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terça-feira, 10 de março de 2015

Mais um discurso infeliz da presidente Dilma, no dia Internacional da Mulher // Alex Antunes


Dilma dá tiro no pé monstrão


Por  | Alex Antunes – seg, 9 de mar de 2015
A inabilidade e descolamento da realidade da presidente Dilma ...  
...alcançou um novo patamar neste domingo. Ao fazer um pronunciamento em cadeia de televisão, rompendo meses de silêncio, conseguiu falar não só tarde demais como errado demais, tanto no texto quanto no tom. Melhor teria sido continuar quieta.
Seu jeito é o habitual deslocado e esquisito, que passa por ventriloquismo, falsidade. Subitamente, depois da campanha eleitoral que era só otimismo, agora Dilma “descobriu” que são necessárias medidas econômicas mais duras, pediu confiança e disse que as dificuldades serão repartidas com justiça. Esse sim seria um ótimo discurso de campanha (fora o fato de que garantiria sua derrota).
O problema é que esse discurso genérico vem em um momento em que o psiquismo das massas pressente que pode haver alguma mudança de verdade. Que as pecinhas do poder – executivo, legislativo e judiciário – não estão se encaixando nada bem. Que, com um pouco de sorte, alguns picaretas de plantão podem se derrubar uns aos outros (acontece às vezes, tipo quando ACM e Jader Barbalho se torpedearam), e que o joguinho de nervos entre Dilma, o presidente da câmara Eduardo Cunha e o presidente do senado Renan Calheiros está ficando realmente engraçado.
É evidente que o que está tensionando o cenário é “a lista do Janot”: o roteiro básico para onde vão se voltar as investigações do Petrolão. Dilma, presidente da República reeleita, ex-ministra das Minas e Energia e da Casa Civil, ex-presidente do conselho da Petrobrás, evidentemente está enfiada até o pescoço nessas tramas, mesmo que não tenha culpa alguma.
Não caberia de jeito nenhum o tom olímpico e genérico que adotou no pronunciamento, como se o Brasil não estivesse vindo abaixo. Toda a habilidade que Lula já teve em não deixar colar as tretas em si, Dilma parece ter com a chave virada ao contrário. Conseguiu fazer colar nela mesma o feeling de que é o problema, de que tem a ver com “tudo de ruim que está aí”. Pior, é como se Lula (esse sim um ser olímpico de verdade) tivesse passado por duas presidencias deixando várias contas penduradas – e que agora essas contas todas, de Lula e do PT, podem ser cobradas de Dilma.
É como se toda a energia social acumulada do lulismo – e isso é muita energia – entrasse em colapso agora, junto com o projeto político do PT e tudo. As escolhas de campanha chantagistas, oportunistas e mentirosas de Dilma, de Lula e do marqueteiro João Santana estão cobrando muito cedo seu custo – desde o momento em que Dilma foi eleita, na verdade. A necessidade de aplicar uma espécie de programa econômico aecista-meia-boca fizeram dela, nas palavras de um amigo meu, aquela aluna de filmes de patricinha que não é da elite, mas que quer puxar o saco de quem é, e no fim consegue atrair a antipatia de todo mundo.
Resultado: um panelaço espontâneo durante o próprio pronunciamento, em mais de dez capitais e no distrito federal, cujo alcance ainda está sendo medido. É um hábito da esquerda ortodoxa desqualificar as manifestações que ela mesma não controla: no caso, seriam manifestações das “varandas gourmet” e, em algumas teorias conspiratórias, orquestradas pela própria CIA. Já vi gente inteligente (ou que parecia inteligente até então) postando esse tipo de coisas. Sem comentários.
Foi Dilma que escolheu o dia da Mulher para uma fala inadequada, indigna de uma presidente em exercício. Não adianta reclamar que é grosseiro com uma senhora ir à janela chamá-la de “vaca” – Dilma é, efetivamente, uma senhora, mas essa senhora também é presidente e, assim como na Copa, continua ditando seu próprio timing inconveniente. Sem querer, reorganizou toda a lógica entre madames, panelas e o dia da Mulher.
Dilma achou que a (boa) notícia da lei do feminicídio ia sustentar todo o resto – sendo que todo o resto é só o país em plena crise econômica e política. Não sustentou. Agora não resolve nada jogar a culpa toda no “ódio da direita coxinha” e misógina (por mais que isso exista). Sem dois dedos de autocrítica, a casa vai cair. Provavelmente nem há mais tempo para autocrítica.
A pergunta que deveria ser feita é: quando foi que o PT, um partido que já teve uma forte percepção social, passou a ter refém de marqueteiro? Essa “quebra” memética tem pouco a ver com razão política, e mais com as metafísicas do psiquismo. Na verdade o jogo político todo tem muito menos a ver com razão do que se supõe. Se Lula escorregou como sabonete molhado pelos períodos difíceis, é porque tinha uma espécie de procuração psíquica de massas para ir em frente, para acertar algumas mesmo errando outras.
Já Dilma, neste domingo, fez o que Fernando Collor fez em 1992, quando pediu para saírem à rua em defesa dele, vestidos nas cores nacionais e usando fitas verdes e amarelas. Conseguiu inverter a tal chavinha: transformar todo o entusiasmo que tinha carreado na campanha eleitoral em repulsa. Passou recibo; coisa que Lula tinha evitado na “janela do mensalão”, uma ou duas semanas de choque durante as quais poderia ter sido alvo de um pedido de impeachment – e o PSDB decidiu não tentar.
Apesar de serem xingadas de “varandas gourmet”, as janelas dos manifestantes espontâneos em repulsa a Dilma marcam essa virada, em que Dilma chama para si o papel de principal vilã do condomínio Brasil. O que nem é exatamente justo – a concorrência é dura e farta. Mas quem disse que a percepção política das pessoas tem algo a ver com a ver com razão e justiça? Política em boa parte é timing, é teatro, é emissão simbólica. E timing é para quem tem.
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sábado, 17 de maio de 2014

"O mal-estar do sucesso" pode ser um eufemismo de inveja... ou um 'tiro no pé'

O Chile e a armadilha dos países de renda média

A armadilha na qual o Chile pode estar caindo é a de querer replicar um Estado de bem-estar ao estilo europeu em um país que ainda não é rico


Por muitos anos os economistas estudaram se existe uma “armadilha dos países de renda média” que explicaria por que algumas nações parecem ficar a meio caminho entre a pobreza e a prosperidade. A análise é pertinente considerando que na América Latina temos um país que, estando às vésperas do desenvolvimento, parece começar a renegar o próprio êxito.
Segundo a teoria, os países de renda média podem ver-se enredados no subdesenvolvimento ao não poder competir com as nações mais pobres em abundância de mão de obra barata nem com as mais ricas em desenvolvimento tecnológico. A ausência dessas vantagens competitivas explicaria por que as nações parecem experimentar uma queda em suas taxas de crescimento econômico quando a renda per capita nacional se encontra entre os US$ 11.000 e US$ 16.000, aproximadamente (medido em paridade de poder aquisitivo, PPA).
No entanto, como afirmara a revista The Economist em um artigo esclarecedor há um ano, a evidência empírica não parece sustentar tal tese. Embora um país possa sofrer uma desaceleração em seu ritmo de crescimento à medida que se aproxima de nações desenvolvidas, em nenhum sentido isso implica um estancamento econômico. Isso parece explicar o caso do país mais avançado da América Latina.
Com US$ 19.067 (PPA) em 2013, o Chile tem a renda per capita mais alta da América Latina. Seu êxito econômico foi acompanhado de grandes avanços sociais e institucionais: a CEPAL indica que conta com o desempenho mais impressionante em redução do nível de pobreza nos últimos 20 anos na região (de 45% em 1990 para 11% em 2011). O Chile está na frente na América Latina em desenvolvimento humano, segundo as Nações Unidas. E o World Justice Project o situa como o país com as instituições democráticas mais fortes da região – um fato destacável, pois foi a última nação da América do Sul a abandonar a ditadura militar.
O Chile alcançou o status de país de renda média em 2003. Nos 10 anos anteriores a esse marco histórico teve uma taxa média de crescimento anual de 4,6% enquanto na década seguinte a média foi de 4,7% ao ano. Não houve desaceleração. Ao contrário, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional, para 2008 o país andino superaria o limite de US$23.000 que qualifica uma nação como “desenvolvida”.
O contínuo êxito econômico chileno se assenta em sua decidida aposta em um modelo de livre mercado. Em 1975 essa nação tinha a economia mais fechada da América Latina, de acordo com a medição dos países pelo índice de Liberdade Econômica no Mundo, publicado anualmente pelo Fraser Institute. Depois de anos de profundas reformas estruturais durante o regime de Augusto Pinochet, que posteriormente foram consolidadas e até ampliadas pelos governos democráticos de centro-esquerda, o Chile conta hoje com a economia mais aberta e moderna da região.
No entanto, o Chile bem poderia estar sofrendo de outro tipo de armadilha do desenvolvimento. A chegada ao poder de um novo governo de esquerda ocorre depois de vários anos de descontentamento social e de protestos, principalmente estudantis, que, no fundo, exigem acabar com o modelo econômico que deu origem a tanto progresso. O historiador chileno Mauricio Rojas descreve a ironia como “o mal-estar do sucesso”: uma classe média frustrada não por suas carências materiais, mas por aspirações desproporcionais de desenvolvimento. Esse inconformismo, que provocou uma radicalização da outrora pragmática esquerda chilena, se traduziu em maiores demandas redistribuitivas.
As primeiras medidas anunciadas pela presidenta Michelle Bachelet indicam que seu governo efetivamente procurará maior intervenção do Estado na economia, iniciando com uma reforma no sistema de impostos que pretende elevar a carga tributária em três pontos porcentuais do PIB. A isso se somam promessas de educação superior gratuita e subsídios a medicamentos.
A armadilha na qual o Chile poderia estar caindo é a de querer reproduzir um Estado de bem-estar social à europeia em um país que ainda não é rico. Não foi mediante altos impostos e um elevado gasto público que a Europa conseguiu o desenvolvimento. Ao contrário, como demonstra o atrofiado desempenho econômico do Velho Continente nos últimos 15 anos, até economias industrializadas como as europeias podem cair sob o peso de onerosas estruturas estatais.
Desse modo, pelo menos no caso particular do Chile, a verdadeira armadilha do desenvolvimento não se assentaria na ausência de vantagens competitivas vis-à-vis outras nações, mas sim nas expectativas desmesuradas de uma classe média que se sentiu rica antes do tempo. É muito cedo ainda para determinar se o Chile verá seu caminho em direção à prosperidade descarrilar, mas certamente sua experiência nos próximos anos servirá de lição para o restante da América Latina.
Juan Carlos Hidalgo é analista de políticas públicas sobre a América Latina no Centro para a Liberdade e Prosperidade Global do Cato Institute em Washington, D 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Tática do PT em evitar depoimentos de ex-servidores do governo é 'tiro no pé'...


Operação Porto Seguro27/11/2012 | 18h58

Planalto impede depoimento de ex-assessora de Dilma investigada pela PF

O governo montou a estratégia no Congresso para evitar respingos de escândalo

O Planalto conseguiu, nesta terça-feira, impedir a aprovaçãodo convite para que Rosemary Nóvoa de Noronha, ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo, preste depoimento no Senado. Rose, como é conhecida, está no centro do escândalo provocado pelas investigações da Polícia Federal na Operação Porto Seguro.
O governo montou sua estratégia no Congresso para evitar respingos no Planalto resultantes da ação que desarticulou uma quadrilha de venda de pareceres técnicos em órgãos federais para favorecer interesses privados. Para reduzir danos políticos, a ordem é levar o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ao qual a Polícia Federal é subordinada, e o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, às comissões na Câmara e no Senado para dar explicações.
Ao mesmo tempo, os partidos aliados vão barrar os requerimentos apresentados pela oposição para convidar os envolvidos nas investigações da PF.
— A relação deles é com a polícia — afirmou o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP).
A estratégia foi acertada em reunião dos líderes da base. A Porto Seguro atingiu Rosemary e o segundo na hierarquia da Advocacia-Geral da União (AGU), José Weber Holanda Alves. Os dois perderam os postos por decisão da presidente Dilma Rousseff.
— A Polícia Federal investigou e abriu inquérito. O governo afastou os envolvidos para investigar e demitiu os que tinham cargo de confiança. Vamos esperar a PF concluir o inquérito — disse Tatto.
E completou:
— Não há problema em os ministros prestarem esclarecimentos. O governo é republicano e o Polícia Federal tem autonomia administrativa para investigar.
O líder petista informou que o ministro da Justiça deverá participar de uma reunião conjunta das comissões de Fiscalização e Controle e de Segurança Pública, onde já estava prevista sua presença para falar da violência em São Paulo, e o advogado-geral da União será ouvido em comissão no Senado. Cardozo deverá ir à Câmara na próxima terça-feira.
O convite a Adams já foi aprovado na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle do Senado. Os senadores da comissão também aprovaram convite para ouvir os presidentes da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Marcelo Guaranys.
Diretores dessas duas agências também foram indiciados pela PF, acusados de integrarem a organização para fraudar pareceres técnicos: Paulo Rodrigues Vieira (ANA) e Rubens Vieira (Anac).
A estratégia de antecipar iniciativas da oposição e levar ao Congresso os ministros para tratar de escândalos da esfera federal foi largamente usada no ano passado com o surgimento das denúncias que envolveram alguns ministros e levou a presidente Dilma a fazer a chamada "faxina" na Esplanada dos Ministérios. Na época, a determinação era evitar que os escândalos atingissem o Palácio do Planalto.
Pela manhã, o PPS formalizou o pedido à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara para que sejam convidados em audiência servidores e ex-servidores apontados pela PF na operação: Rosemary, Weber e Cyonil da Cunha Borges de Faria Júnior, auditor do Tribunal de Contas da União (TCU). O PSDB anunciou que pretende apresentar requerimento convidando também o ex-presidente Lula e o advogado-geral da União na mesma comissão.