sexta-feira, 25 de outubro de 2013
A Felicidade como meta política
http://brazil.afpmobile.com/pl/svt/si/afp/po/opbr/sc/afp_pt_newsall/dk/afpmobile.10-26-2013.0540/ms/6aKc5Nofun/r/1382747662/pa/301580/uid/
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
Análise da posição econômica da Petrobrás diante de concorrentes
/ Blogs e Colunistas
A destruição da Petrobras em uma análise setorial comparativa
Qualquer um que investiu sua poupança nas ações da Petrobras nos últimos anos sabe que as coisas não vão nada bem para a empresa. A estatal tem decepcionado todos aqueles que apostaram em seu crescimento e sua rentabilidade.
A seguir, farei uma análise comparativa da empresa com seus pares do setor, utilizando três indicadores que retratam bem o quadro preocupante em que a Petrobras se encontra atualmente. Explico em maiores detalhes cada um deles após a imagem.
Um dos indicadores mais usados pelas agências de risco e os investidores é a Dívida Líquida sobre o EBITDA. Este é uma medida aproximada da geração bruta de caixa das empresas, antes de impostos, pagamento de juros e desconto da depreciação.
Quando o indicador ultrapassa três vezes, costuma acender uma luz amarela. Significa o seguinte: se a empresa parasse de investir totalmente e não tivesse que pagar mais juros da dívida, ainda assim levaria três anos para honrar todo o estoque de dívida que possui.
A Petrobras chegou nesse patamar. E como podemos verificar, está bem acima das demais do setor, que não chegam a uma vez dívida sobre EBITDA, na média. O agressivo programa de investimentos da estatal fez com que sua alavancagem aumentasse muito. Só que não houve crescimento relevante na produção, e o retorno que a empresa consegue com esses investimentos é muito baixo:
O ROE (Return on Equity) mede a lucratividade da empresa, quanto ela consegue de lucro em relação ao seu patrimônio. Enquanto algumas empresas como a Exxon e a British Petroleum conseguem quase 20% de retorno, e a média do setor está perto de 15%, a Petrobras é o patinho feio, com 8% de retorno apenas.
Com um enorme endividamento em relação ao que gera de caixa, e um retorno tão medíocre, não é de se espantar que o valor de mercado da Petrobras seja o menor em relação ao lucro:
O P/E ratio (ou Preço / Lucro) é a razão entre o valor de mercado da empresa e seu lucro. Quanto maior for o crescimento projetado e a rentabilidade esperada pelos investidores, mais eles estarão dispostos a pagar pela companhia em relação ao seu lucro atual.
O valor de mercado, final, embute as expectativas de lucro à frente. Um P/E muito baixo está sinalizando que a empresa não goza de muita credibilidade perante os investidores. Ela está “barata”, justamente porque se espera baixo crescimento ou destruição de valor no futuro.
A última imagem é, portanto, o resultado das duas primeiras. A Petrobras expandiu demais seu endividamento, e não consegue obter bons retornos. Como consequência disso, perde valor de mercado. É, hoje, a empresa menos valiosa do setor em relação ao lucro.
Se as coisas continuarem nessa toada, com leilão de Libra, preços congelados pelo governo, ineficiência administrativa, escândalos de corrupção, uso político e tudo mais, a destruição de valor vai seguir seu curso. Mas ainda há quem bata no peito com orgulho e diga: “O petróleo é nosso!”
Tags: Petrobras
"Espionagem entre amigos é inaceitável" ... / Angela Merkel
http://www.dw.de/nsa-espionou-liga%C3%A7%C3%B5es-de-35-l%C3%ADderes-mundiais-diz-jornal/a-17182091
MUNDO
NSA espionou ligações de 35 líderes mundiais, diz jornal
Reportagem não revela que políticos teriam sido vigiados pelos EUA, mas denúncias recentes apontam que Dilma e Merkel estariam entre eles. Revelação ameaça aumentar atritos entre americanos e aliados.
A Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos teria monitorado as conversas telefônicas não só da presidente Dilma Rousseff e da chanceler federal alemã, Angela Merkel, como também de outros 33 líderes mundiais. A revelação foi feita nesta quinta-feira (24/10) pelo jornal britânico The Guardian, com base em documentos repassados pelo ex-técnico da CIA (agência de inteligência americana) Edward Snowden.
Para conseguir montar a base de dados, a NSA teria recorrido a outros departamentos do governo americano com contatos com políticos estrangeiros. A agência, segundo a reportagem do Guardian, incentivaria funcionários da Casa Branca, do Departamento de Estado e do Pentágono a informar os números de telefones de líderes e, assim, montar uma agenda telefônica para facilitar a espionagem.
Só um único funcionário americano teria entregado mais de 200 números de telefones, incluindo o de 35 líderes mundiais. A reportagem não identifica quais seriam os políticos, mas revelou-se recentemente, também com base nos documentos de Snowden repassados à imprensa, que Dilma e Merkel estariam entre as diretamente espionadas.
A revista italiana L'Espresso já antecipou que em sua edição desta sexta-feira publicará que, além dos líderes de Brasil e Alemanha, o governo italiano também foi espionado pelos EUA.
As revelações têm potencial para agravar a tensão entre americanos e seus aliados. Dilma cancelou uma viagem que faria a Washington neste mês após reportagem indicar que as comunicações do Planalto eram sistematicamente vigiadas pelos americanos.
Merkel, por sua vez, exigiu, diretamente e por telefone, explicações do presidente americano, Barack Obama, sobre as denúncias de que seu celular teria sido grampeado. Nesta quinta-feira, a chanceler federal disse que "espionagem entre amigos é algo que não dá [para aceitar]" e afirmou que a confiança dos alemães nos EUA como parceiros tem agora que "ser refeita".
O Guardian diz que procurou o governo Obama para comentar as novas denúncias, mas não obteve resposta. Nesta quinta-feira, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, evitou retrucar diretamente as revelações sobre espionagem a líderes mundias.
"Deixamos claro que os Estados Unidos reúnem inteligência no exterior assim como fazem todas as nações", limitou-se a afirmar Carney.
RPR/ dpa/ ap/ rtr
DW.DE
Bispo da Alemanha gastou mais de 30 milhões de euros em mansão // Exame
Veja fotos da mansão do bispo milionário da Alemanha
O bispo Franz-Peter Tebartz-van Elst, que gastou mais de 30 milhões de euros na construção de uma mansão na Alemanha, foi afastado pelo papa Francisco
Amanda Previdelli - EXAME.com
"Compadecer-se dos beagles é fácil.... O animal é tão bacana"
O animal é tão bacana
A invasão do Instituto Royal ganhou o aplauso de aspirantes a celebridades e de oportunistas à cata de uma bandeira simpática
O mundo começou sem o homem e terminará sem ele. Existimos agora e aqui. Assim como o indivíduo não está só no grupo, e cada sociedade não está só entre as outras, o homem não está só no universo. Há os beagles e Lévi-Strauss.
O Instituto Royal, que usa animais na pesquisa de remédios para o câncer, foi invadido na semana passada. Foram tirados de lá quase 200 cachorrinhos que estariam sendo maltratados. Com black blocs na vanguarda, um grupo afrontou a PM. A causa é antiga, a União Protetora dos Animais existe no Brasil desde 1895. Novo é o recurso à violência, produto das jornadas de junho. As pessoas agora tentam resolver na marra problemas nos quais as autoridades sentam em cima.
A invasão do laboratório ganhou o aplauso de aspirantes a celebridades e de oportunistas à cata de uma bandeira simpática. Para eles, nada como filhotes de olhos aquosos e esgar semelhante à alegria humana. Ao contrário das ratazanas, os beagles são brincalhões. Fossem só roedores, a primeira opção nas pesquisas científicas, um Protógenes Queiroz pensaria 18 vezes antes de se abalar até o Instituto Royal.
Madame é perua; tal político, uma anta; a tigrada não foi ao leilão do Campo de Libra. A relação dos homens com os animais está entranhada na linguagem porque data do tempo em que se amarrava cachorro com linguiça. Em comunidades religiosas houve o bode expiatório. Noutras, continua o tabu das vacas sagradas. A idolatria serviu de escusa para bater nas bestas. Como foi criado à imagem e semelhança da divindade, e só homem tem alma, tudo bem em atirar o pau no gato, ainda que dona Chica se admirasse do berro que ele deu.
Aí a razão proclamou: o que separa a sublime música humana do turvo grunhir dos porcos não é a alma, e sim a linguagem articulada, a consciência, a capacidade de entender Protógenes. E a razão gerou a coruja de Hegel, o homem-pássaro de Mozart, a pantera de Rilke. Na mesma cultura alemã, contudo, a serpente botou o ovo do nazismo, que fez pesquisas científicas e mimetizou matadouros industriais nos campos de extermínio.
Compadecer-se dos beagles é fácil. Além de afáveis, eles são fiéis como Argos, o cão de Ulisses, o único a reconhecê-lo quando voltou a Ítaca. Eles estão próximos do indivíduo, e quem está perto recebe atenção maior. O sujeito primeiro protege a si mesmo e à família, inventa o nepotismo e emprega o sobrinho, depois defende o clã e a classe, despreza quem não é do rebanho, seus rottweilers o protegerão da horda de hienas. Assim, a caminho do Porcão, a menina que se enternece com beagles olha com fleuma o menino que vende balas num cruzamento na Lagoa. Na tocaia, a menina crescerá águia e o menino envelhecerá rapina.
Difícil é se condoer da galinha, da vaca e do peixe surdo-mudo no mar. Só quem já entrou numa fábrica de carne, sentiu o odor da morte mecanizada, sabe que a dor dos animais não é frívola. Para acabar com ela teríamos todos que virar vegetarianos. O que levaria ao problema de sete bilhões de pessoas que se alimentem sem trucidar o frango, a rês, a tainha. Uma solução é talhá-los em nacos assépticos, embrulhá-los no celofane dos supermercados, esquecer que o presunto vem da natureza como a gente.
Outra solução é acabar com a bicharada. Como não havia comida para todos, Mao Tsé-Tung proibiu os animais de estimação. Não sobrou nenhum peixinho dourado para contar a história. Aqui, pet-shops fechariam as portas e passeadores de lulus perderiam o emprego. Mas com a grana da ração para bichos caseiros daria para arrematar o Campo de Libra. Embora o camarada Mao também determinasse que cada casal tivesse apenas um filho, política ainda vigente na China, o povo continuou a crescer, e a comida, a faltar.
A superação teria de ser radical — que a Humanidade aja de fato como espécie e ache o seu lugar na natureza, sem explorar seus membros e a outros animais. Que a Pré-História acabe e o homem deixe de ser ególatra, indivíduo. O Eu não é apenas detestável, ele não tem lugar entre o Nós e o Nada. No neolítico, o homem conhecia o fogo, rudimentos da agricultura e se protegia do frio. Aquele tempo não ficou para trás de todo, ele reaparece na simpatia pelos beagles. Como disse Lévi-Strauss no fim de “Tristes Trópicos”, esse tempo existe nos breves intervalos em que nossa espécie suporta interromper seu labor de colmeia e busca a essência do que ela foi e continua a ser, aquém do pensamento e além da sociedade: na contemplação de um mineral mais belo que todas as nossas obras; no perfume, mais sábio que os nossos livros, respirado no coração de um lírio; ou na piscada pesada de paciência, de serenidade e de perdão recíproco que um entendimento involuntário permite às vezes trocar com um gato.
O Silêncio como protagonista de uma relação... / Palito e sua saga
Sem palavras, só com olhares, com o silêncio no lugar de palavras Palito conseguiu
voltar a viver com saúde, alegria e gratidão.
E por falar em silêncio... / Pó de Lua
QUARTA-FEIRA, 30 DE JANEIRO DE 2013
Olha pra Rua de Sempre de Novo.
O casal. |
Meu caderninho e eu. Foto de Pri. |
Hoje eu vou escrever um texto sem muitas preocupações com poesia e forma. Bem simplesmente, é só uma coisa que vi.
Estou passando alguns meses estudando criatividade aqui em Buenos Aires. A informação é apenas para ajudar no contexto do que eu vou contar. Dois meses em uma cidade cheia de vida e gente como esta, te dão a chance de viver determinadas coisas com muita calma. Com muita pressa também. Mas vou contar uma das coisas da calma.
Semana passada, minha dupla de criação, Pri, e eu, decidimos dar uma volta no Jardim Botânico. Fomos e cada uma levou seu objeto de ar pra respirar. Ela, a sua pasta de desenho. Eu, meu caderninho. Queria ver se teria uma chance de parar pra escrever num parque. Dessas coisas que morro de vontade de fazer todos os dias no Recife, mas a vida de trabalho toma todos os seus goles de tempo e você ainda fica morrendo de sede.
Andamos, rimos, turistamos (o lugar é lindo) e enfim paramos em um banco enorme. Nem Pri nem eu somos exatamente pequenas e nos espalhamos bem nele. Não demorou muito e ela mergulhou eu suas ilustrações fantásticas. Não demorou muito e eu deitei cansada sem pensar em nada, louca pra ter aquela pose maravilhosa de gente escrevendo no parque, mas minha velhice aguda não permite. Acho que não nasci pra isso. Acabo sempre escrevendo no escuro, antes de dormir. Zero glamour. Deitei, morri, voltei. Pri continuava nadando em seu desenho. Acabei me rendendo ao meu caderninho guardado e quase não sabia o que fazer. Eu teria horas só com ele e tinha mil coisas a dizer. Morar longe te enche de pensamentos porque você fica vazio. Vazio das coisas que normalmente preenchem seu tempo e sua mente. Periga você esvaziar a alma. Mas isso eu não consigo, é a matéria fundamental pra o meu saco vazio parar em pé. Me esforço muito pra dar de comer a ela.
Enfim me rendi e escrevi.Sem muito sucesso. Umas poucas linhas, umas coisinhas aqui, umas sinceridades ali. Já já elas aparecem por aqui. E eu já estava mesmo desistindo de escrever quando olhei de lado e os vi.
Sentados em um desses bancos enormes, só os dois, se encontrava um casal de meia idade. O que me chamou mesmo a atenção era que o banco não estava virado para a beleza do parque, pra onde Pri e eu havíamos fugido. Ele ficava perto da grade, que dava pra avenida movimentada e estava virado para ela. Os dois estavam ali sentados em silêncio, meio abraçados olhando apenas a rua. Comecei a esperar que se cansassem, que começassem a conversar, mas não. Eles passaram muito tempo olhando simplesmente a rua, sentados um ao lado do outro. A essa altura meu caderninho já estava me cutucando, pedindo atenção. Ignorei. Realmente estava agora com o casal, meio que impressionada, meio que curiosa, achando a cena estranha. Na verdade eles me lembraram duas pessoas assistindo televisão. A posição, o silêncio, o foco. Mas era só a rua o entretenimento.
Eu mesma já estava com os fones de ouvido faz tempo. Achava um insulto aquele barulho de ônibus mais alto que o silêncio do jardim. Eles passaram ainda o que me pareceram horas ali parados diante da sua gigante tela de cinema. Estrelando: o cotidiano.
O casal já tinha seus cabelos brancos. Acho que entendiam bem de cotidiano. O que fazia então que eles parassem para contemplá-lo? Nós, que vivemos presos ao cotidiano, às nossas pressas e barulhos, paramos para contemplar um jardim bonito, uma beleza qualquer, uma tela de TV que nos leve pra longe. Mas parar para admirar durante horas o nosso corriqueiro, o de sempre, como se fosse algo extraordinário que merece atenção?
Pensei então que eles talvez não se importassem com o que estava acontecendo na rua. O que valia era estar ali sentado ao lado dele e ele ao lado dela. Me perguntei de novo se isso também não já deveria ser corriqueiro. Um casal com seus cabelos brancos já teve anos e anos para sentar lado a lado e estavam ali como quem degusta daquele momento em silêncio.
De repente ele puxa algum assunto. Ela responde algo, mas sem desviar muito os olhos da rua, como quem não quer perder um detalhe do filme. Ele ri. Ela ri. Eles conversam. Os dois voltam os olhos para a rua. E eu ri também.
A rotina admirando o corriqueiro, que ria do de sempre que, por sua vez, estava de olhos fixos no trivial e todos ali, sentados, pareciam um triângulo amoroso: o banco, o casal, a rua. Todos apaixonados entre si. Me vi admirando a capacidade daquele triângulo de parar para olhar a rotina, para sentir aquela pele de sempre, a piada de todos os dias, a buzina de ontem.
Simplesmente porque a vida está ali, se apaixonando de novo por ela, escondendo seus amores de quem passa com pressa.
Clarice.
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Vitrine de jornais / 24/10
24/10/2013 - 07h20
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DE SÃO PAULO
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Jornais nacionais
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Merkel reclama com Obama por suspeitar de grampo em seu celular
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quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Dois pesos, duas medidas / A marcha ou a mancha do contraditório do PT
23/10/2013
às 17:18 \ Direto ao PontoDilma consola o cubano vaiado em Fortaleza com o pedido de desculpas negado à blogueira agredida por milícias governistas
Em 28 de agosto, o post republicado na seção Vale Reprise discordou da manifestação de hostilidade sofrida em Fortaleza por Juan Delgado, um dos médicos importados de Cuba pelo governo Dilma Rousseff. Os jalecos despachados para o Brasil não tinham escolha, constata um trecho do texto. O acordo abjeto foi coisa de comparsas: a presidente e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, agiram em cumplicidade com a ditadura cubana. E os doutores escalados para a temporada no País do Carnaval aprenderam há muito tempo que o regime comunista não oferece opções; ordena.
Sim, muitos cubanos encaram a vinda para o Brasil como uma honrosa missão, indispensável à disseminação de paraísos socialistas. São escravos voluntários que não sabem o que dizem. Nunca viram de perto uma democracia genuína, nem imaginam o que é a vida em liberdade. Mas também há entre eles os que já enxergaram a realidade e sonham com a alforria definitiva, como a jornalista Yoani Sánchez. Não há diferença entre os gritos que Juan Delgado ouviu e o berreiro das milícias mobilizadas pela seita lulopetista para silenciar a blogueira que ousa ver as coisas como as coisas são.
Dilma Rousseff não viu nada de mais nos atos de selvageria promovidos em todas as aparições públicas de Yoani na recente visita ao Brasil. A amiga dos Irmãos Castro deve achar, como tantos, que uma inimiga de seus amigos é sua inimiga também. O cubano vaiado no Ceará, ao contrário, seria um amigo dos seus amigos, informa a decisão de enfeitar com Juan Delgado o comício celebrado nesta terça-feira em louvor do programa Mais Médicos. Em nome do país, o inevitável terninho vermelho pediu desculpas ao jaleco cuja alvura foi sublinhada pelo contraste com a gola preta da camisa. E ofereceu-lhe a solidariedade negada à jornalista agredida por patrulheiros de estimação.
Mais uma vez, o Brasil que presta pede desculpas a Yoani Sanchez. E lembra à jornalista sem medo que vaias tramadas por devotos do arbítrio são condecorações sonoras.
Na China uma fábrica de autos é mais barata...
23/10/2013
às 13:23 \ Feira Livre‘O exemplo da China’, por Carlos Brickmann
Publicado na coluna de Carlos Brickmann
CARLOS BRICKMANN
Duas empresas estatais chinesas se associaram a três gigantes petrolíferas, a Shell anglo-holandesa, a Total francesa e a Petrobras, e ganharam o campo de Libra, no pré-sal. Quem diria, há 30 anos, que a China teria cacife para isso?
Mas deixemos o pré-sal de lado, que todos os meios de comunicação só falam nele. Falemos da Chery – uma produtora chinesa de automóveis, que está montando sua fábrica em Jacareí, SP. Em vez de comprar as vigas de aço no Brasil, a Chery comprou-as na China. Foram três viagens de navio, de 30 dias; 150 caminhões fretados para levar as vigas de Santos a Jacareí; batedores para a subida da Serra do Mar. E ainda assim, com impostos de importação e tudo, o material saiu mais barato do que se tivesse sido comprado no Brasil. Aliás, de certa forma, as vigas de aço são coisa nossa: boa parte do minério de ferro que os chineses usam em suas usinas de aço viajou em trens e navios das minas brasileiras até a China. O minério viajou para ser transformado em aço, o aço viaja para virar fábrica.
Tags: Carlos Brickmann, cartel, China, CPI, Dilma Rousseff, Importação, leilão,Luiz Carlos Hauly, Paulo Teixeira, Petrobras, privatização, Siemens
"O Brasil é um vasto programa de auditório com pitadas de missa solene e jogo de futebol..." / Roberto Damatta
Achados e perdidos
23 de outubro de 2013 | 2h 23
Roberto Damatta - O Estado de S.Paulo
Às vezes, eu sinto a angústia de um menino perdido numa multidão. Vivemos hoje no Brasil um período inusitado de estabilidade política permeada pelas superimposições promovidas pelo casamento entre hierarquias aristocráticas - que em todas as sociedades (e sobretudo na escravidão, como percebeu o seu teórico mais sensível, Joaquim Nabuco) têm como base a amizade e a simpatia pessoal; e o individualismo moderno relativamente igualitário que demanda burocracia e, com ela, uma impecável, abrangente e inatingível impessoalidade.
O hibridismo resultante pode ser negativo ou positivo. Pelo que capturo, o hibridismo - ou o mulatismo ético - é sempre mal visto porque ele não cabe no modo ocidental de pensar. Provam isso as Cruzadas, a Inquisição, o Puritanismo, as Guerras Mundiais, o Holocausto e a exagerada ênfase na purificação e na eugenia - na coerência absoluta entre gente, terra, língua e costumes, típicas do eurocentrismo. A mistura corre do lado errado e tende a derrapar como um carro dirigido por jovens bêbados quando saem da balada; ou da esquerda carismática-populista, burocrática e patrimonialista no poder.
Desconfio que continuamos divididos entre tipos de dominação weberiana e suas instituições. Fazer a lei e, sobretudo, preparar a sociedade para a lei, ou simplesmente prender? Chamar a polícia (que é, salvo as honrosas exceções, intensamente ligada aos bandidos e chefes do crime paradoxalmente presos) ou resolver pela "política"? Mas como fazê-lo se os "políticos" (com as exceções de praxe) estão interessados no desequilíbrio porque a estabilidade impede e dificulta a chegada ao "poder"? Poder que significa, além da sacralização pessoal, um imoral enriquecimento pelo povo e com o povo. Ademais, somente uma minoria acredita na política representada por instituições igualitárias e niveladoras.
Para ser mais preciso ou confuso, amamos a dominação racional-legal estilo germano-romana, mas não deixamos de lado nosso apreço infinito pela dominação carismática em todas as esferas sociais, inclusive na "cultura", como revela esse disparate de censurar biografias. Temos irrestrita admiração por todos os que usaram e abusaram da liberdade individualista nesse nosso mundinho relacional quando os perdoamos e não os criticamos, o que conduz a uma confusão trágica entre o uso da liberdade e o seu abuso irresponsável. Esses mimados pela vida e exaltados pelos amigos - os nossos maluquinhos - legitimam a ambiguidade que se consolida pelo pessoalismo do herói a ser lido pelo lado do direito ou do avesso. Esse avesso que, no Brasil, é confundido com a causa dos oprimidos num esquerdismo que tem tudo a ver com uma "ética da caridade" do catolicismo balizador e historicamente oficial. Com isso, ficamos sempre - como dizia aquele general-ditador - a um passo do abismo. Andar para trás é condescendência, para a frente, suicídio.
Como gostamos de brincar com fogo, estamos sempre a um passo da legitimação da violência justificada como a voz dos oprimidos que ainda não aprenderam a se manifestar corretamente. E como fazê-lo se jamais tivemos um ensino efetivamente igualitário ou instrumental para o igualitarismo numa sociedade cunhada pelo escravismo e por uma ética de condescendência pelos amigos e conhecidos?
Pressinto uma enorme violência no nosso sistema de vida. Temo que ela venha a ocupar um território ainda mais denso e seja usada para legitimar outras violências tanto ou mais brutais do que o "quebra-quebra" hoje redefinido como "manifestações". Protestos que começam como demandas legitimas e, infiltrados, tornam-se "quebra-quebras". Qual é o lado a ser tomado se ambos são legítimos e, como é óbvio, dizem alguma coisa como tudo o que é humano?
Estou, pois, um tanto perdido e um tanto achado nessa encruzilhada entre demandas legais e prestígios pessoais. Entre patrimonialismo carismático e burocracia, os quais sustentam o "Você sabe com quem está falando?" - esse padrinho do "comigo é diferente", "cada caso é um caso", "ele é meu amigo", "você está errado mas eu continuo te amando"... E por aí vai numa sequência que o leitor pode inferir, deferir ou embargar.
Embargar, aliás, é o verbo e a figura jurídica do momento em que vivemos e dos sistemas que se constroem pela lei, mas confundindo a regra com o curso torto, podre e vaidoso da humanidade, tem as suas cláusulas de desconstrução. Com isso, condenamos com a mão direita e embargamos com a esquerda; ou criamos os heróis com a esquerda e os embargamos com a direita. Construímos pela metade. O ponto que já foi ressaltado por mim algumas vezes é o simples: se conseguirmos assumir e controlar abertamente a ambiguidade, há a esperança de controlá-la. E isso pode ser uma enorme vantagem num planeta cujo futuro é um inevitável "abrasileiramento".
Assim, entre o ser obrigado a calvinisticamente condenar, como fazem os nossos brothers americanos que todo dia atiram nos próprios pés, podemos assumir em definitivo que todos têm razão. Afinal de contas, o Brasil é um vasto programa de auditório com pitadas de missa solene e jogo de futebol
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