ 50 mil (sendo seu salário de R$ 33 mil) por mês ao ex-subordinado Cerveró fora por “razões humanitárias”. Só isso talvez merecesse a canonização do ex-diretor da Petrobras, ex-tucano e concorrente de Irmã Dulce e de Madre Teresa de Calcutá.
Os votos unânimes da 2.ª Turma do STF foram históricos. Mais histórica ainda foi a sessão noturna na qual, entre lamentos e feições soturnas, os senadores abriram a votação (52 a 19) e confirmaram a prisão do colega (59 a 13), contrariando desesperados apelos do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL). Como no verso célebre de John Donne, os insignes anciãos (Senado vem do latim senior) sabiam que os sinos da opinião pública não dobravam por Delcídio, mas por todos quantos a ele se associaram na doce ilusão da impunidade, ora em extinção. Tudo sob o silêncio funéreo de opositores que, por falta de inteligência, vergonha ou por rabo de palha, sob a liderança do amigo oculto Aécio Neves (PSDB-MG), se juntaram ao chororô cuspindo para cima sem cuidar da lei da gravidade.
Da última semana de fortes emoções ficou ao menos a esperança de essa lama tóxica da política nos levar ao pleno Estado de Direito, no qual todos são mesmo iguais perante a lei.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

"“A Dilma é simplesmente uma trapalhona”.. Delfim Neto em entrevista a Eliane Cantanhède no Estadão.../ coluna de Políbio Braga


ARTIGO, JOSÉ NÊUMANNE PINTO, 

ESTADÃO - DILMA: DIDI MOCÓ E DEDÉ NO PODER, SEGUNDO DELFIM

Com experiência de professor aposentado da USP, ex-czar da economia na ditadura, ex-constituinte, ex-parlamentar e ex-espírito santo de orelha de dois presidentes nos (até agora) 12 anos e 9 meses de lulopetismo no governo federal, Delfim Netto garantiu, em entrevista a Eliane Cantanhêde, no Estado: “A Dilma é simplesmente uma trapalhona”. Didi Mocó e Dedé no poder. E honesta! Mas definiu sua proposta de Orçamento com déficit primário (mais gastos a pagar do que rendas a arrecadar) como uma “barbeiragem”. E o pacote fiscal para debelar a crise, uma “fraude”.
O papa de uma patota de economistas tidos e havidos como da maior competência (até hoje atuantes), dono de uma inteligência comparável à de Lula da Silva e uma cultura invejável, que o outro não tem, pelo visto perdeu a paciência com madama gerenta incompetenta. Mas o brilho de seu raciocínio não impede que se enxergue a impropriedade dessa mistureba, que seu velho inspirador em lógica, Aristóteles, não aceitaria. Déficit em Orçamento é ilícito, pois viola a Lei de Responsabilidade Fiscal. E fraude não é sinônimo de honestidade nem no mais permissivo dos dicionários.
No fragor da batalha pelo controle da Constituição de 1988, Delfim, que então já se dizia “socialista fabiano”, fez uma profecia que hoje se mostra sábia, mas, ao contrário do que se podia deduzir à época, menos devastadora do que de fato viria a ser. Para ele, convinha dar o poder ao Partido dos Trabalhadores, de seu colega parlamentar Luiz Inácio Lula da Silva, de vez que só assim o País se livraria do mal que o mito de santidade da esquerda fazia. Em 2014, às vésperas de uma eleição que ainda parecia indefinida entre a presidente petista e o líder tucano da oposição, Aécio Neves, Delfim vaticinou a interlocutores mais próximos que ela ganharia a eleição. Mas, em seu segundo mandato, os resultados da “nova política econômica” (conforme a inspiração leninista) produziriam tal crise que o governo chegaria ao fim antes dos quatro anos previstos.
Por incrível que pareça, as duas profecias são coerentes entre si. Embora o profeta tenha aconselhado o padim Lula Romão Batista de Caetés em seus dois mandatos e também tenha sido ouvido pela afilhada e sucessora deste, não há como cobrar de Delfim o fato de tal purgatório ter durado tanto. O bom senso do Macunaíma do ABC, com a economia tutelada por Antônio Palocci e Henrique Meirelles, guiou a nau capitânia por mares sem procelas. E, assim, a navegação continuou beneficiada pelo vento de popa, usando a metáfora náutica que deu título às memórias de outro célebre economista da época do milagre econômico da ditadura militar e ex-colega dos dois no Legislativo, Roberto Campos.
O vento de proa que impulsionou a nau sem rumo para a tempestade a pegou no pior momento: quando ao leme estava uma capitã sem habilidades para comandar uma canoa de pescador e completamente inabilitada para dar rumo ao bote salva-vidas que é a situação de momento. Na crise produzida pelo delírio consumista de seu padroeiro ou pelas próprias convicções intervencionistas, a comandanta faz sua “travessia” sem Moisés nem a bonança da conjuntura internacional favorável. Se ela içar as bujarronas, o temporal destroçará o barco. Se as recolher, o afundará por inércia.
Faltam-lhe perícia, humildade e sensatez. Resta-lhe apelar para a boia à mão: a velha democracia burguesa, que ela sempre odiou, tal como Robespierre e Marat. “Ei, vocês aí da oposição: não venham de borzeguins ao leito. Fui eleita pela maioria dos cidadãos e vocês têm de aceitar a vontade das urnas” – berra, teimosamente, essa meia-verdade. Mas é cada vez menos ouvida, pois a tempestade rugindo e os vagalhões minando a estrutura do barquinho sem rumo tornam sua gritaria, normalmente incompreensível, uma algaravia incapaz de iludir náufragos ameaçados pelo afogamento.
A tarefa dela não é fácil. Enquanto se agarra ao bote repetindo “eu sou a democracia”, bagagens e outros passageiros são jogados ao mar sem dó. Há 15 dias, neste pedaço de página, referi-me a 1 milhão de trabalhadores perdendo o emprego neste primeiro ano de segundo desgoverno. Agora, já se fala em 1,6 milhão – 60% mais!
E como instrumento de navegação ela só dispõe da ilusão de que é A democracia. Pois, favorita dos mortadelas, ela teve mais votos do que o candidato dos coxinhas há dez meses e meio. Mas sua democracia não é a de Danton e Jefferson. Em sua cabeça, entorpecida por Marx, Lenin, Stalin, Lula e devotos do pixuleco, ela a encara como um pôquer disputado a cada quatro anos, com cacife assegurado pelo período intermediário para criar ministérios e outros penduricalhos para a barganha com aliados.
Ela se diz heroína da liberdade, ainda que a ditadura que ela combatia e a que ela almejava fossem siamesas, embora antípodas. A mentira bastaria para desqualificar sua versão do regime, que não é o menos ruim de todos (apud Churchill), mas o melhor para a cupinchada. E há quem reze “diuturnamente e noturnamente” para ela pedir perdão, pagar penitência dividindo o doce e prosseguir!
Até hoje, lendo no tele-prompter patacoadas de seu marqueteiro Patinhas, Dilma garante que arriscou a vida pela liberdade, mas não se sente na obrigação de mostrar nenhum dos muitos documentos de grupos armados contra os milicos que tenha citado uma vez só a palavra “democracia”. Isso já faz tempo e ela está ocupada demais para rememorar inconveniências. Mas quando é que ela vai enfrentar os panelaços num pronunciamento público em cadeia de rádio e televisão para execrar o que Genoino, Dirceu e Delúbio fizeram do PT? E afastar Edinho, Oliva e outros acusados dessa confusão criminosa entre coisa pública e república (hospedaria) de quem aderiu ao capitalismo do propinoduto? Podia até aproveitar e exigir atitude similar dos adversários tucanos com o Aloysio lá deles, ora!
(*) José Nêumanne Pinto é jornalista, poeta e escritor.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A Política do Brasil vive aos 'trancos e barrancos' nas páginas da Policia do Brasil


O FANTASMA DO PREFEITO DO PT CELSO DANIEL, MORTO EM 2002, VOLTA A ASSOMBRAR OS COMPANHEIROS, A PARTIR DE DESCOBERTA DA POLÍCIA FEDERAL.

Foto da operação policial durante o achado do cadáver do ex-prefeito Celso Daniel, no meio do mato, em janeiro de 2002 em Itapecirica da Serra, em São Paulo.
Transcrevo na íntegra artigo do jornalista José Neumâne, publicado no jornal O Estado de S. Paulo desta quarta-feira, 27, que se refere à reportagem veiculada pelo próprio Estadão no último sábado, a respeito de uma descoberta bombástica pela Operação Lavajato, que investiga lavagem de dinheiro pilotada pelo famigerado doleiro Alberto Yousseff. Na papelada apreendida pela Polícia Federal aparece um documento que faz emergir o nebuloso assassinato do prefeito petista Celso Daniel. Fica a pergunta: será que tal fato tem a ver com declaração do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que se habilitou recentemente ao uso da delação premiada para suavizar eventual pena que lhe será imposta, oportunidade, conforme foi divulgado, em que afirmou que se contar tudo não haverá eleição? Leiam e também vejam o vídeo abaixo da entrevista completa realizada com Bruno Daniel, irmão de Celso Daniel pelo jornalista Augusto Nunes, e publicada em sua coluna no site de Veja em 13 de março de 2012:
Quem poderia imaginar que na quarta campanha presidencial posterior ao aparecimento do cadáver do prefeito de Santo André licenciado para coordenar o programa de governo da candidatura vitoriosa de Luiz Inácio da Silva, do PT, o fantasma de Celso Daniel deixaria o limbo para assombrar seus companheiros? E, pelo visto, o espírito vindo do além não se limitou a puxar o dedão do pé de uns e outros em sono solto, mas deixou-os a descoberto em pleno inverno. Para sorte deles, este inverno não tem sido tão gélido assim. Mas a alma é fria que só. E como é!
Sábado, em reportagem assinada por Andreza Matais, de Brasília, e Fausto Macedo, este jornal noticiou que a Polícia Federal (PF) apreendeu no escritório da contadora Meire Poza, que prestou serviços ao famigerado doleiro Alberto Youssef, contrato de empréstimo de R$ 6 milhões. O documento, assinado em outubro de 2004, reconhece dívida de tal valor, a ser paga em prestações em 2004 e 2005 pelas empresas Expresso Nova Santo André e Remar Agenciamento e Assessoria à credora, a 2S Participações Ltda. A primeira pertence a Ronan Maria Pinto, empresário do ABC e personagem do sequestro e morte de Celso Daniel, cujo cadáver foi encontrado no mato em Itapecerica da Serra em janeiro de 2002. A 2S pertencia ao publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, peculato e evasão de divisas a pena de 37 anos, quatro meses e seis dias e multa de R$ 3,062 milhões.
O elo encontrado pelos federais entre o assassinato do principal assessor de Lula na campanha presidencial de 2002, o escândalo de corrupção do mensalão e as denúncias apuradas na Operação Lava Jato, protagonizadas pelo doleiro acusado de lavar R$ 10 bilhões de dinheiro sujo, estava numa pasta identificada como "Enivaldo" e "Confidencial". A PF supõe que este seja Enivaldo Quadrado, condenado no mensalão.
A investigação em que o juiz federal Sérgio Moro encontrou provas suficientes para mandar prender o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, que substituiu Sérgio Gabrielli na presidência da empresa 24 vezes, apurou que a corretora Bônus Banval não era de Enivaldo Quadrado, mas, sim, de Alberto Youssef. Costa, que o ex-presidente Lula, conforme testemunhos citados no noticiário do escândalo, chamava de Paulinho e teria oferecido ajuda nas investigações em troca de alívio na pena (pelo visto, ele conta até com a eventual liberdade), tem sido motivo de aflição de gente poderosa na República, temendo que suas revelações cheguem a comprometer a realização das eleições gerais de outubro.
O que já se sabe sem sua ajuda é grave. E a entrada em cena do espectro de Celso Daniel - que não é Hamlet, mas já expôs parte considerável da podridão que reina nestes tristes trópicos -, se não alterar o calendário eleitoral, abalará significativamente a imagem de vários figurões que disputam o posto mais poderoso de nossa velha e combalida República.
Em depoimento ao Ministério Público (MP) em dezembro de 2012, também revelado pelo Estado, Valério, chamado pejorativamente de "carequinha" pelo delator Roberto Jefferson, seu colega no banco dos réus do mensalão, contou que dirigentes do PT lhe pediram R$ 6 milhões a serem destinados ao empresário Ronan Maria Pinto. Conforme o depoente, o dinheiro serviria para calar Ronan, que estaria chantageando Lula, o secretário da Presidência, Gilberto Carvalho, e o então chefe da Casa Civil de Lula, José Dirceu. Gilberto Carvalho, conforme se há de lembrar quem ainda não perdeu a memória, tinha sido secretário de Celso Daniel e foi acusado pelos irmãos deste de transportar malas com as propinas cobradas de empresários de ônibus em Santo André para Dirceu, à época presidente do PT.
De acordo com a reportagem do Estado no sábado, há 20 meses "o PT não se manifestou oficialmente, mas dirigentes declararam que ele não merecia crédito". Com a descoberta do documento, contudo, parte da versão de Valério - a que se refere à "dívida", embora não se possa afirmar o mesmo em relação ao motivo desta - deve ter passado a merecer crédito, se não do PT, ao menos da PF. Crédito similar, por exemplo, ao dado pelo partido no poder federal ao chamado "operador do mensalão" quando o mineirinho emergiu como o gênio do esquema de distribuição de dinheiro, que o relator do processo no STF, Joaquim Barbosa, desvendou de maneira lógica e implacável.
O documento assinado por Valério nos papéis da contadora do doleiro acaba com qualquer dúvida, se é que alguém isento e de boa-fé possa ter tido alguma, de que nada há a imputar de político ou fictício à condenação de Dirceu, Valério, José Genoino e outros petistas de escol a viverem parte de sua vida no presídio da Papuda, em Brasília. Isso bastaria para lhe garantir a condição de histórico no combate à corrupção. Mais valor terá se inspirar o MP estadual a exigir da Polícia Civil paulista uma investigação mais atenta e competente sobre a morte de Daniel.
Ao expor a conexão entre o assassinato do prefeito, a compra de apoio ao governo Lula e a roubalheira desavergonhada na Petrobrás, a dívida contraída por Ronan põe em xeque todos quantos, entre os quais ministros do Supremo, retiraram a "formação de quadrilha" da lista de crimes cometidos por vários réus do mensalão. Negar a prática continuada por mais de dez anos de um delito em bando formado pelos mesmos personagens conotaria cinismo e até cumplicidade.
A delação de Paulo Roberto merecerá um prêmio, sim, se ele for capaz de informar quem são os verdadeiros chefões nos três delitos. Acreditar que possam ser um menor da favela, um publicitário obscuro e um doleiro emergente seria como nomear Papai Noel ministro dos Transportes. Do site do Estadão

segunda-feira, 14 de abril de 2014

O pessoal do PT é 'barra pesada' ....


11/04/2014
 às 16:05 \ Opinião

José Nêumanne Pinto comenta a fracassada tentativa de infiltrar o senador Gim Argello no Tribunal de Contas da União

Em sua coluna Direto ao Assunto, veiculada pela Rádio Jovem Pan, o jornalista José Nêumanne Pinto analisa a fracassada tentativa de transformar o o senador Gim Argello em ministro do Tribunal de Contas da União e comenta a situação terminal do deputado André Vargas. Confira:

sábado, 15 de fevereiro de 2014

SBT entrou no jogo do Eufemismo(?!)... Demitiu 3 jornalistas que tinham opinião divergente de suas convicções ou mostrou tibieza diante do momento político do país bagunçado?


14/02/2014
 às 18:11 \ Opinião

‘Comentaristas na TV em extinção’, de José Nêumanne Pinto

JOSÉ NÊUMANNE PINTO
Qual a hipótese mais grave e preocupante que teria motivado a demissão de três comentaristas que atuavam nos noticiários do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) – Denise Campos de Toledo, Carlos Chagas e eu –, comunicada aos três na sexta-feira 7 de fevereiro: a oficial ou a paralela? O diretor de jornalismo da empresa, Marcelo Parada, me comunicou que um tal “comitê de programação” da emissora havia decidido extirpar a opinião dos telejornais da casa em nome do primado da notícia. Numa versão aparentemente mais técnica, que circulou em textos divulgados em redes sociais por blogueiros simpáticos à causa, os comentários em questão prejudicavam a “dinâmica” dos noticiários. A versão oficiosa, negada pelos mesmos blogueiros, era mais apimentada: nenhuma pessoa sensata apostaria um centavo na minha sobrevivência na emissora desde que Parada assumiu a direção. Não é secreta para ninguém sua notória parceria com o presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Rui Falcão, que não deve ser um admirador muito fanático da independência absoluta que sempre tive no SBT nas três vezes em que comentei assuntos políticos por lá. Da mesma forma, tinha sido amplamente noticiada a generosidade com que a cúpula petista tratou o momentoso episódio da falência do Banco Panamericano, empresa do grupo Sílvio Santos. Teria sido, enfim, concluída a crônica de minha demissão anunciada?
Bem, fofocas não pagam dívida e a resposta a essa questão só pode ser dada com fatos. Vamos a eles. Fui nomeado três vezes comentarista do SBT por Sílvio Santos, que me disse admirar a forma sucinta e simples com que explico a meus ouvintes da Pan intrincados assuntos da política. Minha primeira passagem terminou quando Boris Casoy foi para a Record e o patrão exterminou o departamento de jornalismo. A segunda teve fim com a contratação de Ana Paula Padrão, que mandou Luiz Gonzaga Mineiro me demitir do jornal ancorado por Hermano Henning, com o qual ela nada tinha a ver, mas faz tempo que desisti de entender esse tipo de falta de senso de loção, como dizia minha tia louca. Desta vez, apesar de não ser um veterano da casa, Parada cumpriu todos os rituais da crueldade e da deselegância na demissão dos três profissionais com currículos que mereciam dele mais respeito. De sua sala fui levado pela secretária para o RH que me comunicou o encerramento do contrato com o pagamento dos sete dias de trabalho de fevereiro. Bem, isso também faz parte da rotina.
A descortesia a que me refiro é outra e tem história. Nem Parada nem seu segundo, Ricardo Melo, fizeram durante esta minha terceira passagem pelo SBT NENHUM reparo a algum comentário de minha lavra – nem contra, nem a favor, nem muito pelo contrário. Na verdade, nenhum dos dois jamais me deu uma orientação ou algum aviso. Melo se abstinha desse dever elementar de qualquer chefe de redação alegando que eu era livre para dizer o que quisesse. Dizia respeitar minha livre expressão, conquista da democracia burguesa que ele, como leal trotskista, desprezava. Tudo bem. Também está no jogo.
Agora tomo conhecimento por interpostas pessoas que fazem fofoca em redes sociais que desde outubro eu já estava fora do SBT Brasil, “carro-chefe” do jornalismo da casa. Uma vez, interpelei Melo (por uma questão de hierarquia e também pelo fato de que era mais comum encontrá-lo na redação do que me deparar lá com Parada) a respeito. E ele me deu uma resposta satisfatória: “Sílvio lhe paga salário e você grava. E me paga para decidir se seu comentário entra ou não no jornal”. Achei a explicação razoável e nunca mais me preocupei em conferir se o comentário que eu gravava tinha sido editado no telejornal do horário nobre, ou não. Não era tão importante: nunca deixou de ir ao ar nenhum comentário que eu tivesse gravado para o Jornal do SBT e para o Jornal do SBT Manhã. E era isso que produzia a imensa satisfação de ser apoiado e elogiado por gente simples: garçons, porteiros, manobristas… Na certa, foi também isso que decidiu a escolha feita pelo público em pesquisa da Abril Educação que planejou cursos em parceria com o SBT e escalou os três profissionais do elenco da emissora considerados de maior credibilidade pelo público: Ratinho, Celso Portioli e eu. O projeto não prosperou, mas duvido que tenha sido por minha causa ou dos dois queridos companheiros citados junto comigo.
Dito isso, concluo garantindo que não acredito que Parada tenha sido desrespeitoso com profissionais do quilate de Carlos Nascimento e Hermano Henning, que sempre usaram meus comentários, ao desprezar o fato chamando a atenção para minha ausência no noticiário apresentado também por minha conterrânea Rachel Sheherazade e meu companheiro na Pan Joseval Peixoto. Ele não deve ter feito isso.
Ainda que saiba que meus comentários não agradam a cúpula do PT, também não acredito que minha saída se deva a uma pressão sobre o companheiro diretor, mesmo porque Denise e Chagas nada têm que ver com minha ousada impertinência de todo dia. Se minhas críticas obstinadas tivessem algum peso eleitoral, Lula não teria sido eleito duas vezes nem Dilma teria derrotado José Serra, embora eu também não costume ser condescendente com esses tucanos de alto plumagem.
Além do mais, a meu ver, o histórico de imprudências de Parada não inclui a possibilidade de negar a teoria oficial do fim dos comentários substituindo minha presença no dia-a-dia por algum comentarista mais domesticado de acordo com o gosto dos companheiros. Seria uma confissão de culpa imperdoável. Seria também muito menos grave do que de fato deve ter ocorrido.
Acredito piamente e lamento mais ainda que ele não tenha mentido: o que fez foi mesmo substituir comentários por mais notícias. Em vez de um sujeito pernóstico deitando regras, o atual SBT prefere mostrar o flagrante da morte do frentista, o bebê que está bombando na Internet ou o macaquinho dançarino. Não me sinto vítima de nenhum tipo de retaliação nem mártir do jornalismo opinativo na TV. Infelizmente, sou apenas o representante de uma espécie em extinção: a do jornalista que tem opinião e por isso, goza de credibilidade. Em vez de rojões disparados por black blocs, Denise, Chagas e eu estamos sendo vitimados pela mordaça imposta em nome da prioridade da informação.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

De volta à Brasília...Mais do mesmo.... !!


05/06/2013
 às 13:59 \ Direto ao Ponto

Dora Kramer: ‘Cru e quente’

Trecho: Segundo alguns autores, a ideia era estancar o falatório sobre a possibilidade de ele mesmo ser o candidato à Presidência em 2014. Outra versão reza que Lula pôs a eleição na roda para mudar a pauta naquele momento voltada para as peripécias de Rosemary Noronha no governo enquanto desfrutou de sua bênção e proteção.
Leia a íntegra na seção Feira Livre.

05/06/2013
 às 12:45 \ Direto ao Ponto

José Nêumanne: ‘É terrorismo eleitoral, sim!’291921_579793542051367_1977867132_n.jpg (580×305)

Trecho: Assim que se tornou de conhecimento público a corrida dos beneficiários da esmola do governo, a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário Nunes, sacou do saldo dos “suspeitos de costume”, aos quais se referiu o capitão francês Louis Renault na cena final do filme Casablanca. A existência de “bodes expiatórios” remonta à Bíblia e tem sido repetida e estimulada ao longo de séculos de guerra e luta política.
Leia a íntegra na seção Feira Livre.