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sábado, 6 de fevereiro de 2016

Presidente Macri está cumprindo as promessas de campanha... / Cartas de Buenos Aires


GERAL

Cartas de Buenos Aires: Argentina, “the economy, stupid!”

Mauricio Macri, presidente da Argentina (Foto: Divulgação)Mauricio Macri, presidente da Argentina (Foto: Divulgação)
O primeiro mês do Governo de Mauricio Macri consistiu em uma sequencia  de medidas dolorosas aplicadas pela nova gestão para “sincerar” (palavras do Governo) a economia.
Inflação nas alturas, desvalorização da moeda e o fim dos subsídios nos serviços básicos, como a energia, atingem em cheio os bolsos dos argentinos e também de milhares de brasileiros que vivem no país. Isso, somado a alta do dólar no Brasil, fez com o que a Argentina se transformasse em um destino caro.
A desculpa do Governo é a de praxe numa transição de gestão: é preciso pôr a casa em ordem.
A ironia aqui é que Macri, eleito em novembro, está cumprindo as promessas de campanha. Embora não explicitasse, naquele momento, o corte dos subsídios, era mais do que sabido que seria exatamente isso que o neoliberal Macri iria implementar.
Depois de 12 anos de kirchnerismo, os argentinos optaram por essa linha. Não era preciso ser nenhum cientista nuclear para entender que um Governo neoliberal iria restringir ao máximo as intervenções estatais na economia como um todo. Mas essa nova postura, pelo menos em curto prazo, é mais um golpe na já espancada classe média argentina. 
A intelectual Beatriz Sarlo explicou recentemente que a única política de Macri consiste em fazer exatamente o contrário de sua predecessora Cristina Kirchner. Ou seja, mais economia de mercado e menos populismo. Isso é bom ou ruim? Só o tempo dirá, mas o que já se sabe é que isso é caro. Por agora, a conta de luz no mês que vem poderá vir até 600% mais cara. Os argentinos temem que esse aumento seja repassado aos demais setores da economia. 
James Carville, estrategista da bem sucedida campanha presidencial de Bill Clinton em 1992, cunhou a expressão “The economy, stupid!”, uma das três mensagens enfocadas na campanha americana naquele momento: economia, mudança versus mais do mesmo e assistência médica. 
Macri foi eleito sob a chancela de um slogan de apenas uma palavra “Cambiemos” (mudemos) e todos sabiam que debaixo desse guarda-chuva genérico estava uma economia de mercado com cortes nos subsídios. A ideia era que essas medidas ajudariam na inserção da Argentina no âmbito internacional, gerando investimentos. Ou seja, a economia, stupid! 
Enquanto brasileiros que optaram por viver no país vizinho (a ausência de vestibular para medicina e a qualidade da educação em geral ainda atraem muitos brasileiros) se desesperam com a alta do dólar no Brasil e com os preços na Argentina e os turistas reclamam da carestia local, os hermanos têm a esperança de que os sacrifícios de agora propiciem a estabilidade de amanhã. 

terça-feira, 1 de maio de 2012

Cartas de Buenos Aires: O real valor desta cidade - Ricardo Noblat: O Globo

CRÔNICA

Cartas de Buenos Aires: O real valor desta cidade

Turistas brasileiros em Buenos Aires têm reclamado que está tudo mais caro por aqui. E está mesmo. Muito mais. Quando cheguei à Argentina, há três anos, por exemplo, o trajeto do aeroporto de Ezeiza para a cidade custava 80 pesos. Agora são 200 pesos.
É o primeiro choque que o sujeito tem quando sai do avião. Mas há outros. A inflação é um dos principais problemas a ser enfrentado pelo atual governo.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INDEC) prevê para este ano uma inflação de 9,8%. Mas todos sabem que a alta do custo de vida é muito mais veloz do que a divulgada pela Casa Rosada. Economistas privados falam em 25%. Para os curiosos, sugiro espiar o sitewww.inflacionverdadera.com, que publica diariamente os preços de 150 produtos.
Na realidade não precisa de índice. Reconhecido como um dos serviços mais baratos da capital portenha, o táxi é apenas um dos exemplos de como a cidade tem ficado mais cara. Foram dois aumentos pesados somente no ano passado. Hoje, para calcular uma corrida, o ideal é consultar antes o blog viajo en taxi. O bife de chorizo também ficou salgado (não menos de 60 pesos) e valor dos alugueis temporários dispararam.
A boa notícia é que os brasileiros agora podem relaxar, deixar um pouco as compras de lado e realmente curtir a cidade, que oferece um monte de atividades gratuitas(ou quase) e está de matar de linda no Outono.
Caminhar pelos parques nesta época do ano, admirando esculturas de grandes artistas, Rodin inclusive, é uma das melhores pedidas. Entrar em qualquer museu nacional, como o de Belas Artes, recentemente reformado, também não custa nada.
Leia a íntegra em O real valor de Buenos Aires

Gisele Teixeira é jornalista. Trabalhou em Porto Alegre, Recife e Brasília. Recentemente, mudou-se de mala, cuia e coração para Buenos Aires, de onde mantém o blog Aquí me quedo, com impressões e descobrimentos sobre a capital portenha

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Arte e Paixão no subsolo...blog do Noblat/ Gisele Teixeira

CARTAS DE BUENOS AIRES

Arte e paixão no subsolo

"A Plaza de Mayo tem um novo atrativo, o Museu do Bicentenário e, dentro dele, uma jóia que ficou mais de um século abandonada: o mural Exercício Plástico, do mexicano David A. Siqueiros (1896-1974).
A obra tem uma história que mistura arte, amor, traição, dinheiro, poder.
Tudo começou em 1933 quando Siqueiros desembarcou em Buenos Aires acompanhado da mulher, a poeta uruguaia Blanca Luz Brum.
Siqueiros é considerado, junto a Diego Rivera e José Clemente Orozco, um dos pais fundadores da escola muralista mexicana, que proclamou uma arte pública dedicada a temas revolucionários e sociais com o objetivo de inspirar as classes populares.
Aqui, o casal conheceu Natalio Botana, fundador do jornal Crítica e excêntrico milionário argentino. Foi ele quem pediu ao artista que pintasse um mural num porão de sua casa de campo, na periferia de Buenos Aires.
O mexicano aceitou a oferta e convocou três jovens pintores para a empreitada: Antonio Berni, Lino Spilimbergo e Juan Carlos Castagnino - que depois fariam os murais da Galeria Pacifico e dariam início ao movimento muralista argentino. Completava a equipe o cenógrafo uruguaio Enrique Lázaro.
A obra foi executada em apenas três meses e é a única em que Siqueiros driblou a temática política e social. Pintou sua mulher, Blanca, com uma técnica moderna para sua época....