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quinta-feira, 28 de abril de 2016

A crise financeira do Estado Islâmico faz cortar salários, consumo de energia, etc

http://m.oglobo.globo.com/mundo/em-crise-financeira-estado-islamico-corta-salarios-carros-oficiais-consumo-de-energia-19177065

Em videoconferência a partir de Bagdá, o vice-comandante da coalizão, o general Peter E. Gersten, detalhou nesta quarta-feira que os ataques aéreos destruíram entre US$ 300 milhões e US$ 800 milhões dos cofres do grupo jihadista.
As informações de Gersten foram reforçadas por documentos vazados do Estado Islâmico. Outro problema que o grupo enfrenta é a deserção de seus combatentes. Em alguns casos, os militantes estão recorrendo a receitas médicas para evitar a linha de frente dos combates.

De acordo com o general, com os ataques da coalizão sobre as finanças e pessoal do EI, o número de militantes estrangeiros se unindo ao grupo por mês reduziu de entre 1.500 e 2.000, há um ano, para 200.
— Estamos vendo um aumento nas taxas de deserção dos combatentes. Estamos vendo uma fratura em seu moral. Estamos vendo sua incapacidade de pagar. Estamos observando uma tentativa de deixar a Daesh — afirmou Gersten, usando o acrônimo em árabe do grupo.

ATRASO NOS SALÁRIOS

Ativistas em Mossul, a segunda maior cidade do Iraque nas mãos de EI desde junho de 2014, têm relatado nos últimos dias queixas dos combatentes por não receberam seus salários há três meses.

Os documentos vazados do Estado Islâmico, obtidos pelo centro de estudos Middle East Forum, detalham como os militantes são pagos:
“O combatente recebe em média US$ 50 por mês, com um adicional de US$ 50 para cada mulher, US$ 35 para cada criança, US$ 50 para cada escrava sexual, US$ 35 para cada filho de uma escrava sexual, US$ 50 para cada um dos pais dependentes, e US$ 35 para outros dependentes.”
Em fevereiro, Hashem al Hashimi, assessor do governo iraquiano, já havia informado sobre o corte dos salários de dirigentes do EI pela metade. Já soldados e oficiais levaram uma tesourada de 30% em suas remunerações.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/em-crise-financeira-estado-islamico-corta-salarios-carros-oficiais-consumo-de-energia-19177065#ixzz47AXcLAKl 
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"A Câmara dá nojinho, mas representa o Brasil” ! Luiz Felipe Pondé



IDEIAS

"A Câmara dá nojinho, mas representa o Brasil”, diz o filósofo Luiz Felipe Pondé

No Debates e Provocações Época/FAAP, Pondé e o cientista político Marco Aurélio Nogueira pensaram em formas de elevar a discussão no país

BEATRIZ MORRONE (TEXTO) E MARCELO MOURA (EDIÇÃO)
28/04/2016 - 11h47 - Atualizado 28/04/2016 12h14
O diretor de redação de ÉPOCA, João Gabriel de Lima, o cientista social Marco Aurélio Nogueira e o filósofo Luis Felipe Pondé participam do Debates e Provocações ÉPOCA/FAAP (Foto: Reprodução)
"O meu primeiro ato pós-votação na Câmara é a proposta de um pacto, de uma nova repactuação sem vencidos nem vencedores”, afirmou Dilma Rousseff, quatro dias antes de deputados votarem seu afastamento. A fala da presidente reflete a necessidade de reconciliar o Brasil, hoje dividido em um Fla-Flu partidário que pouco ou nada ajuda a enfrentar a grave crise econômica. “Precisamos ordenar e qualificar o conflito”, afirma o cientista político Marco Aurélio Nogueira. “A atitude mais otimista agora é procurar informações mais qualificadas. Não ficar só nas redes sociais e conseguir escutar o que o outro diz no almoço de domingo”, diz o filósofo Luiz Felipe Pondé. Os dois expuseram suas opiniões sobre a polarização política no Debates e Provocações – ÉPOCA/FAAP, evento transmitido pela internet e com entrada gratuita, promovido na terça-feira (26), com mediação de João Gabriel de Lima, diretor de redação de ÉPOCA. Eis abaixo as principais questões do debate:
O acirramento político se deve a intolerância dos debatedores ou a falta de lógica dos argumentos?
“Não sei se há muita intolerância ou se há muita ignorância em relação aos argumentos que precisam ser mobilizados para se instituir um espaço público democrático e inteligente”, diz Nogueira. Ele afirma que o país progrediu politicamente, desde a Constituição de 1988, mas carece de renovação. “Parece que o estoque de ideias que temos para desenhar o futuro do país está se desfazendo”.  
Para Pondé, a carência de ideias está ligada, também, à crise do Partido dos Trabalhadores (PT): “A inteligência que discute o Brasil que deveria existir, com melhores condições econômicas e menos sofrimento social, esteve gravitando ao redor do projeto do PT e guardava expectativas associadas a ele. No momento que o partido entra em crise e agonia, a produção de ideias é afetada.”
Vai ter golpe?
Nogueira afirma que chamar o impeachment de "golpe" é uma forma de distorcer o debate, pela carga passional que o termo carrega e por estar associado, no Brasil, a ditaduras. “Criou-se a figura do golpe para enfraquecer a figura do impeachment. Uma parte grande da opinião pública brasileira acha que o país está enveredando por uma linha que, no limite, vai levar à ditadura. A discussão vai para um caminho de cegueira, não de clarividência.”
Ambos concordam que o impedimento é um processo intrinsecamente político, mais do que jurídico. “Está dentro das regras do jogo constitucional”, diz Pondé. “Os governos, se não conseguem dar conta de suas obrigações, acabam. Podem acabar por morte morrida ou por morta matada. Impeachment é uma morte matada”, afirma Nogueira.
O Congresso representa o país?
Na votação do impeachment de Dilma pela Câmara dos deputados, no dia 17 de março, faltaram justificativas em torno do mérito da denúncia - crime de responsabilidade - e sobraram discursos em exaltação a parentes, a Deus e à paz em Jerusalém, em meio a chuvas de confete. Folclórica e incapaz de debater com seriedade o afastamento da presidente, a Câmara representa o país? “Sou daqueles que acha que a Câmara representa o país e isso dá certo nojinho na gente”, diz Pondé. “O brasileiro não é um pouco aquilo, escrachado e debochado?”, afirma Nogueira.  "A postura dos deputados em relação ao impeachment da presidente Dilma é proporcional à postura da população brasileira. Pelas pesquisas, entre 70 e 75% dos brasileiros são a favor do impeachment e 70% dos deputados defenderam essa posição”, diz João Gabriel.
Se a Câmara representa o país e é imatura, de onde vem a imaturidade? Nogueira atribui a falta de engajamento político a falhas de instituições responsáveis por estimular o pensamento.  Para o cientista político, as escolas não produzem cidadãos suficientemente esclarecidos e a imprensa dá atenção a discussões equivocadas, promovidas por políticos e intelectuais. “O debate das campanhas presidenciais de 2014 foi uma baixaria. Um desserviço completo ao país que vai custar muito tempo para ser sanado”, diz.

Dilma estaria copiando Nero dos tempos de Roma?


Dilma destrambelhou de vez; será preciso depois passar um pente-fino nesses dias

Presidente estaria pensando em decretar um reajuste do Bolsa Família antes ainda de ser afastada

Por: Reinaldo Azevedo  
A presidente Dilma Rousseff está completamente destrambelhada. E, como se sabe, também anda muito mal cercada. Sozinha, já comete desatinos em penca. Com um bando à sua volta estimulando-a a botar fogo no circo, vocês imaginem…
Pode parecer incrível, mas é verdade. Nas quase duas semanas que lhe restam à frente da Presidência, ela estaria pensando em elevar o valor do Bolsa Família, que ficou congelado no ano passado. O último reajuste se deu em 2014… Pouco antes das eleições presidenciais!
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Agora, a mulher cogita tirar de Temer a possibilidade de ele próprio optar pelo reajuste depois de saber como estão as contas. Faz parte da política de terra arrasada. Afinal, os companheiros já deixaram claro que não vão reconhecer o novo governo.
É claro que, se o aumento for concedido, concedido está, e não há como revisá-lo. O próprio Temer falou em corrigir os benefícios pagos.
Outras áreas
Nas outras áreas, no entanto, será o caso de passar um pente-fino para ver quais armadilhas estão sendo criadas. E, se for o caso, será preciso desarmá-las.
O Diário Oficial de ontem trouxe, por exemplo, portarias declaratórias das terras indígenas Sissaíma e Murutinga/Tracajá, ambas no Amazonas. A publicação diz que as terras são de posse permanente do grupo indígena mura. O Ministério da Justiça afirma ainda que a Terra Indígena Riozinho pertence aos índios kokama e tikuna.
É obvio que Dilma deveria pôr fim a esse furor de “governar enquanto é tempo”. Mas ela não vai. Ou não teria feito o discurso destrambelhado que fez nesta quarta, na abertura da 12ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos.
Lá estava ela a dizer que seus adversários estão rasgando a Constituição. A única a fazê-lo, convenham, é a própria Dilma. Ou não é ela que chama de golpe um dispositivo constitucional? Ou não é ela que nega que um atentando à Lei Fiscal é crime de responsabilidade, conforme está na Carta?
À medida que a hora de sair se aproxima, parece que a mulher vai perdendo o juízo. Agora ela debate com a sua turma a possibilidade de, na condição de presidente afastada, correr o mundo para denunciar o suposto golpe no Brasil. Se o fizer, mesmo na condição de presidente afastada, estará cometendo outro crime de responsabilidade.
Pois é… Ao assumir a Presidência, é bom Temer mandar passar um pente-fino nos atos presidenciais. Dilma já não pensa mais. Agora é o ódio que fala por ela. Não será aquele monte de aloprados à sua volta a lhe devolver o juízo, não é mesmo?

Inauguração - Orla Prefeito Luiz Paulo Conde | Cidade Olímpica

quarta-feira, 27 de abril de 2016

"Fomos reduzidos à protagonistas do subsolo" / Monica de Bolle


Protagonistas do subsolo - 

MONICA DE BOLLE

ESTADÃO - 27/04

No dia da votação do impeachment, 58% da população acompanhou o processo pela TV, um espanto. Brasileiros foram confrontados com aquilo que sabiam em tese, mas que talvez ainda não tivessem tido a oportunidade de ver: nossos representantes no Congresso são, em grande maioria, gente que maltrata o próprio idioma, discorre sobre a família, Deus, os corretores de seguros, a cidade natal, sem menção ao eleitor, ou mesmo ao que os havia levado aos salões de Brasília numa tarde de domingo. O choque não foi menor para os correspondentes internacionais aboletados na capital para cobrir a votação. Mas, por certo, foi diferente.

“Pessoas são como a propriedade adjacente dos outros: conhecemo-as apenas a partir de nossas fronteiras em comum”, disse Edith Wharton. Brasileiros talvez tenham visto nos deputados e deputadas características que não admiram em si. Estrangeiros, por sua vez, presenciaram algo que não foram capazes de assimilar. Não por acaso, a Faculdade Latinoamericana de Ciências Sociais soltou nota advertindo sobre a “ilegalidade” do impeachment.

A dificuldade de assimilar bizarra votação deu a tônica das publicações de grandes jornais mundo afora na semana pós-aprovação da Câmara. Parte do Brasil ficou consternada ao ver o País tratado como republiqueta esfacelada nas mãos de legisladores-réus e parlamentares que não aparentavam saber a gravidade daquilo que estava em votação. Congressistas que, ao invocarem todos, menos os eleitores, pareciam tratar com displicência o pedido de afastamento da Presidente da República. Nada contra a família, Deus ou os corretores de seguros, mas muitos estrangeiros espantaram-se com o que lhes pareceu descaso.
“Mas também foi assim em 1992”. De lá para cá foram-se quase duas décadas e meia. Duas décadas e meia em que o Brasil não apenas fez questão de enfatizar seu isolacionismo com política externa voltada para tudo, menos para o mundo todo – a não ser para o fortalecimento de relações com punhado de países que enfrentam gravíssimos problemas na região. Duas décadas e meia em que o distanciamento brasileiro do resto do mundo, sobretudo dos EUA e da Europa, cimentou narrativas equivocadas sobre a economia do País e o desconhecimento generalizado, o desinteresse por aquilo que de fato se passava. O isolacionismo acentuou-se ainda mais nos últimos treze anos ante ideologias ultrapassadas e visões torpes sobre as virtudes do mercado local.

Muito tem sido dito sobre os problemas internos da economia brasileira, sobre a necessidade de profunda reforma fiscal, a urgência de tratar do saneamento das contas públicas e da sustentabilidade da dívida para que se possa retomar o crescimento e a criação de empregos. Pouco tem se debatido, nesses dias de tamanha turbulência, o papel do Brasil no mundo. O Brasil não escapará do quadro de crescimento baixo – quando esse retornar – sem engajar-se com o resto do mundo, sem que tenha estratégia para facilitar o comércio com outros países, sem remover as travas que impedem a vinda do investimento estrangeiro para áreas tão necessitadas como a infraestrutura. O Brasil não sairá de situação modorrenta sem repensar a internacionalização de sua economia, à exemplo do que fizeram tantos países na região como México, Chile, Peru, Colômbia, à exemplo do que faz, hoje, a Argentina. “Argentina is back”, frase repetida à exaustão por autoridades do país durante as reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial para destacar suas prioridades. Enquanto isso, pouca atenção é dada ao País no centro das discussões globais, salvo a curiosidade natural de entender o que se passa na política, e de tentar compreender como pôde o Brasil ter ido do céu ao inferno em tão pouco tempo.

São essas as perguntas que mais ouço aqui em Washington, posto de observação privilegiado, longe do subsolo. Foram-se, inclusive, os dias em que o destaque brasileiro no G-20 se dava pelos brados de Guerra Cambial do ex-ministro Guido Mantega.
Fomos reduzidos a protagonistas do subsolo por falta prolongada de atenção ao mundo. Urge abandonar o subterrâneo.

Nada mau... Aprenda com os ingleses


Cartas de Londres: Not bad

"Not bad" (Foto: Arquivo Google)
É da natureza humana ser autoindulgente, discursar sobre o quanto está sofrendo, que se sente injustiçado. Deixar claro, na forma de um lamento ou de um grito enfurecido, que o que recebeu é de má qualidade ou insuficiente, ou mesmo que o que esperava chegou atrasado.
É só observar uma criança pequena e perceber que a insatisfação está entranhada no nosso ser. Se você der alimento e um lugar quente para um bichinho, ele provavelmente vai estar bem, mas isso não vale para pessoas. Em outras palavras, o “mimimi” é comum e até esperado no nosso dia a dia.
Da mesma forma, o ser humano é famoso por se gabar pelo o que lhe acontece de bom.
Das pequenas vitórias cotidianas (quase perder o ônibus mas conseguir embarcar no último minuto, elogios ao seu novo visual) à promoção no trabalho ou compra de uma casa ou carro, é comum que esfreguemos isso na cara de amigos e conhecidos, que por sua vez também irão precisar da gente na hora de detalhar suas conquistas.
Tudo isso não vale para os ingleses, que provavelmente também sentem lá no fundo aquela necessidade imensa de reclamar da vida ou de contar vantagem, mas que a reprimem bem reprimida e que a substituem pelo chamado “understatement”, conceito que você passa a conhecer intimamente quando vem morar aqui.
Funciona assim.
Você vai almoçar com um amigo. Pede um prato que te parece bom mas que quando chega na mesa é a pior experiência culinária que você já teve. Em vez de amaldiçoar o chef ou falar minutos sobre como aquele lugar decaiu, em vez de reclamar com o garçom e depois pedir para ele chamar o gerente, você simplesmente comenta: “É, não seria minha primeira escolha”.
Ou você vai viajar. E se depara com a paisagem dos seus sonhos, aquela que você economizou meses e meses para poder ver, e ela é melhor ainda do que nas fotos e vídeos. Em vez de comentar que está sem fôlego, em êxtase, que nunca imaginou que aquela experiência fosse possível, que é sortudo por ter estado ali...
...você diz: “Ok”.
Ou, como diriam os ingleses nessa situação, com uma expressão indecifrável, “not bad”.

"Só restou a truculência"


Editorial do Estadão: Só restou a truculência
Sem argumentos legais ou políticos para derrubar o impeachment, já que o afastamento de Dilma é consenso entre os brasileiros e segue estritamente a previsão constitucional, Lula deixou de lado o pouco que lhe restava de responsabilidade e partiu para o ataque frontal às instituições

Por: Augusto Nunes 27/04/2016 às 17:19




A presidente Dilma Rousseff sofreu mais uma significativa derrota na tramitação do processo de impeachment no Congresso. A comissão do Senado que avalia o caso escolheu como relator o tucano Antonio Anastasia (MG), ligado ao presidente do PSDB, Aécio Neves. Os governistas tentaram de todas as formas impedir que Anastasia fosse eleito, mas o colegiado foi implacável: seu nome foi avalizado com apenas 5 votos contrários entre os 21 membros titulares, placar que reitera a galopante desvantagem de Dilma na luta contra o impeachment.

Essa desvantagem tende a crescer, porque o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em quem o Palácio do Planalto depositava a esperança de manipular o processo em seu favor, demonstrou indisposição para interferir nas escolhas da comissão e no prazo para a conclusão dos trabalhos, que a maioria oposicionista pretende encurtar.

Os seguidos reveses de Dilma e do PT no campo institucional – na Câmara, no Senado e no Supremo Tribunal Federal, que avalizou todo o processo de impeachment até aqui – certamente explicam o destempero do chefão petista Luiz Inácio Lula da Silva, que chamou sua tropa para ir às ruas e desestabilizar um eventual governo de Michel Temer.

Sem argumentos legais ou políticos para derrubar o impeachment, já que o afastamento de Dilma é consenso entre os brasileiros e segue estritamente a previsão constitucional, Lula deixou de lado o pouco que lhe restava de responsabilidade e partiu para o ataque frontal às instituições.

Em encontro da Aliança Progressista, que reúne partidos de esquerda de várias partes do mundo, Lula disse que Dilma é vítima de “uma aliança oportunista entre a grande imprensa, os partidos de oposição e uma verdadeira quadrilha legislativa, que implantou a agenda do caos”. Essa frase – que estava num discurso escrito, ou seja, não foi dita de forma impensada – resume o atentado que Lula da Silva e seus comparsas estão dispostos a cometer contra a democracia no Brasil.

Incapaz de reunir os votos necessários para impedir o impeachment, nem mesmo depois de tentar comprar deputados num quarto de hotel em Brasília, Lula agora desqualifica o mesmo Congresso que lhe foi tão útil nesses anos todos – e que, acima de qualquer consideração sobre sua qualidade, foi eleito pelo voto direto e, portanto, é legítima representação popular.

No discurso, Lula disse também que o impeachment é uma “farsa” que “envergonha o Brasil aos olhos do mundo”, como se a grande vergonha brasileira não fosse a devastadora corrupção capitaneada pelo PT e seus acólitos, que gangrenou as estruturas do Estado, arruinou a Petrobrás e rebaixou a política nacional a um ordinário balcão de negócios.

O que se vê é Lula fazendo o possível para ampliar essa vergonha, lançando no exterior sua campanha para desacreditar as instituições democráticas. Àqueles dirigentes partidários estrangeiros, o chefão petista disse que “em todo o mundo há vozes responsáveis alertando para os riscos de um golpe de Estado no Brasil” e pediu aos colegas que “levem a seus países a mensagem de que a sociedade brasileira vai resistir ao golpe do impeachment”.

O problema, para Lula, é que sua voz já não tem o vigor dos tempos em que se julgava um grande líder mundial. A campanha movida por ele e por Dilma para sensibilizar governos e entidades mundo afora contra o tal “golpe” tem sido um completo fracasso.

Nem mesmo a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), bloco de inspiração bolivariana, conseguiu aprovar alguma moção de repúdio ao impeachment.

Mas Lula não parece se importar com o vexame. “As ameaças à democracia no Brasil e na América Latina dizem respeito a toda a comunidade mundial. Dizem respeito à luta entre civilização e barbárie”, disse o líder da tigrada. Ele tem razão: hoje, mais do que nunca, é preciso defender a civilização, calçada no respeito às leis, contra a barbárie, representada pela truculência daqueles que, por não terem mais um pingo de dignidade, não sabem perder.

terça-feira, 26 de abril de 2016

O cuspe como argumento ... / Kim Kataguiri

terça-feira, abril 26, 2016

O rosto cuspido e escarrado do petismo - 

KIM KATAGUIRI

Folha de SP 26/04

Os petistas sabem que o governo já acabou. Criaram a fantasiosa narrativa do "golpe" já pensando na sobrevivência do partido no pós-Dilma. A militância precisava de um combustível, de um inimigo em comum, para se reunificar. Mas esse novo mito fundador não foi suficiente para conter o ódio, a intolerância e o fascismo dos simpatizantes do PT.

Logo depois de proferir seu voto sobre o processo de impeachment no plenário da Câmara dos Deputados, o deputado Jean Wyllys (RJ), do PSOL —partido que diz fazer "oposição à esquerda", mas que é mais subordinado ao governo do que a própria base aliada—, cuspiu em alguns de seus colegas que votaram "sim".

A atitude, além de caracterizar quebra de decoro parlamentar —o que pode dar início a um processo no Conselho de Ética e culminar na cassação do mandato do deputado—, também demonstra a revolta dos simpatizantes do petismo contra o resultado de um processo absolutamente democrático.

O ator José de Abreu, recentemente, cuspiu num casal numa discussão política em um restaurante em São Paulo. Em seu Twitter, disse que não se arrependeu e ainda chamou o casal de "covarde" e "fascista". No último domingo (24), falou sobre o caso no "Domingão do Faustão" e declarou que a cusparada "foi uma reação de um ser humano normal", claramente se colocando como vítima no incidente.

Não sei qual é a definição do ator para os termos "ser humano" e "normal", mas, com certeza, não é aquela que está no dicionário. Pessoas normais não cospem em quem discorda de suas posições políticas. E esse nem foi o caso: o casal apenas demonstrou sua indignação com a corrupção do partido que José de Abreu defende com unhas, dentes e mentiras. Apesar de o petismo alçar a corrupção ao patamar de categoria de pensamento, não é possível dizer que o episódio tenha se tratado de discordância ideológica.

No último sábado (23), no Masp, "artistas" cuspiram e vomitaram em fotos de parlamentares que votaram a favor da admissibilidade do processo de impeachment. Além do claro caráter antidemocrático do ato, que hostilizou a figura de políticos simplesmente por pura intolerância, também causa repulsa o fato de esse show de horrores ter sido chamado de "manifestação" por setores da imprensa.

Os defensores do governo não se satisfizeram em nos causar nojo ideológico com seu discurso hipócrita e autoritário. Decidiram nos causar nojo físico. A cusparada tornou-se símbolo máximo do pensamento petista. No lugar do diálogo e da tolerância, a ignorância e o rancor.

Essa nova maneira de expressar o petismo demonstra uma mentalidade que não é só doentia, mas perigosa. A ditadura da propina acabou, e a militância do PT terá de aceitar isso. Foi-se o tempo daqueles que apenas defendiam a democracia quando ela lhe convinha. O fim do governo Dilma dará início a um novo tempo para a nossa República. E não há cuspe que impeça isso.

Humor de Chico Caruso no blog de Ricardo Noblat

HUMOR

A charge de Chico Caruso

Charge (Foto: Chico Caruso)

"O Exorcismo" // Maria Lucia Victor Barbosa

segunda-feira, abril 25, 2016


O EXORCISMO

Por Maria Lucia Victor Barbosa (*)
O exorcismo é uma cerimônia religiosa na qual se esconjura o demônio ou espíritos maus. Utilizada pela Igreja Católica e muitas outras religiões já apareceu em forma de ficção em filmes que revolveram crenças e medos antigos.
O primeiro destes filmes, “O Exorcismo”, teve enorme sucesso. Na história morreram três padres que tentaram livrar uma adolescente do obsessor medonho que a atormentava e a transformava numa figura hedionda. As pessoas que assistiram o enredo, mesmo sem crença nos ardis do demônio, quedaram horrorizadas.
Charge by Sponholz
Mais recente, o filme “O Ritual” não foi menos aterrorizante. Conta que um jovem padre foi enviado ao Vaticano para aprender o ritual do exorcismo. Mas ele não crê no demônio e sua fé em Deus é vacilante. Todavia, o sacerdote assistiu aulas de um vaticanista, o qual ensinou que, ao final da cerimônia o condutor deve obrigar o demônio a dizer seu nome para que a vítima seja libertada.
Dito isso façamos uma analogia, isto é, “um ponto de semelhança entre coisas diferentes” e, simbolicamente conclamemos o exorcismo político do PT (Partido dos Trabalhadores ou Partido das Trevas).
Para melhor embasar essa analogia nada como citar um dos mais conceituados e brilhantes sociólogos, o alemão Max Weber, que em um dos trechos de “A Ciência como Vocação” afirmará:

“Cuidado, o diabo é velho; envelhecei também para compreendê-lo. Isso não significa a idade, no sentido da certidão de nascimento. Significa que se desejarmos haver-nos com esse diabo teremos de não fugir à sua frente, como gostam de fazer tantas pessoas hoje. Em primeiro lugar, temos de perceber-lhe os processos , para compreender seu poder e suas limitações”.
Como processo o PT foi fundado numa propositada ilusão e se transformou numa farsa danosa ao país. Iludiu incautos com a promessa mentirosa de ser o único partido ético, para depois institucionalizar a corrupção. Atribui-se uma ideologia de esquerda devidamente adaptada aos desígnios de poder de seus dirigentes, através da qual destilou o ódio entre ricos e pobres, negros e brancos. Simulou democracia para chegar ao totalitarismo que é sua essência.  O fundamento de sua força foi a mentira e como o diabo inverteu os sinais confundindo a noção entre certo e errado. Glorificou a criminalidade. Justificou a imoralidade. Introduziu o abominável “politicamente correto”.  Estimulou a ganância de seus adeptos e os seduziu com a vaidade dos cargos. Uniu-se à escória política do País. Simulou o que não era. O ódio, o rancor, a intriga, violência foram suas armas para destroçar os adversários transformados em inimigos.
Esse Partido das Trevas se metamorfoseou na seita dos adoradores da “serpente do mal” ou jararaca, uma falsa divindade que se sentiu acima da lei e do comum dos mortais. Embriagado com tanto poder a jararaca estava longe das condições psíquicas para manejá-lo, não passando de um tosco Mussolini de Terceiro Mundo, um reles farsante a quem chamaram de estadista, atribuindo-lhe virtudes que nunca teve.
A seita não nasceu do proletariado, como querem fazer crer, mas do peleguismo sindical, do carnaval esquerdista das academias, dos artistas embevecidos consigo mesmos, de parte do clero da Teologia da Libertação essa esdrúxula mistura de Jesus Cristo com Karl Marx.
Voltando a Max Weber na mesma obra não se pode deixar de citar o seguinte trecho:
“Se tentarmos construir intelectualmente novas religiões sem uma profecia nova e autêntica, então, num sentido íntimo, resultará alguma coisa semelhante, mas com efeitos ainda piores”. “E a profecia acadêmica finalmente, criará seitas fanáticas, mas nunca uma comunidade autêntica”.
O ritual político do PT começou. As legiões alcunhadas de “pão com mortadela” prometem cuspir fogo e enxofre na defesa da jararaca de ovos de ouro. A criatura, cujo fracasso é muito mais do seu criador do que dela, de novo está fazendo o diabo. E só há um jeito do exorcismo chegar ao seu termo: Lula terá que dizer seu nome e partir para sempre: Lulanás 
Sem ele o Partido das Trevas chegará ao fim e o Brasil, aos poucos, se libertará do mal que a seita de fanáticos e aproveitadores produziu.
(*) Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.