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sexta-feira, 24 de abril de 2015

"O triângulo mortal da corrupção, do péssimo gerenciamento e do represamento artificial das tarifas"



Triângulo da 

morte

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  • O Estado de S. Paulo
  • Eliane Cantanhêde
    24 Abril 2015 | 02h 02

    O encantado balanço da Petrobrás desencantou, confirmando, agora em números, qual o primeiro e maior problema da principal companhia brasileira: a ingerência política. Foi ela, a ingerência política, que fechou o triângulo mortal da corrupção, do péssimo gerenciamento e do represamento artificial das tarifas. Deu no que deu.
    Essa conjunção maldita acabou com a saúde e com a imagem da Petrobrás no País e no mundo, mas o pior é que não foi uma exclusividade da Petrobrás, mas sim a marca dos anos do PT, particularmente dos anos Lula, nos órgãos públicos e nas estatais. Aparentemente, nada escapa.
    Foi por interesses políticos que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a partir de sua posse, em janeiro de 2003, nomeou sindicalistas alinhados ao PT para a presidência da Petrobrás e para as diretoriais do Banco do Brasil, por exemplo, e fatiou os principais cargos da petroleira entre "companheiros" petistas e "operadores" dos partidos aliados. Só podia descambar para esse descalabro.
    O resultado mais gritante no balanço anunciado na noite de quarta-feira é o das perdas de R$ 6,2 bilhões por causa da corrupção e, apesar de nada módico, esse total é visto com muita desconfiança por especialistas. Há quem imagine que a sangria foi ainda maior. Se você nomeia um diretor para abastecer as contas do PT e bolsos de petistas, outro para rechear as contas do PMDB e carteiras de pemedebistas, um terceiro para engordar as contas do PP e o patrimônio de pepistas, deveria saber o que estava fazendo. Tudo isso se embolou com o velho cartel de empreiteiras e com os doleiros de sempre e a consequência é: corrupção.
    Mas há dois outros resultados irritantes no balanço apresentado pelo novo presidente da companhia, Aldemir Bendine. O segundo é o mau gerenciamento da empresa, o que não chega a ser surpreendente quando sindicalistas e apadrinhados se dão ao luxo de definir os investimentos da nossa Petrobrás para atender os interesses do Palácio do Planalto. É assim que surgem obras muito caras - e de potencial duvidoso - em Estados governados por amigos do rei. Sobressaem-se aí pomposas refinarias, agora abandonadas.
    O terceiro resultado é o efeito corrosivo do represamento político dos preços da gasolina para postos e consumidor. Lula segurou para não arranhar a sua já imensa popularidade. Deu tão certo que ele continuou segurando para se reeleger, para eleger Dilma da primeira vez, para reeleger Dilma em 2014. O efeito foi ótimo para eles e péssimo para a Petrobrás.
    Mais cedo ou mais tarde, essa conta chega para o consumidor/eleitor. E está chegando da forma mais perversa. Antes, o petróleo estava caro lá fora e a gasolina era barata aqui dentro. Agora, o petróleo está barato lá fora e a gasolina vai ficar mais cara aqui dentro. Senão, a conta não fecha, a credibilidade não volta, a "nova Petrobrás" anunciada em Nova York pelo ministro Joaquim Levy nunca vai aparecer.
    Até lá, a "velha Petrobrás" é o grande "case" dos dois governos Lula. Quem descrever todas as nomeações políticas, o gerenciamento político e a administração política de preços da Petrobrás vai conseguir contar como foram os anos do PT nas estatais brasileiras. Sem esquecer de contar o final da história: nas campanhas, o PT atribuiu aos adversários a intenção de privatizar a Petrobrás, mas é o próprio governo do PT que vai sair vendendo tudo o que puder da petroleira para diminuir o prejuízo. Vão ter de vender muito, porque a Petrobrás é a empresa mais endividada do mundo.
    Detalhe constrangedor: foi justamente a ministra de Minas e Energia, depois chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobrás do pior e mais obscuro período da Petrobrás que acabou sendo eleita para suceder Lula - e ainda foi reeleita. Só para completar, a sua grande marca era a de... gerentona.

    'Tava demorando...' Suspeita de terrorismo e apreensão de documentos de advogado muçulmano / PF / Reinado Azevedo




    PF apura suspeita de terrorismo e apreende documentos de advogado muçulmano

    Por Fábio Fabrini e Andreza Matais, no Estadão. Volto no próximo post.

    O Grupo Antibomba da Polícia Federal fez nesta sexta-feira, 24, operação num prédio da Asa Norte, área nobre de Brasília. Os agentes vasculharam o apartamento de um advogado que atua em defesa das comunidades muçulmanas no Brasil. 
    Conforme agentes a par das investigações, a ação, que mobiliza setores de inteligência da PF, apura suspeitas de terrorismo. Homens encapuzados, do Comando de Ações Táticas (COT) da PF, fizeram buscas no imóvel com a ajuda de um cão farejador, a partir das 8h. No apartamento, moram o advogado Marcelo Salahuddin Bulhões dos Santos, a mulher dele, de origem iraniana, e um filho de colo.  Por volta das 10h, um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foi chamado ao local para acompanhar as buscas. Ele foi acionado porque ali funciona também o escritório do advogado. Por lei, ações nesses locais têm de ser acompanhadas pela entidade.
    Ao sair do local no início da tarde, o procurador Mauro Lustosa, da Comissão de Prerrogativas da OAB, explicou que os policiais tinham em mãos um mandado para apreensão de documentos. A suspeita, explicou, é de que o advogado guardava no local papeis falsos. Por volta das 14h, a equipe do COT deixou o imóvel com três malotes de documentos. O advogado foi intimado e terá de comparecer à PF para prestar depoimento.  Ao Estado, agentes da PF explicaram que a legislação brasileira não tipifica o crime de terrorismo. Por isso, nas investigações que envolvem suspeitas desse tipo de prática, são apontados delitos previstos no Código Penal Brasileiro. Marcelo e a mulher moram no apartamento há cerca de um ano, segundo vizinhos. Os dois são da religião muçulmana. 
    Em 2013, num documento enviado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Espionagem no Senado, o advogado denunciou supostos excessos de serviços secretos contra cidadãos de origem ou que professam a fé islâmica. “Há fortes indícios de que vários cidadãos brasileiros de origem árabe e/ou de confissão islâmica tenham sido objetos de investigação por parte de serviços de inteligência nacionais e estrangeiros, sendo que nem sempre haveria motivo plausível para tal”, escreveu, em setembro daquele ano, num ofício endereçado à senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
    O advogado entregou um pacote de documentos à CPI, entre os quais relatórios de órgãos americanos sobre a atividade de cidadãos muçulmanos. No comunicado, ele se intitula ex-servidor da Polícia Federal e explica que em diversas ocasiões presenciou a “interferência” de serviços estrangeiros na atuação de órgãos do governo federal – no entanto, não deu exemplos. “Posso destacar o Departamento de Polícia Federal”, afirmou. O Estado não conseguiu contato com o advogado nesta sexta.
    Alerta

    Com a proximidade das Olimpíadas de 2016, o Brasil reforçou o alerta contra o terrorismo. Há um mês, o Estado revelou que dois órgãos de inteligência do governo elaboraram relatórios apontando tentativas de o Estado Islâmico cooptar brasileiros para sua causa.
    Por Reinaldo Azevedo

    "A vida dura de um Estado balsâmico ou Dilma sobrevive como um fósforo frio"... / Fernando Gabeira / coluna de Augusto Nunes


    na coluna de Augusto Nunes \\\\\\\\

    Resultado de imagem para pessoas ocupam escritórios


    24/04/2015
     às 11:24 \ Opinião

    Fernando Gabeira: 

    ‘Um governo para esquecer'

    Publicado no Estadão
    FERNANDO GABEIRA
    Recebi dois livros interessantes: Submissão, de Michael Houellebecq, eOrdem Mundial, de Henry Kissinger. Aproveito uns dias de resfriado para lê-los, mas só vou comentá-los adiante. Não sei se o resfriado turvou minhas expectativas, mas vejo o mundo caindo ao redor: empresas fechando, gente perdendo emprego e, como se não bastasse, estúpidos feriados.
    Mas será que estar envolvido numa situação tão pantanosa me obriga a fazer as mesmas perguntas, tratar dos mesmos personagens, dona Dilma e seus dois amigos, Joaquim e Temer?
    Nas últimas semanas deixei de perguntar apenas sobre o ajuste econômico, que nos promete uma retomada do crescimento. Começou enriquecendo os partidos e apertando as pessoas. Disso já suspeitava. Cheguei a indagar se não era possível superar o voo da galinha, achar um caminho seguro e sustentável. Constatei que lá fora também se faz a mesma pergunta, não a respeito do Brasil, mas do próprio capitalismo. O sistema tem um futuro, deságua em outra via de expansão?
    Quanto à minha expectativa de um crescimento equilibrado, encontrei respostas desconcertantes. Como a do economista australiano Steve Keen, para quem o equilíbrio é uma ilusão e a economia tende a viver num desequilíbrio constante, sem jamais afundar.
    Existem muitas previsões sobre o que vai acontecer mais adiante. A de Jeremy Rifkin pelo menos me agrada mais porque é a que mais se aproxima das minhas toscas expectativas. E de uma ponta de otimismo que nunca me deixa, mesmo no resfriado. Rifkin fala da internet dos objetos, da produção descentralizada de energia alternativa, das impressoras 3D e dos cursos online. Tudo pode fazer de cada um de nós um proconsumidor. Da produção em massa haveria um trânsito para a produção das massas, descentralizada e cooperativa.
    Aqui acompanhei, por exemplo, a prisão de Vaccari, o tesoureiro do PT. Cheguei à conclusão de que foi motivada pela decisão do partido de mantê-lo no cargo. Quando foi depor na CPI, todas as acusações já estavam postas, incluídas as que revelam nexo entre propinas e doações. O despacho do juiz Sergio Moro fala em quebrar a continuidade dos crimes, evitando que o acusado mantenha uma posição em que, desde o caso da cooperativa dos bancários (Bancoop), desvia dinheiro para os cofres do partido.
    Bastava ao PT afastá-lo enquanto durassem as investigações. Falou mais alto a fraternidade partidária. Tanto que os intérpretes oficiais diziam com orgulho que o partido não abandonaria Vaccari na estrada.
    Citado por Kissinger, o cardeal Richelieu, comparando a sorte da pessoa com a de uma entidade política secular, afirma que o homem é imortal, sua salvação está no outro mundo. Já o Estado não dispõe de imortalidade, sua salvação se dá aqui ou nunca.
    A maior interrogação ao ver o mundo desabando é esta: como chegaremos a 2018, com um governo exaurido, crise aguda e um abismo entre as aspirações populares e o sistema político?
    A primeira pergunta é esta: com ou sem Dilma? O ministro José Eduardo Cardozo diz que a oposição é obcecada pelo impeachment. Disse isso ao defendê-la das pedaladas fiscais. Com a maioria dos eleitores desejando que Dilma se afaste, sempre haverá um motivo. Hoje é pedalada, amanhã é pênalti e depois de amanhã, escanteio, lateral, impedimento – enfim, é uma constante no jogo.
    Os 12 anos de governo do PT foram marcados por uma extensa ocupação partidária da máquina pública. O Estado foi visto não só como o grande empregador, mas também como o espaço onde os talentos individuais iriam florescer.
    Ao lado disso se construiu também a expectativa de que grande parte dos problemas dependia da interferência estatal. Da Bolsa Família aos empréstimos do BNDES, do patrocínio às artes à salvação do Haiti, da construção de uma imprensa “alternativa” ao soerguimento econômico de Cuba – tudo conduzido pelo Estado.
    Com a ruína desse modelo, a oposição popular ao governo tem a corrupção como alvo, mas revela também uma profunda desconfiança do papel econômico do Estado, a ponto de alguns analistas a verem como réplica do movimento Tea Party, uma ala radical do Partido Republicano nos EUA. Se olhamos um pouco mais longe, para o colapso do socialismo, vamos encontrar algo mais parecido com a realidade nacional. Foi muito bem expresso por um ministro húngaro na aurora da reconstrução pela via capitalista: no passado havia uns fanáticos que diziam que o Estado resolve tudo, agora aparecem outros dizendo que o mercado resolve tudo.
    Além da corrupção, sobrevive ainda uma expectativa num Estado bálsamo, que cura todas as dores, resolve todos os problemas, traz de volta as pessoas amadas. É compreensível que surja uma resistência apontando para um Estado mínimo e que as esperanças se reagrupem em torno do mercado.
    O que resultará disso tudo ainda é muito nebuloso. Tenho consciência de escrever sentado numa cadeira ejetável. Mas, e daí? Quando você mostra que a experiência do governo petista se esgotou, muitos protestam. Com que ideias vão dinamizar a nova fase? Com que grana vão inventar um novo ciclo de bondades balsâmicas?
    Se Dilma sobrevive como um fósforo frio, isso é só um problema imediato. É hora de começar a desvendar o futuro. Não tenho dúvida de que todos os exageros, os erros patéticos, a arrogância, a desmesura, tudo será cobrado até que se restabeleça um certo equilíbrio
    Viveremos o teatro fúnebre de um governo que não é mais governo, de uma esquerda oficial petrificada, de jornalistas de estimação analisando minúsculos movimentos mentais de um poder lobotomizado. Como diz um personagem de Beckett, acabou, acabamos. Resta ao governo sonhar com um domingo ideal em que, finalmente, voltadas para suas atividades normais, as pessoas o esqueçam. Imagino a discreta festa palaciana: mais um domingo, ninguém se lembrou de nós, viva!

    Pizzolato está de volta ao Brasil e deve ser escalado para o time da Papuda...// o Globo //


    24/04/2015 14h03 - Atualizado em 24/04/2015 14h54

    Itália autoriza extradição de Pizzolato

    Pizzolato foi condenado no processo do mensalão. 
    Há um ano e meio ele fugiu do Brasil e foi preso na Itália.


    Ilze Scamparini

    Roma, Itália

    O governo italiano autorizou a extradição do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. Ele foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão no processo do mensalão.
    A decisão do ministro da Justiça da Itália, Andrea Orlando, de extraditar Henrique Pizzolato foi assinada hoje e, antes que fosse comunicada ao governo brasileiro, através da embaixada em Roma, a notícia vazou por policiais da Interpol que informaram a polícia brasileira.

    É uma decisão considerada histórica pela diplomacia brasileira, porque Henrique Pizzolato é também cidadão italiano e é a primeira vez que a Itália extradita um cidadão nacional para o Brasil.

    As garantias apresentadas pelo governo brasileiro, de que Pizzolato será tratado com o respeito ao código de direitos humanos foram fundamentais. Ele terá também direito à assistência de consulado italiano no Brasil.

    A notícia oficial ao embaixador Ricardo Neiva Tavares chegou pelo Ministério das Relações Exteriores da Itália.

    Pizzolato está preso na cadeia de Modena desde fevereiro. O Brasil tem 20 dias para levar Pizzolato de volta. Representantes da Polícia Federal brasileira irão à Itália para organizar a viagem e escoltá-lo.  Se o Brasil perder esse prazo, o que já aconteceu com outros países, o extraditado torna-se então um homem livre.
    Destino no Brasil
    No Brasil, o destino de Henrique Pizzolato será a penitenciária da Papuda, em Brasília. A extradição põe fim a um longo período de negociações, num processo que começou há um ano e meio.

    Henrique Pizzolato fugiu do Brasil em setembro de 2013, dois meses antes do Supremo Tribunal Federal (STF) expedir o mandado de prisão. O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil foi condenado a 12 anos e sete meses pelos crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro no julgamento do mensalão do PT.
    Ele fugiu para Itália usando um passaporte falso com o nome de um irmão morto. A decisão de desta sexta-feira (24) pôs fim a uma longa negociação entre os governos brasileiro e italiano.
    Em outubro do ano passado, a corte de apelação de Bologna negou a extradição de Pizzolato alegando que o sistema prisional brasileiro não tinha condições garantir os direitos humanos.
    O Brasil recorreu e em fevereiro deste ano, a corte de cassação de Roma autorizou a extradição. Faltava apenas a decisão política, que foi tomada nesta sexta-feira (24) pelo governo italiano.
    Autoridades brasileiras afirmam que, quando extraditado, Pizzolato será levado para o complexo penitenciário da Papuda, em Brasília. Por questões de segurança, ele vai ficar na chamada "ala de vulneráveis", separado da massa carcerária, como aconteceu com os outros presos do julgamento do mensalão.
    A equipe do JH conversou por telefone com a deputada brasileira no parlamento italiano, Renata Bueno, que acompanha o caso. Ela disse que Pizzolato já está à disposição da justiça brasileira e que agentes da Polícia Federal junto com a Interpol serão responsáveis por trazer Pizzolato de volta para o Brasil.
    “É um que estava muito envolvido no caso de corrupção, que fugiu do Brasil tentando ficar impune e que não conseguiu. A Itália, o governo italiano reconhecendo isso devolve para que ele seja punido como todos os demais”, fala Renata Bueno.
    O líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio, também elogiou a decisão do governo italiano.
    “A justiça italiana contribuiu muito para que esse sentimento de impunidade que existia no caso dele fosse diminuído, para não dizer cessado, com a vinda dele para o Brasil para pagar pelos crimes que ele aqui cometeu", fala o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).