O ano de 2017 entrou violento, como a querer dizer que fomos precipitados em comemorar a saída de 2016. O Brasil está numa fase que, Deus nos perdoe, torna quase que impossível ter esperança por dias melhores.
Mas há salvação... Segundo a capa da revista VEJA do último fim de semana, a grande cartada do Palácio do Planalto para tirar a popularidade do Governo do atoleiro é a agenda de aparições da jovem e bela primeira-dama, Marcela Temer. E, como todos sabemos, um governo popular pode muito mais.
Ao ler que os grandes desafios do governo, aqueles que farão 2017 um ano a ser amado, dependem pois da beleza, dom que Santo Agostinho associava à Verdade; fico mais animada pois, de fato, dona Marcela é o tipo da beleza clássica que agrada aos Céus.
Mas, e os pequenos desafios? Que entra ano sai ano, só continuam a estressar, a irritar, a incomodar o cidadão, esse ser sem importância, anônimo, sem poder? Quem vai cuidar deles? Será que o poder da Beleza dará para tudo isso, tanto os detalhes monumentais quanto os infinitesimais?
Por exemplo:
1) O descuido com as calçadas: falta manutenção permanente, para que não haja tombos que causam danos muitas vezes sérios, sobretudo em idosos; cuidar para que haja rampas de acesso para cadeirantes; não permitir objetos como caixas, mesas, cadeiras, escadas, que obstruem a passagem do pedestre que é, é bom sempre repetir, o verdadeiro dono das cidades!
2) Iluminação pública maluca: lâmpadas acesas durante o dia ou apagadas à noite. Absurdo comum em muitas ruas do Brasil.
3) A Internet: geralmente cai a linha no meio de um trabalho. Ou quando estamos enviando ou recebendo uma mensagem. Ligo para o provedor. Depois de ouvir o robô oferecer muitas opções, escolho a que me interessa: falar com o atendente. A espera é longa e duas coisas podem acontecer: ou me informarem que está havendo uma manutenção na área ou um atendente pedir para eu desconectar cabos em profusão e aguardar alguns minutos para reconectá-los e quando nada acontecer, ouvir que vão agendar uma visita da assistência técnica.
Pior: você liga, já estressado, para perguntar o que houve com sua conexão com a Internet e ainda tem que ouvir o robô lhe aconselhar a acessar o serviço via Internet!
4) Ida aos bancos: nas grandes agências, fieiras de guichês e dois ou três dedicados funcionários para atender aos clientes. Resultado, longas filas. Saio sempre intrigada: por que tantos guichês e tão poucos ocupados por funcionários?
5) Teles, ah! as teles! – Mensagem comum: Telemar: esse número não existe. Como assim, não existe, penso eu: é o número da minha casa há uns quinze anos. Está em débito automático no banco. Mas é o que a Telemar me informa. Desligo, ligo de novo e aí, miracolo! ele volta a existir!
Ainda a Telemar: Não é possível completar a sua chamada com o número discado. Por favor, consulte o serviço de auxílio às listas. Auxílio às listas? Onde? Vou é verificar onde anotei. O número é esse mesmo. Volto a ligar, ele continua inexistente. Tento mais tarde e, de repente, ele existe!
E o telemarketing? Será que existe alguém no mundo que goste de receber – e ouça? – ligações de telemarketing? Ou mensagens de celebridades que você nem conhece e que mais aborrecem que colaboram com quem quer que seja?
6) Poucas coisas me incomodam mais do que o uso estranhíssimo do verbo Estar. Antes da hecatombe que o abateu, era normal ouvi-lo para informações do tipo: estarei aí depois de amanhã. Hoje em dia, o pobre do verbo Estar aparece em horas inusitadas: estarei enviando seu vestido amanhã; estarei agendando sua hora; estarei pedindo sua receita ao médico... O que será que houve com o futuro que não pode prescindir do verbo Estar?
Uma amiga muito inteligente e arguta sugere que isso nada mais é que a pouca vontade de assumir compromissos. Tem lógica: se dissesse agendarei, em vez de estarei agendando, a pessoa assumiria um compromisso. Já com o uso do subjuntivo, o compromisso é atenuado. Concordo.
Portanto, nas coisas graves, como nas mais simples, estarei torcendo por 2017. Pela Beleza, sempre!