As imagens da patinadora americana Nancy Kerrigan chorando de agonia, gritando "por quê?" seguidas vezes, abalaram o esporte americano em 6 de janeiro de 1994.
A atleta havia acabado de ser atacada com um bastão de metal após uma sessão de treinos e estava deitada no chão machucada, diante de médicos desconcertados.
Nesse instante, temeu-se pelo pior. Impossibilitada de participar dos campeonatos nacionais, pensava-se que também ficaria fora dos Jogos Olímpicos de Inverno daquele ano, na Noruega.
Isso poderia pôr fim à sua exitosa carreira na patinação no gelo.
Mas, para sorte de Kerrigan, as lesões não foram graves.
Por outro lado, após o ataque, foi se revelando uma trama de conspiração, maus-tratos, inveja e vingança. Uma história em que sua companheira de treinos e rival nos campeonatos, Tonya Harding, surgiu como figura principal.
Medalha de prata e prantos
Mais de duas décadas depois desse episódio, Harding se tornou a personagem de um filme biográfico, intitulado Eu, Tonya, sobre a vida desta que é considerada a maior vilã do esporte americano.
A patinadora foi implicada depois de ficar comprovado que os autores intelectuais do ataque, perpretrado por Shane Stant, foram seu marido, Jeff Gillooly, e seu guarda-costas, Shawn Eckhardt.
Desde o princípio, ela negou ter participado no ataque.
A patinadora, que foi a primeira americana a executar um giro triplo no ar, ganhou o campeonato nacional e se classificou para os Jogos Olímpicos na Noruega.
Lá, se encontrou com Kerrigan, recuperada dos golpes que sofreu no seu joelho.
Por fazerem parte da mesma equipe, as duas atletas compartilharam a mesma sessão de treinamento, em uma cena que gerou expectativa nos Estados Unidos.
Lula vai ao local do crime, Comperj, reclamar da paralisação de obras em que a Petrobrás foi roubada
José Nêumanne
07 Dezembro 2017 | 17h41
Lula ousou ir à Comperj, em Itaboraí, RJ, para reclamar da paralisação das obras superfaturadas Foto: Fábio Motta/Estadão
Perdoe-me a insolência do uso de palavras grandes e complicadas, mas somente estratosférico e escalafobético são capazes de definir o absurdo da caradura de um cidadão chamado Luiz Inácio Lula da Silva que, depois de ser acusado pelo TCU de ter sido o responsável por um prejuízo de, no mínimo, R$ 1,8 bilhão em refinarias da Petrobrás, disse diante de uma delas, a Comperj, que “a Lava Jato quebrou o Rio”. Só que ele deu uma excelente chance para que eu venha aqui afirmar, sem medo de errar, que ele é que quebrou o Rio com a ajuda luxuosa de Sérgio Cabral. Em matéria de cinismo, aliás, só concorrem com ele Gilmar Mendes, que acha que nem flagrante devia permitir a prisão de parlamentar, e Luís Fux, que defendeu descaradamente a censura na própria posse como presidente do TSE no lugar do mesmo Gilmar. Valha-nos Nossa Senhora! Estes são alguns dos temas comentados por mim no Estadão às 5 de quinta-feira 7 de dezembro de 2017, às 17 horas, transmitido pela TV Estadão do estúdio no centro da redação do jornal, ancorado por Emanuel Bomfim e retransmitido pelas redes sociais Youtube, Twitter, Periscope Estadão e Facebook.
Foi um sucesso a inauguração, no dia 5 de dezembro, da exposição "Holodomor, o genocídio ucraniano". A mostra de imagens e relatos gráficos permanecerá aberta à visitação até o dia 9 na sede da ADVB/RS. O evento é uma iniciativa da Faculdade de Filosofia São Basílio Magno, de Curitiba, e veio a Porto Alegre graças à determinação com que a jornalista Fernanda Barth tratou de buscá-la. Teve apoio local da ADVB/RS e de quase uma centena de colaboradores. Coube-me a conferência de abertura, que antecedeu à aula magna do padre Domingos Starepravo. Falei sobre a Revolução Russa e seu terrível legado.
Na primeira parte da minha palestra, tendo em vista o silêncio que envolve o Holodomor, fiz um teste sobre as criminosas ocultações no ensino de história em nosso país. Vali-me, para isso, da própria experiência do público presente, que incluía muitos jovens. Tenho certeza de que as unânimes manifestações que obtive não serão diferentes das respostas dos leitores destas linhas. São cinco pares de perguntas. Apenas cinco de inúmeras possíveis. Cada primeira pergunta leva à subsequente, que, por mero dever de ofício, senão por honestidade intelectual, deveria ser objeto de abordagem em sala de aula. Assim:
• Enquanto estudante, assistiu você a aulas em que as Cruzadas foram mencionadas e criticadas? E ouviu alguma referência à Jihad ou expansionismo islâmico? • Lembra de alusões à interferência da CIA no Brasil antes e durante os episódios de 1964? E algo lhe foi dito sobre o que a KGB fazia no mesmo período? • Ouviu, na escola, críticas eloquentes ao capitalismo? E lembra de qualquer menção ao socialismo que não fosse elogiosa? • Eram frequentes os comentários depreciativos sobre a Igreja Católica? E alguma outra religião foi, também, objeto de críticas? • Houve aulas a respeito da Revolução Russa e da vitória comunista sobre o absolutismo monárquico dos czares? E lembra de alguma referência ao terrorismo de Estado, à Cheka, aos vários genocídios que compõem a longa história dessa mesma revolução?
Enquanto as primeiras perguntas são respondidas afirmativamente por todos, as segundas sempre têm respostas negativas. Tais temas sempre foram silenciados! São páginas em branco. Tem-se aí a prova provada do muito que tenho denunciado sobre manipulação da verdade e ocultação de fatos, com destapado intuito político no ensino brasileiro, que está a exigir urgente despartidarização.
Em maio de 2015, o sindicato que representa os professores do ensino privado do Rio Grande do Sul se manifestou sobre o movimento Escola Sem Partido. A qualidade do ensino brasileiro despencava, o aparelhamento das instituições e o uso militante da cátedra elevavam o tom em proporção inversa, e o Sinpro-rs veio com tudo: "Retirar da Educação a função política é privá-la de sua essência" para colocá-la a serviço "da ideologia liberal conservadora". A essa ideologia, os professores de nossos filhos atribuem todas as perversidades e tragédias humanas, das pragas do Egito ao terremoto do México, passando por Jack o Estripador e o naufrágio do Titanic.
Não é por acaso que nosso sistema de ensino se tornou um dos piores do mundo civilizado. Afinal, sua "essência" é ser campo de treinamento de militantes para os partidos de esquerda. Os dirigentes do sindicato dos professores do ensino particular (e não pensam diferente as lideranças dos professores do ensino público) estão convencidos de serem detentores não do dever de ensinar, mas do direito de doutrinar! E creem que essa vocação política, superior a todas as demais, "essencial à Educação", encontra na sala de aula o espaço natural para seu exercício. Se lhes for suprimida a tarefa "missionária" e lhes demandarem apenas o ensino da matéria que lhes é atribuída, esses professores entrarão em pane, talvez porque isso seja precisamente o que não sabem. Pergunto: porque não tentam fazer a cabeça de alguém do seu tamanho? A minha, por exemplo?
________________________________ * Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
Há cem anos, uma revolução catapultou a Rússia da era imperial para a comunista - de séculos de czares para o "politburo". Em São Petersburgo, a antiga capital, palácios luxuosos são uma lembrança do estilo de vida extravagante dos imperadores, ao passo que Moscou é marcada pelos arranha-céus austeros dos tempos da URSS.
Um século depois dessa transição, muita gente ainda discute qual desses dois períodos teve mais impacto na vida dos russos de hoje, em especial no senso de nacionalismo. Mas enquanto moradores de São Petersburgo e Moscou discutem se foram os czares ou o Partido Comunista quem plantou as sementes do patriotismo, em outra cidade, Novgorod, a teoria é outra: foram os vikings.
À primeira vista, essa localidade a 200 km ao sul de São Petersburgo e às margens do rio Volkhov parece ter parado no tempo durante os tempos soviéticos. Nada sugere que haja algo de especial ali.
A estação de trens é quieta e as ruas, repletas de prédios comuns de concreto. É apenas no interior da Novgorod Kremlin, uma das mais velhas fortalezas da Rússia, que se pode entender o significado histórico da cidade - um lugar que os locais dizem ser o de nascimento da Rússia.
Na rota dos vikings
No século 9, Novgorod era um próspero entreposto comercial em uma das principais rotas comerciais usadas pelos vikings, ligando a Escandinávia à Grécia.
Na cidade, mercadores comercializavam tecidos exóticos, metais, vinhos e outros itens em troca dos produtos que faziam Novgorod famosa: peles de animais raros como a marta e o arminho.
Era um local sem lei, e guerras com comunidades vizinhas eram comuns. Para estabelecer algum tipo de ordem, líderes de Novgorod convidaram um príncipe viking, Rurik, para criar um governo justo.
Ele assumiu o controle da cidade em 862. Com sua morte, em 879, ascendeu ao comando seu sucessor, Oleg, que aproveitou para expandir as fronteiras, anexando territórios a mais de 1 mil km de Novgorod e unindo tribos eslavas e finlandesas para formar o Estado Kievano (Kievan Rus).
A cidade prosperou, especialmente porque tinha ampla autonomia conferida pelo alto comando. Contava com leis próprias e elegia seus líderes, que cumpriam mandatos - este foi o primeiro governo democrático na região hoje conhecida como a Rússia.
As muralhas do castelo hoje abrigam um museu, bem como um monumento erguido no século 19 e que, apesar de incluir nomes de vários soberanos do passado, tem em seu topo uma estátua de Rurik.
"Na Rússia daquela época, Rurik era um figura simbólica e cercada de uma certa mitologia", diz Adrian Selin, historiador da Escola de Estudos Econômicos de São Petersburgo.
Sua mitologia ganhou tanto fôlego que, nos tempos da União Soviética, as autoridades decidiram não dar a Kurik crédito como um dos fundadores da Rússia e chegaram a dizer que ele não passara de um personagem fictício.
"Os líderes soviéticos rejeitaram Kurik por causa da pronúncia de seu nome, que soa alemã ou escandinava, e não eslava, como a maioria dos russos de hoje se identifica", completa Selin.
Pilares da cultura russa
Novgorod garante que Rurik é real. E, além de reivindicar seus louros pela origem do país, sustenta que ele e seu grupo ajudaram a estabelecer vários pilares da cultura. Foi, por exemplo, um dos centros difusores da Igreja Ortodoxa Russa.
Vladimir, o Grande, líder do Estado de Kiev entre 980 e 1015, tomou a decisão de unir todos os súditos sob uma mesma religião depois de uma série de conflitos entre cristãos e seguidores de crenças pagãs.
Depois de enviar estudiosos para estudar religião ao redor do mundo, Vladimir escolheu a Igreja Ortodoxa, que na Rússia de hoje exerce papel proeminente na cultura e política - padres chegam a benzer armas militares.
E é em Novgorod que fica a Catedral de Santa Sofia, a mais antiga igreja da Rússia, construída entre 1040 e 1050 - a bem mais famosa Catedral de São Basílio, em Moscou, só foi erguida mais de 500 anos depois.
Santa Sofia foi um dos primeiros edifícios deste tipo a usar os domos em forma de bulbo que tanto marcam a arquitetura sacra russa. Sua construção, por sua vez, chama a atenção pela modéstia.
Mas se Novgorod tem tanta importância história, por que foi ofuscada por Moscou e São Petersburgo na narrativa histórica russa?
"Novgorod só se tornou parte da Rússia ao ser conquistada por Moscou em 1478", explica Nancy Kollman, historiadora da Universidade Stanford e autora de um livro sobre o Império Russo.
Em meados do século 13, forças mongóis, conhecidas como Tártaros, invadiram o Estado de Kiev e estabeleceram uma sociedade feudal. Isso causou a desintegração do Estado e ascensão do Grão-Ducado de Moscou.
Novgorod, que se tornara uma cidade-estado após a desintegração, ficou exposta ao crescimento de Moscou As duas forças medievais travaram uma batalha facilmente vencida pelos moscovitas, que assumiram o controle dos vencidos.
Novgorod perdeu sua independência - seus líderes eleitos deram lugar à realeza moscovita.
Mas a influência viking persistiu: Moscou seguiu descrevendo a região ocupada como Rus, nome que evoluiu para Rússia entre os séculos 14 e 16. O nome resistiu quando Pedro 1 estabeleceu o Império Russo e moveu o trono para São Petersburgo no início do século 18.
E embora o nome Rússia tenha sido substituído por União Soviética em 1922, voltou ao país após o desmanche da megaconfederação comunista, em 1991.
Novgorodianos não esquecem suas raízes. Uma companhia teatral da cidade, a Kudesy, promove espetáculos de dança e música com raízes na cultura viking e um clube, o Rhat, dá aulas de uso de armas medievais e armaduras da época de Rurik.
Em um país do tamanho da Rússia, as origens culturais serão sempre debatidas. Mas não em Novgorod.