“DAQUI A DEZ ANOS, O PAÍS GASTARÁ MAIS DE 80% COM PREVIDÊNCIA”
Vítor Wilher analisa propostas do Banco Mundial para melhorar situação
fiscal do país
“O Brasil é um país que gasta muito e mal”. Esse foi o retrato feito pelo relatório “Um ajuste justo – Análise da eficiência e equidade do gasto público no Brasil”, encomendado pelo governo federal ao Banco Mundial. O documento traz uma série de propostas para melhorar a situação fiscal do país, com sugestões que vão desde a reforma da Previdência e a revisão dos salários dos servidores até o fim do ensino superior gratuito. Para o professor de economia e especialista do Instituto Millenium, Vítor Wilher, muitas das questões apresentadas já são defendidas por economistas e serão cruciais para nortear o debate no próximo ano. Ouça!
No relatório, estão propostas para o setor privado, como a Reforma do Simples e a eliminação da desoneração da folha; para a educação, como o fim da ineficiência do ensino; para o mercado de trabalho, como uma reformulação do Abono Salarial e do Salário Família; e para a saúde, como mais capacitação dos profissionais e remoção dos subsídios tributários federais para seguros privados de saúde. Confira abaixo outros pontos destacados pelo levantamento:
Alto volume de gasto público, mas dificuldade em diminuir a desigualdade social
Wilher explica que o Estado brasileiro tem uma carga tributária entre 33% e 36% do PIB, a mais alta dos países emergentes. No entanto, apesar da grande arrecadação, esse valor é pouco distribuído entre bens e serviços públicos, como saúde e educação básica, que poderiam afetar a desigualdade de oportunidades.
“O Estado brasileiro foi capturado por algumas elites, que acessam o ensino superior gratuito, grandes empresários que são beneficiados com crédito subsidiado, via bancos públicos, e pelos próprios servidores, que possuem um prêmio salarial muito maior que o privado. Esse Brasil capturado por grupos de interesse não dá conta de reduzir a desigualdade, o que ele faz é perpetuar a discrepância entre quem nasce rico e quem nasce pobre”, comenta.
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