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Reunião "mandrake" de Cabral revolta manifestantes que estão no Leblon
Grupo que se reuniu com governador protagonizou papelão nesta quinta-feira
Enquanto Cabral se reunia com os supostos representantes dos manifestantes, parte do grupo que realmente está acampado na Avenida Delfim Moreira ficou de fora da reunião e sequer puderam entrar no Palácio Guanabara porque não foram autorizados. Ao final da reunião, o grupo dos "supostos representantes" não informou e nem esclareceu o que foi discutido com o governador. Pediram apenas para que as perguntas fossem encaminhadas a uma rede social que posteriormente seriam respondidas. Não houve, portanto, um diálogo com os reais representantes do movimento.
"Os que vieram aqui até o Palácio Guanabara não nos representam. Eles são infiltrados para diluir o movimento. Esse grupo que veio aqui hoje veio conversar com o governador sem nenhuma autorização dos 35 que estão acampados na Delfim Moreira. Foram dissimulados e querem enganar a todos", disse Vinícius Fragoso, ator e um dos porta-vozes do movimento Ocupa Cabral. "Não ficou nada formalizado, e eles ainda saíram de lá dizendo que aquela luta tinha acabado, que aquela não era uma luta do povo. Que era um movimento de alguns jovens imbecis, e nós não somos nada disso. Essas pessoas oportunistas que vieram falar com o governador hoje não falam pela gente de forma alguma. Foram contraditórios em tudo que o movimento pedia", declarou Fragoso, que deixou claro ainda que o movimento quer se reunir com o governador. "Mas só quando tivermos todas as pautas definidas", finalizou.
O grupo que conversou a portas fechadas com Cabral e secretários nessa quinta tem pelo menos três nomes divulgados: Juliana Medeiros, Sven Waddington e o líder, Eduardo oliveira, que protagonizou um momento inesperado ao dizer aos jornalistas o seguinte texto, praticamente decorada:
"Estamos dividindo em células em todo o estado. A pauta ainda está sendo executada. Nós viemos abrir um canal de comunicação com o governador. Sem mais declarações, obrigado", se despediu Eduardo, para em seguida sair do recinto sob olhares incrédulos.
Manifestantes do lado de fora
Enquanto a reunião "mandrake" acontecia a portas fechadas, os verdadeiros manifestantes que estão nos arredores da casa de Cabral desde sexta-feira criticavam o encontro. Bruno Cintra, uma das porta-vozes do movimento Ocupa Cabral, deixou claro que o grupo não sairá da frente da casa do governador, e disparou contra o grupo dos "supostos representantes" que foi até o Palácio Guanabara.
"Os que vieram hoje aqui estão querendo enganar a imprensa e o governo. Precisamos desfazer essa confusão, e é primordial que o governador receba os manifestantes que estiveram na Rocinha e em outras comunidades carentes. Para que o governador se reúna com a gente, é preciso que ele saiba quem realmente representa o movimento Ocupa Cabral, e não são os que vieram aqui hoje".
Bruno, também conhecido como "Ruivo", comentou um pouco sobre a conduta dos que foram se reunir com o governador nesta quinta:
"O Eduardo(cabeça dos "supostos representantes") apareceu no sábado, com uma gangue de vinte motoqueiros, um grupo de extremistas. Um dos amigos dele disse que a "Revolução de 1964" - o golpe militar - havia sido a melhor coisa que aconteceu no Brasil", disse ele. Bruno destacou ainda que vários outros integrantes do grupo dos "supostos representantes" tentam desde sábado passado se aproximar dos verdadeiros manifestantes mas ninguém sabe o verdadeiro objetivo desse grupo.