Brasil está entre países mais vulneráveis em segurança da informação
POSTADO POR Renato Mota , ÀS 9:01 EM 31/08/2012
O Brasil está entre os países mais vulneráveis do mundo quando se
trata de segurança da informação. A produção científica brasileira na
área é baixa e, por isso, o país é considerado ?seguidor?, por lançar
novas tecnologias muito tempo depois dos outros países. Estas
constatações estão no livro Tecnologias da Informação e Comunicação:
Competição, Políticas e Tendências, lançado por pesquisadores e
colaboradores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Do ponto de vista das políticas públicas, o técnico do Ipea Luis
Claudio Kubota, um dos organizadores da obra, disse que o país precisa
ficar atento, pois o mercado de tecnologia da informação é extremamente
globalizado e dominado tanto por operadoras quanto por fornecedores de
equipamentos estrangeiros.
Outra questão diz respeito à convergência digital, que é uma
realidade cada vez maior e une as telecomunicações e a tecnologia da
informação, com dispositivos móveis, como os celulares inteligentes
(smartphones) e os contéudos. ?De certa forma, as agência regulatórias
não estão muito adaptadas para este novo mundo. Estão muito focadas,
cada uma na sua caixinha. Por isso, existe, hoje, por exemplo, a
necessidade da Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações] se
articular com a Ancine [Agência Nacional de Cinema]?, disse Kubota.
Para o pesquisador, embora tenha melhorado muito no aspecto de
participação em órgãos de padronização e de patentes e no volume de
produções científicas, o Brasil inicia seu desenvolvimento científico em
uma base muito pequena. ?A participação do país em produção científica é
muito pequena, se comparada com a de outros países. Além disso o
mercado é seguidor, porque lança as tecnologias com muitos anos de
atraso.?
Samuel César da Cruz Junior, que também é técnico do Ipea, cita outra
questão delicada, a da segurança da informação, e diz que são
necessárias várias ações para evitar a vulnerabilidade do país em uma
época em que a guerra cibernética constitui grande preocupação para
muitos governos. No capítulo Alerta sobre Insegurança da Informação:
Cenário Brasileiro e Recomendações, Samuel César destaca que o grande
volume de produção, armazenamento e transferência de dados entre
diferentes dispositivos e diversas redes resulta em um aumento
significativo da vulnerabilidade e das ameaças à segurança da
informação.
?A questão da segurança é muito delicada e a solução depende de um
conjunto de ações, como maior regulação, porque as redes brasileiras são
muito vulneráveis a ataques. Hoje existem botnets [redes de
computadores infectadas por bots, um programa malicioso de computador
que permite controlar equipamentos à distância] que podem ser utilizados
para ataques cibernéticos?, lembra. Hoje, operadoras e fornecedores de
serviços de acesso são muito vulneráveis, disse ele.
As mudanças passariam também pela conscientização dos usuários, e
principalmente das empresas, que têm, muitas vezes, sistemas que
funcionam ininterruptamente, mas não têm a proteção necessária para
perceber atividades estranhas nos sistemas. ?Em novembro de 2011, quando
fizemos o levantamento, o Brasil tinha nove domínios entre os 200 mais
contaminados do mundo. Mas existe um conjunto de ferramentas que devem
ser usadas, como os firewall, os antivírus etc. Sempre atualizados,
reduzem em 95% os ataques que ocorrem.? [da
Agência Brasil]