Dirceu recebeu R$ 29 mi por consultoria, diz juiz da Lava Jato
Valor foi passado às autoridades pela defesa do ex-ministro e corresponde a serviços para mais de 50 empresas durante nove anos
REDAÇÃO ÉPOCA
17/03/2015 20h10
José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, recebeu R$ 29 milhões em serviços para mais de 50 empresas durante nove anos como consultor. O número foi desvendado pela Polícia Federal (PF) na Operação Lava Jato, segundo O Globo, e o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, quebrou sigilo sobre a investigação nesta terça-feira (17).
Moro havia determinado a quebra do sigilo bancário e telefônico da consultoria de Dirceu, JD Assessoria e Consultoria, em janeiro. O juiz tomou a decisão depois que a polícia descobriu que empreiteiras envolvidas no esquema de propina na Petrobras tinham repassado, entre 2006 e 2012, R$ 3,7 milhões à empresa do ex-ministro. Há a suspeita de que a JD não tenha prestado os serviço e que recibos sejam fachada para encobrir dinheiro desviado da estatal.
O faturamento da JD foi apresentado pela defesa, segundo documento anexado ao inquérito. “Nota-se nos contratos que tais serviços estão em conformidade com objetos sociais da empresa JD, quais sejam, prestação de assessoria na integração da América do Sul, Mercosul, África, Estados Unidos e Europa, além de ministrar palestras e conferências internacionais e participar de reuniões juntamente com a direção das empresas contratantes. Não obstante a todos esses fatos, também é possível verificar que os sócios da JD Assessoria e Consultoria obtiveram lucros abaixo do mercado”, escreveu Anna Luiza de Sousa, advogada de Dirceu.
O juiz alegou que a quebra do sigilo sobre os dados apresentados pela defesa se justifica no “interesse público existente”, “tratando-se de supostos crimes contra a administração púiblica”, e na ausência de riscos à investigação.
RCN