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terça-feira, 28 de junho de 2016

Arnaldo Jabor > O triunfo da estupidez

terça-feira, junho 28, 2016

O triunfo da estupidez -

 ARNALDO JABOR

O GLOBO - 28/06


“Como podem 60 milhões de pessoas serem tão estupidas?” Essa foi a manchete de capa do jornal inglês “The Guardian”, quando Bush foi reeleito. E hoje? 52 milhões de imbecis jogaram fora a Grã Bretanha por ignorância e velhice (a maioria era de velhos burros). Como sentenciou o “The Economist”, “foi um gesto de automutilação”, “impensado, preconceituoso”.

Vocês viram aquele sósia do Trump, o Boris Johnson, ex-prefeito de Londres? Pois é, na ultima hora ele traiu o babaca do Cameron, que convocou aquele plebiscito desnecessário e imprudente, e liderou o “leave”. Esse Boris é um rato igual ao Trump: o mesmo cabelinho louro, mesmas fuças boçais, mesmas frases agressivas e populistas para o povo entender, ou melhor, “não entender” a complexa situação econômica e política de hoje. O Reino Unido tem uma eterna saudade do império que se estendeu ao mundo todo. Ainda se sentem donos de um passado glorioso. Usando essa estupidez, Boris arrasou o Reino Unido.

O triunfo da barbárie, da estupidez está no mundo todo. A Síria agoniza nas mãos daquele assassino Assad, que destrói o próprio país, envia milhões de desgraçados para a Europa e não pode ser destruído porque o outro assassino, Putin, não deixa. Esse outro canalha tem bomba atômica e se vale disso. Pode?

O Oriente Médio se estraçalhou, a “primavera” virou inferno, e todo o horror dessa zona geral migra para o Ocidente, aumentando a bagunça institucional da crise agora acirrada por aquele “Trump inglês”.

E, por outro lado, já imaginaram aquele Trump americano, um doente mental sem escrúpulos, com os dedos nos botões de guerra nuclear? Espero que não seja eleito, mas sua presença já mostra que a democracia pode ser um perigo quando cai nas mãos da ditadura da chamada “maioria silenciosa” (Tocqueville). A única coisa boa dessa repulsiva figura é mostrar a verdadeira cara do partido Republicano, aquele antro de fundamentalistas, o El da América.

Esse plebiscito inglês foi o primeiro sinal. Com o mundo tão incompreensível, a tendência das pessoas mais burras é se isolar, ter a nostalgia de um passado que pensam que era bom, com ódio e rancor contra a “lenta” democracia. A imediata atitude é o nacionalismo como o envoltório de um narcisismo boçal, a recusa à convivência com contrários. Os estúpidos amam o autoritarismo. Por isso, hoje pululam ditadores, desde o ratinho atômico da Coreia do Norte até os Maduros e aquela fascista Le Pen.

Como é o “design” da estupidez? A estupidez, antes de tudo, é uma couraça. A estupidez é um mecanismo de defesa. É o bloqueio de qualquer dúvida de fora para dentro, é o ódio a qualquer luz que possa clarear as deliciosas trevas onde vivem. Bush se orgulhava de sua burrice. Uma vez ele disse em Yale: “Eu sou a prova de que os maus estudantes podem ser presidentes dos USA”. E aí, invadiu o Iraque e escangalhou o Ocidente.

Mesmo inconscientemente, aqui e lá fora, sociedades estão famintas por tiranias rápidas. A democracia decepciona as massas porque é muito complexa para ser entendida. O homem comum de hoje não entende mais nada. Assim, adotam apelos populistas, invenção de “inimigos” do povo, divisão entre “bons” e “maus”.

E aqui , como se comporta a estupidez?

Bem, estamos saindo, se Deus quiser, da maior onda de estupidez justificada teoricamente, desde Cabral. A pretensa “esquerda” que se apossou do país há 12 anos fez tudo ao contrário do que deveria. Por quê? Porque são incompetentes? Sim, claro que são; mas a razão é mais estúpida ainda. Fizeram tudo ao contrário, pois acham que o certo está no oposto. Já disse e repito (gostei da frase) que para o comuna típico, o óbvio é “de direita”.

Os estúpidos são militantes, têm fé em si mesmos e têm a ousadia que os inteligentes não têm. Mas o sujeito também pode ser culto e burro. Quantos filósofos sabem tudo de Hegel ou Espinoza e são bestas quadradas? Seu mundo tem três ou quatro verdades que eles chupam como picolés. Nosso futuro era determinado pelos burros da elite intelectual numa fervorosa aliança com os analfabetos.

Esses gênios, em seus latifúndios teóricos, trouxeram-nos a suprema estupidez regressista, um desejo de voltar para a taba, para o casebre com farinha, paçoca e violinha. Assim, teríamos um país solidário, simplesinho – um doce rebanho político que deteria a marcha das coisas do mundo, do mercado voraz, das pestes e, claro, dos “canalhas” neoliberais.

Aqui, também assistimos à vitória da testa curta, o triunfo das toupeiras. Inteligência é chata; traz angústia, com seus labirintos. Inteligência nos desorganiza; burrice consola. A burrice é a ignorância com fome de sentido, é a utopia de cabeça para baixo, o culto populista da marcha a ré.

Em nossa cultura, achamos que há algo de sagrado na ignorância dos pobres, uma “sabedoria” que pode desmascarar a mentira “inteligente” do mundo. Só os pobres de espírito verão a Deus, reza nossa tradição. Existe na base do populismo brasileiro uma crença lusitana, contra-reformista, de que a pobreza é a moradia da verdade.

Aqui e no planeta, o que está rolando hoje é um irracionalismo auto- mutilador, uma estupidez desorientada, a ilógica como lógica. Crescem em toda parte ideologias nacionalistas, sempre pautadas pela exclusão do outro, sejam imigrantes famintos, sejam muçulmanos pacíficos, sejam os inimigos do PT.

A burrice tem a “vantagem” de “explicar” o mundo. Não querem frescuras complexas, sutis, situações políticas democráticas. Preferem a estupidez como solução. O diabo é que a estupidez no poder chama-se “fascismo”. 

"A cultura da ocupação" / Carlos Andreazza


A cultura da ocupação - 

CARLOS ANDREAZZA

O GLOBO - 28/06

Tomam-se ruas, escolas, repartições e empresas tal e qual elevado exercício da liberdade de expressão — como se assim, num só golpe, não se sustasse igualmente o debate



O professor está em sala de aula. Tenta dar aula. A seu lado, malemolente, um jovem dança, sensualiza. Tem a expressão do descompromisso a serviço. É o invasor. Há música. Alta. Ainda assim, o professor insiste. É firme. Mantém a calma. Escreve no quadro-negro. Tenta trabalhar. Outros dois sujeitos aparecem. Invasores também. Tendo-se decerto na conta de heróis, apagam o que fora escrito, rabiscam palavras de ordem. O professor, porém, continua. Num canto, apresenta uma equação matemática. Que o jovem dançante, na segunda tentativa, afinal apaga. Aula encerrada.

Descrevi acima o vídeo recente em que o professor Serguei Popov, da Unicamp, vê-se impedido de lecionar pela performance de jovens marionetes. (Ao menos um deles, o dançarino indolente, que cursa licenciatura em Geografia, em breve será professor de seus filhos e netos, leitor; e não é exceção.) É preciso, pois, explicar as coisas à luz do que são: a inconsequência dos manipulados não os exime de responsabilidade sobre a violência que praticam. É preciso também, portanto, pesar-prezar valores: não interessa qual seja a reivindicação dos agressores; esta cultura da ocupação — a interdição dos espaços públicos para impor a agenda de grupos de pressão — é das mais nefastas manifestações da doença terminal brasileira, e tudo invalida. Tudo.

Protestar no Brasil, hoje, é ocupar — um eufemismo para invadir, tomar, interditar. O diálogo e o respeito ao próximo são ignorados no ato, mas se travestem de democratas os atores, de guardiões da liberdade. E não importa se — na sala do professor Popov, por exemplo — ao menos um aluno estivesse disposto a estudar. Não importa. Os democratas estão acima dessa coisa ultrapassada de indivíduo. São corajosos também, incensados como novidade, manifestantes românticos e radicais de uma nobre causa — contra a qual, aliás, não há quem esteja. (Ou alguém se opõe a melhores condições para o exercício da docência e da discência?)
Não é por acaso que a cultura da ocupação encontra sua mais influente aplicação em colégios e universidades. A ideia romântica radicalizada — a do estudante não apenas consciente, mas que lidera (pensa liderar), que bota a cara e interdita a escola (na verdade, somente empresta seu corpo ao projeto do partido, que, por sua vez, não reclamaria de ter um corpo, um jovem morto, para fazer de mártir) — é elemento-chave aqui. Há método, pedagogia, nessa opressão contra os interesses da maioria.

O cerceamento aos que querem produzir resultou na barbaridade de que estudantes, os que desejam estudar, tenham de marcar aulas secretas. A manipulação da juventude modelou até um coletivo surrealista, o dos estudantes grevistas. Eles tomam o colégio para si (ninguém entra, salvo se autorizarem), acampam em suas dependências (espécie de colônia de férias politizada), cozinham para si (ocasião em que mostram avançadas técnicas de cooperação) e tocam violão como expressão de que podem. (Os maiores tocadores de violão do país, aliás, estão fechados com eles.) Muito bem assessorados juridicamente, agem com autoritarismo, afrontam a vontade — da maioria, repita-se — de estudar, de trabalhar, desconhecem os deveres inerentes à liberdade, mas são reverenciados como defensores de direitos ameaçados (só têm direitos), bravos representantes de uma geração que finalmente assumirá as rédeas do próprio futuro.
Esta é a medida da falência política e educacional do país. Perdemos de todo a noção de individualidade — logo, de responsabilidade. Funcionamos sob a lógica do bando. Acomodamo-nos desta forma, tratando por peças respeitáveis no tabuleiro do jogo político aqueles que nos assaltam o direito de ir e vir. Tomam-se ruas, escolas, repartições e empresas tal e qual elevado exercício da liberdade de expressão — como se assim, num só golpe, não se sustasse igualmente o debate público. Lembremo-nos: a ocupação das ideias — o sequestro da palavra, da linguagem — sempre precede. O Brasil, faz tempo, é gerido pelo norte ideológico da guilda, pelos interesses de classe, pelo modelo black bloc de negociação — e esses gestores tomaram e corromperam também o sentido do que seja direito, liberdade, democracia.

Não gostou de algo, senhor taxista? Ora, tranque a cidade. Obstrua as principais vias. Impeça o cidadão de circular. Intimide a população. Terá o endosso do poder público, o exemplo esclarecido de professores-doutrinadores e estudantes profissionais. Terá também a chancela da intelectualidade neste Brasil dos abaixo-assinados de patota, sempre democráticos, mas de que não se pode querer ficar de fora; país em que a discordância individual — a intenção de não subscrever um manifesto (sempre pela liberdade) — transforma em pária e aproxima o degredo.

Num futuro não distante, todo mundo será manifestante — se quiser prosperar. Será abaixo-assinado — se quiser pertencer. Terá de ser militante — se quiser ter existência reconhecida.

Carlos Andreazza é editor de livros

segunda-feira, 27 de junho de 2016

E la nave va....

CONJUNÇÃO CARNAL DAS LETRINHAS
por Percival Puggina. Artigo publicado em 27.06.2016

 Dia 15 agendei-me para ir ao centro de Porto Alegre tratar de um assunto na Secretaria Municipal da Fazenda. O taxi não conseguiu chegar nem perto. A região central e seu entorno estavam bloqueados em indescritível engarrafamento. Segui a pé. Diante da Secretaria, uma tenda e um carro de som tocavam pagode. Pequeno grupo de funcionários ocupava a via e uma grande faixa afirmava com admirável senso de humor: “Essa crise não é nossa!”. Meninos, eu vi!
 A poucos metros, defronte à agência do Banco do Brasil, o distinto público era informado de que o governo Temer, quando propõe que os fundos de pensão (esses que as gestões petistas quebraram) tenham administração profissional e conselheiros independentes, não partidários, está pretendendo privatizar e age contra o interesse de seus participantes.
 Na Assembleia Legislativa, um grupo de supostos estudantes retirava-se do prédio que invadira dois dias antes. No Centro Administrativo do Estado, professores mantinham-se no edifício que haviam invadido na segunda-feira anterior. Estado afora, mais de uma centena de escolas continuavam tomadas por pequenos grupos de professores e estudantes, como parte de uma ação orquestrada. Tudo coincidência? Fruto indigesto do acaso? Claro que não. Trata-se de uma conjunção carnal. O descontentamento com o impeachment uniu-se ao oportunismo ideológico dos demais partidos revolucionários.
Examinemos por partes esse roteiro, começando pela piada emplacada diante da Prefeitura. "Essa crise não é nossa!". Em que país vizinho vivem aqueles manifestantes? A qual cidade estrangeira, próxima a Porto Alegre, servem tais funcionários? Onze milhões e meio de desempregados, inflação reduzindo o poder de compra de toda a população, empresas fechando as portas, economia encolhendo para além do mais negativo registro histórico, receita fiscal em queda, e eles se consideram cidadãos de uma bolha onde, por vontade do "coletivo", a crise não está autorizada a entrar. Disse-me um dos guardiões da porta do prédio a quem expus meus direitos de ser atendido e de livre movimentação na cidade: "Se não fizermos isso, politicamente não se consegue nada". Politicamente - palavrinha mágica. "Conheço bem as letrinhas dessa política", respondi.
Diante do Banco do Brasil, as mesmas letrinhas armavam o velho truque de atribuir aos outros os próprios erros. O governo petista e as administrações sindicalistas e partidárias servis, entre outros abusos, usaram recursos dos fundos de pensão para os fracassados delírios do pré-sal e das empresas campeãs. Em alguns casos essa conta vai para todos. Mas para as letrinhas em conjunção carnal, quem pretende meter a mão nos fundos é o novo governo. Então tá.
Malgrado as portas fechadas e aferrolhadas, não havia como esconder ao conhecimento público o caráter político e ideológico da invasão das escolas. Ainda que tratadas eufemisticamente pela mídia como "ocupações", o que ocorreu em todo o Estado foram invasões. Pequeno grupo de alunos e um número ainda muito menor de professores agiram a serviço da causa num indisfarçado treinamento de militância. Qual causa? A causa das letrinhas, ora essa: envenenar as mentes juvenis com a ideologia do atraso econômico e social, desconstituir os poderes, corromper o conceitos de democracia e liberdade, atacar a autoridade dos pais, romper com a ordem. "A escola é nossa!", proclamavam os invasores, mão canhota erguida, punho cerrado. É? Ganharam-na de quem? Quem acha que esses alunos e professores apenas brincam de "cidadania" saiba que não é brincadeira e que o objetivo disso, lá adiante, é revolução. Leia o restante do artigo aqui:
http://zh.clicrbs.com.br/rs/opiniao/noticia/2016/06/conjuncao-carnal-das-letrinhas-6165685.html

Especial para Zero Hora, 25 de junho de 2016.

Um assunto que vai além de ser paulistano... Ele é nacional !



Pretextos petistas

JOSENEUMANNE
27 Junho 2016 | 17:49

Em meio ano, o paulistano decidirá se entregará o próprio destino às fantasias de Haddad ou o devolverá à ficção escolar

Haddad, o prestidigitador
Haddad, o prestidigitador
Dizer que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, saiu pela tangente na entrevista exclusiva que deu à Rádio Estadão na manhã da segunda-feira 27 de junho de 2016 é ser muito condescendente e generoso com ele. E que tergiversou é ter pela inteligência e capacidade de conhecer e raciocinar do leitor e ouvinte idêntico desprezo ao que ele manifestou. De qualquer maneira, comentar é preciso, de vez que algumas de suas respostas dão bem a ideia do que ele acha dos cidadãos de São Paulo, que o elegeram há quatro anos, e do eleitorado ao qual ele está pedindo votos para se reeleger. Deixando de lado as questões especificamente municipais e comentando a vertigem moral, a crise econômica e o caos político em que o desgoverno de seu partido afundou o País em 13 anos, quatro meses e 12 dias, convém esclarecer mentiras que o Partido dos Trabalhadores (PT) insiste em repetir. O problema ético, por exemplo.
Questionado sobre o impacto do maior assalto já empreendido na História da humanidade em qualquer lugar do planeta, com apoio na apuração da investigação mais ampla e com maior número de crimes desvendados de todos os tempos, Haddad abusou do eufemismo para defender o indefensável, explicar o inexplicável e justificar o injustificável. Para analisar por que o PT, em que milita e pelo qual foi eleito em 2014, jogou no lixo da História as promessas de combater a roubalheira generalizada dos políticos, ele tentou socorrer-se de um pretexto que é mais antigo do que a Operação Lava Jato. Tal lorota foi usada não apenas como justificativa, mas também como truque para fazer do limão podre uma limonada curativa, pela presidente Dilma Rousseff quando as manifestações de rua em todo o País contra a desgovernança ampla, geral e irrestrita puseram os governos, partidos e políticos em geral contra a parede. A culpa, insistiu o PT e agora Haddad repete, cabe única e exclusivamente ao financiamento privado das campanhas eleitorais partidárias – um vício que contaminou toda a política brasileira e do qual não escapou seu partido, embora esteja agora se esforçando para encontrar a melhor maneira de dele escapar. E a redenção é proibir doações privadas para eleições. A forma de alcançar essa virtude suprema seria convocar uma Constituinte exclusiva para a reforma política e virar de cabeça para baixo o sistema de financiamento eleitoral. Isso tudo ocorreu um ano antes de Dilma se reeleger, o mesmo em que a Lava Jato foi iniciada.
De então para cá, recebemos informações colhidas pelo atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, na leitura de processos que tem de julgar exatamente pela copiosa papelada que diz respeito aos julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF). E estas indicam, se não a principal motivação, no mínimo a mais esperta: o PT sabe muito bem que seus adversários viverão a pão e água, se o trigo não aumentar tanto por culpa da inflação e das oscilações cambiais e se uma nova crise hídrica não transformar as reservas da Cantareira numa extensão geográfica do Semiárido. Nesse ínterim, contudo, o partido de Dilma e de Haddad nadará de braçada, pois, de acordo com os cálculos de Gilmar, terá como bancar com saldos nababescos suas próprias campanhas até o ano de 2030 – por mera coincidência, imagino, ano fixado como limite temporal para que seja concluído seu projeto de ciclovias, a única evidência pedalável da indigestão que ele impôs a seus conterrâneos paulistanos. Pois saiba o preclaro leitor destas linhas que nosso alcaide assegurou que os escândalos de corrupção de seu partido, adequadamente apelidados por aumentativos – mensalão, petrolão, etc. – se devem à única e exclusiva razão de que o PT, digamos, se amalgamou ao sistema capitalista da doação privada das campanhas, adotado pelos adversários direitistas. Este autor pede licença para abrir parêntesis e afirmar que não vê nenhuma razão para permitir doações de empresas a partidos políticos. A explicação é simples: pessoas jurídicas não votam.
Fechados os parêntesis, permito-me esclarecer que foge à minha fantasia mais tresloucada que relação poderia ter havido entre a roubalheira que levou a Petrobrás à sua atual situação pré-falimentar e doações privadas a campanhas políticas. Ao contrário, pelo que ficou claro nas investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) sob a égide do juiz federal paranaense Sergio Moro, um dos métodos mais criativas e calhordas de lavagem do dinheiro sujo usado por partidos, seus dirigentes e burocratas das estatais roubadas foi exatamente limpar a contabilidade criminosa com doações generosas. E legais. Ou seja, a organização criminosa que o PT e seus aliados PMDB, PP, PDT, PCdoB, PSB e tutti quanti montaram para descarnar e desossar a vaca republicana simplesmente praticou o delito de lavagem de dinheiro usando a Justiça Eleitoral como lavanderia do crime.
Então, a profissão de fé do candidato à reeleição na Prefeitura de São Paulo é duplamente cínica: ela investe na própria crença de que todo eventual eleitor dele é um idiota de marca e na incapacidade que este cidadão tem de encontrar num argumento falso algo de perfeito, lógico e útil. Ao prefeito Haddad não se deve dar, portanto, o benefício da dúvida, mas o beneplácito do plágio induzido. Graduado em Direito, mestre em Economia e doutor em Filosofia por uma das mais acreditadas instituições de ensino superior do mundo, a USP, atualmente lecionando política e economia na cidade nos cursos de pós-graduação da própria, Haddad não deve ser cobrado, pois, por haver repetido ou imitado algo ou alguém em sua carreira profissional. Tendo sido assessor especial do ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e secretário executivo do Ministério da Educação, no qual ocupou o principal posto, contudo, ele deve explicações ao distinto público, que o elegeu prefeito e ao qual agora recorre para repetir a dose. Não consta que enganar e iludir estejam entre seus deveres de homem público. O teor de sua fantasia desvairada e descabida na vida pública terá efeito reduzido no agoniado cotidiano do cidadão atolado na crise e desiludido com a política se, na eleição de outubro/novembro, o eleitor o devolver definitivamente à prática de prestidigitador de pretextos petistas. Um improvável, mas não impossível, insucesso eleitoral, contudo, prolongará a longa agonia à condição de insuportável. É esperar pra ver. E, em qualquer hipótese, nunca crer.
Jornalista, poeta e escritor.

Mais do mesmo ... Uma medida provisória alterada pelo relator, Jucá, para ajudar a Gerdau

http://m.politica.estadao.com.br/noticias/geral,relatorio-da-pf-mostra-que-juca-alterou-medida-provisoria-para-favorecer-gerdau-diz-jornal,10000059240


O texto, do qual Jucá era relator, trazia mudanças em regras de tributação de lucros de empresas no exterior. De acordo com a reportagem, o projeto foi aprovado com pelo menos uma alteração sugerida pela Gerdau. Também estariam envolvidos os deputados Alfredo Kaefer (PSL-PR) e Jorge Côrte Real (PTB-PE).
O deputado Jorge Côrte Real disse ter sido pego de surpresa com a citação do seu nome no relatório da PF. O documento cita uma emenda à MP 627 apresentada por Real. "Minha proposta apenas concedia o prazo de 30 dias para adesão ao sistema proposto pela MP. Isso atendia o interesse geral, não de uma companhia em especial", disse.

O senador Romero Jucá (RR)

O senador Romero Jucá (RR) Foto: Dida Sampaio|Estadão
Também citado no documento, Alfredo Kaefer diz que a emenda que apresentou atende pedido que havia sido feito pela Confederação Nacional da Indústria. "Minha atuação parlamentar é marcada pela preocupação em apresentar propostas importantes para o setor industrial. Sempre fui o interlocutor de empresas para assuntos tributários", disse. "Uma rápida pesquisa demonstra o que digo". Ele afirmou ter encontrado poucas vezes o presidente do Conselho de Administração do grupo Gerdau, Jorge Johhanpeter Gerdau. "Por um azar, uma pessoa da empresa passou no gabinete, elogiando minha emenda, e pegou o cartão do meu assessor. É só". Ele disse não se lembrar do teor da emenda, mas acrescenta que ela não foi nem sequer aprovada.
A Gerdau afirmou que participou "de forma legítima e em conformidade com a legislação brasileira" de discussões sobre a bitributação de lucros provenientes do exterior. Segundo a companhia, o debate foi liderado por entidades de classe e em conjunto com outras empresas de atuação internacional.
O senador Romero Jucá não atendeu as ligações da reportagem. A assessoria de imprensa do parlamentar também tentou fazer o contato, mas não conseguiu localizá-lo. 

Antonio Lucena no blog de Ricardo Noblat

Arte de Antonio Lucena

domingo, 26 de junho de 2016

"Dilma participava e sabia de tudo", Eduardo Cunha na IstoÉ


“Dilma participava e sabia de tudo”

Em entrevista exclusiva à ISTOÉ concedida um dia depois de o STF torná-lo réu pela segunda vez na Lava Jato, Eduardo Cunha detalhou a negociata, comandada pela presidente afastada Dilma Rousseff, para salvá-lo em troca do arquivamento do impeachment


Crédito: Jorge William /Ag. O Globo




Na noite de 12 de outubro de 2015, dia santo de Nossa Senhora Aparecida, o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), estava no Rio sob um calor inclemente de 35°C à sombra quando recebeu um telefonema do recém-nomeado chefe da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, Jaques Wagner. O chamado era urgente. O clima, àquela altura, era de elevadíssima tensão. O peemedebista tentava se livrar de um processo no Conselho de Ética, enquanto Dilma buscava a todo custo evitar o início de um processo de impeachment contra ela, que dependia exclusivamente do parlamentar – seu desafeto declarado. Wagner tinha pressa de encontrar Cunha e, para não perder um minuto sequer, se ofereceu para esperá-lo na Base Aérea de Brasília, onde o parlamentar aterrissaria a bordo de um jato da Força Aérea. Assim que o então presidente da Câmara pousou na capital federal, ambos conversaram a sós. O inteiro teor daquela conversa crucial tanto para Cunha quanto para Dilma nunca havia sido tornado público. Até agora. Cunha resolveu esmiuçá-la em detalhes em entrevista exclusiva à reportagem de ISTOÉ concedida em sua residência, em Brasília, na última quinta-feira 23 –, um dia depois de o STF torná-lo réu pela segunda vez na Operação Lava Jato.
Segundo Eduardo Cunha, Wagner tinha um plano para salvá-lo do cadafalso. Em troca do arquivamento no nascedouro do processo do impeachment contra Dilma, o então ministro disse que poderia garantir votos de deputados petistas no Conselho de Ética. Ofereceu também influenciar o Poder Judiciário para que os processos de investigação de sua filha, Danielle, e de sua mulher, Cláudia Cruz, não fossem para a primeira instância. Cunha considerou que o petista não tinha condições de entregar o que prometia. Wagner quis deixar claro, então, que ele falava em nome da principal mandatária do País: Dilma Rousseff. Foi além. Disse que deixaria a Base Aérea com destino ao Palácio da Alvorada. Naquele mesmo dia, ele relatou à presidente o andamento da negociação. “Todas as vezes em que ele (Jaques Wagner) esteve comigo, que tocou nesse assunto, deixou claro que relatava todas as conversas para Dilma e que ela sabia. O que torna um pouco mais grave a situação. Na conversa do dia 12 de outubro, Wagner disse que naquela noite mesmo ainda conversaria com a presidente e que falaria comigo depois. O que comprova, mais uma vez, que ela participava e sabia de tudo”, disse Cunha à ISTOÉ. Depois dos encontros, parlamentares designados pelo Planalto procuravam Cunha para medir a temperatura das tratativas. Certa feita, o ministro da Casa Civil forneceu exemplos de como o PT poderia contribuir para amarrar o processo contra ele no Conselho de Ética. “Como não marcar quórum em determinada sessão para tentar adiar. Ele tentou continuar essa oferta”, afirmou Cunha na entrevista.
CUNHA EM DOIS TEMPOS: 25/07/2015 - PODEROSO Cunha é paparicado por  líderes partidários e integrantes de movimentos de rua no dia em que recebe o impeachment CUNHA EM DOIS TEMPOS: 25/07/2015 – PODEROSO Cunha é paparicado por líderes partidários e integrantes de movimentos de rua no dia em que recebe o impeachment
Na última quarta-feira 22, o STF acolheu a segunda denúncia contra o presidente da Câmara afastado por contas na Suíça por unanimidade. Ele virou réu pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e falsidade ideológica com fins eleitorais. Até mesmo na avaliação de seus aliados, a decisão acelera ainda mais seu processo de cassação. Apesar da grave situação, Cunha tenta transparecer confiança: “Este vai ser o critério adotado pelo STF em qualquer desses casos. Ou seja: denúncia apresentada pelo Procurador Geral da República contra qualquer parlamentar será aceita”.
Na véspera da decisão, alguns de seus mais próximos seguidores chegaram a acreditar que Cunha renunciaria ao mandato, com anúncio em coletiva organizada pelo próprio parlamentar. Sozinho, ele se defendeu e voltou afirmar que não desistiria do mandato. A cena, retrato mais bem acabado do isolamento de Cunha, repercutiu negativamente no ambiente político. Nos bastidores, até seus defensores históricos lamentavam a iniciativa, considerada “desastrosa”. A cassação é tida como questão de tempo por aliados. Seus advogados entraram com recurso na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que terá de analisá-los antes de a votação seguir para o Plenário. A previsão é de que o processo seja concluído antes do recesso parlamentar.
OPERADOR  Negociata passou por Jaques Wagner, segundo CunhaOPERADOR Negociata passou por Jaques Wagner, segundo Cunha
Há entre seus mais fieis escudeiros a crítica velada à sua insistência em permanecer no mandato. Hoje, Cunha conversa regularmente com poucos deputados. No seleto grupo, estão Jovair Arantes (PTB-GO), Rogério Rosso (PSD-DF), Carlos Marum (PMDB-MS), Hugo Motta (PMDB-PB), Arthur Lira (PP-AL) e Marcelo Aro (PHS-MG). O presidente afastado tenta justificar a fuga de apoiadores: “A impressão de que estou isolado é porque não estou podendo ter um convívio maior.” Profundo conhecedor dos submundos do poder, Cunha sabe que já foi mais poderoso. Bem mais. Há não muito tempo, comandava uma bancada de mais de 100 parlamentares. Segundo seus adversários, o séquito era alimentado com o que a política tem de mais sedutor para um parlamentar: verbas de campanha e cargos em postos-chave. O peemedebista nega a utilização desses métodos. Hoje, além do isolamento político, Cunha experimenta uma outra situação insólita em sua trajetória como homem público. A convivência com denúncias não é novidade para ele. A diferença é que, agora, as cortes da Justiça não admitem mais suas explicações. Não parece ser um fim com o qual o parlamentar sonhou, semelhante ao que ocorre com Dilma.
Se em algum momento já pareceram feitos um para o outro, Cunha e Dilma são hoje como água e óleo. Atualmente, experimentam o mesmo infortúnio: ambos estão afastados do cargo para o qual foram eleitos. Na narrativa petista, a queda de Dilma significaria a salvação de Cunha. No Congresso, a maioria aposta no harakiri duplo.
Entrevista – Eduardo Cunha

Revista IstoÉ > "Dilma participava e sabia de tudo" , em entrevista de Cunha

http://istoe.com.br/%E2%80%9Cdilma-participava-e-sabia-de-tudo%E2%80%9D/

“Dilma participava e sabia de tudo”

Em entrevista exclusiva à ISTOÉ concedida um dia depois de o STF torná-lo réu pela segunda vez na Lava Jato, Eduardo Cunha detalhou a negociata, comandada pela presidente afastada Dilma Rousseff, para salvá-lo em troca do arquivamento do impeachment

Crédito: Jorge William /Ag. O Globo

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CUNHA EM DOIS TEMPOS: 21/06/2016 - ISOLADO Eduardo Cunha aparece sozinho em entrevista coletiva: “a impressão de que estou isolado é porque não estou podendo ter um convívio maior”, alegou.
CUNHA EM DOIS TEMPOS: 21/06/2016 – ISOLADO Eduardo Cunha aparece sozinho em entrevista coletiva: “a impressão de que estou isolado é porque não estou podendo ter um convívio maior”, alegou.

Na noite de 12 de outubro de 2015, dia santo de Nossa Senhora Aparecida, o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), estava no Rio sob um calor inclemente de 35°C à sombra quando recebeu um telefonema do recém-nomeado chefe da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, Jaques Wagner. O chamado era urgente. O clima, àquela altura, era de elevadíssima tensão. O peemedebista tentava se livrar de um processo no Conselho de Ética, enquanto Dilma buscava a todo custo evitar o início de um processo de impeachment contra ela, que dependia exclusivamente do parlamentar – seu desafeto declarado. Wagner tinha pressa de encontrar Cunha e, para não perder um minuto sequer, se ofereceu para esperá-lo na Base Aérea de Brasília, onde o parlamentar aterrissaria a bordo de um jato da Força Aérea. Assim que o então presidente da Câmara pousou na capital federal, ambos conversaram a sós. O inteiro teor daquela conversa crucial tanto para Cunha quanto para Dilma nunca havia sido tornado público. Até agora. Cunha resolveu esmiuçá-la em detalhes em entrevista exclusiva à reportagem de ISTOÉ concedida em sua residência, em Brasília, na última quinta-feira 23 –, um dia depois de o STF torná-lo réu pela segunda vez na Operação Lava Jato.
Segundo Eduardo Cunha, Wagner tinha um plano para salvá-lo do cadafalso. Em troca do arquivamento no nascedouro do processo do impeachment contra Dilma, o então ministro disse que poderia garantir votos de deputados petistas no Conselho de Ética. Ofereceu também influenciar o Poder Judiciário para que os processos de investigação de sua filha, Danielle, e de sua mulher, Cláudia Cruz, não fossem para a primeira instância. Cunha considerou que o petista não tinha condições de entregar o que prometia. Wagner quis deixar claro, então, que ele falava em nome da principal mandatária do País: Dilma Rousseff. Foi além. Disse que deixaria a Base Aérea com destino ao Palácio da Alvorada. Naquele mesmo dia, ele relatou à presidente o andamento da negociação. “Todas as vezes em que ele (Jaques Wagner) esteve comigo, que tocou nesse assunto, deixou claro que relatava todas as conversas para Dilma e que ela sabia. O que torna um pouco mais grave a situação. Na conversa do dia 12 de outubro, Wagner disse que naquela noite mesmo ainda conversaria com a presidente e que falaria comigo depois. O que comprova, mais uma vez, que ela participava e sabia de tudo”, disse Cunha à ISTOÉ. Depois dos encontros, parlamentares designados pelo Planalto procuravam Cunha para medir a temperatura das tratativas. Certa feita, o ministro da Casa Civil forneceu exemplos de como o PT poderia contribuir para amarrar o processo contra ele no Conselho de Ética. “Como não marcar quórum em determinada sessão para tentar adiar. Ele tentou continuar essa oferta”, afirmou Cunha na entrevista.

sábado, 25 de junho de 2016

Basquete > a seleção dos EUA está definida para os Jogos do Rio

Kyrie Irving virá aos Jogos e seleção de basquete dos EUA é definida, diz site

Gazeta Press 
Neste sábado, foram definidos os 12 jogadores que defenderão os Estados Unidos nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto. Segundo a ESPN americana, a definição veio após Kyrie Irving, campeão da NBA com o Cleveland Cavaliers, aceitar defender a seleção.
A confirmação oficial da equipe acontecerá na próxima segunda. Contudo, o “sim” do armador do Cavs definiu a lista dos 12 atletas que serão comandados por Mike Krzyzewski no Rio.
Apesar de serem amplos favoritos ao ouro, o time dos Estados Unidos não contará com estrelas consagradas, como LeBron James, Stephen Curry, Russell Westbrook, James Harden, entre outros.
Mesmo assim, além de Irving, o “Dream Team” terá nomes de peso como o de Kevin Durant, Klay Thompson e Carmelo Anthony, que também defenderão a equipe norte-americana.
Os EUA, além de terem levado o ouro em Londres 2012 e Pequim 2008, são os maiores campeões olímpicos, com 14 conquistas.
Confira abaixo a provável lista completa da seleção norte-americana de basquete.
Armadores: Kyrie Irving e Kyle Lowry
Pivôs:  DeAndre Jordan e DeMarcus Cousins
Alas: Kevin Durant, Klay Thompson, Carmelo Anthony, Jimmy Butler, DeMar DeRozan, Draymond Green, Paul George e Harrison Barnes