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sábado, 28 de julho de 2018

Mulheres no comando de aviões...

https://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/comportamento/aerea-forma-primeira-turma-de-mulheres-pilotas-no-brasil-veja-o-que-elas-dizem/

Aérea forma primeira turma de mulheres pilotas no Brasil; veja o que elas dizem

O Viver Bem conversou com duas das formandas, Rayanne Silveira e Tatiane Martins; confira a entrevista

terça-feira, 24 de julho de 2018

Fundadora do Femen morre por suicídio...

https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/cofundadora-do-grupo-feminista-femen-e-encontrada-morta-em-paris-3vb4cn4wa3734igkbg15ln265

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

"Índice de Liberdade Econômica da Heritage Foundation, em 2018, o Brasil tirou nota 7,7 no quesito “saúde fiscal”, em 100 pontos possíveis. Sim, você leu certo "

Ajuste fiscal: o debate necessário na campanha eleitoral

ADOLFO SACHSIDA

GAZETA DO POVO - PR - 22/02Resultado de imagem para imagemde cofre arrombado
Não podemos repetir 2014, quando uma “presidenta” que jurava não ser necessário o ajuste fiscal conduziu o país à maior crise econômica de sua história

“O fato de que muitos políticos de sucesso são mentirosos não é exclusivamente reflexo da classe política, é também um reflexo do eleitorado. Quando as pessoas querem o impossível, somente os mentirosos podem satisfazê-las.” (Thomas Sowell)

De acordo com o Índice de Liberdade Econômica da Heritage Foundation, em 2018, o Brasil tirou nota 7,7 no quesito “saúde fiscal”, em 100 pontos possíveis. Sim, você leu certo: o Brasil não conseguir chegar a míseros dez pontos em 100 possíveis nesse item. O Rio de Janeiro é o carro-chefe da situação fiscal brasileira, já atrasa salários e só não está insolvente graças a recursos do Tesouro Nacional. Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte caminham para a mesma situação. Diversos outros estados e municípios adotam manobras fiscais duvidosas para continuarem honrando seus compromissos. Na União, a situação não é muito diferente: pesados déficits vem pressionando cada vez mais a dívida pública. A conta vai chegar em 2019.
Votar em quem promete o impossível lhe dará em troca a eleição de um político mentiroso

Ajustar as contas públicas é uma necessidade. Deixemos claro um ponto: qualquer um que argumente pela não necessidade do ajuste fiscal está mentindo. O leitor pode discordar sobre como realizar o ajuste fiscal, mas de maneira honesta é impossível argumentar que as contas públicas estejam em ordem.

O debate fiscal é a discussão que precisa aparecer nas eleições desse ano, seja nas disputas por cargos no Executivo, seja nas eleições para deputados e senadores. Governadores precisam debater como farão o ajuste fiscal em seus respectivos estados; deputados e senadores precisam se posicionar sobre as medidas de ajuste que irão apoiar; e os candidatos a presidente precisam deixar claro como farão o ajuste fiscal e, por óbvio, como irão ajustar as contas da Previdência Social.

Políticos devem deixar claro se irão realizar o ajuste fiscal por meio de aumento de tributos, se irão cortar despesas (e quais despesas irão cortar), ou por qual combinação dessas alternativas pretendem ajustar o orçamento público. Precisam deixar claro se irão dar reajustes ao funcionalismo público, se irão contratar mais funcionários ou se irão tentar enxugar a folha de pagamento. Fundamental se posicionarem sobre a reforma da Previdência e sobre os programas públicos que serão mantidos ou encerrados.
Não existe mágica aqui: toda solução apresentará dor e custos. Não se trata de prometer benesses, mas sim de oferecer soluções viáveis para o problema fiscal ao menor custo social possível. E o eleitor é parte central do processo: votar em quem promete o impossível lhe dará em troca a eleição de um político mentiroso. Sejamos responsáveis: o debate fiscal honesto precisa marcar as eleições de 2018. Caso contrário, repetiremos 2014, quando uma “presidenta” que jurava não ser necessário o ajuste fiscal conduziu o país à maior crise econômica de sua história.

Adolfo Sachsida é doutor em Economia e especialista em tributação e contas públicas.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

"O custo econômico da violência " // Editorial da Gazeta do Povo

O custo econômico da violência 
EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR
  20/02


A persistir a derrota do Estado para os bandidos, em alguns anos a maior parte da população brasileira viverá sob o manto do crime, do sangue e do terror


As perdas econômicas no país decorrentes da violência contra a vida e contra o patrimônio são facilmente visualizadas. Os criminosos e suas atividades ilícitas consomem parte da produção nacional de bens e serviços; destroem vidas e coisas; impõem custos individuais e coletivos com aparato de policiamento, sistemas de segurança (com seus equipamentos, gastos de operação e salários do efetivo de pessoal); sistema judicial de processamento e julgamento; sistema prisional e gastos para manutenção dos encarcerados etc. Enxergar esse leque de problemas e seus custos não é um exercício difícil, mas a mensuração dos reais impactos econômicos é algo complexo.

O Institute For Economics and Peace (IEP), sediado na Austrália, é especializado em estudos e pesquisas sobre os impactos econômicos da violência no mundo e, em estudo tomando como base o ano de 2014, concluiu que a violência no Brasil consumiu US$ 255 bilhões no ano, equivalente a 8% do Produto Interno Bruto (PIB). Para um país pobre, é uma tragédia econômica e social de elevadas proporções. Ao fazer comparação com outros 161 países estudados, o Brasil aparecia na quinta posição no ranking dos que mais gastam com a violência, atrás apenas de Estados Unidos, China, Rússia e Índia. O estudo referido pode não ser completo, mas dá boa medida do tamanho do problema ao analisar despesas militares com exército e guerras externas, crimes contra a pessoa e a propriedade, conflitos internos (terrorismo, guerra civil) e despesas públicas e privadas com segurança.

A cifra de 60 mil pessoas assassinadas por ano é uma tragédia individual, familiar, social e econômica de grandes proporções

Os Estados Unidos estão entre os que mais gastam não porque o país esteja entre as sociedades mais violentas do mundo, mas em razão dos altos gastos com sua participação nos conflitos mundiais e a imensa rede de segurança privada típica daquela sociedade. No caso do Brasil, a razão é inversa, ou seja, os elevados gastos decorrem dos altos índices de violência interna, pois os gastos militares brasileiros em conflitos e missões no exterior são baixos. Disparadamente, o maior problema do Brasil está nos crimes contra a pessoa e nas elevadas taxas de homicídio. A cifra de 60 mil pessoas assassinadas por ano, quando comparada com a população de 208,5 milhões de habitantes, é uma tragédia individual, familiar, social e econômica de grandes proporções, pior que a de certos países em guerra interna.

A se tomar por base a criminalidade descontrolada do Rio de Janeiro, cidade dominada pelos criminosos, as previsões para os próximos anos em relação à violência urbana são pessimistas, sobretudo porque outras capitais já estão sentindo a escalada da violência que ameaça transformá-las em réplicas da tragédia carioca. Especialistas no assunto vêm alertando para o alastramento do crime organizado nas grandes cidades, cujas estatísticas levam a crer que, a persistir a derrota do Estado para os bandidos, em alguns anos a maior parte da população brasileira viverá sob o manto do crime, do sangue e do terror. A situação é tão grave que o presidente Michel Temer decretou intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, com o beneplácito do governo do estado, em uma tentativa de derrotar os bandidos e o crime.

O custo da violência não é apenas o custo direto, mas inclui também os recursos gastos para combater o crime que, de outro modo, poderiam ser investidos em outros setores. O IEP faz um exercício de imaginação e diz que, se os custos com a violência no mundo fossem reduzidos em apenas 10%, a poupança seria de US$ 1,43 trilhão, valor suficiente para reduzir parte da pobreza no mundo. Transposto esse raciocínio para o Brasil, dá para estimar o quanto o país deixa de investir no combate à pobreza por causa da violência social. O fato é que, além de ser uma tragédia humana de grande monta, a violência solapa o crescimento econômico, limita a liberdade de ir e vir e produz uma verdadeira tragédia econômica. A sociedade brasileira terá de, junto do governo, decidir o que fazer com esse flagelo social que ameaça fugir de qualquer controle.


terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

"Gazeta do Povo lança Índice de liberdade econômica, melhor mapa para entender como tornar o Brasil uma nação rica" / Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo lança Índice de liberdade econômica, melhor mapa para entender como  tornar o Brasil uma nação rica

O Índice de Liberdade Econômica, calculado pela Heritage Foundation, é o mais tradicional indicador que mede o grau de capitalismo dos países. Há anos ele é utilizado no mundo todo como o melhor parâmetro para avaliar se um país tem ou não o que se pode chamar de economia livre.
E a correlação entre esse indicador e outros que medem qualidade de vida da população, riqueza e desenvolvimento humano, além de corrupção, é enorme e uma com elo causal: a liberdade econômica causa a riqueza, os avanços sociais e maior transparência.
Esse índice era publicado no Brasil pelo Instituto Liberdade, de Porto Alegre, e a Gazeta do Povo marca um golaço ao assumir sua publicação agora, provando seu compromisso com os valores da liberdade e do progresso. Entender os itens desse índice é a melhor forma de compreender as mazelas nacionais, assim como o que deve ser feito para finalmente colocar o Brasil na rota do crescimento.
O Brasil petista despencou no ranking, mostrando como caminhamos na direção do socialismo sob Lula e Dilma. A Venezuela já virou socialista de vez, e os resultados desastrosos estão aí para todos verem – menos os cegos ideológicos. Uma economia controlada pelo estado, fechada, com muita regulação e impostos é a receita mais segura para a catástrofe econômica e social de uma nação. E somos um patinho feio, um ótimo aluno marxista, ostentando a vergonhosa 153a posição no ranking:
Para sermos apenas medíocres ainda precisamos melhorar muito. Não temos direito de propriedade garantido, e basta pensar nos invasores do MST ou nas favelas sem título de propriedade. Os gastos do governo são altos demais, a carga tributária é muito elevada e complexa, a saúde fiscal é péssima, com rombo de quase R$ 200 bilhões por ano. O judiciário é lento, as leis são arbitrárias, nem o passado é certo. O protecionismo é grande e afasta o país da globalização. As leis trabalhistas são inspiradas no fascismo marxista de Mussolini e Vargas, com amplo poder sindical. O setor financeiro é concentrado demais, com muita barreira à entrada.
Enfim, o “neoliberalismo” é o fantasma da mitologia canhota inventado como bode expiatório para os males produzidos pelo excesso de estado. Só há duas saídas para o Brasil: aeroportos ou liberalismo! Nosso podcast Ideias desta semana foi justamente sobre esse relevante tema:

Estamos em ano de eleições. Cobre dos seus candidatos uma postura sobre esses pontos. Só vote em quem estiver comprometido com o avanço da liberdade econômica, quem tiver noção de que o caminho para a prosperidade passa inexoravelmente pela redução do estado e de seu intervencionismo. Pregar maior controle estatal é impedir nosso avanço, asfixiar aqueles que criam riquezas, manter as amarras que sufocam o Brasil. Chega de tanto estado! Vamos dar uma chance à liberdade…
Rodrigo Constantino

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

"Autoridade de menos" / Edson José Ramon

quinta-feira, fevereiro 01, 2018

Autoridade de menos 


EDSON JOSÉ RAMON

GAZETA DO POVO - PR - 01/02

O país que promete igualdade de oportunidade para todos é cada vez mais desigual em razão da avassaladora ignorância intelectual de sua gente 
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Inegavelmente o mundo vive tempos de mudanças rápidas, e por vezes radicais. Mudanças causadas pelo avanço da tecnologia são as mais percebidas e rapidamente incorporadas pela sociedade. Neste caso, o exemplo mais vigoroso é o surgimento dos smartphones, usados freneticamente por todos, com efeito avassalador na alteração do comportamento das pessoas.

Mas há uma mudança silenciosa que se prenuncia no seio da sociedade, e que se desenvolve em nome dos direitos individuais e da liberdade de expressão, do politicamente correto e da autonomia das pessoas. Refiro-me à falta de respeito, ao descompromisso com o convívio social, à falta de educação das pessoas, com absoluto desprezo pelas regras. Este comportamento ganha corpo e se avoluma no seio da sociedade brasileira, sem que ninguém saiba onde poderá desaguar.

Ele começa ingenuamente em casa, com pais que não impõem sua autoridade sobre filhos e deixam de estabelecer limites. Quem ainda não assistiu a cenas lamentáveis de crianças de tenra idade confrontando seus pais quando algo lhes é negado? É frequente ver crianças protagonizando espetáculos deploráveis por receber um simples não – e, pior, sem receber qualquer reprimenda.

O Brasil pede socorro, que só pode vir na forma de regras mais rígidas, no respeito à hierarquia, às instituições, aos mais velhos, às leis e regulamentos 


Essa perda de autoridade vai de casa para a escola. Professores de ensino fundamental e médio relatam histórias impressionantes de alunos desobedientes que não compreendem por que devem se submeter a regras banais de salas de aula, como ficar sentado, não utilizar celular, prestar atenção, não conversar e respeitar o professor. Nas redes pública e privada, há professores que simplesmente desistem de ministrar aulas, tamanha a desatenção e bagunça dos alunos, limitando-se a passar o conteúdo no quadro e tentando explicá-lo para os poucos que se interessam pela matéria.

Já está estabelecido por regramento formal que o aluno não pode ser admoestado com vigor e nem punido, o que dá aos bagunceiros carta branca para barbarizar. A velha e boa suspensão dos tempos antigos, ou a expulsão nos casos mais agudos, não existem mais. Aos poucos se extingue também a reprovação, o que logo permitirá que alunos saiam semialfabetizados, mesmo depois de vários anos na escola. No Paraná, os diretores de escolas públicas são escolhidos pela comunidade escolar, predominantemente pelos alunos. E quem eles escolhem? Os mais tolerantes, amigos dos alunos.
A pergunta é: qual o futuro dessa geração? A resposta é uma só, e já estamos assistindo aos resultados dessa barbárie. Menos cidadãos felizes, bem resolvidos e produtivos; em contraponto, infelicidade, mão de obra sem qualificação, salários menores e aumento da criminalidade, além da “morte” da língua portuguesa, com predomínio da linguagem coloquial inculta e absoluta falta de conjugação dos verbos, onde a primeira, segunda e terceira pessoas do plural são substituídas pelo indefectível “a gente”, singularizando todos os verbos pronunciados posteriormente. “E assim a gente vai levando. É nóis!”

O país que promete igualdade de oportunidade para todos, conforme estabelecido na Constituição de 1988, é cada vez mais desigual em razão da avassaladora ignorância intelectual de sua gente. Em vez de melhorar a educação para todas as pessoas, estabelecemos cotas para afrodescendentes e alunos de escolas públicas, porque estes não têm a condição educacional de quem veio de boas escolas privadas. Isso necessariamente puxa para baixo a qualidade do ensino superior, que por sua vez forma profissionais menos qualificados, com reflexos em todas as áreas de atividade.
Estamos vivenciando o obscurantismo no Brasil em pleno século 21. Enquanto isso, nos países mais organizados, menos permissivos, que premiam a meritocracia e não a mediocridade, vive-se o iluminismo. Formam-se cidadãos melhores, cientistas, estudiosos, que respeitam regras, pessoas que progridem e fazem crescer a economia e a nação.

Este Brasil pede socorro, que só pode vir na forma de regras mais rígidas, no respeito à hierarquia, às instituições, aos mais velhos, às leis e regulamentos. Caso contrário, continuaremos a ser o Brasil da corrupção, do jeitinho, da tolerância, onde se espera que o governo venha salvar os pobres. O país dos incultos, ignorantes ou dos intelectuais que cortejam os pobres e os ideais da esquerda, mas que passam suas férias no primeiro mundo, desfrutando da organização, do respeito ao próximo e da segurança que eles oferecem. É hora de repensar o Brasil e de restabelecer a autoridade.


Edson José Ramon, empresário, é presidente do Instituto Democracia e Liberdade (IDL) e ex-presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP).

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

" Médicos cubanos deixados à própria sorte " / Gazeta do Povo


quinta-feira, outubro 12, 2017

Médicos cubanos deixados à própria sorte -

 EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR

GAZETA DO POVO - PR - 12/10
É lamentável que o governo brasileiro esteja fechando os olhos ao drama dos médicos cubanos que desejam escapar da ditadura e permanecer no Brasil

Mais de um ano depois da saída do governo que resolveu financiar a ditadura dos irmãos Castro por meio da “importação” de médicos daquele país, a situação dos profissionais cubanos no Brasil continua indefinida. Segundo o Ministério da Saúde, quase 200 deles entraram com ações na Justiça para ter o direito de ficar no país e receber o salário integral que outros profissionais do programa Mais Médicos recebem normalmente, de acordo com reportagem dos jornais O Globo e The New York Times.

Os cubanos, que são quase metade dos médicos do programa lançado em 2013 e que busca levar atendimento a regiões às quais os brasileiros não querem ir, vivem sob todo tipo de arbitrariedade. Ramona Matos, a primeira médica cubana a fugir, em 2014, já tinha informado as autoridades brasileiras que seus compatriotas não podiam trazer a família para cá, ao contrário dos colegas de outros países; e tinham seu direito de ir e vir cerceado, com vigilância firme de agentes da ditadura cubana e necessidade de aviso até para ir a alguma cidade diferente daquela para onde estavam designados. Tudo isso foi confirmado posteriormente por outros médicos, inclusive aqueles entrevistados recentemente pelos jornais carioca e novaiorquino.

Não há dúvida de que fugitivos da ditadura cubana bem merecem receber abrigo por aqui Além disso, o contrato dos médicos cubanos é uma violação flagrante a toda a legislação nacional, ao privar o profissional de receber seu salário integral. Triangulações perversas envolvem a Organização Pan-Americana de Saúde e o próprio governo cubano, que embolsa parte do pagamento devido aos médicos, repassa outra parte à família e entrega o resto ao profissional. Por muito tempo, inexplicáveis cláusulas de confidencialidade mantiveram essa informação distante do público.

“Chega uma hora em que você se cansa de ser escravo”, disse ao New York Times Yaili Giménez, uma das médicas que recorreram à Justiça brasileira. A rebelião dos cubanos que buscam trabalhar com liberdade no Brasil é um ato de coragem, já que muitos ainda têm familiares em Cuba, agora sujeitos às represálias do governo. Assim que surgiram as primeiras decisões judiciais favoráveis aos cubanos, seus “supervisores”, representantes da ditadura dos Castro no Brasil, convocaram todos os que haviam buscado o Judiciário e os despediram, dando-lhes duas opções: retornar a Cuba em 24 horas ou suportar oito anos de exílio, segundo o Times.


Diante disso tudo, é lamentável que o governo brasileiro esteja fechando os olhos ao drama dos cubanos. O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse ao New York Times que “não há injustiça” porque “quando eles assinaram o contrato, aceitaram as condições” – como se estivéssemos falando de pessoas livres, e não de súditos da mais abjeta ditadura latino-americana. Alegar que isso é problema dos médicos com o governo de seu país é uma maneira muito conveniente de lavar as mãos enquanto se abandona profissionais a quem tantos brasileiros são gratos. Se não podem contar com o Executivo, os cubanos seguem recorrendo ao Judiciário, com resultados inconsistentes – há decisões tanto favoráveis quanto contrárias aos médicos. O desespero é tanto que pelo menos um dos médicos pediu ao Ministério da Justiça para ficar no Brasil na condição de refugiado. Ele ainda não recebeu resposta, mas não há dúvida de que fugitivos da ditadura cubana bem merecem receber abrigo por aqui.
Ao contrário do governo anterior, a gestão atual não tem nenhum motivo ideológico para continuar financiando uma ditadura estrangeira e permitindo que os cubanos sejam tratados aqui de forma diferente em comparação com colegas de outras nações. Que o Estado e a sociedade possam encontrar meios de garantir a esses médicos a liberdade de que não gozavam, seja em Cuba, seja sob a vigilância de capangas do regime castrista no Brasil.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

"A maior derrotada nessa eleição, além de Clinton, foi a grande imprensa."

E deu Trump... - 

RODRIGO CONSTANTINO

GAZETA DO POVO - PR - 10/11


Culpar a estupidez do povo quando a democracia vai na direção contrária do que a intelligentsia deseja é um caminho fácil, mas impede que se aprenda as lições necessárias



“Quem se vinga depois da vitória é indigno de vencer”, escreveu Voltaire. Donald Trump venceu, apesar dos ataques inflamados de que foi alvo e da forte campanha difamatória da imprensa, que fez mais torcida que jornalismo. Mas começou muito bem, fazendo um discurso de estadista, agradecendo Hillary Clinton, falando em união.

A maior derrotada nessa eleição, além de Clinton, foi a grande imprensa. Não quero tripudiar desses “especialistas” todos, que não têm acertado uma. Quero apenas que aprendam com os próprios erros, que isso sirva de lição. Deixemos o clima de hostilidade para a esquerda. São os “progressistas” que querem dividir para conquistar. O que queremos é construir.

A esquerda tem duas opções diante do que está acontecendo no mundo: entender que se trata de um protesto contra um establishment corrupto, arrogante, hipócrita e intervencionista por parte daqueles “de fora”, cada vez mais indignados; perceber que o Obamacare (o socialismo na saúde) e o welfare state não são uma maravilha para os mais pobres; que o multiculturalismo não é tão bonitinho na prática quanto na teoria; que o “capitalismo de compadres” não funciona; que a “marcha das vítimas oprimidas” já cansou; ou pode simplesmente acusar o outro lado de ser nazista, preconceituoso, racista, idiota e ultraconservador, além de reacionário e tacanho.


O mundo não vive uma guinada à extrema-direita, e sim uma fase de resgate de valores após excesso de “progressismo” 



Claro que a maioria vai optar pelo segundo caminho. Não seria de esquerda se não o fizesse. Mas, agindo assim, não terá aprendido nada com essa estrondosa e humilhante derrota. Culpar a estupidez do povo quando a democracia vai na direção contrária do que a intelligentsia deseja é um caminho fácil, mas impede que se aprenda as lições necessárias. O povo quer mudança. Não está satisfeito com Obama, cujo legado foi péssimo. Não está feliz com a “globalização”, ao menos essa que temos.
Ora, se a esquerda diz que quem votou em Trump foi a turma de perdedores da globalização, um pessoal ignorante, pobre e revoltado, como os britânicos do Brexit, então quer dizer que essa “globalização” é prejudicial à maioria, principalmente aos mais pobres. Elementar, meu caro Watson.

Por sorte dos liberais, não se trata daquela globalização que defendemos, de livre comércio sem tantas barreiras alfandegárias e burocráticas, e sim de um movimento “globalista” coordenado por elites poderosas em simbiose com grandes empresários. Ou seja, Washington e Bruxelas ditando os mínimos detalhes, não o livre comércio. Justamente aquilo que Clinton e George Soros representam com perfeição.

Isso explica por que aquele seu professor de História ou Geografia que detona a globalização e o capitalismo condena ao mesmo tempo Trump e seus eleitores por serem contra a “globalização”. A incoerência só pode ser explicada pelo que se entende pelo termo aqui usado.

Por fim, muitos ficam chocados com o fato de a Flórida ter fechado com Trump, ou de um latino como eu – e que mora neste estado – ter defendido essa opção como a menos pior. Não temo ser deportado? Balela, e novamente culpa da imprensa. O alvo são os imigrantes ilegais, não aqueles que chegam respeitando as regras. Os que seguem as leis não têm o que temer. Agora, se você se chama Juanito Mohammed, vem de uma família islâmica do México e, principalmente, entrou no país de forma ilegal, aí é realmente para ficar tenso e preocupado.
O mundo não vive uma guinada à extrema-direita, e sim uma fase de resgate de certos valores após excesso de “progressismo”. O pêndulo exagerou para a esquerda. Os resultados, como sempre, foram ruins, muito aquém daqueles prometidos pelos “intelectuais”. É hora de endireitar um pouco as coisas mesmo. Que Trump, com um Congresso republicano, consiga fazer isso. O mundo – ou boa parte dele – agradece.

Rodrigo Constantino, economista e jornalista, é presidente do Conselho do Instituto Liberal.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

"Do que eu preferiria morrer? De tristeza ou de culpa? Proponho a você a mesma indagação."

segunda-feira, julho 25, 2016

Afetos morais -

 LUIZ FELIPE PONDÉ

GAZETA DO POVO - PR - 25/07

Do que eu preferiria morrer? De tristeza ou de culpa? Proponho a você a mesma indagação. Muita gente pensa que filósofo é “racional”. Tem muito filósofo assim mesmo. Que acredita nas ideias. Mas, nem sempre é assim. Para mim, as ideias seguem as taras e as emoções, se acomodam a elas, que fazem o que podem para sobreviver num mundo muitas vezes hostil aos sentimentos. Penso, como os românticos, que o centro da vida são os afetos.

Dias atrás, uma amiga me pôs uma questão de ordem moral muito instigante: do que eu preferiria morrer? De tristeza ou de culpa? Proponho a você a mesma indagação. Qual seria, entre as duas, a pior forma de morrer (ou viver)?

Caso fosse dada a você a necessidade imperativa de fazer uma escolha desta ordem, morrer de tristeza ou morrer de culpa, qual você escolheria? Não tenha pressa em responder. Afinal, nas duas alternativas está a palavra “morrer”, palavra esta que exige cuidado ao ser manipulada. Nessa questão está pressuposta a escolha entre dois males (como me dizia outra amiga dias atrás).

As duas alternativas transitam pelo que na filosofia chamaríamos de experiência estética e moral. Estética em filosofia não significa a priori algo a ver com a arte, mas com as sensações por conta da palavra grega “aesthesis” ser traduzida por sensações (”anestesia” significa perda das sensações não por acaso...). Uma experiência estética toca os afetos, o gosto, as sensações.

Moral, por sua vez, fala do comportamento, da norma, da boa ou da má conduta, do certo ou do errado, enfim, do que é esperado de nós no tocante ao convívio normatizado em sociedade.

É comum imaginar-se que haveria um conflito inevitável entre uma experiência estética e uma experiência moral, já que a segunda pressupõe alguma forma de constrangimento da primeira a fim de torná-la “civilizada”. Autores como os românticos alemães dos séculos 18 e 19 sonhavam com um encontro profundo entre estética e moral, no qual “o que sentimos existiria em harmonia com nossa ação moral”.

Utopia? Sim, creio ser uma utopia. Somos demasiadamente contraditórios para termos qualquer forma de harmonia nesse nível. Harmônicos só os cadáveres ou os mentirosos.

Voltando a nossa questão. O que você escolheria, morrer de tristeza ou morrer de culpa?

Tristeza é um afeto, um sentimento, um estado de alma advindo da perda de algo que nos dá prazer, felicidade, gosto pra viver. Impossível esgotar os sentidos da tristeza. São Tomás de Aquino (século 13) achava a tristeza uma forma de pecado porque o mundo, segundo o Criador, é bom. Você acredita que seja bom mesmo?

Culpa, por sua vez, é um afeto essencialmente decorrente da vida moral. Muita gente acredita, como os filósofos ingleses dos séculos 18 e 19, que a base da vida moral seja o afeto, portanto, haveria uma relação profunda entre a moral e a estética. No caso, a culpa seria um afeto moral decorrente da consciência de que fizemos sofrer alguém que não merecia sofrer.

Mas na questão em si está o fato de você poder morrer de uma das duas, tristeza ou culpa. Vejamos um pouco de contexto hipotético para ajudar em sua decisão.

Imagine que essa tristeza fosse causada pela certeza de que você deve abrir mão de algo que você ama muito ou deseja profundamente. Algo ou alguém que você sinta ter buscado a vida inteira, mas que não pode ou deve ter com você a não ser que seja às custas de muito sofrimento para outras pessoas que não merecem tamanho e atroz sofrimento. Você deveria abrir mão desse seu desejo em favor do que seria o esperado em termos de normas sociais e de cuidado para com os “inocentes”. Ao fazê-lo, optaria por ser triste, mas fiel ao que é certo, daí minha amiga falar em “morrer de tristeza”. Escolheria a infelicidade em nome do que é moralmente justo.

Por outro lado, se você optar pelo desejo, levaria a agonia para o coração daqueles que não deveriam viver essa agonia. Daí a ideia de “morrer de culpa”. Morrer de culpa seria o preço por ter sido fiel ao seu desejo. Abrir mão da felicidade em nome do “certo” pode lhe fazer infeliz. Mas, a infelicidade pode ser um dos hábitos mais profundos em nossas vidas.


Luiz Felipe Pondé, escritor, filósofo e ensaísta, é doutor em Filosofia pela USP e professor do Departamento de Teologia da PUC-SP e da Faculdade de Comunicação da Faap.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Correspondência com más notícias... ??? // Gazeta do Povo / blog do Murilo

O escândalo dos fundos de pensão - 
EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR

GAZETA DO POVO - PR - 19/04

A ameaça de insolvência em que se encontram fundos como o Postalis, dos Correios, e Funcef, da Caixa, deve-se não apenas a gestões negligentes, imprudentes ou imperitas, mas também à má-fé

São imensas as frestas abertas da corrupção no Brasil. Poucos ou até mesmo inexistentes são os setores infensos à ação de malfeitores ávidos em avançar sobre o patrimônio público, ora em benefício do patrimônio pessoal, ora direcionando-o para políticos ou partidos que, em troca de vantagens, os protegem. São chocantes os exemplos que, neste sentido, nos foram oferecidos pelo mensalão e agora, mais recentemente, pelo petrolão – casos em que se conluiaram servidores públicos de alto escalão, grandes empreiteiras, parlamentares e siglas políticas, todos envolvidos num mesmo objetivo, o de apoderar-se de dinheiro alheio para obter lucros escusos.

Em meio à repercussão centralizada naqueles dois maiores e mais conhecidos escândalos, por frestas pouco menores – mas não menos importantes do ponto de vista da moralidade – esvaem-se também recursos de pequenos contribuintes que recolhem parcelas de seus salários na esperança de garantir futura aposentadoria. A corrupção também pega em cheio alguns dos mais ricos fundos de pensão de estatais federais, como se revela nos casos do Postalis e do Funcef, respectivamente dos servidores dos Correios e da Caixa Econômica. Não escapam da mesma sanha o Petros (da Petrobras) e o Previ (Banco do Brasil).

A ligá-los há uma primeira coincidência: são todos administrados por gestores indicados pelo PT, PMDB e outros partidos. Uma segunda coincidência: todos se tornaram deficitários e incapazes de garantir a perpetuidade da seguridade prometida aos seus milhares de associados. E terceira: a ameaça de insolvência em que se encontram deve-se não apenas a gestões negligentes, imprudentes ou imperitas, mas também à má-fé. A ponto de se cometer fraudes documentais em que tintas corretoras de uso escolar foram utilizadas para adulterar cifras e cifrões.

O Postalis apresenta rombo de R$ 5,7 bilhões e, para tapá-lo, sua diretoria pretende recorrer ao mais usual artifício: obrigar aqueles que em nada contribuíram para o descalabro a pagar a conta mediante desconto, por longos 15 anos, de 26% de seus salários. O “furo” no Funcef é também superior a R$ 5,5 bilhões e o remédio encontrado para cobri-lo é semelhante, isto é, aumentar por 12 anos a alíquota de contribuição previdenciária dos empregados. Claro que nos dois casos as entidades de representação dos servidores movem medidas judiciais para que eles não sejam punidos com o corte de um quarto de seus salários.

Como os fundos de pensão movimentam cifras gigantescas, em boa parte oriundas diretamente também dos cofres públicos, sua crise administrativa e moral passa a ser assunto de interesse coletivo e que precisa ser investigada a fundo. Daí a iniciativa de alguns senadores de partidos de oposição visando à criação da CPI dos Fundos, mas o governo – por razões óbvias, mas nunca declaradas – se esforça para impedi-la. Já conseguiu, por exemplo, que a bancada do PSB retirasse suas assinaturas de um requerimento de instalação e articula outras medidas para enterrá-la de vez, embora a oposição siga tentando: na sexta-feira, dia 17, o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima, disse ter as assinaturas necessárias para protocolar o pedido, e vai fazê-lo na próxima quarta-feira, dia 22.

Podemos nos espantar com a atitude do governo de querer empurrar para debaixo do tapete a necessária investigação dos fundos? Não. Pelo contrário, a sabotagem apenas expõe à luz do dia a hipocrisia de quem afirma que se deve ao atual governo o combate rigoroso à corrupção no país. Na verdade, não se deve ao governo, mas a instituições do Estado que, com independência, têm sido assertivas na tarefa de selar algumas das incontáveis frestas – como o que vêm fazendo, no caso emblemático da Operação Lava Jato, o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e o Judiciário.


Postado por MURILO às 08:01
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