Argolinhas nos tornozelos -
RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 22/07
Alvíssaras! O Ministério do Meio Ambiente anunciou que a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), extinta na natureza há 15 anos, está prestes a voltar à caatinga do norte da Bahia, seu habitat natural. Uma porcentagem de filhotes dos 128 espécimes ainda existentes no mundo em cativeiro — a grande maioria sob a guarda de criadores fora do Brasil — começará a ser solta na região em 2019. Elas serão monitoradas e, a depender de sua evolução, haverá uma segunda e definitiva soltura em 2021.
Mas não é assim tão simples. A primeira leva de ararinhas-azuis soltas ficará dentro de uma área controlada, em Curaçá, na fronteira com Pernambuco, supervisionada por especialistas dos EUA, Alemanha, Singapura e Catar. Todas levarão argolinhas nos pés, para se acompanhar seus hábitos. Só depois, dependendo de xis fatores, ganharão liberdade absoluta.
Feito isto, esses políticos seriam libertados e mandados para seus burgos de origem. Mas de forma controlada, para se ver como reagem diante da oferta de propinas, desvios de verbas, maquiagem de orçamentos e acordos espúrios com secretários de Estado e tesoureiros de partidos. E só então os melhores entre eles seriam devolvidos a Brasília com plena autonomia de voo.
Pode dar certo. Mas, mesmo assim, eu não dispensaria as argolinhas em seus tornozelos.
Alvíssaras! O Ministério do Meio Ambiente anunciou que a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), extinta na natureza há 15 anos, está prestes a voltar à caatinga do norte da Bahia, seu habitat natural. Uma porcentagem de filhotes dos 128 espécimes ainda existentes no mundo em cativeiro — a grande maioria sob a guarda de criadores fora do Brasil — começará a ser solta na região em 2019. Elas serão monitoradas e, a depender de sua evolução, haverá uma segunda e definitiva soltura em 2021.
Mas não é assim tão simples. A primeira leva de ararinhas-azuis soltas ficará dentro de uma área controlada, em Curaçá, na fronteira com Pernambuco, supervisionada por especialistas dos EUA, Alemanha, Singapura e Catar. Todas levarão argolinhas nos pés, para se acompanhar seus hábitos. Só depois, dependendo de xis fatores, ganharão liberdade absoluta.
Algo parecido poderia ser tentado com os políticos brasileiros. Os honestos entre eles são tão poucos que também estão ameaçados de extinção na natureza. E, por motivos óbvios, não se consegue fazê-los reproduzir em cativeiro. A alternativa seria reunir um grupo deles ainda no primeiro mandato e, antes que se deixassem contaminar pelo ambiente, confiná-los fora de Brasília e submetê-los a cursos intensivos de ética, moral, cidadania, administração, direito público e outras matérias inerentes.
Feito isto, esses políticos seriam libertados e mandados para seus burgos de origem. Mas de forma controlada, para se ver como reagem diante da oferta de propinas, desvios de verbas, maquiagem de orçamentos e acordos espúrios com secretários de Estado e tesoureiros de partidos. E só então os melhores entre eles seriam devolvidos a Brasília com plena autonomia de voo.
Pode dar certo. Mas, mesmo assim, eu não dispensaria as argolinhas em seus tornozelos.
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