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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

No Brasil morreram quase 60 mil pessoas por assassinato em 2015... Na guerra civil da Síriia o número de mortes, no mesmo ano, foi menor

28/10/2016
A criminalidade e a nossa prisão mental


Por Mario Sabino

Hoje foi divulgado que, em 2015, 58.383 pessoas foram vítimas de homicídio no Brasil. Ou seja, 160 pessoas por dia. Ou seja, sete pessoas por hora.

Comparado com o ano anterior, houve uma queda de 1,2%. É estatisticamente irrelevante para se contrapor ao fato de que continuamos a ser um país feroz.

A nossa ferocidade encontra livre vazão por falta de Estado. Temos Estado demais onde deveríamos ter menos e pouco Estado onde deveríamos ter mais. Caberia ao Estado prevenir, investigar e punir. No lugar disso, há leniência, inépcia e impunidade.

Até quando?

As receitas pontuais para conter a criminalidade são conhecidas, mas teimamos em ignorar a essencial: a reforma do Estado brasileiro.

É preciso diminuí-lo para termos menos Lulas e Renans.

É preciso diminuí-lo para termos mais foco e eficiência.

É preciso diminuí-lo para agigantá-lo.

Enquanto vivermos nesta prisão mental construída pelo nacional-populismo, os bandidos permanecerão livres e matando.

sábado, 16 de julho de 2016

"Nice, a narrativa e a Lava Jato" / Mario Sabino

15 de Julho de 2016

Nice, a narrativa e a Lava Jato

Por Mario Sabino
O ataque em Nice é mais uma prova de que o governo francês é uma porcaria, assim como a polícia e os serviços de informação. Como jornalista, no entanto, eu não posso deixar de admirar o ritual narrativo que segue cada atentado.
Depois de descoberta a identidade do terrorista, ou terroristas, e esclarecidos o número de vítimas e as circunstâncias gerais do ataque, o procurador de Paris chama a imprensa para descrever tudo aquilo que as autoridades sabem a respeito do assunto até aquele momento, bem como o que não sabem.
O texto é cristalino e lido no tom certo — nem emotivo, nem monocórdio. A gramática também escapa completamente ilesa, como sói acontecer nestas latitudes. Tradição literária ajuda nessas horas.
A descrição do procurador de Paris confere sentido ao que parece não ter o menor sentido. Organiza a investigação policial que ganhará mais detalhes nas semanas seguintes, serve de ponto de partida para as interpretações políticas que tomarão o noticiário e esboça outro capítulo da história do país. Não menos relevante, dá início ao luto nacional e aos lutos individuais de quem perdeu familiares e amigos. De certa forma, é como o epílogo de uma tragédia grega.
Tudo é o exato contrário do que costuma ocorrer no Brasil. Quase não temos narrativas e, quando tecidas, elas pecam pela obscuridade ou mentira deslavada.
É na falta de tradição narrativa que Lula e os seus aliados apostam para deturpar o que a Lava Jato vem contando de maneira ainda demasiado técnica. Talvez seja o caso de a República de Curitiba contratar o procurador de Paris para lhe dar mais clareza. O nome dele é François Molins.