quinta-feira, 21 de março de 2013

Inep diz que vai acabar com o 'bullyng' que a língua portuguesa sofre nas redações de seus exames...


Presidente do Inep diz que próximo Enem vai anular redações com deboches

Luiz Claudio Costa diz estar “convencido” de que brincadeiras, como inserção de receita de miojo nos textos, precisam ser punidas. Redações nota 1.000 também serão debatidas

Priscilla Borges - iG Brasília 

O próximo edital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deverá trazer novas mudanças no modelo de correção das redações. Luiz Claudio Costa, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), defendeu que “inserções indevidas, como deboches e brincadeiras”, devem ser punidas.
A proposta evitaria que redações como as divulgadas esta semana com uma receita de ‘miojo’ e ohino do Palmeiras fossem corrigidas. “O aprimoramento e o debate técnico são ótimos para o País. Eu estou convencido de que devemos separar o joio do trigo, punir deboche em respeito ao estudante que faz a prova com seriedade. Vai dar mais trabalho aos corretores, claro, mas estou convencido de que será necessário. Esse é um bom debate”, disse.
Costa explicou que, hoje, o edital não prevê eliminação para candidatos que mantêm o raciocínio no contexto geral do texto. Ele diz que a maior parte dos estudantes faz o Enem sob pressão e, pedagogicamente, um possível “branco” ou desvio é esperado. “Mas o que coloca deliberadamente esse tipo de coisa tem de ser penalizado. A correção não é feita ao acaso. E elas foram tão corretas que as notas foram parecidas”, afirmou.
Segundo o Inep, poucos foram os casos em que os candidatos “inseriram algo indevido” nos textos. Entre as 4,1 milhões de redações, cerca de 300 se enquadraram nesse perfil. “Temos um bom debate técnico a fazer a partir delas e que só está aparecendo por causa do nosso aprimoramento (divulgação dos espelhos das redações). Temos a humildade para reconhecer que é um processo. A discussão desqualificada não beneficia ninguém”, comentou.
O que é nota 1000?
Outro debate que os técnicos do Inep farão junto com os organizadores das provas do Enem, o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da UnB (Cespe) e a Cesgranrio, é sobre os padrões de correção dos textos. Até hoje, os editais do Enem “aceitam” pequenos deslizes cometidos pelos candidatos durante a redação. Isso significa que erros de concordância, grafia ou acentuação não desqualificam bons textos.
Por isso, casos como os divulgados pelo jornal "O Globo" em que textos nota 1000 (a escala varia de 0 a 1000) apresentavam erros de grafia das palavras, como “trousse” e “enchergar”, podem ocorrer. “Apesar disso, essas foram ótimas redações. Os debates já existiam e vamos voltar a eles. Há correntes que defendiam que a nota máxima não pode contemplar nenhum erro. Esse é um bom debate e voltaremos a ele, mas a norma culta é contemplada no Enem”, defendeu.
Apenas 1,7% das redações do Enem tiveram acima de 900 pontos. Delas, 2 mil receberam nota máxima. “Isso prova como não houve nenhum tipo de orientação para flexibilizar qualquer correção. Quem afirma isso está sendo leviano e mentiroso”, bradou. Para ele, o debate só está vindo à tona por causa do próprio aprimoramento do processo, com a divulgação dos espelhos da redação.
“Estamos falando de seis provas, que podem levar a um bom debate técnico e podem nos ajudar a aprimorar o sistema. Mas, agora, o debate foi distorcido e superdimensionado”, disse.

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