quinta-feira, 30 de abril de 2015

"O império da superficialidade barulhenta...?" // João Gabriel de LIMA // Época

IDEIAS

O lugar onde a democracia acontece

JOÃO GABRIEL DE LIMA - DIRETOR DE REDAÇÃO
30/04/2015 - 21h40 - Atualizado 30/04/2015 21h40
Existem duas maneiras de enxergar a democracia brasileira. Uma, pessimista, se materializa quando navegamos pela internet. Nas seções de comentários, a intolerância dá o tom. Xinga-se quem pensa diferente. Amizades se desfazem. Seria isso a democracia? O choque inútil de opiniões veementes que não dialogam? O império da superficialidade barulhenta?
Uma visão mais otimista surge quando se constata que, em meio aoruído virtual, existe o debate real – e um bom debate. O país discute se deve ou não fazer uma reforma política. Se é o caso de reduzir amaioridade penal. Ou se as leis trabalhista e do desarmamento precisam de atualização. Por mais que se critique (com razões) o Congresso Nacional, os temas que apaixonam os brasileiros mobilizam os representantes eleitos pelo povo. Há muito tempo a população não refletia sobre tantas questões relevantes, no Parlamento e fora dele.
Cabe à imprensa não apenas noticiar o barulho, mas também contribuir para a elevação do debate. O jornalismo profissional cumpre esse papel quando publica informações objetivas que ajudam a iluminar as discussões, evitando que elas se tornem um campeonato de quem grita mais alto. Cabe também à imprensa agir como mediadora, ao identificar as vozes relevantes e colocá-las para dialogar. Televisão, rádio, sites, jornais e revistas devem promover o encontro entre as ideias. É na imprensa profissional – que, não por acaso, é campeã de compartilhamentos nas redes sociais – que uma parte importante da democracia acontece.
Nas últimas semanas, a área de Ideias de ÉPOCA, coordenada pelo editor executivo Guilherme Evelin, percorreu várias das questões que mobilizam o país, dentro da seção Debates e Provocações. A vinheta existe nas versões impressa e digital de ÉPOCA. A revista impressa publica artigos com diferentes pontos de vista sobre cada tema. O critério para a escolha dos articulistas é o teor informativo e asolidez dos argumentos, e não a veemência gratuita destinada a conseguir cliques e “likes”. Na versão digital de Debates e Provocações, aparecem mais artigos, entrevistas – e enquetes interativas. No celular ou no desktop, os leitores dão suas opiniões a respeito de diversos assuntos. Nas últimas edições, os leitores opinaram sobre o desarmamento, sobre o Estatuto da Família e sobre a oposição política – se ela deveria, ou não, abraçar a tese do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
ALÉM DOS CLIQUES E "LIKES" Identidade visual da vinheta  Debates e Provocações. Versões  analógica, digital e ao vivo (Foto: Ilustração: Espaço Ilusório)
A partir desta edição, os Debates e Provocações ganham uma versão ao vivo, graças a uma parceria entre ÉPOCA e uma das mais importantes universidades do país, a Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). O primeiro dos Debates e Provocações ÉPOCA/Faap terá lugar na segunda-feira, dia 4, no campus da universidade, em São Paulo. O tema é a maioridade penal, e os debatedores serão Eduardo Suplicy, secretário de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional de Segurança Pública, e o procurador de Justiça Mario Luiz Sarrubo, professor da Faap. Os debates ocorrerão mensalmente e serão transmitidos ao vivo pela internet. Valendo-se de todas as plataformas disponíveis – papel, site, encontros ao vivo –, ÉPOCA quer ser, cada vez mais, um lugar onde as ideias dialogam. E a democracia acontece.

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