Durante minha estada no castelo alugado por uma revista brasileira em Brissac, França, um jornalista da região vem me entrevistar. No meio da conversa, assistida por outras pessoas, ele quer saber: “qual foi a melhor pergunta que um repórter já lhe fez?”
Melhor pergunta? Acho que já me fizeram TODAS as perguntas, menos a que ele acaba de fazer. Peço tempo para pensar, estudo as muitas coisas que queria dizer e nunca quiseram saber. Mas no final, confesso:
“Acho que foi exatamente esta. Já tive perguntas que me recusei a comentar, outras que me permitiram falar sobre temas interessantes, mas esta é a única que não tenho como responder com sinceridade”.
O jornalista anota. E diz:
“Vou lhe contar uma interessante história. Certa vez fui entrevistar Jean Cocteau. Sua casa era um verdadeiro amontoado de bibelôs, quadros, desenhos de artistas famosos, livros. Cocteau guardava tudo, e tinha um profundo amor por cada uma daquelas coisas. Foi então que, no meio da entrevista, eu resolvi perguntar: “se esta casa começasse a pegar fogo agora, e você só pudesse levar uma coisa consigo, o que escolheria?”
“E o que Cocteau respondeu?”, pergunta Álvaro Teixeira, responsável pelo castelo onde estamos, e grande estudioso da vida do artista francês.
“Cocteau respondeu: “eu levaria o fogo”.
E ali ficamos todos, em silêncio, aplaudindo no íntimo do coração a resposta tão brilhante.
Policiais aprendem português para enfrentar criminalidade brasileira no Japão
Ewerthon TobaceDe Tóquio para a BBC Brasil
Há 8 horas
1comentários
"Treta", "bagulho" e "mano" são algumas das gírias e expressões ensinadas a policiais japoneses que enfrentam a criminalidade brasileira no Japão.
Segundo dados da Agência Nacional de Polícia, os brasileiros foram responsáveis por 1.619 crimes cometidos em 2014, 806 caso a menos do que em 2013.
As autoridades acreditam que esta queda esteja relacionada à redução do número de brasileiros no país. Mais de 150 mil decasséguis retornaram ao Brasil desde a crise de 2008.
O crime mais cometido por brasileiros no Japão é arrombamentos de veículos; foram 686 casos em 2014.
Por mais de uma década, os brasileiros ocuparam o segundo lugar no ranking de crimes cometidos por estrangeiros no Japão, atrás apenas dos chineses.
Mas desde o ano passado, os vietnamitas passaram a ocupar a posição.
Por causa desses números, a Academia Nacional de Polícia do Japão introduziu o ensino da língua portuguesa.
"Durante dois anos, de segunda a sexta, eles aprendem o nosso idioma, inclusive gírias e termos técnicos jurídicos", conta à BBC Brasil o professor Miguel Kamiunten, que dá aulas para policiais japoneses.
"O objetivo é facilitar o trabalho comunitário em regiões com grande concentração de brasileiros, como passar informações, desenvolver ações de prevenção e dar orientações aos brasileiros", explica.
Mas Kamiunten, que é brasileiro, também diz que as aulas foram implantadas por causa do alto índice de criminalidade entre os brasileiros que vivem no Japão. Até agora, cerca de 200 policiais já se formaram neste curso.
"Uma preocupação é não ensinar 100% a gramática, mas habilitar esses policiais a se comunicarem oralmente com os brasileiros, principalmente com os jovens", conta.
As gírias, explica Kamiunten, servem para que os japoneses entendam a conversa caso os suspeitos comecem a falar somente em códigos.
"Por isso, ensinamos também gestos e as abreviações mais usadas em mensagens instantâneas", diz o professor.
Perfil dos presos
O número de brasileiros em detenções e reformatórios japoneses também caiu nos últimos anos. Hoje são 397 presos, segundo dados da Justiça do Japão.
"Quando conversei com os presos brasileiros, fiquei surpreso com o nível das pessoas que estavam ali. A maioria é de classe média e que você nunca imaginaria encontrar numa prisão", diz Marco Farani, cônsul-geral do Brasil em Tóquio.
Quando fala sobre o tema da violência de brasileiros no Japão, ele não esconde a decepção.
O diplomata chegou ao Japão em 2012 e uma das primeiras coisas que quis fazer foi conhecer a realidade dos cerca de 120 brasileiros presos em sua jurisdição.
"Queria entender por que eles cometem crimes", explica. Mas a resposta é complexa, como ele mesmo afirma, por conta da diversidade de motivos e de delitos.
Em 25 anos de movimento decasségui, há registros policiais de homicídios, crimes do colarinho branco, formação de quadrilhas especializadas em furtos de carros, tráfico de drogas e roubo de banco – crimes com os quais o Japão não estava acostumado a lidar.
Segundo um relatório do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o número total de brasileiros presos no exterior é de 2.787.
Os Estados Unidos lideram com 407 presos, seguido do Japão, com 397 brasileiros encarcerados, o que representa 97% do total de presos brasileiros na Ásia.
A maioria dos presos no país, segundo o Itamaraty, é formada por jovens envolvidos em furtos e roubos de pequeno valor, além de tráfico e consumo de drogas.
"Pela grande quantidade de jovens presos, podemos dizer que a questão da educação é um dos pontos cruciais no caso do Japão", afirma Kamiunten, que também é ativista e membro do Conselho de Cidadãos do Consulado-Geral do Brasil em Tóquio.
Para ele, há uma falha no processo educacional que nem os governos brasileiro e japonês nem as famílias estão conseguindo superar.
"É preciso mais atenção nessa área", pede Kamiunten.
Livro
O tema da violência na comunidade brasileira chamou também a atenção do advogado Mário Tokairin, de 67 anos, brasileiro que vive no Japão há 25 anos e que no Brasil já atuou como juiz de Direito.
Desde que chegou ao Japão ele começou a colecionar recortes dos jornais que circulavam na comunidade brasileira com as histórias policiais.
Cinco anos atrás, resolveu que era hora de escrever um livro contando os principais casos que marcaram esses 25 anos de movimento decasségui.
"Reuni cerca de 30 histórias, mas ainda não consegui uma editora para publicar o livro", conta Tokairin, que há 11 anos dá aulas de português na Universidade de Gunma.
Entre os casos mais relevantes ele cita o primeiro homicídio envolvendo um brasileiro, em 1992. "Ficou conhecido como 'caso Maeda', em que o brasileiro Terumi Maeda Jr. foi preso e julgado culpado pela morte de uma garçonete japonesa", fala.
Outro caso marcante aconteceu na cidade de Hamamatsu, na província de Shizuoka, em 2006. Edilson Donizete Neves matou a namorada Sônia Aparecida Ferreira Sampaio Misaki, que tinha 41 anos na época, e os dois filhos dela, Hiroaki Misaki, 15 anos, e Hiroyuki Misaki, 10 anos.
Os corpos só foram encontrados quatro dias depois pelo pai das crianças, Marcílio Koichi Misaki, separado de Sônia, que não suportou a perda da família e cometeu suicídio em 2010 no Japão.
Um dia depois de cometer o triplo homicídio, Neves fugiu para o Brasil e foi preso em janeiro de 2008 no interior de São Paulo. Seis meses depois, porém, ele foi solto por falta de documentação de acusação.
O acusado desapareceu de novo, mas foi encontrado e preso em agosto de 2013, no interior de Minas Gerais. Ele não resistiu à prisão.
No começo deste ano, o Tribunal de Justiça de São Paulo divulgou que vai convocar um júri popular para o julgamento do brasileiro. Mas a data ainda não foi marcada.
Para Tokairin, é importante relembrar todas estas histórias para servir de alerta. "Estamos na mira da polícia e, além disso, aqui a Justiça funciona", lembra.
Imaginem um governo pilantra que resolve criar um exército de CENTENAS DE MILHARES de aspones pendurados no serviço público. Uma gente que não tem nada pra fazer além de cacarejar os dogmas, mantras e latidos de uma ideologia picareta que acaba em si mesma, como o câncer e a sífilis. Imagine que eles são a “polícia ideológica” dessa quadrilha, cobrando o pedágio da canalhada para dar sequência aos serviços que o elefante público e sua sanha arrecadadora deveria prestar à sociedade pagadora.
Imagine agora que a sociedade, farta dessa vigarice descarada, resolva parar de comer, investir, comprar e apagar as luzes dessa seita de pilantras montados em nosso lombo combalido. O dinheiro acaba. De nada adianta enganar os outros, chamando ministrinhos de mãos levinhas para deflagrar a derrama; sem consumo, não há mais impostos a tungar da sociedade exaurida para pagar a farra feita com nossa decência moída. O modelo faliu. Junto com ele os décimo-quartos salários, os shopping centers anexos, os voos de galinha, os jantares novaiorquinos, as pedaladas e os acordos espúrios celebrados com o dinheiro surrupiado do fundo de amparo ao trabalhador feito de besta.
O que vai fazer o exército de carcamanos estacionado há mais de 12 anos nesse elefante público meio esquerdo? O que exatamente eles sabem fazer, além de proselitismo? Aposto que o governo está em rota de colisão consigo mesmo. Aposto que o PT fisiológico será o maior opositor de si mesmo, numa autofagia que vai deixar essa quadrilha sem discurso, sem mentiras a serem contadas para a sociedade, sem legado, sem herança e sem parceirinhos para evocar aquela dancinha acanhada que ilustra o fim do filme “Sodoma e Gomorra”, do adoentado Pasolini, a quem sempre me recorro quando é para encenar um inferno gigante feito de pequenos infernos particulares e desejos mórbidos incontidos.
Eu quero ver o PT morrer de PT. Quero que engulam a língua torpe e vigarista. Quero que a turba aliciada pela tubaína e pela mortadela que faltam em nossa infraestrutura finalmente se revolte contra a falta da graninha básica que essa gente ganha sem fazer nada. Vão trabalhar, vagabundos. Assim como alguém lembrou por aí que “traffic” é uma empresa cujo nome é uma piada pronta, “partido dos trabalhadores” é uma piada de mau gosto tão grande que nem o nome pode sobreviver à própria vigarice.
“Sem dedo e sem noção” deveria ser o slogan desse ajuntamento de bandidos prontos, ávidos por um chefete que lhes garanta: “Pode roubar que a gente é governo”, hehehe. É questão de tempo, picareta-chefe. Sua batata está assando junto com sua amídalas. Vou viver para sapatear no seu túmulo, ex-carcamano. Isso é o Brasil.
O texto que segue após este prólogo é um artigo de Leandro Roque, editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil, que vale muito a pena ser acessado. Retrata de forma impiedosa, nua e crua, a insanidade da política econômica e as mentiras embutidas no discurso desses vagabundos metidos a economistas, mas que apenas são serviçais do PT.
Se você tinha ódio do PT, o que é plenamente justificável, lendo com atenção esse artigo você entrará em estado de choque porque entenderá as razões que empobreceram de forma violenta a maioria dos brasileiros. E isso atinge impiedosamente todas as classes sociais, fato que vem sendo comprovado pelas últimas pesquisas que medem a (im)popularidade do governo do PT.
Se você bem notou, até agora o famigerado Instituto DataFolha, que vivia fazendo pesquisas o tempo todo deu uma parada, não é mesmo? Isso significa que algo está sendo arranjado no breu das tocas. Todavia, torna-se difícil nestas alturas dourar a pílula. Por isso a aquela frase que ficou famosa: ‘É a economia, estúpido!’. E de fato é. E é por isso que você que já odiava o PT e seus satélites passará a odiá-los com mais vigor, com todas as suas forças.
Entenderá todas as razões pelas quais Lula, Dilma e seus sequazes não podem mais aparecer em lugares públicos. Collor de Mello foi apeado do poder não pela maracutaia do Fiat Elba, mas porque meteu a mão no bolso dos brasileiros com aquele tresloucado plano econômico que congelou depósitos em conta corrente e poupança.
Grosso modo, o que o desgoverno do PT está fazendo é algo parecido por outras vias, ou seja, esfarrapou o Real, que perdeu valor até mesmo para moedas de países pequenos e frágeis economicamente. Na verdade, é a mesma coisa que congelar suas economias por meio de violenta desvalorização moeda!
Neste artigo de Leandro Roque, dá para aferir o tamanho da encrenca. O impeachment da Dilma, neste caso, é pouco. Tem de passar a régua de cima abaixo cassando os registros partidários do PT e de todos os partidos de viés comunista. Os recalcitrantes que sejam trancafiados nas cadeias ou deportados para Cuba. O título original do artigo é "A impiedosa destruição do real".
Leiam:
A melhor maneira de aferir a saúde de uma moeda é analisando a evolução de sua taxa de câmbio em relação às outras moedas do mundo.
A taxa de câmbio é um preço formado instantaneamente pela interação voluntária de bilhões de agentes econômicos ao redor do mundo. Se esses bilhões de agentes econômicos acreditam que a inflação de preços no seu país será baixa, sua moeda irá se valorizar. Se eles acreditam que a inflação está alta ou que ela será alta, sua moeda irá se desvalorizar.
Grosso modo, a taxa de câmbio representa, em tempo real, a razão entre o nível geral de preços vigente em dois países distintos. A taxa de câmbio entre dois países é igual à razão de seus níveis de preços relativos.
Sendo assim, a evolução da taxa de câmbio é uma narrativa da evolução do poder de compra atual de sua moeda em relação a todas as outras.
A conclusão, portanto, é que com a taxa de câmbio não há segredo: se ela está se desvalorizando por muito tempo, então é porque o país está em rota inflacionária. Se ela está se valorizando com o tempo, então é porque o país está em rota sadia.
Não há mensurador mais confiável e mais acurado do que esse.
E qual foi o histórico do real durante os quatro anos do governo Dilma? De maneira simples e educada, pavoroso.
O real não só apanhou de todas as moedas tradicionais (dólar americano, euro, franco suíço, libra esterlina, dólar australiano, dólar canadense, dólar neozelandês, dólar de Cingapura e renminbi chinês), como também conseguiu apanhar de portentos como o guarani paraguaio, o novo sol peruano, o peso uruguaio, o boliviano, o baht tailandês e o gourde haitiano (sério).
Naturalmente, o real também apanhou do peso mexicano, do peso colombiano e do peso chileno.
Como consolo, fomos melhores que o peso argentino e que o rublo russo (mas só na prorrogação).
Veja a carnificina ---> clique aqui - para ver o artigo completo com todas as tabelas de comparação da taxa de câmbio do real em relação a diversas moedas.
CONCLUSÃO
Nossa moeda está sendo impiedosamente esfacelada em decorrência das políticas monetária e fiscal do governo, perdendo poder de compra em relação até mesmo à moeda do Haiti.
Em julho de 2011, o dólar custava R$1,54. Quem ganhava R$ 3.000 naquela época tinha um salário equivalente a US$ 1.948. Hoje, com o dólar a aproximadamente R$ 3,20, essa mesma pessoa teria de estar ganhando R$ 6.235 (aumento de 108%) apenas para voltar ao valor nominal em dólares de 2011.
Da mesma forma, um salário mínimo em meados de 2011 valia US$ 353. Hoje vale apenas US$ 246.
O povo está sendo enganado direitinho.
Enquanto isso, economistas desenvolvimentistas continuam batendo bumbo para a destruição do poder de compra da moeda e seguem dizendo que o país precisa é de um câmbio ainda mais desvalorizado, pois, segundo eles, o câmbio está "apreciado demais" e isso está "prejudicando a indústria".
Segundo esses magos, a desvalorização do câmbio é o segredo para impulsionar a indústria e o setor exportador brasileiro.
Tudo indica que eles habitam outra dimensão. Senão, como explicar o fato de que a desindustrialização no Brasil chegou ao auge, e as exportações caíram, justamente no período em que a moeda mais se desvalorizou? Eles parecem não perceber — ou fingem ignorar — que a desindustrialização está ocorrendo é justamente agora, quando temos uma moeda fraca, inflação alta, e as maiores tarifas protecionistas da história do real.
Eles também ignoram que o que acaba com a indústria, como explicado em detalhes aqui, é a inflação de preços e de custos, gerada justamente pela desvalorização da moeda. É a inflação de preços e de custos o quedesorganizatodo o planejamento de uma indústria e falsifica toda a sua contabilidade de custos, e não uma (fictícia) taxa de câmbio valorizada.
Uma taxa de câmbio valorizada, aliás, ajuda as indústrias mais competentes. Qualquer indústria exportadora tem também de importarmáquinas e bens de capital de qualidade, além de peças de reposição, para produzir seus bens exportáveis (pergunte isso a qualquer mineradora ou siderúrgica). Se isso puder ser feito a um custo baixo (permitido por uma moeda forte), tanto melhor.
Uma moeda forte permite que as indústrias comprem bens de capital, máquinas e equipamentos de qualidade a preços baixos. Isso as deixaria mais produtivas, aumentaria a qualidade dos seus produtos, e faria com que eles fossem mais demandados lá fora.
(Nos primeiros anos do Plano Real, a moeda era muito mais forte do que é hoje, e não houve nenhuma desindustrialização; ao contrário, houve modernização do parque industrial).
Nenhum país que tem moeda fraca e inflação alta produz bens de qualidade que sejam altamente demandados pelo comércio mundial. Todos os bens de qualidade são produzidos em países com inflação baixa e moeda forte. Apenas olhe a qualidade dos produtos alemães, suíços, japoneses, americanos, coreanos, canadenses, cingapurianos etc.
Se moeda forte fosse empecilho para a indústria, todos esses países seriam hoje terra arrasada. No entanto, são nações fortemente exportadoras. Moeda forte e muita exportação.
Essa destruição do poder de compra da nossa moeda tem de acabar. A carestia que estamos vivenciando hoje não será resolvida enquanto o real não voltar a se fortalecer. É impossível ter uma carestia minimamente tolerável se a sua moeda é gerenciada por incompetentes e perde poder de compra até mesmo em relação à moeda do Haiti. Do site do Instituto Ludwig von Mises
'Nós amamos a morte tanto quanto vocês amam a vida', diz militante do 'EI'
'Nós amamos a morte tanto quanto vocês amam a vida', diz militante do EI
22 maio 2015 Atualizado pela última vez 12:54 (Brasília) 15:54 GMT
Com seu mais recente triunfo, envolvendo não só a captura da cidade histórica de Palmira, mas também de um importante campo de produção de gás natural próximo, o grupo autodenominado "Estado Islâmico" agora controla metade do território sírio.
A violência dos militantes vem surtindo efeito, paralisando de medo seus inimigos.
"Estamos indo atrás de vocês, com homens que amam a morte tanto quanto vocês amam a vida. Vocês nunca estarão seguros enquanto estivermos vivos", diz um integrante do "EI".
Palmira, uma cidade de grande valor histórico, agora está indefesa. Quando possível, o 'Estado Islâmico' destrói qualquer vestígio do passado não islâmico de seus alvos.
O grupo vem avançando numa velocidade extraordinária. Há dois dias, foi a vez de Palmira. Há cinco, militantes tomaram a cidade de Ramadi, próxima a Bagdá, capital do Iraque.
Uma multidão de refugiados deixou Ramadi, em uma tentativa desesperada de escapar da ira do "EI".
Um pequeno grupo de 200 militantes derrotou um contingente dez vezes maior de soldados iraquianos. Os moradores da cidade sentem-se abandonados à própria sorte.
Bagdá, por outro lado, parece estar tranquila. Quase dois terços do exército iraquiano está baseado na cidade ou em seus arredores para protegê-la.
Mesmo diante dos recentes fatos, autoridades no Iraque acreditam que o "EI" pode e será derrotado e que o controle de Ramadi será retomado em algumas semanas.
Mesmo assim, os últimos dias deixaram muitos no país em estado de choque.
Simon Leys enfrentou uma corrente coletiva de eminentes intelectuais para dissipar um emaranhado de mentiras sobre a "revolução cultural" de Mao, aquela loucura inspirada por um velho déspota
Nos anos setenta teve lugar um extraordinário fenômeno de confusão política e delírio intelectual que levou um setor importante da inteligência francesa a apoiar e mitificar Mao e a sua “revolução cultural”, ao mesmo tempo que, na China, os guardas vermelhos faziam passar pelas forcas caudinas professores, pesquisadores, cientistas, artistas, jornalistas, escritores, promotores culturais, dos quais um bom número, depois de autocríticas arrancadas sob tortura, se suicidou ou foi assassinado. No clima de exacerbação histérica que, alentada por Mao, percorreu a China, destruíram-se obras de arte e monumentos históricos, cometeram-se abusos iníquos contra supostos traidores e contrarrevolucionários, e a milenar sociedade experimentou uma orgia de violência e histeria coletiva que resultou em cerca de 20 milhões de mortos.
Em um livro que acaba de publicar, Le Parapluie de Simon Leys (o guarda-chuva de Simon Leys), Pierre Boncenne descreve como, enquanto isso ocorria no gigante asiático, na França eminentes intelectuais, como Sartre, Simone de Beauvoir, Roland Barthes, Michel Foucault, Alain Peyrefitte e a equipe de colaboradores da revista Tel Quel. dirigida por Philippe Sollers, apresentavam “a revolução cultural” como um movimento purificador, que poria fim ao stalinismo, purgaria o comunismo da burocratização e do dogmatismo e instalaria a sociedade comunista livre e sem classes.
Um sinólogo belga chamado Pierre Ryckmans, que assinaria seus livros com o pseudônimo Simon Leys, até então desinteressado pela política – dedicou-se a estudar poetas e pintores chineses clássicos e a traduzir Confúcio –, horrorizado com o engodo em que sofisticados intelectuais franceses endeusavam o cataclismo que a China padecia sob a batuta do Grande Timoneiro, decidiu enfrentar aquele grotesco mal-entendido e publicou uma série de ensaios – incluindo Les Habits Neufs du Président Mao, Ombres Chinoises, Images Brisées, La Fôret en Feu – revelando a verdade do que ocorria na China e enfrentando, com grande coragem e conhecimento direto do tema, o endeusamento que faziam da “revolução cultural”, levados por uma mistura de frivolidade e ignorância, não isenta de certa estupidez, muitos ícones culturais da terra de Montaigne e Molière.
Os ataques de que Simon Leys foi alvo por atrever-se a ir contra a corrente e desafiar a moda ideológica reinante em boa parte do Ocidente, que Pierre Boncenne documenta em seu fascinante livro, dão vergonha alheia. Escritores de direita e de esquerda, nas páginas de publicações respeitáveis como Le Nouvel Observateur e Le Monde, cobriram-no de impropérios – entre os quais, obviamente, não faltou o de ser um agente e de trabalhar para os americanos –, e o que mais deve ter doído nele, por ser católico, foi que revistas franciscanas e lazaristas se negassem a publicar suas cartas e artigos explicando por que era uma ignomínia conservadores como Valéry Giscard d’Estaing e Jean d’Ormesson e progressistas como Jean-Luc Godard, Alain Badiou e Maria Antonietta Macciocchi considerarem Mao o “gênio indiscutível do século vinte” e “o novo Prometeu”. Nunca foi tão certa como naqueles anos a frase de Orwell: “O ataque consciente e deliberado contra a honestidade intelectual vem sobretudo dos próprios intelectuais”. Poucos foram os intelectuais franceses daqueles anos que, como um Jean-François Rével, mantiveram a cabeça fria, defenderam Simon Leys e se negaram a participar daquela farsa que via a salvação da humanidade na barafunda genocida da revolução cultural chinesa.
A silhueta de Simon Leys que emerge do livro do Pierre Boncenne é a de um homem fundamentalmente decente, que, contra sua vocação primeira – a de um estudioso da grande tradição literária e artística da China, fascinado pelas lições de Confúcio –, se vê empurrado a mergulhar no debate político em que, por sua limpeza moral, deve enfrentar praticamente sozinho uma corrente coletiva encabeçada por eminências intelectuais, para dissipar um emaranhado de mentiras que os grandes malabaristas da correção política tinham transformado em axiomas irrefutáveis. Terminaria por sair vitorioso daquele combate desigual, e o mundo ocidental acabaria aceitando que a “revolução cultural”, longe de ser o sobressalto libertador que devolveria ao socialismo a pureza ideológica e o apoio militante de todos os oprimidos, foi uma loucura coletiva, inspirada por um velho déspota que se valia dela para se livrar dos adversários dentro do próprio partido comunista e consolidar seu poder absoluto.
Leys se atreveu a desafiar a moda ideológica que imperava em boa parte de Ocidente
O que restou de tudo aquilo? Milhões de mortos, inocentes de toda índole sacrificados por jovens histéricos que viam inimigos do proletariado em toda parte, e uma China que, diametralmente oposta ao que queriam fazer dela os guardas vermelhos, é hoje uma sólida potência capitalista autoritária que levou o culto do dinheiro e do lucro a extremos vertiginosos.
O livro de Pierre Boncenne ajuda a entender por que a vida intelectual de nosso tempo foi empobrecendo e se afastando cada vez mais do resto da sociedade, sobre a qual agora quase não exerce influência, e que, confinada nos guetos universitários, monologa ou delira extraviando-se frequentemente em logomaquias pretensiosas desprovidas de raízes na problemática real, expulsas dessa história a que tantas vezes recorreram no passado para justificar alienações delirantes como esse fascínio pela “revolução cultural”.
Uma cultura na que as ideias importam pouco condena a sociedade ao fim do espírito crítico
Nunca foi tão certa como naqueles anos a frase de Orwell: “O ataque consciente e deliberado contra a honestidade intelectual vem sobretudo dos próprios intelectuais”
Não há motivo para se alegrar com o desprestígio dos intelectuais e sua escassa influência na vida contemporânea. Porque isso significou a desvalorização das ideias e de valores indispensáveis como os que estabelecem uma fronteira clara entre a verdade e a mentira, noções que hoje andam confundidas na vida política, cultural e artística, algo perigosíssimo, pois a derrocada das ideias e dos valores, aliada à revolução tecnológica de nosso tempo, faz da sociedade totalitária fantasiada por Orwell e Zamiatin uma realidade possível em nossos dias. Uma cultura em que as ideias importam pouco condena a sociedade ao desaparecimento do espírito crítico, essa vigilância permanente sobre o poder, sem a qual toda democracia corre o risco de desmoronar.
É preciso agradecer a Pierre Boncenne por ter escrito essa reabilitação de Simon Leys, exemplo de intelectual honesto que nunca perdeu a vontade de defender a verdade e diferenciá-la das mentiras capazes de distorcê-la ou aboli-la. Já no livro que dedicou a Revel, Boncenne tinha demonstrado seu rigor e sua lucidez, que agora confirma com seu último ensaio.
Direitos mundiais de imprensa em todas as línguas reservados a Edições EL PAÍS, SL, 2015.