COLUNA DE CARLOS BRICKMANN
A Casa da Mãe Dilma
Imagine o caro leitor que esteja andando na rua e, por algum motivo, pegue uma pedra e a atire na janela de uma casa. Na hipótese de haver algum policial por perto, o caro leitor será preso e, no mínimo, terá de prestar declarações na delegacia mais próxima – isso se tiver sorte e não apanhar antes de ser levado.
Pois bem: o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, MST, invadiu ontem, em Brasília, o Ministério da Fazenda ─ nada mais justo, porque fazendas é exatamente o que querem invadir. Quebraram janelas, arrombaram portas, causaram prejuízos que serão pagos com dinheiro de nossos impostos. Impediram o ministro Joaquim Levy, por quase meia hora, de entrar em seu gabinete. Foram fotografados, filmados, gravados. Nenhum militante foi preso, nenhum militante detido para averiguações, a ninguém se pediu o pagamento pelo prejuízo. Foram embora, enfim ─ em direção ao outro Ministério, o do Desenvolvimento Agrário.
Todos os cidadãos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros. Há os que têm direito de depredar a Câmara dos Deputados, como fez o grupo liderado por Bruno Maranhão, dirigente petista de nobre estirpe; há os que têm direito de invadir institutos de pesquisa e destruir espécimes desenvolvidos por mais de dez anos. Há os que invadem áreas próximas ao Pico do Jaraguá, em São Paulo, recebem determinação judicial de deixar a área mas têm direito à proteção da Funai para descumpri-la.
São os que, como o agente 007, dispõem de licença oficial para agir à margem da lei.
São os hóspedes queridos da casa da Mãe Dilma.
A Pátria Educadora
Nunca dantes na História deste país aconteceu fato semelhante: o governo federal ainda não pagou os livros comprados para escolas públicas em 2014 pelo PNLD, Programa Nacional do Livro Didático. Todos os governos dos últimos 30 anos pagaram os livros em dia, sempre em janeiro. E não é tudo: já se sabe que, nas licitações de setembro e outubro, a Pátria Educadora cortará fundo as verbas destinadas a livros didáticos. Como disse um líder educador, ler dá azia.
A Pátria transparente
Informação da coluna Cláudio Humberto (www.diariodopoder.com.br): apesar da Lei de Transparência, a Presidência da República segura as informações sobre o cartão corporativo de Rose Noronha, que chefiou seu escritório em São Paulo.
Pediu 45 dias para copiar e entregar o relatório dos gastos da servidora.
Dilma, ao vivo
Inauguração de três edifícios do Minha Casa, Minha Vida no Rio. Dilma caprichou: começou chamando o ministro interino do Esporte, Ricardo Leyser, de “Gleyser”. E chamou-o de ministro dos Transportes. Claro: com 38 ministérios, não vai lembrar todos os cargos que distribuiu nem o nome das Excelências. Em seguida, garantiu que muitos dos beneficiados pelos apartamentos pagavam “de R$ 300 mil a R$ 400 mil” de aluguel. Um dos condomínios foi chamado primeiro de Recanto das Gaivotas e, depois, de Jardim das Gaivotas. Na terceira virou Vivenda das Gaivotas, o nome certo.
Mas Dilma foi aplaudida assim mesmo. E o Gleyser que já foi Leyser e era ministro de outra pasta puxou as palmas.
O destino do dinheiro
A prefeitura paulistana paga, pelas salsichas que compra para a merenda escolar, mais caro que o produto da mesma marca e categoria encontrado em qualquer rede de supermercados. O Governo paulista já foi surpreendido ao pagar, pelo leite entregue à então Febem, o mesmo preço de varejo cobrado por padarias caras de classe média alta.
O Governo Federal está comprando Guaraná de dois litros por R$ 5,34 a garrafa. No comércio, o preço habitual é de R$ 4,25. E, nas promoções de supermercados, este colunista já pagou R$ 3,00. O detalhe curioso é que as compras dos Governos são feitas por licitação.
Não estaria na hora de investigar como é que são feitas as licitações? Se é assim em produtos do dia a dia, como será em compras de mercadorias de uso específico?
Justiça a uma brasileira
Margarida Genevois, ativista de Direitos Humanos, ex-presidente da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo (escolhida pelo então cardeal d. Paulo Evaristo Arns), recebeu ontem a Legião de Honra, maior condecoração francesa. A Legião de Honra, criada em 1802 por Napoleão Bonaparte, não pode ser conferida a mais de 75 pessoas – entre elas, Margarida Genevois.
A condecoração foi entregue pelo cônsul-geral da França em São Paulo, Damien Loras.