quarta-feira, 3 de julho de 2013

"Ainda podemos economizar 42 MARACANÃS".... ! Ou mais um enrolo que vem rápido - Trem Bala - e pode encher as ruas...

http://www.contasabertas.com.br/WebSite/Noticias/DetalheNoticias.aspx?Id=1766
03/07/2013
Legado: o que ainda podemos aprender com a Copa?
Dyelle Menezes
Do Contas Abertas
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Apesar de o gasto com aos estádios brasileiros já ser leite está derramado, em artigo denominado “Ainda podemos economizar 42 maracanãs”, Marcos Mendes e Alexandre Guimarães, consultores legislativos do Senado Federal, concluem que ainda há como a população brasileira tirar proveito da experiência com a Copa do Mundo de 2014 e obter legado efetivamente positivo.
Segundo os autores, as instituições públicas e privadas, tais como o Tribunal de Contas da União, o Ministério Público, as comissões temáticas do legislativo, as associações de classe, a imprensa e as ONGs precisam tomar consciência da existência do viés de otimismo e da deturpação estratégica. “Cada vez que um planejador público apresentar um projeto de alto custo, é preciso questionar as estimativas de custos e benefícios que são apresentadas”, expressam.
 Outra lição fundamental a ser aprendida pelos brasileiros seria a de que é fundamental elencar os investimentos por ordem de prioridade. “Não é possível fazer tudo ao mesmo tempo, ainda mais com a restrição fiscal e a baixa capacidade de planejamento/execução do nosso setor público. O governo, ainda que conte com a participação da iniciativa privada, não consegue, ao mesmo tempo, construir estádios, ampliar metrôs, redesenhar corredores de ônibus, ampliar o saneamento básico, construir hospitais ou aperfeiçoar a educação. É imperioso ter uma lista de prioridades”, diz Marcos Mendes.
O artigo dos autores cita, por exemplo, o chamado “trem-bala”, que ligará o Rio de Janeiro à São Paulo. De acordo com os autores, o projeto de engenharia tem “toda pinta” de, assim como os estádios da Copa, ser um caso clássico de baixa prioridade associada à superestimativa de retorno econômico-social.
“O projeto não é prioritário porque será um meio de transporte de luxo, com passagens caras, destinado a transportar pessoas de renda alta entre Rio e São Paulo. O nó urbano em que vivemos evidentemente indica que o prioritário é fazer São Paulo, Rio e demais cidades saírem do engarrafamento permanente que existe dentro de cada cidade, ao invés de investir em transporte rápido, acessível a poucos, entre as cidades”, explica o artigo.
Segundo os autores, quando questionado sobre quão prioritário seria o trem-bala em relação a outros projetos de infraestrutura, uma autoridade governamental diretamente encarregada de desenvolver o projeto deu clara demonstração de não estar preocupada com o adequado ordenamento de prioridades. “O que temos que entender no Brasil é que esse falso dilema de prioridades levou o País a parar. “Quer dizer, vai lá no Pará e no Amazonas e vê se a Transamazônica não tem nenhuma funcionalidade lá hoje, se ela não gerou nenhuma transformação naquela região [...] Quer dizer, a gente tem que perceber que temos que olhar este país no que ele precisa e buscar fazer o que ele necessita. Vamos supor: vamos abandonar o trem de alta velocidade, vamos puxar um projeto e colocá-lo em pé. E qual será o projeto?”, teria dito a autoridade.
“Fazer uma lista de prioridades é, para essa autoridade, um “falso dilema”, ou seja, uma perda de tempo. Não importa buscar o projeto de maior retorno econômico e social: escolha-se qualquer um e toque-se em frente. É esse mesmo raciocínio que coloca estádios de futebol à frente de saneamento básico, transporte urbano e outras prioridades gritantes da realidade urbana brasileira”, conclui o artigo.
Os sinais de subestimativa de custos e superestimativa de benefícios no projeto do trem-bala estão por toda a parte e o enredo da novela é muito parecido com o dos estádios da Copa. Inicialmente, as autoridades afirmavam que não haveria um centavo de dinheiro público no projeto. Na formatação atual o governo já admite forte envolvimento de recursos públicos e subsídios do Tesouro via financiamento do BNDES, bem como está disposto a dar todo tipo de garantias e a absorver riscos.
Para o trem-bala, a estimativa de custo já pulou de R$ 18 bilhões para R$ 35,6 bilhões. Este é o valor atualmente apresentado pelas autoridades, mas com a ressalva de que está a preços de 2008. Corrigindo-se tal custo pelo índice de preços da construção civil (INCC) o valor pode chegar a R$ 50 bilhões, o equivalente a 42 Maracanãs.
“Essa é a estimativa oficial, provavelmente subestimada, como analisado nos estudos acima citados, que apontam indícios de viés de otimismo e deturpação estratégica no projeto do trem de alta velocidade. Se a experiência negativa da sociedade brasileira com os estádios da Copa servir para que possamos definitivamente interromper o projeto do trem-bala, recanalizando os recursos para prioridades mais urgentes, isso valerá mais que um hexacampeonato”, conclui o texto.

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