quinta-feira, 19 de março de 2015

Escolha um adjetivo para o exército do MST .> matafórico, digo metafórico; envergonhado; terceirizado pelo PT; pronto pra brigar... / coluna de Reinaldo Azevedo / Veja


Um exército envergonhado com rostos encobertos
19/03/2015
 às 16:23

Comissão quer que Lula e Stédile expliquem o que quer dizer “colocar o exército do MST nas ruas”. Eu também quero! Quem ameaça a democracia faz terrorismo

O que é exército metafórico? Não sei. Quem tem de explicar é Lula. Já um exército de metáforas, bem, aí sei o que é: trata-se de uma alegoria. Vamos ver. No dia 24 de fevereiro, Luiz Inácio Lula da Silva conspurcou a sede da Associação Brasileira de Imprensa e pregou que João Pedro Stédile, chefão do MST, coloque seu exército na rua em defesa do governo. Afirmou literalmente: “Também sabemos brigar. Sobretudo quando o Stédile colocar o exército dele nas ruas”.
Muito bem! A Comissão de Direitos Humanos da Câmara aprovou um convite para que o sr. Lula e o sr. Stédile, então presente ao evento, expliquem o que isso quer dizer. O requerimento foi apresentado por Ezequiel Teixeira (SDD-RJ). A imprensa informa que os maiores apoiadores do convite foram os deputados evangélicos, que perderam a presidência da comissão para o PT, que indicou para a função o deputado Paulo Pimenta (RS). É assim? Então viva a bancada evangélica! Eu também quero saber o que Lula pretendeu dizer com aquilo.
Jean Wyllys (RJ), cada vez mais um deputado do PSOL a serviço do PT, fartamente elogiado pela Secom por defender o governo com mais entusiasmo do que os petistas (dê um ministério pra ele, Dilma!), acusou uma “hipervalorização” da declaração num contexto de polarização política. Ora, vejam só quem fala! Em 2012, o pastor Silas Malafaia criticou a Marcha Gay por ter levado para a avenida modelos vestidos de santos católicos em situações homoeróticas. O pastor disse então na TV: “É para a Igreja Católica entrar de pau em cima desses caras, sabe? Baixar o porrete em cima pra esses caras aprenderem. É uma vergonha!”
Qualquer um que atentasse para o contexto de sua fala perceberia que ele se refira a ações na Justiça. Até porque a igreja não tem porrete nem ameaça ninguém. Mesmo assim, ONGs, Ministério Público e Jean Wyllys se mobilizaram para punir Malafaia. Sabem qual era a acusação? Incitar a violência contra os gays. Perderam, é claro!
Quando Lula, no entanto, convoca o MST apôr na rua o seu exército, Wyllys não vê nada demais. Nem ele nem Érika Kokay (DF), uma das petistas da comissão. Segundo a deputada, tratava-se de uma metáfora.
É mesmo? No dia 5 de março, duas semanas depois da fala de Lula, um destacamento de mulheres do “exército” de Stédile invadiu uma unidade de pesquisa em Itapetininga, onde a FuturaGene e a Suzano Celulose desenvolvem uma espécie geneticamente modificada de eucalipto. Destruíram as mudas e jogaram no lixo mais de 10 anos de pesquisa. O prédio foi pichado, e os funcionários, feitos reféns. Ninguém nem sequer foi preso.
Metáforas não invadem laboratório e destroem pesquisa. Metáforas não invadem propriedade alheia. Metáforas não impedem o direito de ir e vir. Metáforas, no máximo, seduzem subintelectuais do miolo mole, que gostam de planejar a revolução no conforto de seus lares, certos de que o lombo que vai ser posto em risco é o alheio.
Não custa lembrar: naquele dia 24, à porta da ABI, uma tropa de choque de militantes da CUT e do PT — alguns com porte de milicianos — desceu porrada em pessoas comuns, que protestavam contra a roubalheira. Como se noticiou, era um grupo de 300 “soldados” de Lula e Stédile contra 15 manifestantes.
A dupla têm de se explicar, sim. Mas duvido que compareça, já que não é obrigatório. As ameaças estão no ar e se adensam. Nas redes sociais, nos “protestos a favor” do dia 13, nos bloqueios frequentemente promovidos Brasil afora por MST e MTST, fica sempre no ar a ameaça: “Se impicharem Dilma, vamos pra briga”. Ora, Dilma só será impichada se for pela lei. Logo, os soldados do senhor Stédile e assemelhados podem não gostar e protestar, mas vão ter de enfiar a viola no saco.
A menos que a opção seja a guerra civil. Como os que se opõem a essa gente não têm armas, pergunto: a) o outro lado tem?; b) vai ser um confronto da base do soco e da pernada?
Quem pede que se convoque um exército de militantes está fazendo, é evidente, uma ameaça à democracia. Para arrematar: se professores petistas do Complexo Pucusp convocarem o seu “exército” em favor do governo, sei que se trata de uma metáfora. Até porque o mal maior que essa gente pode fazer ao país será produzir algum texto ou externar algum pensamento. Já o sr. Stédile e assemelhados dispõem mesmo de soldados, a exemplo daqueles que invadiram um laboratório, produzindo violência e obscurantismo.
Por Reinaldo Azevedo

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