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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

"Guerra de narrativas " // Murillo de Aragão




Guerra de narrativas 

MURILLO DE ARAGÃO

REVISTA ÉPOCA
Image result for imagem de leitor rasgando jornal

Sair do País por um tempo, ainda que breve, sempre é bom. Em especial para nos desintoxicarmos das narrativas que circulam intensamente no Brasil. O Brasil de hoje vive uma guerra de narrativas. Membros do Ministério Público anunciam, a cada instante, que a Operação Lava Jato pode acabar por isso e por aquilo. Outros dizem que as eleições presidenciais só serão legítimas com a participação do ex-presidente Lula na disputa. Ou que a democracia brasileira caminha para o abismo porque o 4º Tribunal Regional Federal confirmou a condenação de Lula e ainda aumentou a pena estipulada na primeira instância. Pelo seu lado, o juiz Sérgio Moro justifica receber auxílio-moradia dizendo que o benefício compensa a falta de reajuste salarial entre a classe, mesmo sendo dono de apartamento na cidade em que vive.

Adversários da Reforma da Previdência afirmam que não existem privilégios a serem combatidos no sistema previdenciário brasileiro. Outros apregoam a impossibilidade de votá-la, embora o tema esteja na pauta. O que será que vai acontecer? Apesar do alarmismo de alguns, a Lava-Jato não morreu nem vai morrer sem antes causar mais estragos na política nacional.

Lula será ficha-suja e nem por isso a democracia brasileira irá para o abismo. Com ou sem Lula, as eleições serão legítimas. Aliás, mais legítimas do que as últimas, turbinadas pelo doping ilegal e imoral das doações por dentro e por fora (via caixa dois). A reforma da Previdência, apesar de ir contra os interesses das corporações, será aprovada, nem que seja aos poucos e em fatias. Moro e os demais juízes continuarão a receber auxílios diversificados mesmo obtendo reajustes salariais.

A guerra de narrativas sempre fez parte da realidade humana. A questão atual é a sua intensidade, por conta dos avanços tecnológicos. Qualquer um pode se inserir no mundo midiático com suas narrativas pessoais. Daí surgirem, do nada, blogueiros e youtubers a caminho da consagração. Em sendo uma guerra, quem é a vítima? Basicamente, a verdade. O que fazer?

Ter uma postura cética acerca de tudo o que é dito é uma boa decisão. Sabemos que a verdade está contaminada. Aliás, sempre esteve. É preciso filtrar o que é dito. Devemos também desenvolver mecanismos de validação sobre quem diz o quê e como. Afinal, não podemos duvidar de tudo e de todos a todo o momento. Paradoxalmente, duvidar e ter confiança são os melhores caminhos para bem viver no mundo de hoje. A questão é saber como. A saída é a reflexão. Como disse Virginia Wolf, o único conselho que uma pessoa pode dar para outra sobre ler notícias “é não seguir conselho de ninguém, seguir seus instintos, usar sua razão e chegar às suas próprias conclusões”.

Vale para a guerra de narrativas dos tempos atuais.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

". Entre idas e vindas, tomamos medidas paliativas, driblamos o presente e jogamos para a frente o que deve ser feito" / Murillo de Aragão

Slow Motion Bossa Nova

Slow motion - câmera lenta (Foto: Arquivo Google)
Tomo o título da música do meu querido amigo Celso Fonseca (com letra de Ronaldo Bastos) para o meu artigo desta semana no Blog do Noblat. Para quem não conhece, recomendo assistir ao vídeo.
As reformas no Brasil ocorrem em “slow motion”. Entre idas e vindas, tomamos medidas paliativas, driblamos o presente e jogamos para a frente o que deve ser feito. Claro que, quando estoura o encanamento, corremos para tomar providências.
Foi assim no governo Dilma. Estourou o cano da incompetência política, fiscal e econômica em um quadro de septicemia moral. O governo foi removido. Óbvio que tardiamente. Diante da tragédia de seu primeiro governo, Dilma não deveria ter sido reeleita. Mas, deixando de remexer na lata de lixo da história, devemos observar o pano de fundo, já que, ao largo do acidente de percurso, estão sendo realizadas reformas importantíssimas para o futuro do país. Pelo fato de ocorrerem em ritmo de “slow motion bossa nova”, não nos damos conta. Nem de como podem mudar o futuro para melhor. Afinal, somos treinados pela mídia a dar valor ao tradicional “good news are bad news”. Daí os avanços serem ignorados ou subavaliados.
Para não ir muito longe, podemos fazer uma limitada viagem retrospectiva. O impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff tem a ver com o fracasso de sua política fiscal e econômica, mas também com sua fragilidade frente à Operação Lava-Jato. Dilma abandonou a prudência fiscal e deu vazão a um esquerdismo pueril e fiscalmente inconsequente. Deu no que deu. Para piorar, retórica de honestidade foi fulminada pelo volume estonteante de falcatruas praticadas debaixo de seu nariz. Por sua complacência, omissão e incompetência. A ponto de ela mesma ter dito ao ex-presidente Lula, em reunião no Alvorada, que tinha entubado coisas que não gostaria.
A Lava-Jato tem raízes nos protestos de 2013, que resultaram no endurecimento da legislação anticorrupção. Tem ainda raízes na aprovação da Lei da Ficha-Limpa – que barrou centenas de políticos encrencados nas eleições – e no mensalão. Assim, para não irmos longe demais, as investigações da Lava-Jato – que tanto impacto causam ao país – têm raízes identificadas, pelo menos, desde 2005. Pelo menos. Ou seja, são mais de 12 anos de efeitos políticos e econômicos em um longo processo de transformação. É o que chamo de “slow motion bossa nova”!
A Lava-Jato foi decisiva para o impeachment de Dilma, mas também para determinar o banimento das doações empresariais nas eleições e o estabelecimento de tetos de gastos para campanhas mais adequados ao país. O despertar da cidadania, ensaiado em 2013, ganhou corpo e volume com a Lava-Jato. Milhões foram às ruas e o engajamento da cidadania no debate político tende a ganhar consistência.
O fracasso do governo Dilma levou ao renascimento da agenda de reformas, que, em curto espaço de tempo, está sendo pródiga em bons resultados: teto de gastos, lei do pré-sal, lei das estatais, reforma do ensino médio, reforma do setor energético, repatriação de recursos, entre outros. A Lava-Jato está deflagrando um processo de depuração na política sem precedentes em lugar nenhum do mundo. Está também promovendo a reconstrução do capitalismo nacional, que será, pelo menos, mais aberto e competitivo.
Portanto, mesmo que seja em “slow motion”, o Brasil é um país em reformas. Não apenas no que diz respeito às propostas do presidente Michel Temer – mais do que necessárias – no âmbito previdenciário e trabalhista. Mudanças muito importantes estão em curso há algum tempo. Basta olhar com calma os acontecimentos dos últimos 20 anos.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Uma espécie de 'Boate Kiss' está implantada no Senado sob a propriedade do PMDB


Caro 

Sob domínio do PMDB, Senado eleva gastos com pessoal em 75% em dez anos. Desde 2003 o número de servidores não concursados aumentou em 741% apesar das promessas de enxugamento e reforma administrativa.
enviado por Murillo de Aragão em 28/01/2013 às 11h00m

quinta-feira, 5 de julho de 2012

"A burocracia que nos atrasa"... // Murillo de Aragão / blog Ricardo Noblat



Enviado por Murillo de Aragão - 
5.7.2012
 | 15h03m

POLÍTICA

A burocracia que nos atrasa, por Murillo de Aragão

Na semana passada, Dilma Rousseff anunciou mais um pacote de medidas para estimular a economia. As medidas, como sempre, foram recebidas com muxoxo. Tanto por parte da imprensa, que nunca vê nada de bom no que o governo faz, quanto por parte de alguns setores industriais que têm demandas reprimidas e problemas antigos.
As medidas anunciadas este ano seguem um padrão. Primeiro, a desoneração da folha de pagamento. Depois, redução do IPI para automóveis e linha branca. Na sequência, aumento de crédito para os investimentos e os estados e ataque frontal ao spread bancário.
O novo pacote de medidas destina R$ 6,6 bilhões para compra de máquinas e equipamentos e outros bens produzidos no Brasil, além de reduzir a TJLP nos financiamentos do BNDES. Medidas de estímulo à agricultura também foram anunciadas.
Reanimar a economia é essencial para o projeto político do governo. Caso os resultados negativos alcancem a renda e o emprego, a popularidade de Dilma pode empacar e cair. As dificuldades nas composições municipais mostram quão complexa é a gerência política. Sem o auxílio da economia, a situação seria muito pior.
Algumas questões ficam em aberto. O governo ainda tem condição de adotar novas medidas de estímulo? Teria disposição para ser mais agressivo, se necessário? Creio que sim. Ao ter o crescimento como meta, o Planalto sabe que terá de desonerar, reduzir custos, desburocratizar, entre outras providências.
Porém, seus horizontes de medidas de estímulo deveriam ser expandidos. Um grave desafio a ser vencido é a burocracia. Em Brasília, por exemplo, mais de mil obras estão paralisadas por falta de licença. A incompetência do GDF em lidar com as demandas tira a vitalidade da economia local e afeta o emprego, a renda e os tributos.
Leia a íntegra em A burocracia que nos atrasa

Murillo de Aragão é cientista político