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sábado, 10 de março de 2018

Marxismo e água benta / Percival Puggina


MARXISMO E ÁGUA BENTA

por Percival Puggina. Artigo publicado em 
 Quem condena a riqueza, dissemina a pobreza. Sem riqueza não há poupança e sem poupança não há investimento. Sem investimento, consomem-se os capitais produtivos preexistentes, surge uma economia de subsistência, vive-se da mão para a boca, aumenta o número de bocas e diminui o numero de mãos. Quem defende o socialismo sustenta que a ideia é exatamente essa e que assim não há competição ou meritocracia, nem desigualdade.
Quando o Leste Europeu estava na primeira fase, consumindo os bens produtivos preexistentes, nasceu a teologia da libertação (TL), preparada pelos comunistas para seduzir os cristãos. A receita - uma solução instável, como diriam os químicos, de marxismo e água benta - se preserva ainda hoje. Vendeu mais livros do que Paulo Coelho. Em muitos seminários, teve mais leitores do que as Sagradas Escrituras. Aninhou-se, como cusco em pelego, nos gabinetes da CNBB. Resumidamente: perante a questão da pobreza, a TL realiza o terrível malabarismo de apresentar o problema como solução e a solução como problema. Assustador? Pois é. Deus nos proteja desse mal. Amém.

A estratégia é bem simples. A TL vê o “pobre” do Evangelho, cumprimenta-o, deseja-lhe boa sorte, saúde e vida longa, e passa a tratá-lo como “oprimido”. Alguns não percebem, mas a palavra “oprimido” designa o sujeito passivo da ação de opressão. O mesmo se passa quando o vocábulo empregado na metamorfose é “excluído”, sujeito passivo da exclusão. E fica sutilmente introduzida a assertiva de que o carente foi posto para fora porque quem está dentro não o quer por perto.
A TL proporciona a mais bem sucedida aula de marxismo em ambiente cristão. Aula matreira, que, mediante a substituição de vocábulos acima descrita, introduz a luta de classes como conteúdo evangélico, produzindo o inconfundível e insuperável fanatismo dos cristãos comunistas. Fé religiosa fusionada com militância política! Dentro da Igreja, resulta em alquimia explosiva e corrosiva; vira uma espécie de 11º mandamento temporão, dever moral perante a história e farol para a ordem econômica. Por fim, anula as possibilidades de superar o drama da pobreza. A TL substitui o amor ao pobre pelo ódio ao rico, e acrescenta a essa perversão o inevitável congelamento dos potenciais produtivos das sociedades.
Todos sabem que Frei Betto é um dos expoentes da teologia da libertação. Em O Paraíso Perdido (1993), ele discorre sobre suas muitas conversas com Fidel Castro. Num desses encontros, narrado à página 166, falava-se sobre a TL. Estavam presentes Fidel, o frei e o “comissário do povo”, D. Pedro Casaldáliga, espécie de Pablo Neruda em São Félix do Araguaia. Em dado momento, o bispo versejador comentou a resistência de João Paulo II à TL dizendo: “Para a direita, é mais importante ter o Papa contra a teologia da libertação do que Fidel a favor”. E Fidel respondeu: “A teologia da libertação é mais importante que o marxismo para a revolução latino-americana”.

Haverá maior e melhor evidência de que teologia da libertação e comunismo são a mesma coisa?

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* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

quinta-feira, 8 de março de 2018

Uma mulher especial...

Grace Hopper, a mulher que tornou a linguagem do computador mais humana http://flip.it/FeX4Bf

Demonstração de ingerências do país / As 50 cidades mais violentas do mundo

Estas são as 50 cidades mais violentas do mundo (e 17 estão no Brasil) https://search.app.goo.gl/jyK4 Compartilhado a partir do meu Feed do Google


Estas são as 50 cidades mais violentas do mundo (e 17 estão no Brasil)


Quadra 34 do Cemitério Parque Tarumã, onde estão enterrados os detentos mortos na rebelião do Complexo Penitenciário Anísio Jobim em janeiro de 2017 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Image captionEnterro de vítimas assassinadas no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, no ano passado; capital amazonense é uma das citadas em relatório de violência urbana | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Brasil é o país com o maior número de cidades entre as 50 áreas urbanas mais violentas do mundo, segundo ranking divulgado nesta semana pela organização de sociedade civil mexicana Segurança, Justiça e Paz, que faz o levantamento anualmente com base em taxas de homicídios por 100 mil habitantes (veja lista completa abaixo).
São 17 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes listadas no ranking, que é encabeçado pela mexicana Los Cabos (com 111,33 homicídios por 100 mil habitantes em 2017) e pela capital venezuelana, Caracas (111,19).
Natal (RN) aparece em quarto lugar, com 102,56 homicídios por 100 mil habitantes - para se ter uma ideia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera uma taxa acima de 10 homicídios por 100 mil habitantes como característica de violência epidêmica.
Outras cidades brasileiras que aparecem no ranking são Fortaleza (CE), Belém (PA), Vitória da Conquista (BA), Maceió (AL), Aracaju (SE), Feira de Santana (BA), Recife (PE), Salvador (BA), João Pessoa (PB), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Macapá (AP), Campos de Goycatazes (RJ), Campina Grande (PB), Teresina (PI) e Vitória (ES).
Fortaleza, em especial, é destacada no relatório por sua taxa de homicídios ter subido 85% entre 2016 e 2017 - de 44,98 para 83,48.
O crescimento da violência em cidades menores - e, sobretudo, do Norte e Nordeste brasileiros - alarma especialistas há mais de uma década. Como o Brasil não investiga seus homicídios (mais de 90% deles ficam impunes), é difícil identificar com total certeza as relações de causa e consequência no que diz respeito à violência urbana.
Mas estudiosos do tema apontam fenômenos como guerra de facções criminosas, avanço do tráfico de drogas e crescimento urbano sem a oferta de serviços de segurança eficazes como alguns dos motivos mais prováveis para a explosão da taxa de homicídios em cidades outrora pacatas.
Em grandes capitais, onde pode haver maior número absoluto de homicídios, a taxa é menor, já que resulta do cálculo do total de assassinatos dividido pelo tamanho da população. São Paulo, por exemplo, teve taxa de 8,02 homicídios por 100 mil habitantes em 2017; o Rio, que vive uma crise de segurança pública, viu sua taxa crescer de 29,4 em 2016 para 32 homicídios por 100 mil habitantes no ano passado.

América Latina


Los Cabos, MéxicoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionLos Cabos, que encabeça o ranking, é um popular destino turístico com taxa de homícios crescente

O ranking mostra ainda que a América Latina é o continente com o maior número de cidades violentas do mundo: das 50 listadas no ranking, apenas oito não são latino-americanas.
Doze das cidades estão no México, país que vive anos de enfrentamentos entre cartéis de drogas e forças de segurança.
Los Cabos, uma das cidades mais turísticas do país, entrou pela primeira vez na lista já assumindo o topo do ranking. Segundo o relatório da Segurança, Justiça e Paz, Los Cabos passou de 61 homicídios em 2016 para 365 em 2017. Reportagem de 2017 do jornal The New York Times diz que a cidade virou um "paraíso para turistas e um inferno para moradores", em grande parte por conta de brigas de gangues que disputam entre si o controle de rotas viárias e pontos de venda de drogas.
Acapulco, também no México, aparece em terceiro lugar do ranking por apresentar um cenário semelhante.
Segundo a Segurança, Justiça e Paz, o país não tem "uma ação para a erradicação sistemática das milícias privadas e dos grupos criminosos e permitiu que a impunidade chegasse aos piores níveis já registrados".

Jovem armado em CaracasDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionJovem armado em Caracas; cidade venezuelana é a capital em posição mais alta no ranking de violência

Há também cinco cidades venezuelanas com as maiores taxas de homicídio do mundo, no momento em que o país enfrenta uma grave crise política e aguda escassez de alimentos, medicamentos e bens básicos.
A organização mexicana destaca, porém, a dificuldade em obterem-se dados estatísticos oficiais confiáveis na Venezuela: "Quatro milhões de venezuelanos deixaram o país, mais da metade deles nos últimos três anos", diz o relatório. "Como resultado, as estimativas oficiais de população não são reais, nem as taxas de homicídio baseadas nelas - mas sim mais altas."

A surpresa hondurenha

Mas nem tudo são notícias ruins: em muitas violentas cidades centro-americanas, a taxa de homicídios caiu.
O principal destaque nesse ponto é San Pedro Sula, em Honduras, que caiu do terceiro para o 26º posto do ranking entre 2016 e 2017. Os homicídios caíram 54% em apenas um ano.
"Essa mudança extraordinária não ocorreu por acaso, mas sim por resultado de um esforço do governo em erradicar células criminosas, agir contra delitos (...) cometidos pelas gangues e colocar ordem nas prisões", diz o relatório.
Três cidades brasileiras que figuravam no ranking de 2016 deixaram de aparecer em 2017. São elas: Curitiba (PR), Cuiabá (MT) e São Luís (MA).

Mulher em HondurasDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionMulher em Honduras; cidade mais violenta do país centro-americano viu homicídios decrescerem

A Segurança, Justiça e Paz diz que elabora o ranking com "o objetivo político cidadão de chamar atenção à violência nas cidades, sobretudo na América Latina, para que governantes se vejam pressionados a cumprir com seu dever de proteger os governados e garantir seu direito à segurança pública".
A organização usa como critério a taxa de homicídios por 100 mil habitantes oficial em cidades de 300 mil habitantes ou mais, além de fontes jornalísticas e informes de ONGs e organismos internacionais.
São excluídas do levantamento cidades de países em conflito bélico aberto, como Síria, Iraque, Afeganistão e Sudão, sob a justificativa de "a maioria das mortes violentas (nessas cidades) não corresponderia à definição universalmente aceita de homicídio, mas sim mortes provocadas por operações de guerra, segundo a classificação da OMS".

As 50 cidades mais violentas

PosiçãoCidadePaísHomicídiosHabitantesTaxa (por cada mil habitantes)
1Los CabosMéxico365328.245111,33
2CaracasVenezuela3.3873.046.104111,19
3AcapulcoMéxico910853.646106,63
4NatalBrasil1.3781.343.573102,56
5TijuanaMéxico1.8971.882.492100,77
6La PazMéxico259305.45584,79
7FortalezaBrasil3.2703.917.27983,48
8VictoriaMéxico301361.07883,32
9GuayanaVenezuela728906.87980,28
10BelémBrasil1.7432.441.76171,38
11Vitória da ConquistaBrasil245348.71870,26
12CuliacánMéxico671957.61370,10
13St. LouisEstados Unidos205311.40465,83
14MaceióBrasil6581.02963,94
15Cape TownÁfrica do Sul2.4934.004.79362,25
16KingstonJamaica7051.180.77159,71
17San SalvadorEl Salvador1.0571.789.58859,06
18AracajuBrasil560951.07358,88
19Feira de SantanaBrasil369627.47758,81
20JuárezMéxico8141.448.85956,16
21BaltimoreEstados Unidos341614.66455,48
22RecifeBrasil2.1803.965.69954,96
23MaturínVenezuela327600.72254,43
24GuatemalaGuatemala1.7053.187.29353,49
25SalvadorBrasil2.0714.015.20551,58
26San Pedro de SulaHonduras392765.86451,18
27ValenciaVenezuela7841.576.07149,74
28CaliColômbia1.2612.542.87649,59
29ChihuahuaMéxico460929.88449,48
30João PessoaBrasil5541.126.61349,17
31ObregónMéxico166339.00048,96
32San JuanPorto Rico169347.05248,70
33BarquisimetoVenezuela6441.335.34848,23
34ManausBrasil1.0242.130.26448,07
35Distrito CentralHonduras5881.224.89748
36TepicMéxico237503.33047,09
37PalmiraColômbia144308.66946,65
38ReynosaMéxico294701.52541,95
39Porto AlegreBrasil1.7484.26808340,96
40MacapáBrasil191474.70640,24
41Nova OrleansEstados Unidos157391.49540,10
42DetroitEstados Unidos267672.79536,69
43MazatlánMéxico192488.28139,32
44DurbanÁfrica do Sul1.3963.661.91138,12
45Campos de GoytacazesBrasil184490.28837,53
46Nelson Mandela BayÁfrica do Sul4741.263.05137,53
47Campina GrandeBrasil153410.33237,29
48TeresinaBrasil315850.19837,05
49VitóriaBrasil7071.960.21336,07
50CúcutaColômbia290833.74334,78