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quinta-feira, 27 de julho de 2017

"A república dos sem-vergonha"... / José Nêumanne

José Nêumanne: A república dos sem-vergonha

Sob a égide de Temer, Lula e Cunha, Congresso tenta favorecer a corrupção

Publicado no Estadão
O historiador cearense Capistrano de Abreu (1853-1927), colega de classe de padre Cícero Romão Batista no seminário de Fortaleza, não ficou famoso por causa disso, mas por uma piada, seu projeto de Constituição, que rezava, categórico: “Artigo 1.º: Todo brasileiro deve ter vergonha na cara. Artigo 2.º: Revogam-se as disposições em contrário”.
Nenhum de nossos projetos constitucionais teve o poder de síntese dessa chacota, que de tão atual se tornou denúncia. A cada nova legislação este país se torna cada vez mais a “república dos sem-vergonha”. E a sociedade dos otários espoliados. A primeira página do Estado de anteontem registrou: Câmara quer mudar delação premiada e prisão preventiva. E a notícia a que ela se refere, da lavra de Isadora Peron, da sucursal de Brasília, completou: “Também estudam revogar o entendimento de que penas podem começar a ser cumpridas após condenação em segunda instância”.
Na mesma edição deste jornal, que se notabilizou pelas lutas pela abolição da escravatura, pela proclamação da República, contra o Estado Novo e a ditadura militar, os repórteres de política Pedro Venceslau e Valmar Hupsel Filho relataram a saga de Vicente Cândido (PT-SP) para promover uma reforma política que inclua um Fundo Partidário de, no mínimo, R$ 3,5 bilhões; o distritão, em que só os mais votados para deputado se elegem; e, last but not least, a “emenda Lula”. Esta merece destaque especial, por impedir que postulantes a mandatos eletivos sejam presos oito meses antes da data marcada para a eleição, mesmo que só venham a ter suas candidaturas registradas oficialmente quatro meses após esse prazo. O nome do presidenciável do Partido dos Trabalhadores (PT), no qual milita Sua Candidez, é usado como marca registrada da emenda por atender ao fato de que Luiz Inácio Lula da Silva acaba de ser condenado a nove anos e meio de prisão e proibido de ocupar cargos públicos por sete anos pelo juiz Sergio Moro, na Operação Lava Jato.
A proibição de prender quem avoque sua condição de candidato é a mais abjeta das propostas do nada cândido (claro, impoluto) relator, mas não é a que produzirá, se for aprovada pelo Congresso Nacional, mais prejuízos, em todos os sentidos, para a cidadania. As medidas cinicamente propostas pelo “nobilíssimo” parlamentar produzem, em conjunto, um despautério que provocaria a aceleração do enriquecimento dos partidos e de seus representantes, em particular os dirigentes, sob a égide de um sistema corrupto e que trava a produção e o consumo, empobrecendo a Nação. O financiamento público das milionárias campanhas eleitorais legaliza a tunga ao bolso furado do cidadão.
Ex-sócio do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, que não sai do País para não ser preso pela Interpol, Sua Candura-mor, o deputado ecumênico, integra o lobby a favor da legalização dos cassinos e foi um dos idealizadores da campanha de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara. A reforma ressuscita uma ideia que nunca pareceu ter muito futuro e sempre foi apregoada pelo presidente Michel Temer: o distritão. Trata-se da volta do tílburi ao Vale do Silício, pois reduz a pó as tentativas vãs de tonificar a democracia, dando mais força aos partidos, e estimula o coronelismo partidário, usando falsamente a modernização, confundindo-a com voto distrital.
Estado noticiou que o patrimônio de Cândido aumentou nove vezes nos últimos nove anos (descontada a inflação no período). Neste momento, em que as arenas da Copa do Mundo da Fifa em 2014 – de cuja lei foi relator – têm as contas devassadas por suspeitas de corrupção e um juiz espanhol mandou prender o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, o eclético parlamentar achou um parceiro no Senado: o relator da reforma política e líder do governo Temer na Casa, Romero Jucá (PMDB-AP).
Enquanto Cândido e Jucá providenciam a engorda dos cofres partidários para garantir as campanhas perdulárias, que vinham sendo feitas à custa de propinas milionárias, a comissão especial da reforma do Código de Processo Penal (CPP) batalha pelo abrandamento da legislação de combate à corrupção no Brasil.
A reforma do CPP, que é de 1941, foi aprovada no Senado em 2010. Na Câmara ficou esquecida até o ano passado e foi desengavetada durante o mandarinato do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atualmente preso em Curitiba. O presidente da comissão especial que discute as mudanças na Casa, deputado Danilo Forte (PSB-CE), que apareceu recentemente na lambança de Temer ao tentar atravessar a adesão dos dissidentes do PSB ao DEM, discorda de presos fecharem acordos de delação premiada com procuradores.
Forte também considera que é preciso punir juiz que desrespeite as regras da condução coercitiva, que deveria ser empregada apenas se uma pessoa se negar a prestar depoimento. O presidente da comissão especial parece até ter inspirado sua ideia na recente decisão de Nicolás Maduro, que ameaçou de prisão os juízes que o Parlamento da Venezuela – de maioria oposicionista e contra a Constituinte que ele quer eleger no domingo, no modelo da pregada por Dilma – escolheu para a Suprema Corte.
A reforma política de Cândido e Jucá e as mudanças no CPP propostas por Forte, aliado de Temer, evidenciam tentativas de adaptar as leis eleitorais e penais do País aos interesses pessoais de chefões políticos encalacrados nas operações, Lava Jato entre elas, inspiradas em convenções da ONU, da OEA e da OCDE contra a roubalheira geral, importadas por Fernando Henrique e Dilma e agora ameaçadas pelos que defendem a impunidade de quem for flagrado. Esse “acordão”, que denota fraqueza e sordidez, põe o Brasil, já na contramão da prosperidade, também na trilha oposta da luta contra o roubo. Aqui a vergonha empobrece o portador.

sábado, 8 de julho de 2017

!"Certezas escondidas atrás da lata de biscoito " / Valentina de Botas

Valentina de Botas: Flechas contra a Lava Jato e outras notas

O problema não é investigar ou não investigar este ou aquele político, mas decidir contra a lei

Comecemos por onde? Pelo começo não dá mais, pois Janoesley, marqueteiro do PT, impõe a narrativa fraudulenta que deslocou para o governo Temer a gênese e o comando da roubalheira+incompetência que trouxe o país a um momento tão perigoso. Uma espécie de começo posposto pelos fatos borrados, pelo pensamento aplainado. O fim, não sabemos como será, então fiquemos com o impreciso momento presente: Geddel é investigado por atos cometidos no governo Dilma Rousseff e também foi ministro de Lula. Ah, e isso muda o quê? Isso desentorta a informação, torna honesta a crônica dos fatos, ilumina o centro da cena e oferece ao público que assiste abestalhado a coisa como a coisa é. Na chamada grande imprensa, os poucos que fazem tais lembretes sustentam a esperança de o debate ainda respirar, mesmo que acabem agredidos pelo berrante avisando que o combate é a pessoas: o combate ao crime se tornou coadjuvante.

Nauseado-parcial da república
No programa Conexão Roberto D’Ávila, o procurador-parcial da república disse que sentiu náuseas ao ouvir a gravação ilegal da conversa imprópria entre Joesley e Temer. Mas não por ela ser ilegal. Somente com autorização do STF o presidente de qualquer poder da república pode ser gravado. Por isso Teori Zavascki determinou a Sérgio Moro o descarte dos áudios gravados de Lula, aquele em que Dilma foi pega falando do Bessias. Ao contrário de Zavascki, Janot não fica nauseado com uma ilegalidade para combater a ilegalidade que lhe dá náusea. O nauseado-parcial da república não sentiu nada ao ouvir Dilma gravada falando sobre o “papel que o Bessias tá levando, viu, Lula?”; nem com a gravação da tentativa de Mercadante, então ministro de Dilma, de comprar o silêncio do senador Delcídio do Amaral que estava preso; nem quando Monica Moura contou do endereço de e-mail clandestino pelo qual Dilma avisava ao casal marqueteiro os passos da Lava Jato. O que falta para desmascarar o nauseado-parcial da república que tem um antiemético natural para as ilegalidades petistas?

Flechas contra a Lava Jato
“Enquanto houver bambu, lá vai flecha”. Ótimo, que os merecidos alvos sejam alvejados! Mas o súbito arqueiro poderia contar onde guardava tanto bambu enquanto Dilma Rousseff era presidente. Só Pasadena era um extenso bambual e o arqueiro, talvez se imaginando no lugar trágico de Sofia a fazer uma escolha entre poupar Dilma e poupar Dilma, resolveu poupar Dilma. Cumprir a lei não lhe pareceu estímulo suficiente para mandar algumas flechas contra alvos escancarados em vigarices sem fim. Assim, estava o arqueiro posto em sossego, sem ter enxergado um calheiros ou um mercadante a um palmo do arco, quando Joesley Batista apareceu. Alvo fulgurante para flechas flamejantes parido no tremendo bambual cultivado por Lula e Dilma, Joelsey as desviou para Temer, alvo menor, mas isso se arranja transformando-o no chefe da bambuzada. O arqueiro se empolgou para nova escolha de Sofia:  basear uma denúncia contra Temer numa prova ilegal ou basear uma denúncia contra Temer numa prova ilegal? Decidiu basear uma denúncia contra Temer numa prova ilegal. O problema não é investigar ou não investigar este ou aquele político, mas decidir contra a lei. Deixando Joesley livre e mais rico, apresentando uma denúncia contra Temer cujo próprio teor admite a inexistência de provas, Janot talvez não consiga derrubar o presidente, mas cumpriu metade da meta ao desidratá-lo antes das reformas que não serão como seriam e tirou Lula da cova política. As flechas do arqueiro lambão atingiram o país e a própria Lava Jato.

A grandeza de Fernando Henrique Cardoso
FHC quer um gesto de grandeza do presidente e pede que renuncie para abater a Constituição antecipando-se eleições diretas. Não tenho certeza, talvez fosse melhor Temer renunciar, nem por grandeza, e sim porque ou bem um governante governa ou bem se defende, mas que sua eventual renúncia preserve os ditames constitucionais. A fala de FHC é só mais uma tristeza nestes dias tristes contemplar a falta de coragem do nosso último estadista vivo para convidar a alguma sobriedade e ao respeito à Constituição. Ele quer grandeza de Temer. Compreendo. Talvez por passar tanto tempo considerando Dilma Rousseff honrada, FHC não saiba ao certo o que fez da própria grandeza, restando-lhe apelar à alheia.

O que a Harvard Law School não ensina
Aécio e Temer têm foro especial, não estão, portanto, na “jurisdição” de Deltan Dallagnol. Mas o dono de currículo brilhante, lustrado na Havard Law School, militante das redes sociais e procurador do MFP nas horas vagas, tem dedicado posts à prisão/investigação do senador e do presidente. Sobre Lula, que está na jurisdição do blogueiro, nada. Se entendesse como funciona uma democracia, silenciaria sobre quaisquer investigados. A tagarelice panfletária do blogueiro e o fanatismo do militante conspurcam as funções institucionais do procurador num proselitismo incabível que pode melar-a-Lava-Jato; no mínimo, isso toma o tempo e/ou a atenção na busca de provas para condenar a bandidagem. Dallagnol parece ignorar o que os brasileiros imunes à idolatria ao MPF/LJ já sabemos: power-point e politicagem não mandam ninguém para a cadeia.

Um dos meus defeitos
Pensei em comentar o fato de o PSDB ameaçar outra vez abandonar a base do governo. Mas um defeito meu impede que me ocupe desses tucanos: não tenho paciência para maricas.

É a economia, fanáticos
Frustrante para grande parte da grande imprensa anunciar os pequenos sinais positivos da economia – por serem positivos, não por serem pequenos. Apesar do perigoso fundamentalismo de uma porção patética da Lava Jato, apesar do fundamentalismo à esquerda e à direita, apesar das flechas, apesar do berrante tangendo a manada; e o Brasil que presta e trabalha responde bem, mostrando alguma imunidade contra quem se elegeu para o arruinar e contra os que se autoatribuíram a autoritária missão de o salvar.  

Certezas escondidas atrás da lata de biscoito
Como todo indivíduo é discutível, tenho cá meus fatores de indeterminação, mas tento me apegar a algumas certezas na vida, umas três ou quatro – não sei com certeza – que escondo atrás da lata de biscoito na última prateleira do armário da cozinha. Eu as protejo de mim mesma como a noiva esconde do noivo o vestido de casamento. Uma delas é que no mundo há belezas, o mistério é saber tocá-las e por elas deixar-se tocar. Talvez, meu eventual leitor, você pense que estou falando de coisas grandiosas, profundas ou definitivas. Desculpe, não tenho esse alcance. Falo de alguém que o tem, aliás de um texto dele: a resenha de Augusto Nunes, publicada na atual edição da Veja, de Oswaldo Aranha – Uma Fotobiografia, de Pedro Corrêa do Lago. Nestes nossos dias em que a era da covardia vestida de insensatez parece suceder a era da mediocridade sem que esta seja superada, o texto confirma a impressão. Nunes garante que o livro está à altura do grande Oswaldo Aranha, vou conferir assim que puder. A resenha está e é luminosa negação do desencanto que nos tornamos ao mesmo tempo em que o desvela. Só lendo. Toque esta beleza e deixe-se tocar.

"A ciência, ao que parece, está a ponto de provar que o poder provoca algum tipo de lesão no cérebro." / J R Guzzo


J.R. Guzzo: Psicoteste

O Brasil de hoje, essa potência moral que causa cada vez mais espanto na terra

Os dois mandatos de Lula na Presidência da República foram um monumento sem precedentes ao vício. Sua performance mais espetacular, como ficou demonstrado com dezenas de confissões públicas e provas materiais, foi a capacidade sem limites para roubar dinheiro público. Na Petrobras, privatizada diretamente para os amigos, a estimativa mais aceita é que o roubo tenha passado dos 40 bilhões de reais; conforme a maneira de calcular, fala-se em cifras de até 90 bilhões. Privatizaram, também para o usufruto pessoal da companheirada, a Eletrobras, a Nuclebrás, a Caixa Econômica Federal, o BNDES, ferrovias, rodovias e, de modo geral, qualquer estatal que pudesse ter alguma coisa passível de ser furtada. Roubaram com ânsia desesperada os fundos de pensão das empresas do governo. Roubaram merenda escolar, ambulâncias, quentinhas de presidiários. Roubaram pontes, linhas de transmissão de eletricidade, estádios de futebol inteiros. Roubaram até sangue humano. A respeito de todos esses fatos, Lula diz apenas que provou ser 100% inocente. Não participou de nada, não soube de nada e não desconfiou de nada em oito anos seguidos de governo ─ não admite nem mesmo que tenha tido a mínima responsabilidade por nada do que fizeram a um palmo da sua porta, ou menos ainda.
A maneira mais prática de explicar isso talvez seja a crença de Lula em que contra a fé não há fatos nem argumentos. Muita gente (e ele espera que essa gente seja a maioria dos brasileiros) não está interessada em entender, pensar ou se informar ─ só está interessada em acreditar. É a mesma esperança que quase todo político brasileiro tem para sobreviver às consequências de seus atos. Fazem barbaridades, perante o Código Penal e as regras mais elementares de conduta, absolutamente notáveis pela sua estupidez ─ e ficam esperando que ninguém ache nada de errado. Como o presidente da República, por exemplo, pode se meter com esse Joesley Batista, o maior corruptor da história do Brasil? Nem um guarda-noturno receberia o homem; Michel Temer até agora acha que está tudo bem. O senador Aécio Neves, que poderia estar em seu lugar, deixa-se gravar ao telefone implorando 2 milhões de reais em dinheiro vivo da mesma figura. O complexo Renan-Jucá-Padilha-Moreira-Geddel-etc. continua em plena atividade. Os ministros Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Luiz Fux e outros colossos da nossa suprema magistratura governam o país como se isso fosse legal. O que há com essa gente? Obviamente, algo deu imensamente errado com todos eles. O melhor talvez seja seguir a excelente sugestão do escritor português João Pereira Coutinho em artigo recente na Folha de S.Paulo: obrigar ocupantes de cargos políticos a fazer exames psicológicos e neurológicos antes de assumir ─ mais ou menos como o psicoteste para motoristas de ônibus, por exemplo. A ciência, ao que parece, está a ponto de provar que o poder provoca algum tipo de lesão no cérebro. Quem, dos nomes acima e centenas de outros iguais, passaria no exame?

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Polícia Federal confirma aquilo que todos sabiam... o sítio de Atibaia é de Lula.! / Veja


Laudo da Polícia Federal confirma: Lula é o dono do sítio

Documento produzido por seis peritos da Lava Jato reduz a escombros a discurseira mambembe dos advogados do ex-presidente

Em 4 de março de 2016, seis peritos criminais a serviço da Operação Lava Jato, apoiados por investigadores da Polícia Federal, cumpriram um mandado de busca e apreensão no sítio em Atibaia onde a família Lula baixou todo fim de semana depois dos oito anos nos palácios de Brasília. Acompanhados por duas testemunhas e pelo caseiro Élcio Pereira Vieira, os especialistas haviam sido encarregados de “caracterizar a ocupação do Sítio e identificar seus principais frequentadores, além de responder aos quesitos formulados pela autoridade solicitante dos exames”.
materiais que ajudassem a esclarecer duas interrogações. Primeira: quem era o verdadeiro dono do sítio? Segunda: de onde veio o dinheiro que bancou a reforma do terreno de bom tamanho, complementada por instalações e benefícios milionários? Os fatos berram que tanto a compra como as obras foram patrocinadas por empreiteiras favorecidas pelo governo do chefão. Lula ainda insiste que os donos do lugar são Jonas Suassuna e Fernando Bittar, amigos do notório Lulinha, o Ronaldinho da informática.

Longo e minucioso, o laudo apresentado pelos peritos uma semana depois da inspeção confirma aos gritos que o sítio forma com o triplex do Guarujá a dupla de peças mais valiosas da Imobiliária Lula. A quantidade, a qualidade e a contundência das informações garantem ao documento calibre suficiente para pulverizar a discurseira mambembe dos advogados do ex-presidente. Servem de amostra as respostas, abaixo resumidas, suscitadas por quatro quesitos. Confira:
1. Existem evidências materiais nas dependências do Sítio que possam identificar seus eventuais frequentadores?
Sim. (…) Foram identificados inúmeros objetos pessoais vinculados às pessoas de Luiz Inácio Lula da Silva e de sua esposa Marisa Letícia Lula da Silva. Esses objetos encontravam-se localizados, mormente, na Casa Principal, em especial, na Suíte 01. (…) Também foram localizados objetos pessoais vinculados aos seguranças da Presidência da República.
2. É possível identificar evidências materiais no Sítio que possam indicar o uso do imóvel pelas pessoas de FERNANDO BITTAR ou JONAS LEITE SUASSUNA FILHO?
Não. (…) Não foi identificado qualquer objeto de uso pessoal que pudesse indicar o uso do imóvel por Jonas Leite Suassuna Filho e Fernando Bittar. A única referência ao Sr. Fernando Bittar são alguns croquis localizados no interior de uma pasta rosa, cuja destinatária era a Sra. Marisa Letícia Lula da Silva.
3. Foram implementadas instalações ou realizadas quaisquer obras ou aprimoramentos no Sítio voltadas ao uso do ex-Presidente LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA e de sua família? Caso positivo, descrever.
Sim. (…) Foram identificadas inúmeras melhorias voltadas ao uso do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tais como uma adega, construída para acomodar centenas de garrafas de bebidas, instalações de sistema de segurança em todo o Sítio, assim como o depósito utilizado para armazenamento de caixas diversas que (…) se relacionavam à mudança do ex-Presidente Lula.
Além dessas melhorias, foram identificados objetos utilizados para usufruto das instalações do Sítio, tais como o barco de fibra contendo a inscrição “LULA & MARISA”, bem como itens decorativos, a exemplo da mesa com o brasão “LM”. Ademais, foi localizada uma pasta rosa endereçada à ex-Primeira Dama, contendo documentos relacionados à reforma da cozinha e construção da Casa 01, indicando que a Sra. Marisa Letícia teve envolvimento com as adaptações realizadas no Sítio.
4. Existem objetos pessoais pertencentes ao ex-Presidente LUIZ INACIO LULA DA SILVA e de sua família depositadas nas dependências do Sítio? Onde se encontram localizadas?
Sim. Além dos objetos pessoais localizados na Casa Principal, já mencionados, (…) foram identificados inúmeros objetos que podem ser vinculados, explicitamente ou não, ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua esposa. Adicionalmente aos objetos localizados na Casa Principal, também foram encontrados itens pessoais do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua esposa em outras dependências do Sítio, sobretudo no Espaço Gourmet, no Anexo da Casa Principal e no Depósito. Esses itens acham-se relacionados em extensa, mas não exaustiva, lista constante (…) do presente Laudo.
Volto para acrescentar que, mesmo depois do sumiço dos donos que se fantasiavam de hóspedes, os laranjas travestidos de proprietários rurais nunca deram as caras por lá. Bittar e Suassuna são os únicos sitiantes do mundo que jamais visitaram a terra que juram ter comprado. Merecem dividir a mesma cela.

domingo, 30 de abril de 2017

Ajuste seus sonhos à realidade / Carlos Brickmann

“Ajuste-se à justa justiça” e outras 5 notas de Carlos Brickmann


Aposentadoria mais justa seria uma pensão equivalente ao último salário recebido na ativa, mais uma porcetagem ,,,              



http://veja.abril.com.br/blog/augusto-
nunes/ajuste-se-a-justa-justica-e-outras-5-notas-de-carlos-brickmann/
Publicado na coluna de Carlos Brickmann
Este colunista discorda de uma das principais reivindicações da oposição: a que rejeita modificações na Previdência e exige uma aposentadoria mais justa. Aposentadoria mais justa, acha o colunista, seria uma pensão equivalente ao último salário recebido na ativa, mais uma porcentagem que compense o aumento inevitável de gastos dos idosos.
O problema é que não há dinheiro para isso...    

sábado, 15 de abril de 2017

"No picadeiro" / J R Guzzo

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/j-r-guzzo-no-picadeiro  

Quando o cidadão ouve alguma figura pública brasileira dizer que prevaleceu o bom-senso, pode ter certeza de que estão lhe batendo a carteira 

domingo, 9 de abril de 2017

Roberto Pompeu de Toledo na coluna de Augusto Nunes / Veja

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/roberto-pompeu-de-toledo-hora-do-recreio/


"Nem o inimigo é dos bons... Carlos Brickmann na coluna de Augusto Nunes

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/nem-o-inimigo-e-dos-bons-e-outras-5-notas-de-carlos-brickmann/

“Nem o inimigo é dos bons” e outras 5 notas de Carlos Brickmann

Para Renan, é bom brigar com Temer: o Governo tem baixa popularidade, e talvez seja melhor, em Alagoas, dispor do apoio de Lula

terça-feira, 28 de março de 2017

Imperfeições de uma marcha de protestos... /

Valentina de Botas: 

Vinhetas de outono

Brasileiros marcharam por outras vinhetas numa pauta caleidoscópica e os adeptos da súcia tentarão artificializar uma crise que vulnerabilize o governo

No fim de uma dessas adoráveis manhãs inaugurais do outono de luz singular, eu caminhava pela região da Paulista, ia almoçar com amigos que trabalham numa editora para ver a possibilidade de um trabalho, quando ouvi no rádio de um carro que passava acordes únicos, primorosos. A inesperada vinheta de outono fala de um que garoto vivia com a mãe num casebre miserável nos cafundós da Louisiana, era quase analfabeto e tocava guitarra diabolicamente; a mãe profetizou: você será o líder de uma banda, as pessoas virão de longe para te ouvir e teu nome brilhará no letreiro –  Johnny B. Goode esta noite.
No domingo, muitos brasileiros marchariam por outras vinhetas numa pauta caleidoscópica: defesa da Lava Jato, não à lista fechada e ao financiamento público de campanha, fim do foro privilegiado, repúdio à mal denominada anistia do caixa 2, alguma coisa que não entendi sobre o estatuto do desarmamento, reformas “justas” que acabem com “privilégios”. Me parecia contraproducente ir às ruas com essa pauta inconsistente e receava que os adeptos da súcia se aproveitariam da eletricidade para artificializar uma crise que os infle e vulnerabilize o governo que, para eles, sempre será malvado ou ilegítimo se não for um governo deles.
O primeiro sucesso de Chuck Berry, o sensacional construtor do rock falecido há alguns dias e cujo lume reluz em todo pop que presta, não é a minha música preferida dele, mas é ela que navega longe nas pequenas Voyager 1 e 2. Em 1977, elas partiram levando, a quem interessar possam, registros com saudações dos humanos em várias línguas; sons da erupção de um vulcão, do mar e das vozes de animais; e músicas. Lançar ao espaço amostras do que somos testifica nossa solidão existencial na fantasia de não apenas sermos encontrados, mas também compreendidos; pois não é a incompreensão a forma absoluta de solidão?
Essa polarização que cindiu o país atinge as instituições perigosamente, vê-se pela arenga de Gilmar Mendes e Rodrigo Janot. Perante a estridência do debate no qual só não se ouve a razão, simpatizo com a coragem de Mendes em iluminar aspectos relevantes disso-tudo-que-está-aí atropelados pela tônica cega de terra arrasada. Desta vez, abordou o vazamento da lista do Janot, cometido por procuradores obrigados por lei ao sigilo funcional. Ora, o procurador-geral anulara a delação de Leo Pinheiro intempestivamente, pretextando o vazamento havido, e Mendes levantou a possibilidade de anular algumas provas numa situação similar.  Deltan Dallagnol – que identificou o comandante máximo da organização criminosa, deixa-o solto e vem dizer comodamente que “o maior risco à Lava Jato é a sociedade se acomodar” – entrou de sola declarando que a anulação “não tem pé nem cabeça”, sem mostrar onde estão o pé e a cabeça do descarte da delação de Leozinho.
A quem prefere se aproximar da realidade por lente mais simplista e passou a tachar Mendes de tucano e/ou porta-voz dos delatados, lembro que o então vice-presidente do TSE demonstrara a Rodrigo Janot que indícios ligando Dilma ao que ela estava umbilicalmente ligada exigiam uma auditoria nas contas da campanha de 2014. O procurador-geral, que àquela época “não fugia dos círculos de comensais que cortejam desavergonhadamente o poder”, preferiu jantar com Dilma Rousseff em agosto de 2015, desprezou a recomendação de Mendes e exortou “os derrotados a aceitarem o resultado das urnas”. Aparentemente, concluíra que Mendes e os investigadores da Lava Jato tinham disputado as eleições. Despreocupado com “a decrepitude moral” de não investigar o agora eviscerado mecanismo inédito pelo qual o PT nos roubou para pagar a Odebrecht para que ela pagasse a reeleição, Janot acusa Mendes do que ele mesmo fizera. O chilique na desproporcional resposta ao presidente do TSE liquida a razão que o procurador-geral nunca teve, mas também avisa que a coisa já deu: ambos saibam que respeito é bom e os brasileiros gostamos, nós que lhes pagamos o salário não precisamos ser expostos a mais essa baixaria institucional que só ajuda a bandidagem. Tenham algum decoro, senhores, vão trabalhar!
Meus amigos se desculparam por não terem nada para mim, brindei ao outono e àquela luz, a Chuck Berry e ao país. Dois deles iriam à manifestação, acham que político-é-tudo-igual e estão revoltados com a possibilidade da lista fechada. Mas se são-todos-iguais, tanto faz lista fechada ou aberta, certo? A renovação política será progressiva e consistente se fizermos a reforma política-eleitoral com voto distrital e financiamento privado. Todos os delatados devem ser investigados e responder pelo que fizeram, mas lamentarei se se provar algo contra os tucanos citados porque os considero os melhores administradores na história recente.
Por favor, sem essa de que Fernando Henrique Cardoso preparou o terreno para a escória petista. Num trabalho hercúleo (leia os “Diários da Presidência”), FHC preparou o país para a modernidade. Os crimes de Lula e Dilma são gozosa escolha de Lula e Dilma; a percepção contrária é miragem que iguala quem ergueu o Brasil a quem o afundou. Me pergunto quando a lucidez a dissolverá demonstrando que a ocasião não faz o ladrão, mas este é que a faz; que o criador e a criatura abjetos delinquem independentemente da ocasião. Ora, a dupla abjeta instalava o petrolão enquanto se investigava o mensalão. Teria a investigação preparado terreno para o petrolão? Francamente.
Repudio o financiamento público de campanha, mas o privado está vetado pela cegueira ideologizada do STF. Quanto à lista ser fechada ou aberta, cabe perguntar qual a cor do cavalo branco de Napoleão. A lista, aberta ou fechada, será sempre a dos caciques. Numa, eles decidem os candidatos que poderão ser votados, noutra também. Ah, mas na aberta o eleitor escolhe diretamente em quem votar. É? Pelo coeficiente eleitoral, só 34 dos 511 deputados federais se elegeram com votos próprios, os outros 477 não seduziram o eleitor, mas os campeões de voto de cada partido cuja votação ultrapassou o coeficiente têm o excedente transferido aos correligionários e até para partidos coligados. Assim, elegemos, com a lista aberta, candidatos e partidos nos quais não votamos. Portanto, a lista fechada, que traz, sim, o nome dos candidatos – ao contrário do que dizem os incendiários da desinformação – e na ordem em que os votos do partido serão distribuídos, confirma o que a aberta não evita: a cor do cavalo branco de Napoleão é branca.
Importa, sim, a defesa da Lava Jato porque, depois de Lula e Dilma agirem objetivamente para obstruir a justiça, ambos permanecem chafurdando na liberdade – e nem têm foro privilegiado! –, assim como o bandido-com-blog Eduardo Guimarães que admitiu a Sérgio Moro ter feito o mesmo. Será que a  lei está prevalecendo ao deixar soltos os comandantes da nossa ruína tramando voltar para concluir o desmanche do país? Eis a ameaça à Lava Jato, ao que ela nos deu e à trilha árdua que começamos a abrir para longe do abismo a que o PT nos trouxe.
Na despedida, confirmei que não iria à manifestação. O que você vai fazer, quanto a trabalho, querida Valentina? Johnny B. Goode costumava se sentar debaixo de uma árvore perto da linha do trem para tocar guitarra e os passantes se admiravam – esse garoto toca mesmo. Sigo tocando minha guitarra, sem sonhar com o estrelato como Johnny e, enquanto é outono, aprecio esta luz e a minha música preferida do gênio que foi morar nas estrelas. Quer ouvir?