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sexta-feira, 27 de março de 2015

A Política do Brasil é uma chanchada ??? / Folha.com / Ferreira Gullar


Se correr o bicho pega

Ferreira Gullar
Nestas últimas semanas –antes das manifestações do dia 15– a sensação que tive, como espectador da atual política brasileira, foi de estar assistindo a uma chanchada.
Por exemplo, não poderia definir de outro modo o depoimento de José Sergio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, na CPI da Câmara para investigar os envolvidos na operação Lava Jato.
Antes dele, depôs Eduardo Cunha, do PMDB, que se prontificara a ser interrogado na mesma CPI.
Falou muito à vontade, dizendo-se vítima de perseguição por parte do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Não apresentou nenhuma prova do que afirmava, mas contou com o apoio unânime dos integrantes da comissão, sem distinção de partidos: do PSDB ao PMDB, do PT ao PSOL, todos teceram elogios ao deputado que é, por coincidência, presidente da Câmara de Deputados. Segundo alguns deles, o objetivo de Janot seria desmoralizar o Congresso nacional. Por que razão, ninguém sabe.

Mas hilariante mesmo foi o depoimento de Gabrielli, que começou tecendo intermináveis louvores à Petrobras, que estaria no auge de sua prosperidade. Disse isso de cara limpa, muito embora todos saibam que o valor da empresa tem caído no mercado, e sua credibilidade vem sofrendo graves perdas no plano nacional e internacional.

A impressão que tive, ao ouvi-lo, foi a de que se referia a uma outra empresa, por todos desconhecida.
Ele falava e eu mal acreditava no que ouvia, especialmente pela maneira desinibida com que afirmava coisas que nenhuma relação tinham com o que diariamente informa a imprensa e afirmam os especialistas na matéria.
A única explicação para tal atitude surrealista só pode ser uma firme disposição de desconhecer a realidade e enganar abertamente a opinião pública.
Sucede que, àquela altura do depoimento, ele ainda não havia atingido o ápice de seu descompromisso com a verdade dos fatos.
Parece-me que o atingiu quando lhe perguntaram se, como presidente da Petrobras, nada sabia das concorrências fraudadas e das propinas que eram divididas entre altos funcionários da empresa e representantes dos partidos políticos ligados ao governo, como o PT, o PMBD e o PP.
Ele sorriu ironicamente e garantiu que, na estatal, não se sabia disso –mesmo porque a tal corrupção sistêmica, apontada pelos delatores, nunca aconteceu.
E sabem por que nunca houve? Porque a fiscalização, feita por um órgão da própria Petrobras e por órgãos internacionais de alta eficiência, nunca captou nenhum sinal de que estivessem ocorrendo falcatruas na empresa.
Ora, se tais organizações nada detectaram é porque nada havia.
Eu estava perplexo com o que ele afirmava e ainda mais pelo à vontade como o fazia. Conforme apurou a operação Lava Jato, graças à delação de Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco, centenas de milhões de reais foram distribuídas como propinas, inclusive a representantes de partidos como João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, ou seja, do mesmo partido de Gabrielli.
Só Barusco devolveu mais de R$ 182 milhões roubados da Petrobras, mas, de acordo com Gabrielli, se a fiscalização nada captou, nada foi roubado.

A chanchada, porém, não acaba aí. Na sexta-feira, dia 13, isto é, na semana passada, a CUT decidiu mobilizar os trabalhadores para manifestações públicas, em todo o país, em defesa da Petrobras.Se realmente fosse isso, teria de protestar contra aqueles que a saquearam, ou seja, os funcionários nomeados e mantidos por Lula e os partidos que compõem o governo petista. Ledo engano: a manifestação foi contra os que denunciaram a corrupção, porque dizem, como Gabrielli, Lula e Dilma, que tudo foi inventado para criar condições de privatizá-la.

Como se não bastasse, a CUT dizia protestar contra o ajuste fiscal, que prejudica os trabalhadores, mas, ao mesmo tempo, defende Dilma, que autorizou o ajuste.
É chanchada ou não é? Dilma, para se eleger, prometeu uma coisa e, eleita, faz o contrário. Lula, que patrocinou o saque à Petrobras, faz comício para defendê-la.
Dilma, que negava a existência da corrupção, passou a se dizer responsável por sua apuração. Esse pessoal se esqueceu de que é mais fácil pegar um mentiroso do que um coxo. 

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Heurística recebe 'cartão amarelo' do Bom Senso... // Hélio Schwartsman


Escolhas necessárias



SÃO PAULO -
 Pensar dá trabalho e, por isso, preferimos nos apoiar na heurística, isto é, naquele conjunto de regras, que podem ser culturalmente transmitidas ou basear-se em impulsos biológicos, que nos faz tomar decisões rapidamente.
O problema com essas regras é que elas não precisam estar sempre corretas. Basta que funcionem mais do que não funcionem para que sejam preservadas pela cultura e pela evolução. Nas situações em que não dão tão certo, as chamamos de vieses.
Um bom caso é o do exame do Cremesp, que reprovou quase 60% dos 2.843 recém-formados no Estado. Por razões legais, o teste não é eliminatório. O futuro médico tem de fazê-lo, mas não precisa ser aprovado.
A maioria das pessoas, apoiada em vieses, se revolta com essa situação. A ideia de credenciar médicos que se mostraram despreparados para a função faz nossos alarmes internos dispararem. Esse, porém, não é o único viés em jogo aqui. Também ficamos indignados com hospitais públicos sem médicos e pacientes sofrendo na fila. Essas imagens têm forte apelo para nosso senso de justiça.
A dificuldade é que ambas as intuições, embora justificáveis, são difíceis de conciliar. Se queremos mais médicos, a ponto de importá-los de Cuba e dispensá-los de provas técnicas, não faz muito sentido dificultar o processo de licenciamento dos profissionais aqui formados.
Em situações complexas, não dá para nos fiarmos na heurística. É preciso definir racionalmente se a prioridade será completar as escalas dos hospitais ou selecionar com rigor quem poderá exercer a medicina.
O governo e a população, a julgar pelas pesquisas de aprovação ao Mais Médicos, já tomaram sua decisão. Diante do fato consumado, para que a prova do Cremesp não seja uma completa inutilidade, o conselho deveria ao menos abrir os resultados por escola, a fim de que o teste ajude os futuros alunos de medicina a fazer melhores escolhas. 


hélio schwartsman
Hélio Schwartsman é bacharel em filosofia, publicou 'Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão' em 2001. Escreve de terça a domingo.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Manchetes de jornais do dia 23/01/2014 / Josias de Souza

As manchetes desta quinta 
2

Josias de Souza

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Vitrine de jornais / 24/10

24/10/2013 - 07h20

Veja as manchetes dos principais jornais desta quinta-feira

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DE SÃO PAULO
Ouvir o texto
*
Jornais nacionais
O Estado de S.Paulo
Alstom orientou diretores a pagar propinas, diz MP suíço
O Globo
Perdão de dívidas: Renegociação de municípios e estados ameaça Lei Fiscal
Correio Braziliense
Voto aberto avança no Congresso. Já no DF...
Estado de Minas
Perigo ao lado
Zero Hora
Por que alagou tudo?
*
Jornais internacionais
The New York Times (EUA)
Lei da saúde não consegue manter os preços baixos em áreas rurais
The Washington Post (EUA)
Acordo secreto com drones no Paquistão
The Guardian (Reino Unido)
Merkel liga para Obama: você está grampeando meu telefone?
El País (Espanha)
Merkel reclama com Obama por suspeitar de grampo em seu celular

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Vitrine de jornais de 18/09/2013 // Folha de SP

18/09/2013 - 07h20

Veja as manchetes dos principais jornais desta quarta-feira

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DE SÃO PAULO

Ouvir o texto
*
Jornais nacionais
O Estado de S.Paulo
Sem apuração de espionagem, Dilma cancela ida aos EUA
O Globo
Frente de batalhas: Dilma defende isonomia e agilidade para a Justiça
Valor Econômico
Receita obriga empresas a preparar dois balanços
Correio Braziliense
Descontos aquecem mercado de imóveis
Zero Hora
Dia de clarear: O futuro do mensalão
*
Jornais internacionais
The Washington Post (EUA)
Controle não conseguiu marcar o passado do atirador
The Guardian (Reino Unido)
Toda criança vai receber refeições escolares gratuitas, promete Clegg
El País (Espanha)
Tribunal Constituição garante que o presidente escondeu sua filiação no PP

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O "Natal" pode mudar de data segundo repórter da Folha de São Paulo

Celso de Mello será ‘Papai Noel’ dos acusados

Josias de Souza
O repórter Severino Motta encontrou o ministro Celso de Mello, do STF, na livraria de um shopping brasiliense. Ouviu-o sobre o voto no qual deve conceder, na quarta-feira, uma segunda chance a 12 dos 25 condenados do mensalão. Diante de uma dessas encruzilhadas da vida, o ministro tentou fazer um despacho.
Declarou que a admissão dos embargos infringentes não significa o acolhimento automático do mérito dos novos recursos. “Da maneira que está sendo veiculado dá a impressão que o acolhimento vai representar absolvição ou redução de pena automaticamente, e não é absolutamente nada disso.” Conversa fiada.
Não é preciso ser um jurista para intuir o que vem por aí. Uma criança que saiba fazer conta de somar é capaz de antever o desastre. Tome-se, por emblemático, o caso da imputação de formação de quadrilha. No primeiro julgamento, votaram pela absolvição quatro ministros: Rosa Weber, Dias Toffoli, Cármen Lucia e Ricardo Lewandowski. Minoritários, ficaram vencidos.
Tomados pela posição que assumiram no julgamento do senador Ivo Cassol (PP-RO), os “novatos” Luís Roberto Barroso e Teori Zavascki também votarão pela absolvição dos mensaleiros no crime de quadrilha. Como só há 11 ministros no plenário do Supremo, a ex-minoria vai se tornar uma maioria de 6 a 5.
Os quadrilheiros são contados em oito. A lista inclui os grão-petistas José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino. A reversão desse pedaço da pena pode significar uma mudança de regime prisional. Dirceu e Delúbio migrariam da cana fechada para a cadeia semiaberta, que permite passar o dia fora do xilindró. Genoino iria do semiaberto para o domiciliar.
Junte-se a isso o risco de redução na dose de algumas penas e chega-se a algo muito parecido com uma enorme pizza. De resto, considerando-se que a reabertura do processo jogará a conclusão do julgamento para a “eternidade”, pode-se dizer que Celso de Mello será para os condenados uma espécie de Papai Noel antecipado. O resto é desconversa.

Vingança de mulher traída... // Xicosá

Nada detém, amém, a vingança da mulher



“Hoje eu vou dar para o primeiro que encontrar pela frente”,berrava a amiga G., a pedra do Leme por testemunha, nesta noite de sábado. Estava tomada pelo sentimento da ira.Ou talvez apenas encarnando seu personagem predileto: a cigana Carmén, precisamente a do filme do Carlos Saura.
Quem sou eu, rasteiro cronista flanador en la noche, para julgá-la.
Culpa do marido, ela confessou. Melhor, culpa do traste com quem vive (vivia?) há (havia?) quatro anos e pouco, uma filha, muitos carnês de prestações, dois Rock in Rio, e uma viagem à Europa.
“Hoje eu vou dar para o primeiro que encontrar pela frente”, repetiu, zero dúvida, sangre en los ojos.
Não seja por isso, ora, me coloquei no jogo, afinal de contas eu era mesmo o primeiro homem no seu caminho naquela noite. Sim, não seja por isso, repeti, na cara de pau, meio de onda, meio à vera.
Afinal de contas, não creio nessa história de que o sexo possa estragar uma grande amizade. Estraga uma amizadezinha qualquer, não uma bela amizade. E G., vos digo, é meio Scarlett Johansson meio Paula Toller. Com a vantagem de ser de Niterói. A travessia da barca faz uma mulher naturalmente mais linda, me diz o Arariboia.
Afinal de contas, ela me puxou para um drinque na velha La Fiorentina, soltou os cachorros, desabafou, e seguiu firme, daria inevitavelmente para um estranho naquela noite. Básico instinto, como define um trovador genial aqui da minha vizinhança.
Com ira de mulher não se brinca, a amiga G. daria até para o pobre Sizenando a essa altura, só para mostrar, caríssimo Sizenando, que a vida não é assim tão triste como você conjectura.
Ninguém detém uma mulher sacaneada. Seja traída por um homem fofo ou por um homem cafa. Tanto faz.
Quer dizer, pior ainda é quando a sacanagem parte de um homem supostamente bom e fiel, o que era o caso do marido ou ex da minha amiga G., a determinada que a essa altura deve estar nos braços de um vagabundo no Galeto Sat´s (Copacabana), na sexta caipirinha da coragem, espetando corações de galinha para não esquecer a “fdp da colega de pilates” que firmou um caso com o seu homem, ex, sabe-se lá o destino.
Depois conto o desfecho. O que interessa, amigo, é que toda noite sai de casa uma mulher irada prometendo dar ao primeiro homem que encontrar pela frente. Nesse caso, quanto mais estranho para ela, melhor e mais apropriado.
Toda noite, amigo, uma mulher sai de casa com a canção de Lupicínio entre os dentes: “Só vingança, vingança, vingança, aos deuses clamar”.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

O pecado da gula dos políticos // Buffet oficial custa 3,4 milhões de reais no Ceará

13/08/2013 - 18h53

Oposição questiona contrato de buffet de R$ 3,4 milhões de Cid Gomes

DE FORTALEZA
Ouvir o texto
A oposição ao governo Cid Gomes (PSB-CE) questionou nesta terça-feira (13) os valores do contrato de R$ 3,4 milhões fechado pela gestão para serviços de buffet do gabinete e da residência oficial do governador.
O deputado estadual Heitor Férrer (PDT), que concorreu à Prefeitura de Fortaleza no ano passado, chegando em terceiro lugar, apresentou requerimento ao governo pedindo esclarecimentos sobre os gastos.
O contrato publicado no último dia 1º é para fornecimento de alimentação em cerimônias do governo, incluindo as que ocorrem na residência oficial do governador --que possui um pavilhão de eventos.
Segundo a assessoria do governo, os valores serão pagos conforme a demanda, e incluem também decoração, cadeiras, mesas, garçons e transporte. Embora o contrato tenha vigência de 12 meses, a previsão, diz o governo, é que os valores sejam gastos em quatro anos.
Na lista de alimentos do edital há estimativa de itens como canapés de caviar (200 unidades), crepe de lagosta (5.000 unidades), escargot na manteiga de alho (cinco quilos), risoto de bacalhau (90 quilos) e mais de 500 quilos de pratos diversos com camarão, como camarão na moranga (80 quilos) e aos quatro queijos (80 quilos).
O novo contrato foi fechado após o fim da vigência da contratação anterior, que consumiu R$ 3,58 milhões entre 2010 e 2013 com os serviços de buffet.
O deputado Heitor Férrer pediu detalhes sobre locais, custos e motivos dos eventos. "Enquanto o povo está morrendo de sede, o governador está servindo bombinhas de salmão com caviar, camarão ao sol nascente, canapés, crepe de lagosta, entre outras comidas que nem sei pronunciar o nome", criticou, em pronunciamento na Assembleia Legislativa.
O governo do Ceará informou ainda que 13 empresas participaram da licitação e que a contratação seguiu todos os trâmites legais.
+ CANAIS

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Manchetes de jornais // blog Josias de Souza


Globo: Corrupção punida: STF condena senador pela primeira vez na História
Folha: STF muda posição e diz que cassação cabe ao Congresso
Estadão: Investigação de cartel abre guerra entre PT e PSDB
Correio: STF condena senador, mas não tira mandato
Valor: Plano prevê quitação de R$ 94 bi em precatórios
Estado de Minas: BRT completo, só em 2020
Zero Hora: Alta de 4,7% no semestre – Safra revigora indústria gaúcha
Brasil Econômico: Cidades vizinhas querem royalties da mineração
Leia os destaques de capa de alguns dos principais jornais do país.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Estudar de graça, de madrugada... sim senhor! // Gilberto Dimenstein


gilberto dimenstein

 

04/04/2013 - 09h02

Harvard e MIT criam universidade gratuita da madrugada

DE SÃO PAULO

O título dessa coluna, caro ouvinte, não tem um pingo de exagero.
Uma experiência que será apresentada hoje durante seminário de educação no Brasil mostra como Harvard e MIT estão revolucionando a educação no mundo. E já envolve 800 mil estudantes pelo planeta, muitos deles fazendo cursos de madrugada --isso mesmo, de madrugada.
A revolução está na experimentação de ensino a distância, na qual se reinventa o jeito como se ensina e como se aprende. Na visão dos responsáveis por essa plataforma (edX), num futuro breve, não haverá mais salas de aulas como as conhecemos.
Os alunos vão trabalhar em pequenos grupos e os professores, em vez de despejar conteúdos, serão tutores.
Pode-se aprender em qualquer hora e lugar. Isso mexe no sistema de diplomas, no tempo em que o estudante fica na universidade, nas notas, na forma de aferir conhecimento, na entrada no mercado de trabalho.
O responsável por esse projeto, o professor Anant Agarwal, me informa que boa parte dos 800 mil alunos fazem o curso de madrugada. Isso porque já têm mais de 25 anos e trabalham.
Os computadores ajudaram a medir com precisam o que o aluno aprendeu ou deixou de aprender. Os alunos, em fóruns, se ajudam mutuamente.
*
Leia aqui o detalhamento dessa experiência.
Gilberto Dimenstein
Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Uma usuária do SUS... // Mais do mesmo


cláudia collucci

 

09/01/2013 - 03h00

A cegueira e o SUS


Há dois anos, Zilda sentiu que estava perdendo a visão do olho esquerdo. Viúva, sequelada de poliomielite e usuária do SUS, procurou a unidade de saúde do bairro onde mora, em Ribeirão Preto (SP), e foi encaminhada para um serviço de oftalmologia ligado a uma universidade.
Lá fizeram alguns exames preliminares e diagnosticaram (erradamente) que ela tinha uma lesão na retina. Disseram que a encaminhariam para o HC. Um ano se passou e nada de surgir a tal vaga. A visão só piorava.
Há seis meses, Zilda conseguiu se consultar com uma oftalmo particular, que cobrou um terço do valor normal da consulta.
A médica a examinou, descartou a possibilidade de lesão ou infecção na retina. Logo deduziu que pudesse ser algo que estivesse comprimindo o nervo óptico. Orientou-a procurar um neurologista. No HC, a mesma resposta: tinha que esperar uma vaga.
Na última semana, graças a um contato de um parente, Zilda conseguiu ingressar num serviço de oftalmologia de São Paulo, ligado a uma universidade. Em quatro dias, fez tomografia, ressonância magnética e uma angiografia digital, que revelaram um aneurisma gigante no cérebro, de quase 3 cm. É ele que está comprimindo o nervo óptico e cegando, lentamente, Zilda.
Aneurismas cerebrais, em geral, são silenciosos. Quando rompem, causam hemorragias que podem matar ou deixar sequelas graves.
Os médicos estudam agora qual o melhor procedimento para o caso de Zilda, classificado como grave. Todos os procedimentos envolvem riscos, que se tornam maiores no caso de um aneurisma dessas proporções.
Zilda se pergunta: e se eu tivesse descoberto antes, o risco seria menor? Talvez. O triste é saber que o caso de Zilda não é único. O triste é saber que existem hoje milhares de pessoas em filas de espera dos serviços de saúde sem saber quando serão atendidas. E o que é pior: se haverá tempo hábil para esse atendimento.
Zilda conseguiu ingressar em um serviço de referência no país porque teve QI, quem indicou. Mas quantos brasileiros têm a mesma sorte?
Avener Prado/Folhapress
Cláudia Collucci é repórter especial da Folha, especializada na área da saúde. Mestre em história da ciência pela PUC-SP e pós graduanda em gestão de saúde pela FGV-SP, foi bolsista da University of Michigan (2010) e da Georgetown University (2011), onde pesquisou sobre conflitos de interesse e o impacto das novas tecnologias em saúde. É autora dos livros "Quero ser mãe" e "Por que a gravidez não vem?" e coautora de "Experimentos e Experimentações". Escreve às quartas, no site.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Um estudo de sociologia para fatores do momento histórico do Brasil


ferreira gullar

 

30/12/2012 - 03h01

Me engana que eu gosto

DE SÃO PAULO

Muitos de vocês, como eu também, hão de se perguntar por que, depois de tantos escândalos envolvendo os dois governos petistas, a popularidade de Dilma e Lula se mantém alta e o PT cresceu nas últimas eleições municipais. Seria muita pretensão dizer que sei a resposta a essa pergunta. Não sei, mas, porque me pergunto, tento respondê-la ou, pelo menos, examinar os diversos fatores que influem nela.
Assim, a primeira coisa a fazer é levar em conta as particularidades do eleitorado do país e o momento histórico em que vivemos. Sem pretender aprofundar-me na matéria, diria que um dos traços marcantes do nosso eleitorado é ser constituído, em grande parte, por pessoas de poucas posses e trabalhadores de baixos salários, sem falar nos que passam fome.
Isso o distingue, por exemplo, do eleitorado europeu, e se reflete consequentemente no conteúdo das campanhas eleitorais e no resultado das urnas. Lá, o neopopulismo latino-americano não tem vez. Hugo Chávez e Lula nem pensar.
Historicamente, o neopopulismo é resultante da deterioração do esquerdismo revolucionário que teve seu auge na primeira metade do século 20 e, na América Latina, culminaria com a Revolução Cubana. A queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética deixaram, como herança residual, a exploração da desigualdade social, já não como conflito entre o operariado e a burguesia, mas, sim, entre pobres e ricos. O PT é exemplo disso: nasceu prometendo fazer no Brasil uma revolução equivalente à de Fidel em Cuba e terminou como partido da Bolsa Família e da aliança com Maluf e com os evangélicos.
Esses são fatos indiscutíveis, que tampouco Lula tentou ocultar: sua aliança com os evangélicos é pública e notória, pois chegou a nomear um integrante da seita do bispo Macedo para um de seus ministérios. A aliança com Paulo Maluf foi difundida pela televisão para todo o país. Mas nada disso alterou o prestígio eleitoral de Lula, tanto que Haddad foi eleito prefeito da cidade de São Paulo folgadamente.
E o julgamento do mensalão? Nenhum escândalo político foi tão difundido e comprovado quanto esse, que resultou na condenação de figuras do primeiro escalão do PT e do governo Lula. Não obstante, o número de vereadores petistas aumentou em quase todo o país.
E tem mais. Mal o STF decidiu pela condenação de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, estourava um novo escândalo, envolvendo, entre outros, altos funcionários do governo, Rose Noronha, chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo e pessoa da confiança e da intimidade de Lula.
Em seguida, as revelações feitas por Marcos Valério vieram demonstrar a participação direta de Lula no mensalão. Apesar de tudo isso, a última pesquisa de opinião da Datafolha mostrou que Dilma e Lula continuam na preferência de mais de 50 % da opinião pública.
Como explicá-lo? É que essa gente que os apoia aprova a corrupção? Não creio. Afora os que apoiam Lula por gratidão, já que ele lhes concedeu tantas benesses, há aqueles que o apoiam, digamos, ideologicamente, ainda que essa ideologia quase nada signifique.
Esse é um ponto que mereceria a análise dos psicólogos sociais. O cara acha que Lula encarna a luta contra a desigualdade, identifica-se com ele e, por isso, não pode acreditar que ele seja corrupto. Consequentemente, a única opção é admitir que o Supremo Tribunal Federal não julgou os mensaleiros com isenção e que a imprensa mente quando divulga os escândalos.
O que ele não pode é aceitar que errou todos esses anos, confiando no líder. Quando no governo Fernando Henrique surgiu o medicamento genérico, os lulistas propalaram que aquilo era falso remédio, que os compridos continham farinha. E não os compravam, ainda que fossem muito mais baratos. Esse tipo de eleitor mente até para si mesmo.
Não obstante, uma coisa é inegável: os dirigentes petistas sabem que tudo é verdade. O próprio Lula admitiu que houve o mensalão ao pedir desculpas publicamente em discurso à nação.
Por isso, só lhes resta, agora, fingirem-se de indignados, apresentarem-se como vítimas inocentes, prometendo ir às ruas para denunciar os caluniadores. Mas quem são os caluniadores, o Supremo Tribunal e a Polícia Federal? Essa é uma comédia que nem graça tem.
Ferreira Gullar
Ferreira Gullar é cronista, crítico de arte e poeta. Escreve aos domingos na versão impressa de "Ilustrada".

    sábado, 22 de dezembro de 2012

    Aids pode ser vencida pelo Brasil


    22/12/2012 - 05h01

    'Brasil pode ser 1º país a derrotar a Aids'

    JOHANNA NUBLAT
    DE BRASÍLIA

    Luiz Loures, médico brasileiro que foi nomeado vice-diretor executivo da Unaids, agência das Nações Unidas para a doençaUm brasileiro acaba de ser escolhido pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, para coordenar as políticas públicas da Unaids (braço da organização contra a Aids).
    Luiz Loures vai assumir em janeiro a vice-diretoria executiva dos programas da entidade e também um cargo mais político, o de secretário-geral assistente da ONU.
    O médico foi um dos pioneiros no cuidado a pacientes com Aids no Brasil. Loures está há 16 anos na Unaids, hoje em Genebra.
    Ele diz que espera ver o fim da epidemia da Aids em 15 anos.
    Mas, para isso, é preciso quase dobrar o número de pessoas em tratamento, investir em diagnóstico precoce e no fim do preconceito.
    O Brasil, opina, tem condições de ser o primeiro país a declarar o fim da Aids.
    *
    Folha - Que desafios estão postos nesse novo cargo?
    Luiz Loures - A gente está mudando de fase na resposta à Aids. Começamos a falar do fim da epidemia.
    O progresso científico permite isso. E estou sendo colocado neste posto para mudar e intensificar os programas e levar o maior número de países a essa meta que, agora, a gente pode começar a estimar.
    Eu penso em 15 anos. A Aids vai continuar existindo provavelmente, a não ser que se consiga erradicar o vírus -o que é uma questão para o futuro muito mais distante.
    Mas vamos poder dizer que não há mais epidemia. Talvez não em todos os países ao mesmo tempo.
    Nicolas Lieber/Divulgação
    Luiz Loures, médico brasileiro que foi nomeado vice-diretor executivo da Unaids, agência das Nações Unidas para a doença
    Como o sr. vê o Brasil nesse cenário? Têm surgido críticas sobre a atual política...
    Pelo panorama mundial, não tenho dúvidas de dizer que o Brasil é o país com as políticas de Aids mais avançadas e mais inclusivas. Isso do ponto de vista global, eu não estou dentro do Brasil.
    Se eu tomo, por exemplo, as estatísticas de acesso ao tratamento no Brasil, as coberturas são as mais altas entre as mais altas do mundo, exatamente porque o Brasil foi o primeiro país a tratar.
    Seguindo esse parâmetro, não tenho dúvida de dizer que o Brasil tem condições de ser o primeiro país a declarar o fim da Aids.
    O primeiro?
    Se o Brasil continuar suas políticas, intensificar onde é necessário. Claro que é um país continental, complexo.
    E não que seja uma tarefa fácil, mas não foi fácil em nenhum momento. A trajetória do Brasil nessa área foi marcada pela coragem.
    Agora, eu sei que existe um debate. É exatamente aí que está a fortaleza do programa brasileiro, no debate.
    Que mudança de postura os países devem ter nessa fase?
    É exatamente não mudar muito. O risco hoje, pela complacência, pela existência de outras prioridades, é colocar a Aids em plano secundário.
    A humanidade conseguiu avançar tanto em relação à Aids que seria um erro histórico deixar as coisas irem para trás agora, quando a gente tem condição de ir avante.
    E até chegar lá?
    Há 8 milhões de pessoas em tratamento. Temos de tratar ao menos mais 7 milhões até 2015 para podermos falar que estamos no ritmo.
    O teste de Aids tem de virar rotina. Não é bicho de sete cabeças, tem de haver mudança nesse sentido.
    Qualquer pessoa no mundo tem o direito e tem de saber se está ou não infectada. É aí que começa o fim da Aids, começa com cada indivíduo.
    Quem se trata não só cuida da sua saúde como corta a transmissão.
    Além disso, a prevenção tem que ser intensificada. Há dois desafios fundamentais.
    Um é nos grupos mais vulneráveis, como o homossexual masculino.
    A discriminação ainda é o fator mais importante em muitos países, 78 países criminalizam a relação com o mesmo sexo.
    Não tem como pensar que o homossexual vai procurar o serviço de saúde se tem o risco de ser pego.
    A mesma coisa em relação ao usuário de droga.
    A epidemia na Europa Oriental é a que me preocupa mais no panorama mundial.
    A questão fundamental é o seguinte: o usuário de droga é um problema de saúde, não é um problema de polícia.
    RAIO-X

    sexta-feira, 23 de novembro de 2012

    Segurança é uma sensação .. // Contardo Calligaris


    contardo calligaris

     

    01/11/2012 - 03h00

    Segurança (uma modesta proposta)


    A cidade de São Paulo está insegura como não estava há tempos. Claro, estão acontecendo ataques mortíferos contra policiais e prováveis execuções dos supostos responsáveis por essas mortes. Mas não é só isso.
    A nova insegurança de nossas ruas é óbvia para qualquer paulistano, no aumento dos crimes contra ele mesmo ou contra seus próximos. No dia 21 último, a morte de Caroline Silva Lee, de 15 anos, confirmou o que já sabíamos: a cidade, absurdamente perigosa, parece voltar aos piores momentos do fim dos 1980 e começo dos 1990.
    Naquela época, as grandes acusadas eram a exclusão social e a desigualdade excessiva de nossa sociedade. Hoje, parece mais provável que alguns jovens da novíssima classe C estejam adotando, como símbolo de status, uma necessidade imperiosa de consumo --e isso sem incorporar hábitos menos tentadores e menos conspícuos da classe média (ética do trabalho, meritocracia etc. Nota: melhorias socioeconômicas não implicam necessariamente melhorias do tecido social da comunidade).
    Hoje, como naquela época, é pífia, se não nula, a confiança dos cidadãos no socorro da força pública.
    A prova disso está nas estatísticas apresentadas pela Folha na sexta, 26, (http://migre.me/bsb4k). Em 2012, os latrocínios (roubo seguido de morte) aumentaram 27% em relação ao mesmo período de 2011 e os roubos de veículos aumentaram 13%, enquanto os roubos simples aumentaram apenas 4%. Nenhum mistério nessa disparidade: o crime é denunciado quando há morte ou roubo de veículo (o seguro pede o boletim de ocorrência). No mais, chamar a polícia e registrar a ocorrência é fora de questão: já pegaram meu relógio, vão querer meu tempo também?
    Silogismo. 1) A certeza de que o socorro será precário, lento ou ausente alimenta a sensação de insegurança; 2) a sensação de insegurança entrega a rua aos criminosos; 3) diminuir a sensação de insegurança seria uma maneira de combater a insegurança efetiva da cidade.
    Um carro de bandidos em fuga capotou na sua frente atropelando duas pessoas, que agora gemem debaixo do carro revirado. Você, escondida, tem como dar um telefonema.
    Qual é o número mesmo? Dos bombeiros, para que levantem o carro acidentado e salvem os atropelados? Seria 193, se não me engano. Da Polícia Militar? Esse, a maioria das pessoas conhecem: 190. Ou da Polícia Civil? Seria 147, é isso? O pronto-socorro médico é 192, mas será que são eles que despacham as ambulâncias?
    O 190 responde, em tese, no primeiro ou segundo toque. Já, se você for atrás de uma ambulância, pode acontecer a situação descrita num tweet de @toledoana (em "Mdrama", SP Escola de Teatro, Gov. do Estado): "Você ligou para Godot. Por favor, aguarde na linha. Sua ligação é muito importante para nós".
    A segurança pública deveria ter um número único, que respondesse obrigatoriamente com a rapidez que constatei no 190. Quem atende deveria 1) decidir qual é o socorro certo e despachá-lo (ambulância, guindaste, polícia) com a urgência adequada, 2) permanecer na linha, assistindo quem ligou até a chegada do socorro, 3) preparar, enquanto isso, o encaminhamento do socorro (encontrar e prevenir o melhor hospital de destino, por exemplo).
    No atendimento, a prioridade deveria ser saber o local e a natureza da urgência (o CPF e o RG de quem chamou não são condições para escutar e assistir).
    A rapidez e a competência desse atendimento unificado seriam uma piada de mau gosto se não houvesse um tempo de resposta decente entre a chamada e a chegada do socorro.
    As unidades móveis de socorro (carros das polícias e dos bombeiros, ambulâncias públicas ou privadas) já dispõem (ou deveriam dispor) de GPS, de maneira que pode ser monitorada constantemente a cobertura do território do município, garantindo que nenhuma área esteja fora de um alcance rápido.
    Em Nova York, o tempo médio é de quatro minutos para os bombeiros e oito minutos para a polícia (esse tempo desce drasticamente se a urgência for uma ação criminosa armada em curso).
    Que tal propor uma meta --um tempo médio de resposta-- até o fim do ano? Muitas vezes, de qualquer forma, os socorros chegarão tarde demais, mas 1) será possível medir, em cada caso, onde e por que se originou o atraso e, sobretudo, 2) será bom os cidadãos sentirem que, na hora em que eles pedem socorro, alguém se apressa.
    Como disse, a segurança é, antes de mais nada, uma sensação.
    Contardo Calligaris
    Contardo Calligaris, italiano, é psicanalista, doutor em psicologia clínica e escritor. Ensinou Estudos Culturais na New School de NY e foi professor de antropologia médica na Universidade da Califórnia em Berkeley. Reflete sobre cultura, modernidade e as aventuras do espírito contemporâneo (patológicas e ordinárias). Escreve às quintas na versão impressa de "Ilustrada".

      Joaquim Barbosa ganhou festa descontraída de colegas do Judiciário


      23/11/2012 - 15h16

      Luiz Fux canta Tim Maia e toca guitarra em festa de Barbosa; veja



      O ministro Luiz Fux subiu no palco, cantou e tocou guitarra durante festa em comemoração a chegada do ministro Joaquim Barbosa à presidência do STF (Supremo Tribunal Federal) na noite de ontem (22).
      Por volta da meia noite, Fux cantou a música "Um dia de domingo", do Tim Maia, e tocou guitarra.
      Veja a apresentação do ministro:
      No palco, o ministro Fux também disse que Barbosa deixou claro na posse que "nós, juízes, somos simples como o povo".
      A festa também contou com um show de axé music:
      A festa, marcada pelo som de MPB, foi oferecida por entidades de classe de juízes ocorreu em um casa luxuosa de festas em Brasília e custou cerca de R$ 120 mil. Foram distribuídos 2.500 convites.