A revista Veja que chega às bancas neste sábado é de leitura obrigatória como sempre. Todavia, a reportagem-bomba desta edição não permite que ninguém passe batido. O que a maioria dos veículos da grande imprensa brasileira e seus jornalistas militantes do PT, espécie de black-blocs das redações, já que vandalizam os fatos, pisoteiam sobre eles e os atiram no lixo e os desprezam, Veja resgata. O resultado desse vandalismo que ocorre nas redações desde que o PT chegou ao poder, faz parte do aparelhamento da imprensa pelo partido sob o comando do chefe geral dos mensaleiros, que atende pela alcunha de Lula.
Quando o Rui Falcão e o terrorista Franklin Martins, ajudados pela Federação Nacional dos Jornalistas - reduto de idiotas a serviço da causa comunista - falam em “controlar a mídia”, referem-se unicamente à revista Veja.
Esse ódio à liberdade de imprensa alimentado por esses vermes ideológicos aumenta muito todos os finais de semana quando a Veja é desovada nas bancas, variando de intensidade de acordo com o que a revista revela ao público brasileiro.
Calcula-se que pelo teor da reportagem-bomba desta edição da revista, os sequazes de Lula terão um final de semana azedo.
Veja levanta um caso pra lá de nebuloso que se encontra dentro do processo do mensalão e que envolverá, por certo, diversos cachorros grandes.
Trata de um fato cabeludo. A reportagem-bomba revela que a Polícia Federal pediu ajuda internacional para rastrear as contas que irrigaram a campanha do PT em 2002.
Como se pode inferir, é coisa grande. O tamanho da encrenca poderá ser medido pela repercussão que os demais veículos da grande mídia darão.
Normalmente os diligentes pelegos do Lula, travestidos de jornalistas, tratarão de minimizar o fato. Já os sites e blogs coordenados pelo baiano João Santana, o ministro sem pasta da Dilma, e financiados por estatais, sairão atirando e acusando a “direita”, a “burguesia’, “as elites” de conspirarem contra o PT. Portanto, quanto mais tentarem trivializar a reportagem, mais ela cresce em importância.
Pagamento irregular do Bolsa Família abastece de prefeituras a lotéricas
Por Wilson Lima, iG Brasília|
Levantamento feito a pedido do iG mostra que o Ministério Público abriu 105 inquéritos este ano para apurar uso irregular do programa. Ontem, o iG revelou que mais de 2 mil políticos foram flagrados recebendo o benefício
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou, nos primeiros seis meses deste ano, ao menos 105 procedimentos investigatórios no País relacionados a má gestão, obtenção ilegal de benefícios ou fraudes no programa Bolsa Família
Os dados constam de um levantamento feito pelo órgão a pedido do iG . Segundo o levantamento, a maioria dos procedimentos investigatórios foi impetrada no Rio Grande do Sul. Somente por lá, o MPF abriu 18 investigações relacionadas a problemas com o programa do governo federal. Na sequência, a lista de Estados com maior número de investigações inclui Minas Gerais e Pará, com 12 procedimentos cada, e Bahia, com 11 investigações iniciadas.
Nesta sexta-feira, o iG revelou que 2.168 políticos eleitos em 2012 foram flagrados recebendo recursos do Bolsa Família no início do ano. A informação teve como base levantamento feito pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) a partir da lista dos eleitos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os dados do MPF não levam em conta investigações instauradas contra prefeitos ou vereadores por recebimento ilegal de benefícios do programa.
Na lista de irregularidades investigadas estão casos de beneficiários com renda incompatível ao Bolsa Família, estelionato envolvendo o programa, fraudes na inscrição ou recebimento e ainda duplicidade cadastral nos sistemas do governo.
No Amazonas, por exemplo, o MPF investiga uma casa lotérica da cidade de São Paulo de Olivença, distante 1,2 mil quilômetros de Manaus, que não liberava o valor dos saques dos beneficiários ou vinculava esse pagamento a compras em um estabelecimento comercial. O comércio era indicado pelos donos da lotérica.
Em Minas Gerais, investiga-se estelionato cometido por membros da Prefeitura de Mateus Leme. Com base em uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU), o Ministério Público apura se servidores estavam cadastrando ilegalmente beneficiários e recebendo pagamentos em nome deles.
Em Rondônia, uma pessoa estaria recebendo por meio do cadastro de um homônimo. Detalhe: o beneficiário legítimo é uma criança. No Tocantins, o Ministério Público investiga a gestora do programa em Aparecida do Rio Negro. Ela teria incluído seu próprio nome nos cadastros do governo federal e recebido ilegalmente o benefício. Também um caso em Juiz de Fora, em Minas, em que um servidor terceirizado da Prefeitura teria conseguido acesso ao sistema e colocado seu nome entre os beneficiários.
Na Bahia, na cidade de Itamarajú, foi instaurado inquérito policial para apurar o caso de uma estagiária da Caixa Econômica Federal que estaria subtraindo cartões de beneficiários e sacando para si o dinheiro.
Alessandra França, fundadora do Banco Pérola, ONG de microcrédito que atua em Sorocaba (SP) e região
A admiração pelo economista bengalês Muhammad Yunus –ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2006– inspirou a jovem Alessandra França, 27, a criar o Banco Pérola, ONG (organização não governamental) de microcrédito para empreendedores de baixa renda.
Desde o início das atividades, em 2010, a instituição já auxiliou 350 micro e pequenos negócios, com um total de R$ 1,3 milhão em empréstimos. A ONG tem atuação em Sorocaba (99 km a oeste de São Paulo) e cidades vizinhas.
França teve o primeiro contato com o trabalho de Yunus em 2002, quando tinha 16 anos, por meio do livro "Banqueiro dos Pobres", escrito pelo economista.
"O que mais me inspirou nele foi o fato de fazer muito com pouco recurso, e ajudar as pessoas a melhorarem de vida", diz.
Público-alvo são empreendedores de baixa renda
De acordo com França, o público-alvo do Banco Pérola são empreendedores das classes C, D e E que queiram abrir ou ampliar o próprio negócio. Segundo ela, os clientes mais comuns são lojas de roupas e salões de beleza.
É o caso da empresária Eveline Garcia, 27, de Salto do Pirapora (124 km a oeste de São Paulo), que utilizou o microcrédito para ampliar sua loja e conseguiu aumentar as vendas em 50%.
"São pessoas que têm boas ideias, mas, muitas vezes, não conseguem subsídio nos bancos privados porque não podem comprovar renda ou têm dívidas em seus nomes", afirma França.
'Nome sujo' não significa crédito recusado
Antes de conceder um empréstimo, a instituição analisa o perfil do solicitante e a sua capacidade de pagamento. Também é feita uma consulta ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) para verificar o histórico de dívidas do beneficiado.
No entanto, ter o nome inscrito no SPC não significa que o crédito será recusado, diz França. "Se a dívida foi decorrente da perda do emprego, por exemplo, assumimos o risco de fazer o empréstimo para este cliente, mesmo que ele esteja com o nome sujo."
O valor do empréstimo na instituição é de até R$ 5.000 por pessoa, ou de até R$ 15 mil para grupos de três pessoas. O pagamento pode ser parcelado em até 12 vezes. A taxa de juros cobrada varia de 2,8% a 3,9% ao mês, dependendo do valor concedido.
Essa taxa, no entanto, não é a menor do mercado. Na Caixa e no Banco do Brasil, a taxa de juros é de 0,4% ao mês. No Bradesco e no Santander, a taxa varia de 2% a 3,9% ao mês. No Itaú Unibanco, a taxa varia de 3,3% a 4% ao mês.
Apesar do limite de R$ 15 mil, a média dos empréstimos realizados é de R$ 3.000 para a compra de estoque e equipamentos, segundo França. A taxa de inadimplência é de 2,8% do total de clientes atendidos.
A instituição trabalha com o microcrédito orientado, ou seja, agentes da ONG visitam periodicamente a empresa beneficiada para avaliar o desempenho do negócio, e auxiliar o empreendedor com eventuais dificuldades.
"Fucnionamos como uma operadora de crédito sem fins lucrativos com título de Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), concedido pelo Ministério da Justiça, e com autorização do Ministério do Trabalho e Emprego para operar o microcrédito orientado", declara a empreendedora.
Conheça empreendedoras das favelas pacificadas25 fotos
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A empreendedora Andréia Miranda perto do mosaico com o rosto de Michael Jackson, feito pelo artista brasileiro Romero Britto, ao lado da estátua do cantor. A obra é uma homenagem ao astro pop que gravou um de seus videoclipes no Morro Santa Marta, em 1996. A banca de Miranda fica a menos de 50 metros do local Leia maisMaria Elisa Franco/UOL
Banco começou com dinheiro de prêmio
Para abrir a ONG, França inscreveu o projeto em um programa da Artemísia, aceleradora de negócios sociais. A empresária concorreu com 200 projetos e ficou entre os cinco finalistas, que receberam um prêmio de R$ 40 mil, além de uma consultoria de dois anos para desenvolver o negócio. O valor do prêmio foi todo aplicado na ONG.
"Nesse período, aprendemos a gerir pessoas e a criar estratégias de marketing. A partir daí, começamos a correr atrás de parceiros para contribuir com a ideia", diz.
França também ampliou o capital para oferecer aos microempresários com doações e investimento de grandes empresas, como Camargo Corrêa e Votorantim.
"Elas recuperam o investimento em, no máximo, dois anos, e têm a vantagem de estarem associadas a um projeto social", declara.
França diz que todo o dinheiro que retorna para o banco é emprestado novamente para outros empreendedores. Em 2012, a ONG, que não tem fins lucrativos, registrou um saldo positivo de R$ 100 mil.
França afirma que pretende ampliar a atuação de sua ONG, mas ainda com foco nas cidades do interior. "A maioria das capitais já é atendida por algum programa de microcrédito. A ideia é continuar no interior, onde a dificuldade de crédito é maior."
Bengalês é considerado "pai" do microcrédito
Muhammad Yunus é o criador do conceito de microcrédito no mundo. Em 1976, começou a emprestar pequenas quantias de dinheiro do próprio bolso para mulheres de aldeias pobres de Bangladesh, país do sul da Ásia, trabalharem por conta própria.
Superando as expectativas, recebeu de volta todo o dinheiro emprestado. Foi quando viu que poderia expandir a ideia e criar uma instituição financeira que concedesse empréstimos aos pobres rejeitados pelos bancos tradicionais. Nascia assim o Grameen Bank, principal banco credor de microcréditos para pessoas de baixa renda.
Hoje, segundo Yunus, o Grameen Bank atende cerca de 40 milhões de pessoas só em Bangladesh; 97% dos clientes são mulheres e o índice de inadimplência é inferior a 1%.
Apesar de ser considerado o "pai" do microcrédito, Yunus foi demitido do seu próprio banco em 2011, cinco anos após receber o Prêmio Nobel da Paz, por ter violado uma cláusula do regulamento fundador do Grameen Bank sobre as condições da nomeação do diretor-geral.
Segundo Muzamel Huq, presidente da instituição, Yunus foi nomeado diretor-geral do Grameen Bank em 2000 sem a aprovação do Banco Central de Bangladesh. "O artigo 14.1 prevê claramente que um diretor geral deve ser nomeado pelo conselho de administração com o acordo prévio do Banco de Bangladesh", afirmou Hug na época.
Serviço:
Banco Pérola: Rua Visconde de Rio Branco, 89, Vila Jardini, Sorocaba (SP). Fone: (15) 3033-2388. Site: www.bancoperola.org.br
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Chris Gardner, Forrest Gump, Jerry Maguire, Leônidas e outros personagens do cinema podem inspirar empreendedores, seja por sua história ou por seus feitos marcantes. Veja 10 indicações feitas por empresários consultados pelo UOL Leia maisArte/UOL
Atualizado: 11/10/2013 14:15 | Por Marcelo Godoy, estadao.com.br
PCC planeja matar o governador Geraldo Alckmin, revelam escutas
Escutas mostram membros da facção se queixando da repressão ao tráfico no Estado e discutindo um plano para executar o governador de São Paulo
Estadão Conteúdo
SÃO PAULO - O Primeiro Comando da Capital (PCC) decretou a morte do governador Geraldo Alckmin. Interceptações telefônicas mostram que pelo menos desde 2011 a facção planeja matar o governador de São Paulo. O Estado teve acesso ao áudio de uma interceptação telefônica na qual um dos líderes do PCC, o preso Luis Henrique Fernandes, o LH, conversa com dois outros integrantes da facção. O primeiro seria Rodrigo Felício, o Tiquinho, e o segundo era o integrante da cúpula do PCC, Fabiano Alves de Sousa, o Paca.
A conversa ocorreu no dia 11 de agosto de 2011, às 22h37. Paca questiona os comparsas sobre o que deveriam fazer. Em seguida, manda seus comparsas arrumarem "uns irmãos que não são pedidos (que não são procurados pela polícia) e treinar". O treinamento para a ação seria para fazer um resgate de presos ou para atacar autoridades.
No meio da conversa, surge a revelação. LH diz que o tráfico de drogas mantido pela facção está passando por dificuldades. E diz: "Depois que esse governador (Alckmin) entrou aí o bagulho ficou doido mesmo. Você sabe de tudo o que aconteceu, cara, na época que 'nois' decretou (mandou matar) ele (governador), então, hoje em dia, Secretário de Segurança Pública, Secretário de Administração, Comandante dos vermes (PM), estão todos contra 'nois'."
Em escutas recentes, a ordem de matar o governador foi novamente mencionada por membros do PCC.
"É como pôr um homem na Lua", diz Nicolelis sobre Walk Again
Brasileiro Miguel Nicolelis lidera equipe internacional que pretende, com uma estrutura robótica, fazer paraplégico dar o chute inicial da Copa de 2014. Em entrevista à DW, ele afirma que está perto do objetivo
O projeto Walk Again (Andar de Novo) tem um deadline preciso, como poucos no mundo da ciência. Até as 17h do dia 12 de junho de 2014, o produto desenvolvido em dois continentes por mais de 100 cientistas precisa estar funcionando diante de 70 mil pessoas e outros quase 3 bilhões telespectadores. A meta é desenvolver um exoesqueleto robótico que possibilitará a um paraplégico dar o pontapé inicial da Copa do Mundo do Brasil.
Em entrevista à DW Brasil, Miguel Nicolelis, diretor do projeto, diz que tudo dará certo. Dos Estados Unidos, ele coordenada equipes espalhadas na Europa e no Brasil que, simultaneamente, criam a estrutura robótica complexa – algo parecido com o Homem de Ferro, como ele próprio define.
Os protótipos chegam ao Brasil em novembro para serem testados em pacientes. Depois da Copa, os exoesqueletos do Walk Again vão continuar no País para projetos de reabilitação. " A gente espera que ele evolua para um protótipo que possa chegar ao consumo para os milhões de cidadãos no Brasil e no mundo que têm deficiências físicas e que não podem se locomover com autonomia hoje em dia", diz.
DW Brasil: O Projeto Walk Again tem um objetivo muito claro, que é fazer um paraplégico dar o chute inicial da Copa do Mundo no Brasil, com a ajuda de um exoesqueleto. Isso vai acontecer? Miguel Nicolelis: Se depender de nós, sem dúvida alguma. Nós temos cientistas na Europa, nos EUA, e no Brail trabalhando 24 horas por dia, em três turnos, para conseguir realizar essa primeira demonstração que, para nós, é o primeiro passo desse projeto. O Walk Again, na verdade, vai continuar depois. A demonstração da Copa é extremamente emblemática, mas a gente planejou essa demonstração para chamar a atenção do mundo todo para o fato de que estamos chegando muito perto de poder ter terapias de reabilitação que possam fazer as pessoas recuperarem um grau de qualidade de vida que elas perderam devido a lesões medulares, acidentes de automóveis ou doenças neurodegerativas. Então, a princípio, estamos dentro do cronograma. Cada dia a gente descobre um novo obstáculo.
DW Brasil: Isso acontece por se tratar de um projeto revolucionário? Miguel Nicolelis: Sim, isso nunca foi feito da maneira que a gente quer fazer, e também existem outros agravantes. Além de o exoesqueleto ser uma veste robótica controlada por sinais biológicos originados do cérebro, ele tem um feedback tátil que vai fazer com que as pessoas possam sentir que elas estão tocando o chão com essa veste robótica. Há ainda o fato de que é uma demonstração em ar livre, em um estádio de futebol, com 70 mil pessoas cheias de telefones celulares, câmeras e outros equipamentos gerando ruído eletrônico. Então temos que ter 100% de segurança de que tudo vai funcionar.
DW Brasil: Como é possível criar um exoesqueleto dessa forma, com o projeto sendo desenvolvido ao mesmo tempo em diferentes partes do mundo?
Miguel Nicolelis: A gente brinca que o nosso modelo de gestão científica é parecido com a forma como o cerébro funciona: de uma maneira distribuída, com bilhões de neurônios interagindo para a execução de uma tarefa. Nós decidimos que essa era forma mais otimizada e mais eficaz para realizar uma missão dessa magnitude: dividir e fazer múltiplas tarefas em paralelo.
O projeto envolve milhares de passos, é como pôr um homem na Lua. Só que não somos a Nasa, não temos os recursos e a infraestrustura que a Nasa tinha quando colocou o homem na Lua, estamos fazendo uma versão tupiniquim da Nasa. A única maneira de resolver isso era recrutar os melhores cientistas do mundo, convencê-los a abrir mão dos seus salários e de suas patentes, das suas ideias – porque estamos usando algumas ideias inovadoras que ainda não foram sequer publicadas. E eles concordaram, meus colegas, meus amigos mundo afora, generosamente abriram mão de tudo.
Descobrimos que o método de gestão distribuído funciona muito bem. O que permite que a gente avance. Um projeto que levaria de cinco a seis anos teve que ser reduzido, uma vez que ele foi aprovado oficialmente em janeiro deste ano. Ou seja, vamos executá-lo em 18 meses.
DW Brasil: Qual parte está sendo desenvolvida aqui na Alemanha? Miguel Nicolelis: Na Alemanha estamos construindo, juntamente com meu grande amigo Gordon Cheng, na Universidade Técnica de Munique, os sensores táteis dessa pele artificial. Essa foi uma ideia do Gordon: criar uma pele artificial que vai vestir o exoesqueleto principalmente na planta do pé para permitir que, quando o pé encoste no chão, a pessoa tenha noção de que encontrou o chão do ponto de vista tátil.
Esses sensores e a pele artificial foram desenvolvidos aqui, e toda a estrutura inicial, todo o pensamento, a filosofia do exoesqueleto foram desenvolvidos em conversa com o Gordon aqui em Munique. Agora essas ideias estão sendo implementadas na montagem dos dois primeiros protótipos do exoesqueleto, cujas propriedades foram testadas nos Estados Unidos, com macacos no meu laboratório na Universidade de Duke, mas estão sendo montados na França e serão enviados para o Brasil.
DW Brasil: E no Brasil serão feitos os testes com pacientes? Miguel Nicolelis: No Brasil, ao mesmo tempo que estamos estudando uma série de processos de controle do exoesqueleto no nosso instituto em Natal, temos um grupo de engenheiros de várias nações trabalhando em Natal, nesse momento, simulando como é que será o controle do exoesqueleto por sinais do cérebro. Em São Paulo estamos terminando um laboratório de reabilitação neurorobótica, onde os pacientes selecionados vão testar o exoesqueleto e outras tecnologias.
Existem simuladores para se usar o exoesqueleto, por exemplo. Nós contruímos um simulador virtual, uma sala que simula um estádio de futebol e a pessoa é imersa nesse estádio virtual e anda no andador robótico. Isso vai criar as condições para treinar o cerébro dessa pessoa para as condições do dia da abertura da Copa. O laboratório está ficando pronto. Em novembro a gente começa a trabalhar com os pacientes.
DW Brasil: Como será, no futuro, o uso do exoesqueleto? Miguel Nicolelis: O exoesqueleto é como se fosse uma veste mesmo, mas uma veste toda robótica. No futuro, teoricamente, as pessoas com deficiências começariam o dia vestindo o exoesqueleto e fazendo uma checagem de todos os motores, de todo o controle. É como a gente vê nos filmes de ficção, de certa maneira, no Homem de Ferro, por exemplo.
A partir daí, essa pessoa usaria a atividade mental para controlar os movimentos que seriam não só para fazer as atividades naturais diárias da vida, mas também para o processo de reabilitação. Manter o corpo se movimentando, apesar da lesão da medula espinal, é muito importante para manter a condição biológica dos músculos, dos ossos, cardiovascular. Então existem várias questões secundárias que ocorrem depois de uma lesão medular que o exoesqueleto resolveria em termos de reabilitação.
DW Brasil: E a comunicação com o cérebro, como ocorreria? Miguel Nicolelis: A gente já tem a tecnologia wiresless para transmitir sinais cerebrais para esses motores controladores do exoesqueleto. Em algumas circunstâncias, como na abertura da Copa, a gente ainda tenha que usar cabos para evitar o ruído eletrônico. Mas, a princípio, vamos usar métodos que foram já descritos em laboratório e, nessa primeira demonstração, vamos usar métodos não invasivos. Ou seja, vamos ler sinais do couro cabeludo do chamado eletroencefalograma, sinais que contêm uma informação ou também sinais musculares.
É como, de certa maneira, aprender a dirigir: existe um certo processo de treinamento para que a pessoa se acustume com a ideia. Porque é uma ideia totalmente nova, você precisa relaxar, imaginar o movimento que você quer fazer e deixar o exoesqueleto te carregar. E é preciso também processar os sinais táteis que o exoesqueleto vai devolver para o seu corpo.
Você vai andar e sentir o movimento. O cérebro tem que se adaptar – ele vai, lentamente, assimilar a veste robótica como se fosse uma extenção real do paciente. E eventualmente, esse paciente vai controlar o exoesqueleto de uma forma muito natural, como se ele tivesse andando com o próprio corpo.
DW Brasil: Como essa comunicação entre cérebro e exoesqueleto vai acontecer exatamente? Miguel Nicolelis: Além da veste propriamente dita, o exoesqueleto tem uma mochila, que é a central de controle, que é o cérebro do exoesqueleto que vai dialogar com o corpo do paciente. Essa central vai captar os sinais do cérebro do paciente, vai traduzi-los em sinais digitais para que o exoesqueleto possa entender e vai receber os sinais de feedback, que serão transmitidos de volta ao paciente.
Essa veste vai conter todos os motores hidráulicos que vão mover o exoesqueleto e as baterias, outro componete fundamental, porque elas vão fornecer a potência para o exoesqueleto funcionar.
DW Brasil: O projeto Walk Again recebeu críticas em algum momento? Miguel Nicolelis: Ele nunca recebeu críticas científicas, porque as pessoas conhecem o nosso laboratório e conhecem o trabalho que eu tenho feito nos últimos 30 anos. Nós tivemos pessoas no Brasil que questionaram o fato de o Brasil tentar fazer um projeto desse que, eu acho, é uma visão equivocada.
O Brasil é hoje um país inserido no mercado internacional de ciência e, para avançar em ciência num país como o nosso, é preciso que existam projetos ambiciosos que vão além da rotina. Se você nunca sonhar alto, nunca vai conseguir mudar de nível.
Projetos assim são importantes para divulgar a ciência, mostrar o que ela pode fazer pela humanidade e também estimular a comunidade científica a ambicionar mais. Isso ainda não faz muito parte da nossa cultura no Brasil. As pessoas que criticaram o investimento federal brasileiro público nesse projeto também não sabem que, em todo o mundo, são os governos que investem em ciência abstrata e aplicações clínicas iniciais.
Por onde eu passo no mundo, brasileiros e não brasileiros estão ansiosos com a possibilidade de ligar a televisão e ver algo que, para mim, vai ser similar a como pousar na Lua mesmo.
DW Brasil: E quem será esse paciente? Um brasileiro? Miguel Nicolelis: A gente espera que seja um brasileiro, a não ser que ocorra algo de última hora que a gente não está prevendo. Mas já temos um grupo de pacientes que estamos começando a selecionar em São Paulo. Nós não queremos criar nenhum espírito nesse grupo de pacientes de que existe alguém mais ou menos qualificado, porque vamos trabalhar com eles também depois da Copa. Só vamos saber realmente quem será a pessoa que vai dar esse chute nas últimas semanas, talvez nos últimos dias que antecedam a cerimônia de abertura.
Mas isso é secundário para nós. O que é importante é a gente ter certeza que a gente está criando algo que tenha um retorno real, um benefício para esses pacientes, que a gente possa abrir um horizonte de esperança de que, em alguns anos, cadeiras de roda se transformem em objetos de museu. E que a gente possa andar pelas ruas e notar que as pessoas que antigamente estavam numa cadeira de roda estão andando pela cidade, pegando ônibus, fazendo compras, vivendo plenamente.