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Sob gritos de "Brasil para frente, Temer presidente", líderes do PMDB anunciaram nesta tarde, em Brasília, o afastamento definitivo entre partido e governo e a proibição a filiados de assumirem ou permanecerem em cargos federais – sem comentarem, entretanto, os motivos que os levaram a tal.
"A partir de hoje, nesta reunião histórica, o PMDB se retira da base do governo da presidente Dilma", anunciou, aplaudido, o vice-presidente do partido, senador Romero Jucá (RR), que presidiu a mesa ao lado de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara.
Após a fala, que não durou cinco minutos, Jucá deu a cerimônia por finalizada: "A decisão está tomada. Encerramos dizendo: viva o Brasil”.
A BBC Brasil aproveitou a profusão de líderes peemedebistas no pequeno salão do Congresso e conversou com três figuras importantes do partido: o vice-presidente Jucá, ex-líder do governo no Senado; o ex-ministro da Aviação Civil Eliseu Padilha, próximo de Michel Temer; e a senadora Marta Suplicy, cotada para disputar a Prefeitura de São Paulo pelo partido.
"Por que rompi com o PT?", foi a principal pergunta endereçada aos três. Veja a seguir as respostas.

Eliseu Padilha

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Para o ex-titular da Aviação Civil do governo Dilma Rousseff e ex-ministro dos Transportes da gestão FHC, a principal razão para o afastamento entre os partidos é a vontade de "11 entre 10 peemedebistas da base" de uma candidatura própria à Presidência da República, em 2018.
"Nas eleições municipais, queremos aumentar nossa representação, com mais prefeitos e vereadores, para termos o alicerce para as eleições de 2018", diz. "Se tivermos hegemonia nos municípios, decerto seremos um 'player' competitivo (nas eleições presidenciais) em 2018. Se ganhamos, não sei. Mas seremos competitivos."
Padilha também diz lamentar que o "PMDB nunca tenha feito parte do núcleo duro do governo".
A reportagem perguntou ao ex-ministro o que quer dizer a frase – já que o partido ocupou sete ministérios na última reforma ministerial, além de ter a Vice-Presidência e as presidências da Câmara e do Senado.
"O partido nunca fez parte das formulações de políticas do governo. O PMDB não foi chamado, não teve como contribuir", respondeu. "Quem se subordina pode se sentir desconfortável. Nos sentimos desconfortáveis, pronto!"

Romero Jucá

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"A aliança se rompeu", definiu o senador, vice-presidente do PMDB e ex-líder do governo no Senado.
"As condições de governabilidade se exauriram. O Brasil é maior que qualquer entendimento político e qualquer partido tem que representar a vontade do povo brasileiro."
Para Jucá, o afastamento do PT é um consenso entre a sociedade. "Esta é a vontade do povo brasileiro. O partido que virar as costas para isso vai pagar um alto preço."
A jornalistas, o senador insistiu que o impeachment "não é uma pauta do PMDB", apesar das articulações de integrantes do partido neste sentido na Câmara dos Deputados.
"O impeachment é uma questão para a sociedade brasileira resolver. Não nós."

Marta Suplicy

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Senadora e pré-candidata à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy foi a única a mencionar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff entre os argumentos para o divórcio.
"Tudo o que está justificado no pedido oficial de impeachment", respondeu a senadora à pergunta feita pela reportagem sobre o motivo do rompimento. E então prosseguiu, enumerando outros três argumentos.
"Falta de governabilidade, incapacidade da presidente de conduzir o país e o clamor popular."
Desde que deixou o PT, em abril do ano passado, Marta se tornou opositora ferrenha de seus ex-colegas de partido. Ao entregar sua carta de desfiliação, a senadora chegou a dizer que se sentia "constrangida" pelas denúncias endereçadas ao PT.
Questionada, a senadora não comentou as denúncias ligadas ao PMDB nas investigações da Operação Lava Jato.