quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
quarta-feira, 13 de janeiro de 2016
A turma do melado derramou aulas indecentes de falta de Ética e de falta de Espírito Público sobre a sociedade brasileira
AVALANCHE DE MELADO
Maria Lucia Victor Barbosa
12/01/2016
Nos noticiários as TVs apresentam amenidades, acidentes, notícias do exterior, poucas notas políticas. Tudo repetido à exaustão. O Brasil de férias quase não toma conhecimento dos recorrentes assaltos à coisa pública, que vão sendo descortinados por delatores loucos para salvar a pele. Eles vendaram a alma ao “diabo” do PT e agora estão pagando com juros e correção monetária.
Enquanto isto o melado com o qual o PT se lambuzou continua a percorrer distâncias e vai envolvendo figuras do alto escalão governamental. Parece a lama sinistra que se abateu sobre o distrito de Mariana soterrando tudo, matando gente, invadindo lonjuras, contaminando rios, confiscando o azul dos mares. Foi a maior catástrofe ambiental já havida no País, assim como a avalanche de melado da corrupção da era PT não tem comparação com as roubalheiras do passado, tal seu grau de institucionalização e volume.
Interessante é que o autor da frase, “o PT se lambuzou”, ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, agora se encontra lambuzado, sendo que outros ministros comeram também bastante do melado. Pelo menos é o que se lê no O Estado de S. Paulo, de 8 de janeiro de 2016:
“Lava Jato – Além de Jaques Wagner, Edinho Silva (Comunicação) e Henrique Alves (Turismo) são citados em diálogos do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, condenado a 16 anos de prisão”.
Também é mencionado no respectivo jornal o atual presidente da Petrobras, Aldemir Bendine. Ao mesmo tempo, o notório Cerveró, ex-diretor da Petrobras, menciona Jaques Wagner em algumas grossas, como diria Lula da Silva, maracutaias.
Nada acontece com o presidente de fato, que depôs pela quarta vez na Polícia Federal sobre uma generosa medida provisória que beneficiou um de seus filhos. E enquanto seus outrora “amigos íntimos”, aqueles que privaram de sua intimidade, que festejaram juntos em magníficos banquetes, que se divertiram com Brahma em suntuosas viagens estão vendo o sol nascer quadrado, “o pobre operário” segue indiferente à desdita dos companheiros de partido e “das zelites”. Não sei se esse traço de personalidade é próprio da humanidade como um todo ou mais acentuado em certos indivíduos sem caráter.
Em todo caso, o espertíssimo ex-presidente da República, grande beneficiado da locupletação geral não sabe de nada, não viu nada e, se duvidar, não conhece nenhum imbecil que caiu na esparrela, conforme taxou o senador petista e ora detento, Delcídio Amaral.
Lula da Silva foge dos “imbecis” como o diabo da cruz. Eles podem contaminar seu projeto de poder. Afogá-lo no pote de melado. No momento vislumbra-se apenas um fiozinho de melado a lhe escorrer pela barba. Foi posto por Cerveró que o mencionou quase que de passagem, a lembrar de que até a sorte acaba um dia nesse mundo de finitudes. Nada, porém, de previsões açodadas porque Brahma ou Boi até agora escapou. Ele conta com proteções internas e possivelmente externas, como as do Foro de São Paulo.
Há de se convir que o PT ainda detém força suficiente para evitar males piores. Exemplo disto foi o anteparo do STF que evitou por duas vezes o impeachment de Rousseff, com evidente e indevida intromissão no Legislativo. Ela ficará por mais três anos sem nenhuma condição de governabilidade, fazendo discursos que são peças de propaganda enganosa a se desmanchar na primeira ida das donas de casa ao supermercado. Enquanto isso o País afundará cada vez mais na recessão e na sua insignificância de potência regional sul-americana, a ser suplantada pela Argentina sob a presidência de Mauricio Macri.
Seguem-se outros exemplos do poder petista, como aqueles que tentam torpedear a extraordinária e inédita Operação Lava-Jato. É o caso do chamado desmonte da PF através do corte de R$ 133 milhões no seu orçamento. Foi votado no Congresso, mas tem evidente dedo do Executivo. Outro exemplo foi o da medida provisória assinada por Rousseff, que altera as bases da Lei Anticorrupção. Desse modo, se aprovada no Congresso empresas corruptas poderão fazer acordos de leniência com a CGU sem precisar colaborar com as investigações nem prestar contas ao TCU. Também poderão fechar contratos com o governo e receber verbas públicas. Não faltam também investidas do ministério da Justiça contra o competente e ilibado juiz Sérgio Moro.
Sem dúvida, o PT resiste diante do mar de melado que o submerge. Seu grande teste, porém, será nas eleições municipais desse ano. Se o povo achar que são lícitas as doçuras corruptas do poder, enquanto amarga a inflação, o desemprego, a inadimplência, ótimo para os petistas. Se não Lula terá, em 2018, que pensar em outro plano B.
No passado escolheu José Dirceu, depois Antonio Palocci e deu no que deu. Agora Jaques Wagner era (ou é?) o plano B, mas comeu muito melado. Dilma, a “faxineira”, vai mantê-lo no cargo? Certamente, mas nem tomando banho de ervas e sal grosso, Jaques Wagner, codinome compositor, se livrará do melado.
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
terça-feira, 12 de janeiro de 2016
"Crise de tudo" / / Glauco Fonseca / contribuição de Maria Zilnete M Gomes
http://www.diariodopoder.com.br/artigo.php?i=35092894162
Criatividade e inovação são iniciativas que requerem muito, muito
trabalho e investimento sério. Essas duas forças sempre tiveram berço nas
universidades e nas empresas. Mas no Brasil, país onde as universidades viraram
berçários de comunistas e onde as empresas viraram reféns de conluios, da
corrupção e da recessão, criatividade máxima é escapar da cadeia ou ter um
amigo no STF.
Crise de tudo
Quando um carro que não é táxi, mas que transporta
passageiros cobrando mais ou menos (mas não é táxi), é algo considerado uma
inovação espetacular, então algo está muito errado neste mundo. Pessoas se
estapeando, greves, passeatas, tudo para deter o avanço e a promoção do tal
Uber demonstram o quanto já estamos em fase de bloqueio mental agudo. Não há
nada de novo. São automóveis que levam pessoas da Gávea para Belford Roxo. Só
isto. E a pancadaria rola solta, porque táxi não é. Ora bolas. Quando me perguntam
se sou contra ou a favor do Uber, mando a pessoa para o raio que a parta. Eu
tenho muito mais o que fazer e pensar. E se isto é uma grande inovação, então
me tirem os tubos.
Nos quesitos inovação
e criatividade, o mundo anda modesto e o Brasil cada vez mais parado. Costumo
dizer que a proliferação do Aedes Aegypti se dá em todo o país, pois ele todo
está parado e, com diziam nossos antepassados, águas paradas não movem montanhas.
Tudo no Brasil está parado, até as águas. A microcefalia, antes uma
característica de nossa classe política e empresarial, agora deixou de ser
ofensa e virou doença endêmica. O que é ruim, o que faz mal, o que não presta,
isto sim, avança no Brasil.
Esse marasmo que
acomete a nossa sociedade, pendente como se fosse uma novem negra sobre nossas
cabeças, é fruto da preguiça e da inépcia de quem lidera, somada à mania
socialista de distribuir dinheiro público (nosso!) para empresários e para os
pobres sem pedir deles nada notável em troca. Empresários ganham empréstimos a
taxas ridículas, para dar corpo a projetos absurdos de um governo estúpido
(Pré-Sal, transposição do São Francisco e outros) e nada concluem nem agregam
qualquer valor. Já as camadas mais pobres, recebem os cala-bocas tipo
bolsa-família, usam seus cartões da cultura para comprar cigarros e também nada
agregam de valor a si mesmos, às suas comunidades e ao país. Dinheiro posto
fora, algo tão triste quanto dinheiro desviado por corrupção.
Enquanto há países investindo em novas tendências energéticas, sistemas de mobilidade urbana, alternativas para remissão ou cura de doenças, novas técnicas agrícolas, métodos inovadores na educação e em tantas outras frentes agregadoras, aqui apostamos num pré-sal, brigamos a tapa com mosquitos que deformam nossos bebês, contratamos a peso de ouro médicos (?) precaríssimos de Cuba e somos parceiros de ditadores de todos os matizes. Enquanto outros apertam cintos, reduzem ou otimizam seus custos de gestão, investem em novos materiais e sistemas, aqui mantemos no poder milhares de ineptos, ladrões e corruptos, com a lúdica esperança de que um único juiz vá nos salvar.
Não se evolui sem
criatividade e inovação. Nossa maneira de ver e de fazer as coisas está nos
levando para o fundo de um abismo mais profundo do que uma sonda do pré-sal
pode atingir. O Brasil não lidera nem mesmo na América do Sul, decai em índices
diversos que apontam corrosão em nossa qualidade de vida e avança no escuro,
esperando encontrar uma saída ao acaso, por sorte ou por destino. Não há.
O Brasil perdeu a inocência na política por atos indecentes de alguns de seus padrastos...
11/01/2016
às 19:18 \ OpiniãoFernando Gabeira: Alguma verdade
A exigência de ouvir a verdade era ao mesmo tempo uma crítica à sucessão de mentiras do grupo de Nixon e uma aspiração de milhões de jovens americanos. O tempo passou, revolução digital no meio do caminho, e hoje é possível afirmar que o pedido de Lennon transcendeu a juventude: é um amplo desejo social.
O caso do governo Nixon contra Lennon tem relação com o Brasil de hoje. Embora incurso em outros artigos do Código Penal, o governo do PT nesses 12 anos tem a mesma recusa em aceitar a verdade. Independentemente de nuances políticas, governos ilegais não têm outro caminho senão construir uma narrativa de fuga, um cipoal de álibis. Essa incapacidade de nos dar alguma verdade parece incomodar dois quadros importantes do partido: Patrus Ananias e Jaques Wagner.
Nessa virada de ano, como se cumprissem uma promessa de réveillon, disseram: um, que o PT precisava pôr a mão na consciência; o outro, que o PT se lambuzou no poder. É uma reação tardia. Durante tanto tempo, a mão esteve no bolso dos brasileiros, estranho que só agora se desloque para a consciência. Jaques Wagner disse alguma verdade ao afirmar que o PT se lambuzou no poder. Mas o fez de forma tão hábil que parecia atenuar a culpa por ser um réu primário.
O PT teria chegado ao poder e reproduzido as práticas que condenava nos outros. Acontece que isso é apenas um fragmento da realidade. O PT, como nunca antes na História, transformou a corrupção num instrumento de governo e base para se perpetuar no poder. Fundos de pensão, estatais, empreiteiras, teles, tudo passou a ser fonte de recursos. Os aliados foram comprados no Mensalão e ganharam lugares estratégicos para saquear a Petrobras.
O PT montou um esquema que produziu fortunas. Sua passagem pelo governo, além de tornar a prática sistemática e abrangente, fez da corrupção no Brasil um tema internacional com desdobramento em várias cortes. Possivelmente, a tática dos dois quadros políticos, diante das resistências internas, é apenas uma proposta gradativa da verdade. É uma tática que só funciona quando o poder é o único a deter a realidade dos fatos. Mas hoje eles são públicos, através de dados da polícia, delações, reportagens investigativas.
A imagem que me vem à cabeça é a do colégio de freiras Stela Matutina, onde minha mãe estudou. As alunas tinham de tomar banho de camisola. Jamais se viam os corpos, apenas sombras, contornos, saliências. Eram virgens, os corpos nus eram um segredo pessoal. Mas a realidade histórica desnudou o PT. Por que revelar a varejo o que todos conhecem por atacado?
O gigantesco esquema montado pelo PT mudou a própria maneira como a sociedade vê a corrupção. Nos últimos dias do ano, a PF informou que houve um rombo de R$ 5 bilhões no Postalis. O tema desapareceu como se fosse a luz de um foguete no réveillon. Não foi adiante porque R$ 5 bilhões parecem ser uma mixaria diante das cifras gigantescas.
Foi criado no Brasil um partido das mulheres que só tem homens e uma única mulher como presidente. Uma observadora da ONU, em entrevista sobre as Metas do Milênio, detectou essa jabuticaba.
Um governo pode ser sincero e até meio incompetente. Mas, quando escolhe o caminho ilegal e domina o espaço político, o estímulo ao cinismo se propaga como um rastilho. Foi criado no Brasil um partido das mulheres que só tem homens e uma única mulher como presidente. Uma observadora da ONU, em entrevista sobre as Metas do Milênio, detectou essa jabuticaba. Mas o fato passou batido como o rombo do Postalis. Um sólido bloco masculino propondo um partido das mulheres e sendo reconhecido é apenas mais um dado do cotidiano. Ficou tudo um pouco desconexo, os vínculos se dissiparam, e hoje o campo da política tornou-se um obstáculo ao debate racional. Gira em torno de si mesmo. O pior é que as escolhas econômicas indicam o abismo. O PT quer produzir um vôo da galinha para se salvar nas eleições de 2016.
A galinha não consegue voar, mas eles descobriram algo para lhe dar asas: as reservas monetárias do país. Querem metade delas, cerca de US$ 174 bilhões. Falaram também que a China vai nos ajudar com empréstimos. Dois dias depois, parece que a notícia chegou lá: a bolsa chinesa desabou com relatos de queda na produção industrial. Nossos potenciais salvadores estão em dificuldades. O uso das reservas terá repercussão negativa nos mercados.
Insistir no que deu errado achando que um dia dará certo, fugir da verdade quando todos pedem um encontro com ela, é uma escolha histórica. Nixon, pelo menos, renunciou. No último momento, de alguma forma, assumiu a verdade.
O PT evenrgonha alguns milhões de brasileiros... / Valentina de Botas na coluna de Augusto Nunes
Valentina de Botas: O governo que acolhe devotos de Bin Laden continua castigando o senador boliviano perseguido por Morales
VALENTINA DE BOTAS
É tarde para sermos inocentes ou talvez nunca tenha havido o chamado tempo da inocência, mas sempre há tempo para a decência se houver homens decentes. As últimas notícias sobre o senador boliviano Roger Pinto Molina informam que continua morando em Brasília, longe da família que veio da Bolívia para o Acre, e que se desfaz do patrimônio para sobreviver já que não tem visto de permanência no Brasil que o permita trabalhar – ele ainda aguarda uma resposta do governo de Dilma Rousseff.
Antes da fuga angustiante empreendida para o Brasil graças à coragem movida por indignação do diplomata Eduardo Saboya, que não ficou impune pela escolha moralmente correta, Molina, todos nos lembramos, viveu o drama e a humilhação de se confinar a um quarto de 20 metros quadrados na embaixada brasileira na Bolívia por 455 dias enquanto o governo brasileiro, na cumplicidade asquerosa com regimes asquerosos, ignorava os apelos do senador e do pessoal diplomático pelo salvo-conduto indispensável para que o senador viajasse, pois apenas a concessão de asilo já feita não bastava.
O crime do senador foi denunciar as relações do regime de Evo Morales com o narcotráfico. Enquanto isso, Adlene Hicheur, um cientista franco-argelino ligado à Al-Qaeda e condenado por terrorismo na França, entrou sem dificuldades no Brasil em 2013, vive no Rio de Janeiro e ganhou emprego na UFRJ, com salário mensal de 11 mil reais. Ambos, o boliviano e o franco-argelino, vivem cotidiano incerto de fugitivos. Aquele porque inocente, este porque culpado. No país governado pela escória, os brasileiros decentes constatamos envergonhados que Hicheur não tinha com o que se preocupar até sua história ser noticiada; Molina só tem chance à vida decente que busca se não for esquecido.
E o Brasil deixará de ser a escarradeira do mundo apenas quando se livrar da dinastia petista alinhada ao antissemitismo protuberante, ao antiamericanismo sempre bocó e a facínoras internacionais. Como o trabalho decente que os venezuelanos ensaiam e que os argentinos já iniciaram com a eleição de Macri, arejando moralmente os respectivos países, deixando-os mais leves também para voos na economia, sem o peso da roubalheira, do autoritarismo e da incompetência. Que os brasileiros decentes se apresentem para o mesmo trabalho.
Mais revelações para Lula explicar... / coluna de Augusto Nunes
12/01/2016
às 17:40 \ Direto ao PontoAs revelações de Cerveró sobre Lula preencheram a grande lacuna no elenco do Petrolão: faltava o poderoso chefão
As revelações de Nestor Cerveró sobre a participação de Lula na negociata que envolveu o grupo Schahin, o amigão José Carlos Bumlai e o comando do PT finalmente preencheram a grande lacuna do Petrolão: faltava incorporar ao elenco o chefe supremo do bando. Até ontem, o astro só havia interpretado personagens irrelevantes. Depoente convidado, por exemplo. Ou testemunha voluntária.
O que agora se sabe há de reparar a injustiça. O coadjuvante logo estará formalmente promovido a protagonista. O portador de mudez malandra será intimado a abrir o bico. As investigações nas catacumbas acabarão descobrindo as bandalheiras que esconde. Graças a Cerveró, consumou-se a anunciação da tempestade.
Entre outros espantos que já não surpreendem ninguém, ele contou que ganhou do então presidente um empregão na BR Distribuidora por ter facilitado o desvio de 12 milhões de reais para os cofres clandestinos do PT. A patifaria reitera que o Petrolão é um faroeste em mau português cujos contornos épicos o credenciam a transformar-se na versão nativa do Poderoso Chefão ─ com Lula no papel do Don Corleone à brasileira.
Cada país tem o Marlon Brando que merece.
Oscar Peterson and Count Basie Live 1974 / You Tube / Encontro de talentos
Festa de dois grandes pianistas...
Um econômico nos sons outro esbanjador nos teclados
Mais convidados da festa...
https://youtu.be/llpttrD5vo4
Ideias arquitetônicas / contribuição de Sylvia Paes
http://arquitetesuasideias.com/2013/08/22/arquitetura-para-os-pobres-nao-precisa-ser-uma-arquitetura-pobre/
“ARQUITETURA PARA OS POBRES NÃO PRECISA SER UMA ARQUITETURA POBRE”
22/08/2013 · by Hiroshi · in Arquitetura. ·
Li esse artigo e o achei muito interessante. Trago-o na íntegra para os leitores do Arquitete suas Ideias.
O título do artigo de hoje tem como base o depoimento do Arquiteto César Dorfmann: “Precisamos esquecer a ideia de que arquitetura para pobre é arquitetura pobre. Tem que ser a mesma arquitetura digna. O espaço público é tão importante quanto às edificações.”
Na mesma linha de pensamento, o saudoso arquiteto Oscar Niemeyer costumava dizer em suas entrevistas: “Quando me pedem um prédio público, por exemplo, eu procuro fazer bonito, diferente, que crie surpresa. Porque eu sei que os mais pobres não vão usufruir nada. Mas eles podem parar, ter um momento assim de prazer, de surpresa, ver uma coisa nova. É o lado assim que a arquitetura pode ser útil. O resto, quando ela tiver um programa humano, social, aí ela vai cumprir seu destino.”
Com o mesmo princípio, o arquiteto Alejandro Aravena, um chileno de 45 anos, formado pela Universidade Católica do Chile e casado com uma brasileira, jurado do Pritzker, o prêmio de arquitetura mais prestigiado do mundo, Aravena esteve em São Paulo para participar do seminário Arq.Futuro, que discutiu alternativas para as grandes cidades. Os projetos de habitação social são criticados por ele por fornecer casas pequenas e malfeitas às pessoas. Diante dessa crítica, o senso comum sugere que casas de melhor qualidade deveriam ser maiores e com melhor acabamento. Mas fazer isso seria responder à questão errada. Famílias têm composições e necessidades muito diversas. Alguns lares têm crianças, outros idosos. Em muitos há pessoas trabalhando em casa. Não adianta tentar se adaptar a isso.
Segundo Aravena : “A política pública deveria cuidar daquilo que um indivíduo não consegue por conta própria. Ou seja, permitir que a iniciativa dos próprios cidadãos floresça. Essa é uma abordagem bem pragmática, não tem nada de romântica ou hippie. Nas próximas duas décadas, teremos de construir em média, por semana, uma cidade de 1 milhão de pessoas, com casas de US$ 10 mil por família. Isso somente será possível se formarmos parcerias entre as grandes forças: o capital do mercado privado, a coordenação dos Estados e a capacidade de construir dos cidadãos. Precisaremos do conhecimento dos melhores profissionais disponíveis em todos os campos,de arquitetos , de engenheiros a trabalhadores sociais. Precisaremos do poder da síntese do design”.
Concluindo, Aravena completa: ”É possível construir casas de 40 metros quadrados que podem ser expandidas até 80 metros quadrados, um espaço considerado bom para famílias de classe média. Com os primeiros 50% de todas as casas iguais, podemos otimizar gastos com materiais e métodos de construção. É melhor ter metade de uma casa boa em vez de uma casa pequena, finalizada e mal localizada. Depois, a família pode expandir a casa e aprimorar seu acabamento por conta própria. O termo“puxadinho” é pejorativo e lembra expansões arriscadas, feitas sem meios suficientes. A expansão deve acontecer graças ao desenho arquitetônico, não apesar dele. Para isso, o projeto precisa prever a expansão do imóvel sem a necessidade de mudanças estruturais. Apenas a anexação de espaços”.
Outro papel do poder público é garantir boa localização, esta garantia deve ser atribuição do Estado. As pessoas vêm às cidades para tirar vantagem das oportunidades que elas concentram. Se estiverem localizadas na periferia, longe das oportunidades, cria-se um problema social, político e econômico. Além disso, todos nós, ao comprar uma casa, desejamos que ela valorizasse com o tempo. Por que o dono de uma casa popular pensaria diferente? Habitações bem localizadas ganham valor com o tempo. Deixam de ser somente um abrigo e viram ferramentas para combater a pobreza.
Segundo a pesquisadora Maria Ozanira Silva e Silva, autora do livro “Política Habitacional: verso e reverso”: “A habitação não pode ser concebida como mero abrigo, pois ela representa a porta de entrada dos serviços urbanos…”. Podemos assim concluir que a habitação de interesse social não é só quatro paredes. As paredes servem como endereço e ponto de referência, estrutura familiar, aconchego, mas a luta por moradia envolve outras necessidades como o emprego para manter a casa, educação para os nossos filhos, saúde, lazer, transporte. Sem isso, só a casa não tem sentido. A política habitacional tem que ser pensada também levando em conta questões mais humanas, como a questão da renda.
Moradia adequada é um lugar na cidade, um ponto a partir do qual se tem acesso à condições dignas, emprego, comércio, equipamentos sociais, a um espaço público de qualidade, à cultura. Vai além do abastecimento de água, luz, pavimentação, sistema de esgoto, que, claro, também são necessários.
Os espaços de uso comunitário devem constar nos itens de qualquer programa habitacional com o mesmo nível de importância dado a unidade habitacional ou à Infra estrutura. Uma política habitacional correta , deve ,não somente produzir casas, mas ter como meta a construção da cidade como um todo (serviços e equipamentos públicos), abrindo e pavimentando ruas, construindo redes de água, esgoto e drenagem, creches, praças áreas de lazer e quadras poliesportivas, preservando os fundos de vale, contendo e reflorestando encostas, dando condições de acessibilidade a todos.
A função primordial da habitação é a de abrigo. Como obra arquitetônica, a função de abrigar não é sua única nem a principal função da habitação, a habitação é uma necessidade básica e uma aspiração do ser humano. A casa própria, juntamente com a alimentação e o vestuário é o principal investimento para a constituição de um patrimônio, além de ligar-se, subjetivamente, ao sucesso econômico e a uma posição social mais elevada. A aquisição da habitação faz parte do conjunto de aspirações principais de uma parcela significativa da população brasileira.
A habitação desempenha três funções diversas: social, ambiental e econômica. Como função social, tem de abrigar a família e é um dos fatores do seu desenvolvimento. A habitação passa a ser o espaço ocupado antes e após as jornadas de trabalho, acomodando as tarefas primárias de alimentação, descanso, atividades fisiológicas e convívio social. Assim, entende-se que a habitação deve atender os princípios básicos de habitabilidade, segurança e salubridade.
Na função ambiental, a inserção no ambiente urbano é fundamental para que estejam assegurados os princípios básicos de infra-estrutura, saúde, educação, transportes, trabalho, lazer etc., além de determinar o impacto destas estruturas sobre os recursos naturais disponíveis. Além de ser o cenário das tarefas domésticas, a habitação é o espaço no qual muitas vezes ocorrem, em determinadas situações, atividades de trabalho, como pequenos negócios. Neste sentido, as condições de vida, de moradia e de trabalho da população estão estreitamente vinculadas ao processo de desenvolvimento.
Já a função econômica da moradia é inquestionável: sua produção oferece novas oportunidades de geração de emprego e renda, mobiliza vários setores da economia local e influencia os mercados imobiliários e de bens e serviços. A construção da habitação responde por parcela significativa da atividade do setor de construção civil.
Toda população tem o direito à moradia, cumpre aos governos formular políticas públicas nesta área, propiciando habitações dignas, com recursos tecnológicos de última geração, expandindo a qualidade de vida ofertada à população além das quatro paredes.
Texto de Garibaldi Rizzo, arquiteto e urbanista. Gerente de Políticas Habitacionais da Secretaria de Estado das Cidades. Texto extraído do Diário da Manhã.
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