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sábado, 16 de janeiro de 2016
Shailin foi chargista antes de ser humorista... // Correio da Paraíba
15.01.2016 - 06:29 por Redação
Humorista fazia charges com temas voltados para a política do Estado. Foi na época de chargista que Josenilton Veloso adotou o nome "Shaolin".
Antes de fazer sucesso com imitações Shaolin foi chargista em jornais da PB
Humorista fazia charges com temas voltados para a política do Estado. Foi na época de chargista que Josenilton Veloso adotou o nome "Shaolin".
O comediante Francisco Josenilton Veloso, o Shaolin, ficou mais conhecido no Brasil pelas piadas que contava e imitações de artistas que fazia. Entretanto, antes de fazer sucesso nos programas de rádio e televisão, Shaolin era chargista e tinha publicações em jornais impressos do estado da Paraíba entre as décadas de 80 e 90. Em suas charges ele abordava, em sua maior parte, temas envolvendo a política local.
O jornalista Josué Cardoso, trabalhou com Shaolin na época em que ele foi chargista. “Shaolin era um misto de cartunista e humorista. Na medida em que ele fazia charges, ele já imitava as pessoas, como forma de brincadeiras na redação. Nós começamos a estimular ele a seguir carreira como humorista, pois o forte dele sempre foi a imitação. Na época ele já imitava muito bem os políticos e autoridades do Estado”, disse ele.
Ainda nas primeiras charges feitas, o humorista assinava suas obras com o nome “Nilton” e depois passou a usar o nome artístico “Shaolin”, como explica o jornalista. “Como o nome dele é Josenilton ele assinava as primeiras charges com o nome “Nilton”, mas nessa na época um diretor do jornal achou que o nome não era bom. Como ele era baixo e tinha os olhos apertado, o diretor disse que ele parecia com Shaolin, o lutado, e todos passarma a chamar ele por esse apelido na redação. Inicialmente ele não aprovou, mas depois passou a usar o nome”, acrescentou o jornalista.
Shaolin foi enterrado no fim da tarde desta quinta-feira (14)O artista morreu aos 44 anos na madrugada após uma parada cardiorrespiratória, em uma clínica particular de Campina Grande, no Agreste da Paraíba. O enterro aconteceu em cerimônia íntima, restrita à família e a alguns amigos no cemitério Campo Santo Parque da Paz, também em Campina Grande. A cerimônia aconteceu sob aplausos e ao som da música "Não aprendi dizer adeus", da dupla Leandro e Leonardo.
O velório aconteceu ao longo do dia e foi reservado à família em alguns momentos, mas também foi aberto ao público. Durante o dia e no velório, vários artistas e políticos prestaram homenagens e falaram sobre a importância do comediante. "A lição que ele deixou foi de que não importa a desgraça, a gente sempre pode fazer graça", disse o filho do comediante Shaolin, o também comediante Lucas Veloso, durante o velório do pai.
Lucas contou que esteve com o pai na noite de quarta-feira (13) e que "ele estava sereno". "Foi uma surpresa porque ele estava muito bem. O que sinto agora, depois de quase 20 anos convivendo com um paizão maravilhoso, é mau humor", disse. O filho do comediante também destacou a luta pela vida nos últimos anos. "Ele sofreu o acidente e passou cinco anos mostrando que não é um 'caminhãozinho' que tira a gente da estrada", lembrou.
A cantora Joelma, ex-Banda Calypso, chegou ao velório no fim da tarde. A cantora era uma das artistas imitadas pelo humorista. “Shaolin é um amigo, uma pessoa especial para mim e para o Brasil. A tristeza não chegava perto dele e as pessoas que estavam tristes sorriam naturalmente com ele. Isso é um dom lindo de Deus e ele vai deixar muita saudade lembranças em meu coração. Eu tive momentos maravilhosos com ele nos camarins e nos palcos. Ele era diferente e especial. Muitos viam ele sorrindo o tempo inteiro, mas ele tinha um caráter muito puro e verdadeiro”, disse a cantora.
Shaolin recebia cuidados médicos em casa desde 2011, após sofrer um acidente de carro. A informação da morte foi publicada no Facebook de Laudiceia Veloso, viúva do artista.
"#LUTO? Depois de 1821 dias, nosso guerreiro terminou sua batalha. É com muita tristeza que divido a nossa dor com todos vocês. Shaolin apresentou um quadro febril nesta terça e que, infelizmente evoluiu para uma infecção, precisando de internação imediata. Recebemos a notícia do hospital, neste momento, que ele sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu. As informações sobre velório e local de sepultamento, divulgarei mais tarde. Obrigada a todos pelas orações e pela força!", informou a viúva pela rede social.
'Alegria de viver'
Apesar de estar acamado após quase cinco anos de acidente de carro, Shaolin, tinha alegria de viver. Isso é o que diz o cunhado do artista, Ricardo Santos. Segundo ele, Shaolin começou a ter complicações na terça-feira (12), quando apresentou um quadro de febre. "Laudiceia [esposa de Shaolin] medicou ele em casa com a orientação dos médicos, Shaolin reagiu, a febre passou na terça-feira mesmo", explicou Ricardo Santos.
Na quarta-feira (13), a febre voltou e a família e os médicos decidiram interná-lo em uma clínica no bairro da Prata, em Campina Grande. De acordo com o parente do humorista, ele estava em estado regular, mas durante a madrugada os familiares receberam dos médicos a notícia da morte.
"Assim que ele chegou, os médicos detectaram um quadro de infecção pulmonar, que é até natural para um doente acamado. A gente não esperava [a morte]. Nós esperávamos que com a medicação houvesse uma evolução e ele recebesse alta e já voltasse para casa, pelo menos, até o fim de semana", disse o cunhado.
O humorista não conseguia falar e se comunicava com expressões faciais. Mesmo com dificuldades, Shaolin era ativo na vida da família Veloso. "Ele estava 100% consciente. Tudo que se falava perto dele, ele demonstrava por meio da expressão facial. Ele ria quando achava engraçado, chorava quando achava triste. Ele tinha alegria de viver, que é o principal de tudo. Sempre teve muita força e lutou até o momento que pode. Jamais desistiu", contou Ricardo Santos.
Por conta da morte de Shaolin, o prefeito de Campina Grande, cidade onde a o artista morava, decretou luto oficial na cidade por três dias.
O filho de Shaolin, Lucas Veloso, está seguindo a mesma profissão que o pai. Em entrevista em abril de 2014, ele contou que o pai acompanhava seus primeiros passos de perto. "Ele está consciente, entende tudo. É inclusive, digamos assim, o diretor do meu show. Todas as piadas eu testo com ele para saber se pode ou não ir", contou na época.
Nesta quarta-feira, o jovem também publicou em seu perfil em uma rede social uma homenagem ao pai. "Não aprendi dizer 'adeus'/ mas deixo você ir, sem lágrimas no olhar/ seu adeus me machuca/ o inverno vai passar, e apaga a cicatriz." Descanse em paz, meu guerreiro! Desejo honrar sua alegria todos os dias! #LUTO", disse, citando música do cantor Leonardo, que era imitado por Shaolin. Até as 9h30 (horário local) a publicação já tinha mais de 4,7 mil compartilhamentos.
O acidente
Shaolin sofreu um acidente no dia 18 de janeiro de 2011 na rodovia federal BR-230, em Campina Grande. No mesmo dia, Shaolin foi socorrido e internado no Hospital de Emergência e Trauma da cidade. Pouco tempo depois, foi transferido para o Hospital das Clínicas, em São Paulo, onde foi submetido a cirurgias e ficou internado por cerca de cinco meses.
O motorista do caminhão envolvido no acidente com o carro de Shaolin, Jobson Clemente, foi condenado no mesmo ano a dois anos em regime aberto, pena que foi convertida em prestação de serviços à comunidade e pagamento de três salário mínimos. Em 2012 o Ministério Público chegou a pedir revisão da pena, considerada muito branda, mas o pedido foi negado em outubro de 2015.
Em 2015, quatro anos após o acidente que o deixou em coma, Shaolin conseguia se comunicar e interagir com a família através de "expressões faciais e dos olhos", conforme relatou sua à esposa época, Laudiceia Veloso.
Cheiro de churrasco na política brasileira... / "Das cinzas ao carnaval" > Fernando Gabeira
15/01/2016
às 14:37 \ OpiniãoFernando Gabeira: Das cinzas ao carnaval
Publicado no Estadão
A Operação Lava Jato começou o ano desatando fios de várias meadas. Um deles, as mensagens telefônicas do ex-diretor da OAS Leo Pinheiro. No vácuo político do recesso, a única variável com poder de alterar o quadro é o curso da Lava Jato e de outras operações da Polícia Federal.
As mensagens de Leo Pinheiro comprometem o ministro Jaques Wagner em alguns pontos. Um deles, sua interferência num fundo de pensão, a pedido da OAS. Negócio de R$ 200 milhões. Mais ou menos no mesmo período vazou trecho da delação de Nestor Cerveró também comprometendo Wagner. Desta vez na construção de um prédio destinado a abrigar a direção financeira da Petrobras.
Cruzo os dados não para demonstrar culpa de Wagner. Mas para reafirmar que a Lava Jato é uma espécie de termômetro que permite vislumbrar ao menos algumas nesgas do futuro. No caso de Lula não poder disputar em 2018, Wagner era uma espécie de plano B. Há pedras no caminho.
As mensagens de Leo Pinheiro expuseram ainda mais o superexposto Eduardo Cunha. Trabalhavam intimamente, Cunha era um lobista da OAS. Eram tão próximos que combinavam doações que seriam feitas por empresa adversária, a Odebrecht. Na intimidade do diálogo com Leo Pinheiro, Cunha chamava a Odebrecht de “os alemães”, expressão usada nos morros do Rio para designar os rivais de outra área.
Eduardo Cunha já está enredado até a medula. E na troca de mensagens com o diretor da OAS ainda expôs outros políticos do PMDB e até a campanha de Temer para vice. Sinal de alerta para o futuro do partido. Lobão já teve seu sigilo bancário quebrado. Até que ponto é possível prever o futuro do PMDB antes do fim da Lava Jato?
O PSDB também aparece em delações premiadas. A primeira denúncia foi de Paulo Roberto Costa: teria pago R$ 10 milhões a Sérgio Guerra, então presidente do partido, para tornar inviável uma CPI da Petrobras. Novos vazamentos da delação de Nestor Cerveró revelam que ele denunciou uma propina de US$ 100 milhões no período de Fernando Henrique Cardoso, paga por um negócio feito na Argentina, a venda da petrolífera Pérez Companc.
Tanto Sérgio Guerra como o ex-presidente da Petrobras Francisco Gross já morreram. Mas isso não impede a investigação dos fatos, no momento muito vagos ainda. Mas se a Operação Lava Jato tiver a mesma duração de quatro anos da italiana Mãos Limpas, terá condições de iluminar ao máximo o período, para a nova fase da democracia brasileira começar a cumprir as promessas que vêm lá da luta pelas diretas.
O PT reclama de vazamentos seletivos. Tem vazado geral, para todos os lados. Parte do PP está atrás das grades. O problema do PT, além do volume, é o amplo domínio da máquina, a corrupção como forma de governo. Não bastasse Pasadena, surgiu agora Moamba-Major.
Esse é o nome de uma barragem em Moçambique, feita pela Andrade Gutierrez. Os africanos precisavam abrir uma conta no exterior, o governo brasileiro decidiu suspender essa condição para facilitar um empréstimo do BNDES de US$ 320 milhões. O banco afirma que foi uma operação normal e não viu risco no empréstimo. A resposta desse e de outros enigmas está na própria Lava Jato, pois deve começar logo a delação premiada da Andrade Gutierrez.
Como a agenda da Lava Jato domina os futuros passos políticos, o começo do ano novo é só um prolongamento do velho. Outra variável de peso que vem de 2015, a economia se degrada e o governo ainda me parece perdido. Ao mesmo tempo que lança metas inalcançáveis para melhorar suas contas, como CPMF e reforma da Previdência, orienta os bancos oficiais a facilitar o crédito.
Volta e meia se fala nas reservas nacionais, em detoná-las para criar um impulso na economia. O Brasil tem muito dinheiro, vamos gastá-lo. Mas o Brasil tem dívidas. Contando direitinho, ativos e dívidas, sobra menos do que parece. Além de ser pouco para o que pretendem, vai nos deixar totalmente na lona. Jaques Wagner disse que o governo não tem nenhum coelho na cartola para superar a crise econômica. A impressão é de que, se o tivesse, teria tirado. O enfoque da magia não foi rejeitado. Só acabaram os truques.
As variáveis Lava Jato e crise econômica não conseguem fechar o quadro. Mas influenciam uma terceira que, em combinação com elas, pode resultar na mudança.
Apesar de manifestações aqui e ali, a sociedade ainda não se pôs em movimento este ano. Até que ponto se vai manter distante? Não é uma passividade qualquer: cada vez recebe mais dados negativos sobre o país e seus governantes. É uma passividade informada. Ao menos tem os dados para avaliar, sabiamente, a hora de passar de um estado para outro, a hora de agir.
Dizem que o ano no Brasil só começa depois do carnaval. Mas o fluxo de dados não para. Ele transborda no carnaval em marchinhas, máscaras, fantasias e passa ele mesmo a ser um dado na própria análise da crise. Mesmo porque até o carnaval muita gente pode sambar.
A História não tira férias de verão. Já temos uma espécie big data dos escândalos, enriquecido diariamente com revelações, cruzamentos, checagens.
Sabemos que as chances de Eduardo Cunha ter feito fortuna no mercado são menores do que ganhar a Mega-Sena. As chances de os negócios de Cunha terem rendido o que declarou é de 1 em 257 setilhões; as de ganhar a Mega-Sena, 1 em 50 milhões. É o que diz um documento do inquérito. Não era preciso fazer tanta conta.
Melhor é apressar o passo. Num certo nível, o Brasil ganha credibilidade internacional com a Lava Jato: as investigações são independentes e nos põem no limiar da maturidade democrática. Em outro, as hesitações e fantasias diante da crise econômica agravam o quadro e solapam tal credibilidade.
Na Quaresma voltam os políticos. Mais uma variável da equação. Que instinto os moverá nessa volta, o de sobrevivência? Continuarão dançando na beira do abismo? Nessa hora o carnaval já terá passado. É 2016.
Epidemia de Zika prejudica os Jogos da Rio 16 / Reuters
EUA orientam grávidas a não viajarem ao Brasil por causa de epidemia de zika
Alerta das autoridades de saúde americanas também inclui outros 13 países
Reuters
Autoridades de saúde americanas emitiram alerta na noite desta sexta-feira para que mulheres grávidas evitem viajar para o Brasil e outros 13 países da América Latina, em que há presença do vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. O governo americano considera um risco já que é comprovada a relação dos casos de microcefalia com o vírus.( Aedes aegypti (Foto: Divulgação)
O alerta se estende ao Brasil, Colombia, El Salvador, Guiana Francesa, Guatemala, Haiti, Honduras, Martinica, México, Panamá, Paraguai, Suriname, Venezuela e Porto Rico. Advertência também orienta que mulheres que estejam planejando engravidar procurem seus médicos antes de viajar para estas áreas.
Duas publicações internacionais já tinham feito um alerta, esta semana, em relação aos casos de zika no Brasil. Na quinta-feira, o site de notícias científicas “EurekAlert!” destacou trechos de um artigo do médico Kamran Khan, do Hospital St. Michael, de Toronto, divulgado na revista “The Lancet”. Ele afirma que, devido aos Jogos Olímpicos, em agosto, será necessário aumentar a conscientização em relação ao vírus emergente. A reportagem diz que o zika está sendo associado a “defeitos congênitos graves” e tem potencial para se espalhar pelas Américas, inclusive nos Estados Unidos.
Saiba mais
Aedes aegypti (Foto: Divulgação)
A vida dá voltas e alguns motoristas tornam-se passageiros / Eliane Cantanhêde
O mistério Lula-Collor -
ELIANE CANTANHÊDE
ESTADÃO - 15/01
Precisa-se criar, urgentemente, uma comissão multidisciplinar, com policiais, procuradores, advogados, cientistas políticos, economistas, matemáticos, gestores públicos e, claro, psiquiatras, para a sociedade brasileira tentar entender a incrível relação entre Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello.
Em 28 de junho, perguntou-se exatamente neste espaço por que raios a UTC teria doado R$ 20 milhões para Collor, duas décadas depois do impeachment. Afora o detalhe de que foi mais ainda que R$ 20 milhões, a nova pergunta é por que diabos Lula teria dado de presente para Collor uma estatal preciosa como a BR Distribuidora. Nem Freud explica.
Collor é de Alagoas, Estado pequeno com apenas nove dos 513 deputados federais, e é do PTB, partido que é o oitavo da Câmara, tinha 18 deputados em 2014 e elegeu 25. Detalhe: nenhum dos eleitos por Alagoas é do partido. Então, fica difícil compreender, com base na política e na aritmética, o que Lula tanto pretendia lucrar ao entregar a BR para Collor. Certamente, não eram votos no Congresso, ou só votos no Congresso.
Lula dirá que não sabe, não viu, não ouviu falar, não deu coisa nenhuma e, aliás, quem é mesmo esse tal de Collor? Como já disse que nunca teve nenhuma relação com o diretor de Finanças e Serviços da BR Nestor Cerveró, hoje delator da Lava Jato. Mas, se Collor não tinha nada com a BR, por que e para que ele recebeu o diretor de Finanças da empresa no aconchego da Casa da Dinda? E por orientação de quem?
Juntando as pontas: o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, escreveu numa denúncia formal ao Supremo Tribunal Federal que Lula entregou a BR para Collor e loteou a subsidiária da Petrobrás em troca de apoio político. E, em delação, Cerveró disse que Lula lhe deu de presente uma diretoria (justamente de Finanças, não custa repetir...) como recompensa por sua atuação junto ao banco Schahin para desviar uma graninha para o PT.
Há, portanto, algum motivo para o presente de Lula para Cerveró, mas nada explica, à luz do dia e da lógica, que ele tenha jogado a subsidiária da Petrobrás no colo de Collor (sem trocadilho, por favor). É um mistério.
As histórias do sindicalista Lula e do “playboy” Collor cruzam em 1989, na primeira eleição direta para presidente da República após a ditadura militar. Collor não teve o menor prurido nem ao jogar na TV a história de uma ex-namorada e de uma filha de Lula. Foi um golpe baixo ao quadrado: além de não se falar da filha dos outros em vão, o próprio Collor tinha um filho em situação semelhante à de Lurian.
Collor eleito, Lula foi à forra com unhas, dentes e as feras do PT. Em aliança com policiais, procuradores e jornalistas, ele, José Dirceu, Aloizio Mercadante e os Waldomiros Diniz da liderança petista na Câmara foram expondo os Fiat Elba, as cascatas da Casa da Dinda e os dossiês do PC Farias que geraram os caras-pintadas e enterraram o mandato de Collor.
Zero a zero? Passados os oito anos de inelegibilidade, eis que Collor não apenas volta das profundezas do ocaso como é recebido com pompa e circunstância pelo adversário cruento. Abraçado a ele, Lula reduziu os embates anteriores a mera guerrinha política, previu que Collor faria um mandato “extraordinário” no Senado e meteu o ex-presidente no Aerolula. Agora, o procurador-geral informa que o meteu também na BR Distribuidora.
Dorival Caymmi escreveu e Carmen Miranda imortalizou uma pergunta que atravessa o País há décadas: “O que que a baiana tem?” E ensinou: “Ai, quem não tem balangandãs não vai no Bonfim/ Oi, quem não tem balangandãs não vai no Bonfim”. Hoje, a pergunta é outra: o que que o Collor tem? Deve ter muito rosário de ouro, uma bolota assim e põe balangandãs nisso! Não foi por Alagoas e pelo PTB que ele chegou no Bonfim. Muito menos na BR Distribuidora.
Precisa-se criar, urgentemente, uma comissão multidisciplinar, com policiais, procuradores, advogados, cientistas políticos, economistas, matemáticos, gestores públicos e, claro, psiquiatras, para a sociedade brasileira tentar entender a incrível relação entre Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello.
Em 28 de junho, perguntou-se exatamente neste espaço por que raios a UTC teria doado R$ 20 milhões para Collor, duas décadas depois do impeachment. Afora o detalhe de que foi mais ainda que R$ 20 milhões, a nova pergunta é por que diabos Lula teria dado de presente para Collor uma estatal preciosa como a BR Distribuidora. Nem Freud explica.
Collor é de Alagoas, Estado pequeno com apenas nove dos 513 deputados federais, e é do PTB, partido que é o oitavo da Câmara, tinha 18 deputados em 2014 e elegeu 25. Detalhe: nenhum dos eleitos por Alagoas é do partido. Então, fica difícil compreender, com base na política e na aritmética, o que Lula tanto pretendia lucrar ao entregar a BR para Collor. Certamente, não eram votos no Congresso, ou só votos no Congresso.
Lula dirá que não sabe, não viu, não ouviu falar, não deu coisa nenhuma e, aliás, quem é mesmo esse tal de Collor? Como já disse que nunca teve nenhuma relação com o diretor de Finanças e Serviços da BR Nestor Cerveró, hoje delator da Lava Jato. Mas, se Collor não tinha nada com a BR, por que e para que ele recebeu o diretor de Finanças da empresa no aconchego da Casa da Dinda? E por orientação de quem?
Juntando as pontas: o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, escreveu numa denúncia formal ao Supremo Tribunal Federal que Lula entregou a BR para Collor e loteou a subsidiária da Petrobrás em troca de apoio político. E, em delação, Cerveró disse que Lula lhe deu de presente uma diretoria (justamente de Finanças, não custa repetir...) como recompensa por sua atuação junto ao banco Schahin para desviar uma graninha para o PT.
Há, portanto, algum motivo para o presente de Lula para Cerveró, mas nada explica, à luz do dia e da lógica, que ele tenha jogado a subsidiária da Petrobrás no colo de Collor (sem trocadilho, por favor). É um mistério.
As histórias do sindicalista Lula e do “playboy” Collor cruzam em 1989, na primeira eleição direta para presidente da República após a ditadura militar. Collor não teve o menor prurido nem ao jogar na TV a história de uma ex-namorada e de uma filha de Lula. Foi um golpe baixo ao quadrado: além de não se falar da filha dos outros em vão, o próprio Collor tinha um filho em situação semelhante à de Lurian.
Collor eleito, Lula foi à forra com unhas, dentes e as feras do PT. Em aliança com policiais, procuradores e jornalistas, ele, José Dirceu, Aloizio Mercadante e os Waldomiros Diniz da liderança petista na Câmara foram expondo os Fiat Elba, as cascatas da Casa da Dinda e os dossiês do PC Farias que geraram os caras-pintadas e enterraram o mandato de Collor.
Zero a zero? Passados os oito anos de inelegibilidade, eis que Collor não apenas volta das profundezas do ocaso como é recebido com pompa e circunstância pelo adversário cruento. Abraçado a ele, Lula reduziu os embates anteriores a mera guerrinha política, previu que Collor faria um mandato “extraordinário” no Senado e meteu o ex-presidente no Aerolula. Agora, o procurador-geral informa que o meteu também na BR Distribuidora.
Dorival Caymmi escreveu e Carmen Miranda imortalizou uma pergunta que atravessa o País há décadas: “O que que a baiana tem?” E ensinou: “Ai, quem não tem balangandãs não vai no Bonfim/ Oi, quem não tem balangandãs não vai no Bonfim”. Hoje, a pergunta é outra: o que que o Collor tem? Deve ter muito rosário de ouro, uma bolota assim e põe balangandãs nisso! Não foi por Alagoas e pelo PTB que ele chegou no Bonfim. Muito menos na BR Distribuidora.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2016
Cirurgia de Alzheimer freia evolução da doença / Correio da Paraíba
http://correiodaparaiba.com.br/cidades/saude-cidades/cirurgia-de-alzheimer-feita-na-paraiba-freia-evolucao-do-mal-e-recupera-memoria/
SAÚDE
CIRURGIA DE ALZHEIMER FEITA NA PARAÍBA FREIA EVOLUÇÃO DO MAL E RECUPERA MEMÓRIA
Lucilene Meireles / 27 de dezembro de 2015
Foto: Assuero Lima
Pela primeira vez, na Paraíba, foi realizada a ‘estimulação cerebral profunda’ em paciente com mal de Alzheimer. A cirurgia é capaz de frear a evolução da doença e recuperar as funções da memória quando o problema está em estágio inicial. A intervenção aconteceu no dia 11 de dezembro, no Hospital Napoleão Laureano, em um paciente de 77 anos. Estima-se, no Brasil, 1 milhão e 200 mil pessoas com Alzheimer.
De acordo com o neurocirurgião Rodrigo Marmo, que realizou a cirurgia, a melhora da função da memória é comprovada e tem se mostrado em ressonâncias realizadas nos pacientes um ano depois da operação. “Há um aumento do volume do hipocampo, que é a parte do cérebro que controla a memória”, observou. Os médicos também se baseiam num exame chamado PET-Scan, que mede o metabolismo cerebral. Ele se modifica após a cirurgia no paciente com Alzheimer, e áreas da memória que estavam com pouco metabolismo se tornam mais ‘quentes’, segundo o especialista.
Antes do paciente se submeter à cirurgia, a família até pensou em ir para o Canadá, mas o médico explicou que ela poderia ser feita aqui e, após todos os exames necessários, realizou o procedimento. O idoso estava perdendo a memória e a medicação que tomava há um ano e meio fazia pouco efeito.
A família preferiu não identificar o paciente, mas a esposa dele afirmou que, ao saber da possibilidade da cirurgia, todos ficaram entusiasmados. “Tínhamos a opção de investir na cirurgia, cujos benefícios ainda não podemos ver, ou ficávamos na administração normal da medicação sem saber o destino. Optamos por lutar pela cirurgia. Fomos à Justiça e conseguimos que fosse realizada”, comemorou.
Resultados.
Lucilene Meireles / 27 de dezembro de 2015
Foto: Assuero Lima
SAÚDE
CIRURGIA DE ALZHEIMER FEITA NA PARAÍBA FREIA EVOLUÇÃO DO MAL E RECUPERA MEMÓRIA
Lucilene Meireles / 27 de dezembro de 2015
Foto: Assuero Lima
Pela primeira vez, na Paraíba, foi realizada a ‘estimulação cerebral profunda’ em paciente com mal de Alzheimer. A cirurgia é capaz de frear a evolução da doença e recuperar as funções da memória quando o problema está em estágio inicial. A intervenção aconteceu no dia 11 de dezembro, no Hospital Napoleão Laureano, em um paciente de 77 anos. Estima-se, no Brasil, 1 milhão e 200 mil pessoas com Alzheimer.
De acordo com o neurocirurgião Rodrigo Marmo, que realizou a cirurgia, a melhora da função da memória é comprovada e tem se mostrado em ressonâncias realizadas nos pacientes um ano depois da operação. “Há um aumento do volume do hipocampo, que é a parte do cérebro que controla a memória”, observou. Os médicos também se baseiam num exame chamado PET-Scan, que mede o metabolismo cerebral. Ele se modifica após a cirurgia no paciente com Alzheimer, e áreas da memória que estavam com pouco metabolismo se tornam mais ‘quentes’, segundo o especialista.
Antes do paciente se submeter à cirurgia, a família até pensou em ir para o Canadá, mas o médico explicou que ela poderia ser feita aqui e, após todos os exames necessários, realizou o procedimento. O idoso estava perdendo a memória e a medicação que tomava há um ano e meio fazia pouco efeito.
A família preferiu não identificar o paciente, mas a esposa dele afirmou que, ao saber da possibilidade da cirurgia, todos ficaram entusiasmados. “Tínhamos a opção de investir na cirurgia, cujos benefícios ainda não podemos ver, ou ficávamos na administração normal da medicação sem saber o destino. Optamos por lutar pela cirurgia. Fomos à Justiça e conseguimos que fosse realizada”, comemorou.
Resultados.
O paciente paraibano foi operado na manhã da sexta-feira e recebeu alta no domingo, sem intercorrência neurológica. A melhora é progressiva, mas só após 30 dias é possível perceber alguma evolução. “Acho que o grande desafio foi o fato de ter sido uma primeira cirurgia desse porte no Brasil”, destacou o neurocirurgião Rodrigo Marmo.
Casos podem ser prevenidos
É possível prevenir o mal de Alzheimer em alguns casos. O neurocirurgião Rodrigo Marmo explicou que existe o fator genético, que influencia e não é modificável, e há os modificáveis. Pacientes que têm um grau de escolaridade maior, que têm mais leitura, que trabalham mais a mente de alguma forma, até com palavra cruzada, têm menos Alzheimer dos que os pacientes com baixa escolaridade.
“Isso é evidência. Previne Alzheimer e retarda em quem tem a doença. Essa é a principal forma de prevenir, além de ter hábitos de vida saudáveis, como praticar atividade física, ter um bom relacionamento familiar, com os colegas, participar de grupos de igrejas, encontros de casais. Isso tudo retarda a evolução do Alzheimer, comprovadamente”, disse o médico.
Pacientes depressivos, segundo ele, têm mais tendência a evoluir para doença de Alzheimer. “Temos que fazer o diagnóstico diferencial. Quando um paciente chega com perda de memória é suspeita de Alzheimer. Para confirmar, tem que afastar outras coisas”, destacou o neurocirurgião.
Fase inicial:
Casos podem ser prevenidos
É possível prevenir o mal de Alzheimer em alguns casos. O neurocirurgião Rodrigo Marmo explicou que existe o fator genético, que influencia e não é modificável, e há os modificáveis. Pacientes que têm um grau de escolaridade maior, que têm mais leitura, que trabalham mais a mente de alguma forma, até com palavra cruzada, têm menos Alzheimer dos que os pacientes com baixa escolaridade.
“Isso é evidência. Previne Alzheimer e retarda em quem tem a doença. Essa é a principal forma de prevenir, além de ter hábitos de vida saudáveis, como praticar atividade física, ter um bom relacionamento familiar, com os colegas, participar de grupos de igrejas, encontros de casais. Isso tudo retarda a evolução do Alzheimer, comprovadamente”, disse o médico.
Pacientes depressivos, segundo ele, têm mais tendência a evoluir para doença de Alzheimer. “Temos que fazer o diagnóstico diferencial. Quando um paciente chega com perda de memória é suspeita de Alzheimer. Para confirmar, tem que afastar outras coisas”, destacou o neurocirurgião.
Fase inicial:
Lapsos na memória recente;
Mudanças de comportamento (o introvertido fica falante e vice-versa);
Senso de direção comprometido;
Atitude mais agressiva que o normal;
Dificuldade de fixar novas informações;
Teimosia: diz que não há nada errado com ele.
Fase intermediária:
Perda de memória se intensifica;
Senso de direção comprometido;
Atitude mais agressiva que o normal;
Dificuldade de fixar novas informações;
Teimosia: diz que não há nada errado com ele.
Fase intermediária:
Perda de memória se intensifica;
Repetição infinita de informações;
Dependência física para desempenhar atividades simples;
Se tornam penosas ou perigosas;
Estranhamento da própria casa e dos pertences;
Alternância de momentos de lucidez e confusão mental;
Estresse, depressão e agressividade ao ser contrariado;
Esquecimento de palavras óbvias.
Dependência física para desempenhar atividades simples;
Se tornam penosas ou perigosas;
Estranhamento da própria casa e dos pertences;
Alternância de momentos de lucidez e confusão mental;
Estresse, depressão e agressividade ao ser contrariado;
Esquecimento de palavras óbvias.
Vocabulário prejudicado.
Fase avançada:
Dependência física total;
O paciente não anda e quase não fala;
Não reconhece ninguém, nem a si mesmo;
Aparecimento de feridas, pneumonia, infecções e problemas de circulação;
A deglutição fica prejudicada.
Leia mais no jornal Correio da Paraíba
Fase avançada:
Dependência física total;
O paciente não anda e quase não fala;
Não reconhece ninguém, nem a si mesmo;
Aparecimento de feridas, pneumonia, infecções e problemas de circulação;
A deglutição fica prejudicada.
Leia mais no jornal Correio da Paraíba
Frase do dia no blog de Ricardo Noblat
O que se verifica é vandalismo e ainda um vandalismo meio seletivo, porque a correção da tarifa em São Paulo é menor do que a inflação. E é estranho, a energia elétrica aumentou 70% e não teve nenhum vandalismo.
GOVERNADOR DE SÃO PAULO, GERALDO ALCKMIN, CRITICANDO AS MANIFESTAÇÕES
CONTRA O AUMENTO DA TARIFA DO TRANSPORTE PÚBLICO
quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
Será que é por isso que a América é conhecida como 'América Latrina' ? 'Tá tudo dominado' !
Eles não têm Lava-Jato -
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O GLOBO - 14/01
A exemplo do Brasil, no Panamá a corrupção aparece cada vez mais, assim
A exemplo do Brasil, no Panamá a corrupção aparece cada vez mais, assim
como esforços para combatê-la
Dia desses, a polícia do Panamá encontrou um lote de cocaína em um carro com chapa oficial da Assembleia Nacional. O motorista era assessor de um deputado, que apresentou a defesa de praxe: não sabia dos atos de seu colaborador. Já o presidente da República, Juan Carlos Varela, comentou: ainda vão parecer muitos casos de funcionários envolvidos com o narcotráfico — o maior problema na América Central. A imprensa fala de “narcodeputados”.
Há reações. O presidente da Assembleia suspendeu provisoriamente, para investigação, o uso das “chapas-brancas”. Cada parlamentar tem direito a duas, cada suplente a uma. Reparem: não têm carro oficial, só as placas.
Mas cada deputado tinha direito a comprar três carros por legislatura, isentos de todos os impostos. Para os suplentes, dois automóveis. (Desconfio que estou dando uma boa ideia para os legislativos brasileiros, má ideia para os contribuintes).
De todo modo, numa medida apresentada como moralização, o presidente Varela conseguiu limitar para dois o número de carros isentos (e um para os suplentes). Assim ficou “saneado”: dois carros, duas chapas.
Outro assunto que movimenta a imprensa panamenha é a série de denúncias envolvendo juízes da Suprema Corte. E sabem onde se dá o processo? Na Assembleia de Deputados, espécie de tribunal dos magistrados. (Outra ideia para o nosso Congresso?)
Mas por que estamos falando disso?
Para mostrar semelhanças e diferenças.
Semelhanças: por toda a América Latina, dos pequenos aos grandes países, é infinito o talento dos funcionários públicos em geral, e dos parlamentares em especial, para descobrir mordomias e facilidades. Quando apanhados, as reações são do mesmo tipo — uma tentativa de dar satisfação à opinião pública, mas sem perder tudo. Três chapas, isso não se admite, só duas.
Lembram-se quando parlamentares brasileiros foram apanhados com gastos excessivos, não explicados, das verbas pessoais de gabinete? Pois então, passou-se a exigir notas fiscais — que, a rigor, ninguém checa. E que tal os juízes aposentados de Mato Grosso, que mantêm o auxílio-moradia?
Outra semelhança: a corrupção aparece cada vez mais, assim como esforços para combatê-la. O Panamá, por exemplo, está na lista negra dos EUA e de entidades internacionais, na categoria centro de lavagem de dinheiro do tráfico e do terrorismo.
Nos últimos dois anos, foi aprovada uma nova legislação bancária e financeira, seguindo as recomendações do Fundo Monetário Internacional, limitando o sigilo bancário e as aplicações ao portador. Sim, ainda havia ações ao portador — instrumento básico para esconder dinheiro — amplamente emitidas. A nova legislação, parece, não extingue a modalidade, mas dificulta.
Se servirá ou não, depende de uma missão do FMI, que está na capital avaliando a nova legislação e os órgãos de controle.
De todo modo, é um sinal dos tempos. Antes, o Panamá atraía capitais do mundo todo exatamente por ser um paraíso fiscal e bancário. Tornou-se um centro financeiro, digamos, sofisticado. Hoje, perde dinheiro exatamente por causa disso. Grandes bancos, empresas e fundos fogem do país e de sua má fama.
O governo atual sabe que só volta a atrair investimentos, necessários para o Canal, por exemplo, se conseguir sair da lista negra. Faz até campanha publicitária. Na capital, na via que comunica o aeroporto com a cidade, há cartazes anunciando:
“Lavagem de dinheiro é crime. Denuncie. Ajude a combater”.
Outra semelhança: políticos denunciados reagem denunciando a acusação. É sempre assim: quando não há defesa, ataque a acusação.
Mas há uma diferença que distingue o Brasil na América Latina — a Operação Lava-Jato. Não se encontra nada parecido com Curitiba: Polícia Federal, Ministério Público e o Judiciário sincronizados numa ação fulminante e eficiente, que vai atropelando políticos e empresários e demolindo a corrupção. Aliás, todas as pessoas que conheci aqui na Cidade do Panamá e todos os motoristas de táxi que encontrei perguntaram pela prisão de Marcelo Odebrecht, cuja companhia é muito forte no país. “O presidente da maior companhia da América numa cela comum?” — comentavam, verdadeiramente assombrados.
CÓDIGOS
E por falar em Lava-Jato: os códigos do pessoal envolvido têm uma certa criatividade. Chamar Jaques Wagner de “Compositor” é quase bom. Não é muita gente que conhece o músico alemão.
“Andarilho” para Nelson Pellegrino faz uma boa brincadeira.
Mas não raro o próprio pessoal avacalha os códigos.
Numa das mensagens, um cara do esquema Leo Pinheiro escreve que o endereço de entrega é “3.600 Street Brown”.
E logo aparece um texto de Pinheiro: “O valor é muito alto”.
Outra, de João Vaccari para Leo Pinheiro: “Ouça a música do cantor Orlando Silva”.
Pinheiro: “Vou falar com ele”.
Dia desses, a polícia do Panamá encontrou um lote de cocaína em um carro com chapa oficial da Assembleia Nacional. O motorista era assessor de um deputado, que apresentou a defesa de praxe: não sabia dos atos de seu colaborador. Já o presidente da República, Juan Carlos Varela, comentou: ainda vão parecer muitos casos de funcionários envolvidos com o narcotráfico — o maior problema na América Central. A imprensa fala de “narcodeputados”.
Há reações. O presidente da Assembleia suspendeu provisoriamente, para investigação, o uso das “chapas-brancas”. Cada parlamentar tem direito a duas, cada suplente a uma. Reparem: não têm carro oficial, só as placas.
Mas cada deputado tinha direito a comprar três carros por legislatura, isentos de todos os impostos. Para os suplentes, dois automóveis. (Desconfio que estou dando uma boa ideia para os legislativos brasileiros, má ideia para os contribuintes).
De todo modo, numa medida apresentada como moralização, o presidente Varela conseguiu limitar para dois o número de carros isentos (e um para os suplentes). Assim ficou “saneado”: dois carros, duas chapas.
Outro assunto que movimenta a imprensa panamenha é a série de denúncias envolvendo juízes da Suprema Corte. E sabem onde se dá o processo? Na Assembleia de Deputados, espécie de tribunal dos magistrados. (Outra ideia para o nosso Congresso?)
Mas por que estamos falando disso?
Para mostrar semelhanças e diferenças.
Semelhanças: por toda a América Latina, dos pequenos aos grandes países, é infinito o talento dos funcionários públicos em geral, e dos parlamentares em especial, para descobrir mordomias e facilidades. Quando apanhados, as reações são do mesmo tipo — uma tentativa de dar satisfação à opinião pública, mas sem perder tudo. Três chapas, isso não se admite, só duas.
Lembram-se quando parlamentares brasileiros foram apanhados com gastos excessivos, não explicados, das verbas pessoais de gabinete? Pois então, passou-se a exigir notas fiscais — que, a rigor, ninguém checa. E que tal os juízes aposentados de Mato Grosso, que mantêm o auxílio-moradia?
Outra semelhança: a corrupção aparece cada vez mais, assim como esforços para combatê-la. O Panamá, por exemplo, está na lista negra dos EUA e de entidades internacionais, na categoria centro de lavagem de dinheiro do tráfico e do terrorismo.
Nos últimos dois anos, foi aprovada uma nova legislação bancária e financeira, seguindo as recomendações do Fundo Monetário Internacional, limitando o sigilo bancário e as aplicações ao portador. Sim, ainda havia ações ao portador — instrumento básico para esconder dinheiro — amplamente emitidas. A nova legislação, parece, não extingue a modalidade, mas dificulta.
Se servirá ou não, depende de uma missão do FMI, que está na capital avaliando a nova legislação e os órgãos de controle.
De todo modo, é um sinal dos tempos. Antes, o Panamá atraía capitais do mundo todo exatamente por ser um paraíso fiscal e bancário. Tornou-se um centro financeiro, digamos, sofisticado. Hoje, perde dinheiro exatamente por causa disso. Grandes bancos, empresas e fundos fogem do país e de sua má fama.
O governo atual sabe que só volta a atrair investimentos, necessários para o Canal, por exemplo, se conseguir sair da lista negra. Faz até campanha publicitária. Na capital, na via que comunica o aeroporto com a cidade, há cartazes anunciando:
“Lavagem de dinheiro é crime. Denuncie. Ajude a combater”.
Outra semelhança: políticos denunciados reagem denunciando a acusação. É sempre assim: quando não há defesa, ataque a acusação.
Mas há uma diferença que distingue o Brasil na América Latina — a Operação Lava-Jato. Não se encontra nada parecido com Curitiba: Polícia Federal, Ministério Público e o Judiciário sincronizados numa ação fulminante e eficiente, que vai atropelando políticos e empresários e demolindo a corrupção. Aliás, todas as pessoas que conheci aqui na Cidade do Panamá e todos os motoristas de táxi que encontrei perguntaram pela prisão de Marcelo Odebrecht, cuja companhia é muito forte no país. “O presidente da maior companhia da América numa cela comum?” — comentavam, verdadeiramente assombrados.
CÓDIGOS
E por falar em Lava-Jato: os códigos do pessoal envolvido têm uma certa criatividade. Chamar Jaques Wagner de “Compositor” é quase bom. Não é muita gente que conhece o músico alemão.
“Andarilho” para Nelson Pellegrino faz uma boa brincadeira.
Mas não raro o próprio pessoal avacalha os códigos.
Numa das mensagens, um cara do esquema Leo Pinheiro escreve que o endereço de entrega é “3.600 Street Brown”.
E logo aparece um texto de Pinheiro: “O valor é muito alto”.
Outra, de João Vaccari para Leo Pinheiro: “Ouça a música do cantor Orlando Silva”.
Pinheiro: “Vou falar com ele”.
"Paraíso perdido" ... / J R Guzzo // Veja
domingo, janeiro 10, 2016
Paraiso perdido - J. R. GUZZO
Onde foi parar neste começo de 2016 o "carrinho novo" que, segundo o ex-presidente Lula, o operário brasileiro finalmente teve dinheiro e crédito para comprar, por conta das virtudes de seu governo? Onde andariam todos os trabalhadores humildes que deixaram "a elite inconformada" por começarem a viajar de avião, pela primeira vez na história deste país? Onde poderia estar circulando neste momento o "Trem-Bala" que, segundo Lula garantiu mais de uma vez, seria inaugurado dali a pouquinho e calaria a boca dos que "torcem contra" o governo? Alguém já conseguiu tirar uma caneca de água da transposição do Rio São Francisco? O que aconteceu com a conta de luz barata e com a lição de economia que a presidente Dilma Rousseff deu ao planeta em 2013? O Brasil, assegurou ela, acabava de provar que era possível, sim, crescer, distribuir renda, baratear a vida para os pobres e ter finanças sadias, tudo ao mesmo tempo, "em meio a um mundo cheio de dificuldades". Não só isso. Seu governo acabava de colocar o Brasil numa "situação privilegiada" perante a comunidade das nações, com "energia cada vez melhor e mais barata, mais que suficiente para o presente e o futuro". Os "pessimistas" tinham sido derrotados, informou Dilma.
E os juros? Na mesma ocasião, a presidente comunicou que "os juros estão caindo como nunca" — e hoje? Outra coisa: sabe-se da existência de algum posto onde seria possível comprar gasolina barata, feito de que o governo tanto se orgulhava até o encerramento da eleição presidencial de 2014? O Brasil entrou, afinal, na Opep, como Lula previa diante da nossa transformação em potência na produção de petróleo? Aliás, por falar" nisso, quando foi a última festa para comemorar mais uma descoberta do "pré-sal", com Lula e Dilma fazendo aquelas marcas pretas de óleo nos uniformes cor de laranja com que eram fantasiados? Procuram-se notícias, também, do real forte — tão forte que iria dispensar o dólar nas transações internacionais do Brasil, pelas altas análises do Itamaraty. Seria interessante saber onde foi parar o investment grade que as grandes agências mundiais de avaliação de risco deram ao Brasil pouco tempo atrás — prova definitiva, segundo o governo, de que o mundo capitalista enfim se curvava diante da gestão econômica de Lula, Dilma, PT e de suas "políticas sociais". O mesmo se pode perguntar em relação ao "gostinho" declarado pelo ex-presidente em ver o Primeiro Mundo em "crise" e o Brasil correndo para o abraço.
Onde está "o pleno emprego"? Onde está a "Pátria Educadora"? Onde está o maior programa de distribuição de renda já visto na história da humanidade?
Nada disso se encontra disponível no presente momento. Carrinho novo? A indústria automobilística acaba de ter, em 2015, o pior desempenho em quase trinta anos — isso mesmo, desde 1987, nas remotas profundezas do governo José Sarney. As companhias de aviação estão de joelhos; se estão perdendo até os passageiros ricos, imagine-se os pobres.
A energia barata virou uma piada: as contas de luz subiram 50% em 2015, e vão subir de novo neste ano. Os juros andam perto de 15% — um paraíso mundial para os "rentistas" com os quais a esquerda brasileira tanto se horroriza nos discursos e a quem tanto favorece na vida real. No assunto petróleo, o que se tem, acima de tudo, é uma Petrobras que o governo quebrou, por ladroagem e incompetência, e hoje não tem dinheiro para investir nada; na verdade, ela jamais deveu tanto. O real perdeu 50% do seu valor no ano passado, e voltou, após mais de vinte anos, à sua condição de moeda bananeira. O governo presidiu uma recessão de 3,5% em 2015 — isso em cima de crescimento zero em 2014 — e prepara-se para socar na economia outro recuo neste ano, de 2,5% ou mais. Há 10 milhões de desempregados neste país, no corrente mês de janeiro. O último IDH, uma das medidas mundiais mais respeitadas para avaliar o bem-estar dos países, deixou o Brasil em 75º lugar—e quem pode achar que está bem, em qualquer coisa, se fica no 75º lugar? O investment grade sumiu: como o Senhor, na Bíblia, a Moody"s, a S&P e a Fitch dão, a Moody"s, a S&P e a Fitch tiram.
É este o país que resultou, na prática, dos treze anos de Lula, Dilma e PT. Ninguém no governo tem a menor ideia de como sair disso — nem poderia ter, quando o seu único objetivo, hoje em dia, é ficar de bem com o senador Renan Calheiros e traficar no Congresso um jeito para escapar do impeachment. Daí só se pode esperar que as coisas continuem piorando, piorando, piorando — até que chega um dia em que continuam a piorar.Postado por MURILO às 09:06
Reações:
Frase de Dilma... /Aspirada de artigo de José Nêumanne Pinto
Dilma disse ainda que ninguém devia aposentar-se aos 55 anos. “Nós estamos morrendo menos. E os jovens estão nascendo mais”, justificou-se. Estas patacoadas estão à altura da transmissão da tríplice epidemia pelo ovo do mosquito, da glorificação da mandioca e da sagração da mulher sapiens. Não querem dizer nada e nada indicam. São somente novas pérolas da língua particular de Sua Excelência, tratada comme il faut por Celso Arnaldo Araújo no livro O Dilmês. Criará um ministério para traduzi-la?
..."a presidente não desiste de nos surpreender e nos tem propiciado mais do mesmo em seu estilo pouco sagaz e nada sutil, sem lógica e com ousadia imodesta".
José Nêumanne: Quantos e quais são os avessos de Dilma?
A sequência de medidas provisórias e a nova regulamentação da Lei Anticorrupção, que na prática anulam o sentido do prefixo, que quer dizer contra, revelou a total desistência do mínimo de pudor pelo desgoverno Dilma no findo ano de 2015. A mudança da condição de 50 anos após a morte para 10 para que se lhe permita outorgar o título de Herói Nacional a Leonel Brizola, sem motivo aparente que não o de atormentar o vivo Luiz Inácio Lula da Silva, põe em dúvida a sanidade mental de quem a promoveu. Pois sobram problemas para a chefe do desgoverno enfrentar neste grave momento e não faltava nesta hora aziaga uma decisão sem motivo sério algum em meio à recessão brutal e a um processo de impeachment, que, na verdade, mal começou.
Mas a presidente não desiste de nos surpreender e nos tem propiciado mais do mesmo em seu estilo pouco sagaz e nada sutil, sem lógica e com ousadia imodesta. Há uma semana, seu padrinho Lula lhe ocupou a agenda com oportuno jantar (à véspera de um depoimento de cinco horas à Polícia Federal). E nele exigiu dela entusiasmo e otimismo. A sucessora não se fez de rogada e convidou os setoristas do palácio para um café da manhã, sob a égide de uma exibição de falsas flores do recesso e coroado com um selfie cretino que irradia, do lado dela, um absurdo desconhecimento da gravidade da crise e, do ângulo dos encarregados da cobertura da Corte desapegada aos fatos, um grau similar de alheamento brechtiano da realidade.
O pessedista pernambucano Thales Ramalho cunhou a expressão flores do recesso para definir o truque de políticos espertos de irem a Brasília nas férias para ocuparem tempo e espaço – às vezes com destaque – nos meios de comunicação revelando fatos irrelevantes que no cotidiano do quadro político não tinham como merecer importância. Lula mandou Dilma ser irrealista, ela obedeceu e os repórteres pareciam dizer, sem ligar a mínima para seu público, assolado por falências e desemprego: “Se fui pobre, não me lembro”.
Os semblantes deslumbrados de Dilma com o poder que se esvai e dos jornalistas com a proximidade da glória efêmera e rara contrastam com as notícias da planície, que são de fazer chorar. No congraçamento pré-carnavalesco em pleno recesso da recessão, a presidente festejou vitórias eventuais e inconsistentes no processo do impeachment. Mas, entrementes, o anúncio da inflação de 10,67% em 2015, a mais alta desde 2002, é a pior de uma série de notícias ruins, como o retorno de 3,7 milhões de pobres da classe C às classes D e E. E desolador é que, no “país do futuro” (apud Stefan Zweig), o desemprego de patrícios entre 15 e 24 anos deve ter sido de 15,5% em 2015 – maior do que a média mundial no ano, de 13,1% .
A maior novidade contada por ela agrada a pouquíssimos: deverá reunir-se no café com setoristas em 2017, porque o profeta Lula de Caetés, o vice Temer, que se refestela no poder à sombra, e Madre Marina acham que o impeachment morreu, mas não foi enterrado. As exéquias são previstas para depois do carnaval, época em que a Quarta-Feira de Cinzas terá ares de terça-feira gorda. Ao menos nos salões do palácio onde o escárnio vira orgia do acinte a desafiar cidadania e República, corroídas pelos ratos.
Ninguém achou um só deslize que ponha sob suspeita sua honra pessoal – repete Dilma. Não lhe falem no rombo das propinas da Petrobras, na capivara de sua protegida Erenice Guerra nem nas dúvidas sobre o comportamento do fiel Walter Cardeal, diretor da Eletrobras. Para limpar as fichas dos espíritos santos de orelha Jaques Wagner e Edinho Silva madama conta com o pretexto do “vazamento seletivo”, agora comprometido pelo destaque à citação de Fernando Henrique na delação de Cerveró. E com o beneplácito alugado do baixíssimo clero (nas profundezas de pré-sal) da Câmara, liderado por Leonardo Picciani. Só não dá mais é para soltar o líder Delcídio “do” Amaral.
Palavras impressas em papel não têm como ser fiéis a mais uma confissão de probidade feita pela presidente naquele repasto. A frase “tenho clareza de que tenho sido virada dos avessos” é um exemplo cabal da desconexão entre seu discurso e os dicionários existentes. Quantos e quais são os avessos de Dilma? Terá ela mais de um avesso (o lado oposto ao dianteiro) ou quis dizer às avessas (ao revés)?
É impossível adivinhar onde encontrou o plural de uma palavra singular para se eximir da evidência de que deixou tanta gente roubar tanto sem nunca ter percebido. Não dá para entender tal sentido oculto na leitura, ainda que atenta. Para isso há que assistir às pausas súbitas, às sílabas atropeladas e aos aflitos apelos à compreensão dos interlocutores. E isso só é possível vendo-a e ouvindo-a na televisão. O jeito de dizer a frase sem nexo importa mais do que a falta de nexo de sua fala. Pois denota o cansaço desesperado que Dilma expõe ao repetir infindas vezes algo que considera óbvio, mas não consegue comprovar e assim convencer quem tente, sempre em vão, ouvi-la e entendê-la. Da outra ponta da linha, assediado de todos os lados pela crise, o pobre brasileiro só pode ficar mais exausto e mais desesperado do que ela própria.
Dilma disse ainda que ninguém devia aposentar-se aos 55 anos. “Nós estamos morrendo menos. E os jovens estão nascendo mais”, justificou-se. Estas patacoadas estão à altura da transmissão da tríplice epidemia pelo ovo do mosquito, da glorificação da mandioca e da sagração da mulher sapiens. Não querem dizer nada e nada indicam. São somente novas pérolas da língua particular de Sua Excelência, tratada comme il faut por Celso Arnaldo Araújo no livro O Dilmês. Criará um ministério para traduzi-la?
Após ouvir que a CPMF é um problema de saúde pública, o contribuinte a ser assaltado entende perfeitamente que terá de pagar pelo 2016 feliz que Dilma se almeja. Pois sabe que só lhe restará pagar a conta de um problema de saúde pública sem jeito: o desgoverno dela.
Tags: Dilma Rousseff, impeachment, José Nêumanne, Leonel Brizola, Lula
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