quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Roberto Damatta

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,sobrevivencias-,804824,0.htm
"Como diz Shakespeare, todos nós somos atores e temos um momento de entrada e um outro de saída num vastíssimo drama para o qual não fomos convidados, mas para o qual contribuímos quase sempre com total inconsciência e com a total impossibilidade de assistir ao seu final. Mas quando saímos da peça, deixamos uma história. Os atores morrem, mas seus papéis sociais são permanentes e a rede da qual fazem parte se vê obrigada a reparar a sua ausência. Se você é pai ou mordomo, sua falta será mais sentida do que se você for um político bandido. Mas mesmo sendo um rufião ou ladrão, alguém vai sentir sua falta, pois como se dizia antigamente: afinal de contas, todo mundo tem mãe! Vai o embusteiro e entra em cena o filho, o amigo ou o irmão..."

"Faz uns 18 anos e eu andava com Lívia, minha neta mais velha, no jardim. Estávamos preparados para uma festa de família e as roupas novas e o corpo lavado criavam aquela estranha consciência de nós mesmos, típica dos rituais. Num dado momento, ela diz:
- Vô, quando você morrer, para quem vai ficar esta casa?
Fui possuído por uma imensa felicidade. A inocência da neta anunciava minha morte, mas era a primeira vez na minha vida que era chamado de "avô......"

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