sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi / Passeio pelos locais das provas




Por Andy Isaacson- The New York Times News Service/Syndicate
Dando uma volta pelo futuro olímpico da Rússia



Ler todo o artigoAnterior12Próximo
Dando uma volta pelo futuro olímpico da Rússia

  Antes  que eu pudesse entrar no teleférico do Rosa Khutor, uma área de esqui que faz parte de Sochi, onde serão realizados os Jogos Olímpicos de Inverno do ano que vem, precisei primeiro passar por um detector de metais operado por soldados russos com metralhadoras e chapéus de pele. Isso não é algo que eu esteja acostumado a fazer. Nos teleféricos do oeste dos EUA, onde costumo esquiar, sou atendido por jovens alegres que não se importam de passar o dia todo em pé, se isso for necessário para transformar os sonhos em realidade.
Diferentemente dos soldados armados, Sasha Krasnov, o guia local com quem me encontrei, se sentiria em casa nas Montanhas Rochosas. Aos 27 anos e com os cabelos desgrenhados, ele se identifica como um "free rider" – ou seja, alguém que esquia fora das pistas traçadas. Uma tempestade havia trazido neve fresca durante a noite, dando fim a um longo período de seca e Sasha, com a cabeça protegida por um capacete sujo, estava feliz como uma criança na manhã de Natal.

O bondinho nos tirou da base e nos levou muito além de uma torre do relógio em estilo italiano construída com o dinheiro de um oligarca, em frente a uma floresta de olmos polvilhada de neve. Nuvens grossas escureciam minha vista, de forma que abri um mapa da trilha, que estava inteiro em russo. Nele podia ver que o Rosa Khutor era igual a qualquer resort europeu, com uma série de teleféricos ligando o vale do rio a 550 metros de altitude, com o pico sem árvores a 2.320 metros. Assim como nos Alpes, o resort tem uma abordagem tranquila em relação à criação das trilhas. Apenas algumas delas têm nomes, o que não fazia muita diferença de qualquer forma, a menos que você saiba ler cirílico, ou tenha facilidade com símbolos. Eu me perguntei em voz alta se haveria alguma espécie de demarcação, ou corda, para mostrar os limites do resort.
"Sem cordas!", respondeu Sasha com um sorriso de quem entende do assunto. "Isso aqui é a Rússia".

Cerca de uma década atrás, o governo russo decidiu que não havia razão para que perdessem turistas para a Suíça, a França ou a Itália. Eles trouxeram um construtor de resorts de Whistler, na Columbia Britânica, chamado Paul Mathews, para avaliar o potencial do Cáucaso para o turismo de inverno. Mathews olhou para as linhas escarpadas que cercavam o vilarejo sonolento de Krasnaya Polyana, no vale do rio acima de Sochi, uma cidade de cerca de 400.000 habitantes; em toda extensão, riachos profundos que desembocam dali; nas regiões glaciais e planícies tranquilas. O local o fez lembrar de Les Trois Vallées, na França, que está entre as maiores áreas interligadas de esqui do mundo. Mathews esboçou alguns planos e, em 2002, a Interros, um conglomerado comandado por Vladimir Potanin, um dos homens mais ricos da Rússia, e a Gazprom, a maior produtora mundial de gás natural, começaram a construir resorts de esqui.

Situada no Mar Negro, Sochi possui um clima temperado agradável que atrai russos aos refúgios a beira mar desde os tempos de Stalin. As palmeiras da cidade podem até enganá-lo e fazê-lo acreditar que está em outro país. "Sochi é um lugar como nenhum outro", afirmou o presidente Vladimir Putin ao Comitê Olímpico Internacional, quando a cidade foi escolhida para os Jogos de 2014. "Na orla, você pode curtir um dia primaveril, mas basta subir as montanhas e já é inverno".
Quando fui para Sochi em março, junto com meu amigo Than, o tempo nem era primaveril, nem estava bom. A tempestade de fim de inverno que havia desviado nosso voo para Moscou na noite anterior lançou uma sombra cinza e um humor meditabundo sobre a cidade subtropical. Procuramos um táxi para Krasnaya Polyana, uma viagem de uma hora em uma estrada larga de duas pistas, pelos desfiladeiros do Rio Mzymta. (Uma nova rodovia e uma ferrovia de alta velocidade estão sendo construídas do outro lado do rio e cortarão pela metade o tempo de viagem.)
"Isso é um ótimo presente para nós", afirmou Sasha, enquanto andávamos no teleférico na manhã seguinte. Descobrimos que a tempestade havia trazido neve demais, pois a metade exposta na parte de cima da montanha – que consiste de cascatas e cachoeiras – estava fechada. Sasha me entregou um transreceptor para avalanches que estava em sua mochila e perguntou se eu já havia utilizado algum. Iríamos esquiar voltados para dentro e sempre perto do teleférico – nada íngreme demais –, mas o perigo era claro: para todos os efeitos estávamos esquiando por conta própria. Isso aqui era a Rússia, afinal.
Gondolas ascend the slopes of the Rosa Khutor ski resort, one of the sites of events at the 2014 Winter Olympics in Sochi, Russia, Nov. 21, 2013. Wealthy Russians have long preferred the Alps to the country's own ski resorts, and Sochi's developers have a host of challenges to meet before the start of the Games in February. (© Andy Isaacson/The New York Times)

Nenhum comentário:

Postar um comentário