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quinta-feira, 15 de março de 2018

Tá difícil acreditar no Brasil como país...


Assassinato de vereadora desafia a intervenção
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Josias de Souza
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Duas frases de Michel Temer sobre o fuzilamento da vereadora Marielle Franco: 1) Ela “fazia manifestações, trabalhos com vistas a preservar a paz e a tranquilidade na cidade do Rio de Janeiro. Por isso, aliás, nós decretamos a intervenção, para acabar com esse banditismo desenfreado que se instalou naquela cidade por força das organizações criminosas.” 2) “Estamos no Rio de Janeiro para restabelecer a paz, restabelecer a tranquilidade. […] Não destruirão o nosso futuro; nós destruiremos o banditismo antes.”
O presidente da República ainda não se deu conta. Mas ninguém olha para o Rio de Janeiro pensando no futuro. Ironia sinistra: O escritor Stefan Zweig, autor de ‘Brasil, País do Futuro’, suicidou-se por não aguentar o presente. Ao decretar intervenção federal na segurança do Rio, Temer trouxe o presente trágico da cidade e do Estado para o seu colo. O banditismo, ainda “desenfreado”, não pára de produzir violência e mortes. E acaba de empurrar para dentro do Palácio do Planalto os cadáveres da vereadora Marielle e do motorista dela, Anderson Pedro Gomes.
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Vereadora Marielle Franco (PSOL) é assassinada no Rio43 fotos

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15.mar.2018 - Emocionados, amigos e familiares se despedem da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ)VEJA MAIS >Imagem: Ricardo Moraes/Reuters

O mandato de Temer termina em dezembro. Menos de dez meses! Nem por mágica o presidente conseguiria “acabar com o banditismo” em tão pouco tempo. Também não cumprirá a promessa de “restabelecer a paz e a tranquilidade” no Rio. Mas Temer ganhou um desafio mais urgente: ou providencia rapidamente o esclarecimento do duplo assassinato que estarreceu o país ou tranformará os últimos meses de sua administração num inferno.
No decreto de intervenção federal, Temer escreveu que o general-interventor Braga Netto está subordinado diretamente ao presidente da República. Foi como se dissesse: “Quem manda na segurança do Rio agora sou eu.” Ao fuzilar a vereadora Marielle às vésperas do aniversário de um mês da intervenção, os criminosos informaram a Temer que continuam dando as cartas. Em português claro: a bandidagem desafiou o presidente. Em vez de se preocupar com a destruição do futuro, Temer precisa cuidar da construção do seu presente. A resposta é para ontem.