Carro de Fórmula E foi apresentado recentemente em Berlim
A Fórmula 1 deve ganhar em breve uma alternativa com carros elétricos abastecidos por sistemas sem fio e tecnologia de realidade aumentada.
A FIA, órgão que controla o automobilismo mundial, pretende lançar o campeonato da chamada Fórmula E no ano que vem.
A organização diz que a intenção do campeonato será garantir o entretenimento do público e também promover a tecnologia dos veículos elétricos.
A categoria já vem realizando testes com seus carros, com o brasileiro Lucas di Grassi como piloto. Outro piloto brasileiro, Gil de Ferran, foi apontado como "embaixador" da categoria.
Analistas avaliam que a competição poderá ajudar a melhorar a percepção do público em relação aos carros elétricos, mas a tecnologia ainda precisa passar por uma grande evolução para se tornar disseminada.
A própria FIA reconheceu que a mudança não ocorrerá do dia para a noite.
"Faremos com que as pessoas fiquem mais propensas a comprar um carro elétrico, mas isso levará tempo – cinco ou dez anos", afirmou à BBC o presidente-executivo da Fórmula E, Alejandro Agag.
A FIA prevê começar a Fórmula E em setembro de 2014, em Londres, com corridas em outras nove cidades, incluindo Pequim e Los Angeles.
Dez equipes, cada uma com dois pilotos, competirão entre si em corridas de uma hora.
Agag diz acreditar que as competições poderão ter um apelo para uma audiência mais jovem do que a audiência tipicamente atraída pela Fórmula 1 e que os próprios fãs poderão se tornar proprietários de carros elétricos no futuro.
Patrocínio
Qualcomm será principal patrocinadora da categoria e fornecedora de tecnologia
A FIA anunciou nesta semana um acordo de patrocínio com a fabricante de chips para smartphones Qualcomm, que fornecerá, além de um valor não revelado, a tecnologia de reabastecimento e de realidade aumentada para a nova categoria.
Entre os produtos que a Qualcomm pretende oferecer está uma tecnologia de reabastecimento sem fio, chamada Halo.
A tecnologia, desenvolvida pelo laboratório da empresa em Londres, cria um campo eletromagnético usando uma plataforma de cobre enterrada no chão.
Esse campo pode ser captado por uma bobina instalada no veículo, que o converte em eletricidade para carregar uma bateria.
‘Carregamento dinâmico’
A equipe britânica de Formula E Drayson Racing Technologies já testou uma versão customizada do Halo como forma de carregar seus veículos quando eles estão parados.
Porém a intenção é usar a tecnologia para recarregar somente o carro de segurança das competições no primeiro ano, para depois estendê-la para os demais carros no segundo ou terceiro ano.
O brasileiro Lucas di Grassi, que já passou pela Fórmula 1, é o piloto de testes da Fórmula E
Com o tempo, segundo a Qualcomm, várias plataformas poderiam ser instaladas nos locais de competição para permitir o "carregamento dinâmico", ou seja, a habilidade de reabastecer os carros em movimento, ajudando-os a completar a corrida no menor tempo possível.
A Coreia do Sul já lançou algo semelhante, usando uma tecnologia local semelhante para recarregar ônibus elétricos em determinadas rotas.
Porém esses esquemas são caros, e a FIA reconhece que a competição terá que se mostrar popular para levantar os recursos necessários para pagar pela instalação dos sistemas de recarregamento.
A Qualcomm também pretende ajudar a desenvolver sistemas telemétricos usados nas corridas. "Pressão dos pneus, motores, combustível, fluido de freio, velocidade, torque – todo tipo de coisas pode ser monitorado a cada nanossegundo", explica Anand Chandrasekher, diretor de marketing da empresa.
Segundo ele, as informações também poderão ser vistas pelo público por meio de um software de realidade aumentada, permitindo aos espectadores observar o carro de sua preferência mesmo que edifícios ou objetos obstruam sua visão simplesmente colocando seus smartphones ou tablets para tornar o veículo visível.