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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Peso argentino torna-se assunto obrigatório na economia da América do Sul

23/01/2014 00h30 - Atualizado em 23/01/2014 07h17


Moeda argentina sofre maior 




desvalorização em 12 anos


Valor do dólar rompeu a barreira dos 7 pesos.
Com reservas em queda, país restringiu compras online.

Da France Presse
153 comentários
Cristina Kirchner faz pronunciamento nesta quarta (22) (Foto: Natacha Pisarenko/AP )Cristina Kirchner faz pronunciamento nesta quarta
(22) (Foto: Natacha Pisarenko/AP )
A moeda argentina sofreu nesta quarta-feira (22) a maior queda em um único dia desde 2002 e acumula uma queda de 8,43% no ano, em uma agitada jornada financeira marcada por um ambiente de incerteza.
O governo da presidente Cristina Kirchner impulsiona a desvalorização monetária diante das pressões de grandes empresas argentinas, que têm observado uma perda de competitividade de seus produtos diante uma inflação anual de 28%.
A terceira economia da América Latina precisa - e vem tentando - recuperar a confiança da comunidade internacional. Para isso, decidiu adotar medidas para frear a queda do volume de reservas monetárias internacionais (uma espécie de "poupança" em moeda estrangeira, via de regra usada como uma espécie de "seguro' contra crise).
Entre as medidas polêmicas já adotadas estão a proibição da venda de dólares, limitação às importações e a cobrança de um tributo de 35% ao turismo no exterior. Para analistas, essas medidas são questionáveis.
A última decisão do governo, adotada nesta quarta-feira, foi aumentar os controles e restrições às compras pela internet ao exterior, um mercado que movimenta US$ 350 milhões anuais, e sobre o qual pesa um encargo de 50% sobre compras superiores aos 25 dólares.
Aparição de Cristina Kirchner
A presidente Kirchner reapareceu nesta quarta-feira, pela primeira vez em mais de um mês, em ato público e durante sua intervenção, transmitida por cadeia nacional, preferiu não fazer referência a esses temas.
"Este ano a desvalorização vai superar a inflação. O problema é que só com a desvalorização, não se corrigem falhas da macroeconomia", disse à AFP o economista chefe da consultora Econométrica, Ramiro Castiñeira.
Mas na Argentina não se observa ainda um cenário de crise como em 2001, quando entrou na maior cessação de pagamentos contemporânea, com uma recessão brutal, desemprego e pobreza estimada em 57%, já que o entorno regional e internacional não é o mesmo. A economia argentina agora conserva alta dinâmica de consumo, baixo desemprego, desendividamento e subsídios que atenuam a pobreza.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Cristina Kirchner será operada hoje, terça 8 // Hematoma no cérebro

http://m.jb.com.br/internacional/noticias/2013/10/07/medicos-confirmam-cirurgia-de-cristina-kirchner-nesta-terca-feira/

Médicos confirmam cirurgia de Cristina Kirchner nesta terça-feira

Presidente argentina será submetida a operação para retirada de hematoma no cérebro

Agência ANSA
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, será operada nesta terça-feira, dia 8, pela manhã, após sentir um "formigamento" no braço esquerdo, sintoma da "coleção subdural crônica [hematoma]" diagnosticada neste final de semana, anunciou a equipe médica que a atende.
Cristina deu entrada nesta segunda na clínica Fundación Favaloro, onde foi submetida a exames no último sábado, informou a imprensa local. 
De acordo com o jornal local Clarín, Cristina foi levada no final da manhã ao local (especializado em problemas cardiológicos) para ser examinada após serem registrados novos sintomas do hematoma, causado por um traumatismo craniano sofrido em 12 de agosto.
No sábado, os médicos chegaram a divulgar nota oficial informando que Cristina ficaria um mês de repouso por motivos de saúde, em plena campanha para as eleições legislativas de 27 de outubro. Segundo o comunicado oficial, os médicos determinaram o afastamento de Cristina por causa do traumatismo craniano.
Na época, explicou o comunicado, a presidente fez uma tomografia computadorizada do cérebro, que apresentou resultados normais.    
Mas no sábado (5) ela se internou na Fundación Favaloro porque apresentava um quadro de arritmia. Os médicos pediram uma avaliação neurológica ao Instituto de Neurociências e diagnosticaram uma "coleção subdural crônica [hematoma]. Em 2012, ela retirou um tumor da tireoide.    
Os 30 dias de repouso, recomendado pelos médicos, coincidem com a reta final da campanha para as eleições para renovar metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado. Atualmente, Cristina - que está na metade de seu segundo mandato - conta com a maioria no Congresso. Nas primárias, realizadas em agosto passado, o kirchnerismo sofreu a pior derrota em dez anos - desde que Nestor Kirchner foi eleito presidente em 2003 e foi sucedido por sua mulher Cristina Kirchner, reeleita em 2011.    
O kirchnerismo não tem candidato às eleições presidenciais de 2015. Nestor Kirchner morreu em 2010 e Cristina só tem direito a dois mandatos consecutivos. Por isso, as eleições legislativas servirão para forjar alianças politicas e medir as forças dos presidenciáveis.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Cristina Kirchner tem dificuldade de explicar viagem às Ilhas Seychelles / Clarín

ACTUALIDAD

PERIODISMO PARA TODOS

El Gobierno respondió con un exabrupto a la denuncia de que Cristina viajó a un paraíso fiscal

La Presidenta hizo una escala en Islas Seychelles. El Ejecutivo dice que fueron 13 horas y no dos días, como dice un decreto e informó ayer Lanata. Parrilli cuestionó: "¿Por qué le cree al Boletíin Oficial?". Y acusó al periodista de ser "un asesino mediático".

"Cuanta impunidad", la respuesta de CFK en Facebook

La Presidenta eligió la red social para calificar de "show mediático" al programa de Lanata. Y sostiene que el objetivo de los informes contra el Gobierno "nunca es la verdad".

La AFIP dijo que las islas Seychelles sí son un paraíso fiscal para Argentina

Ricardo Echegaray desmintió la información presentada anoche por Lanata, asegurando que la AFIP no sacó a Seychelles del listado de "paraísos fiscales". También aprovechó para pegarle a Clarín.

La extraña escala de Cristina en las Seychelles

Estuvo en enero y se informó en marzo. Allí hay una empresa relacionada con la ruta del dinero K.

Stolbizer: “La escala en Seychelles no tiene explicación"

"El ocultamiento termina sembrando un manto de dudas razonables", dijo. Respaldó las denuncias de Milman en PPT.

Cómo son las islas de la discordia

Un archipiélago de 115 islas, bellezas naturales y temperatura ideal. Mirá imágenes y videos.

domingo, 21 de abril de 2013

"Estou esperançoso com o destino da América Latina", Vargas Llosa

ENTREVISTA - 19/04/2013 22h17 - Atualizado em 19/04/2013 22h17
TAMANHO DO TEXTO

Mario Vargas Llosa: "Dilma não deveria apoiar uma fraude eleitoral"

O escritor peruano diz que a eleição de Nicolás Maduro foi roubada, defende o casamento gay e acha que a Argentina merecia alguém melhor que Cristina Kirchner

JOÃO GABRIEL DE LIMA E LUÍS ANTÔNIO GIRON


PROXIMIDADE Mario Vargas Llosa em São Paulo. “Governos democráticos não devem se tornar cúmplices de governos autoritários” (Foto: Ag. Na Lata/Ed. Globo)
O escritor peruano Mario Vargas Llosa, de 77 anos, ganhador do prêmio Nobel de Literatura de 2010, voltou ao Brasil, depois de três anos, para dar uma palestra no ciclo Fronteiras do Pensamento, em São Paulo. Defensor dos princípios liberais e democráticos, Llosa é hoje um dos raros intelectuais públicos militantes. “Estou esperançoso com o destino daAmérica Latina”, diz. “Pela primeira vez, o continente conta com uma esquerda não autoritária e uma direita genuinamente interessada em democracia.” Uma exceção, segundo ele, é o chavismo na Venezuela – tão absurdo que, em sua opinião, daria um romance. 

Como o livro se chamaria? O autor de A festa do bode, ficção sobre o ditador dominicano Rafael Trujillo, responde, bem-humorado: A festa do passarinho. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, durante a campanha eleitoral, disse em discursos que ouvia a voz de Hugo Chávez no canto dos pássaros. Abrindo várias vezes o sorriso largo que se tornou sua marca, Llosa deu a seguinte entrevista a ÉPOCA. 
ÉPOCA – Como o senhor analisa a eleição na Venezuela, vencida por Nicolás Maduro por uma diferença de pouco mais de 1 ponto percentual?
Mario Vargas Llosa –
 Henrique Capriles ganhou as eleições. O uso da máquina do Estado e de seus meios de comunicação foi tão desproporcional que Nicolás Maduro deveria ter vencido o pleito de forma avassaladora. Não foi assim. Houve praticamente um empate. Isso significa claramente que há uma grande reação do povo venezuelano contra o chavismo, contra o que representa Maduro. Por isso, a possibilidade de fraude é grande. Também por isso, me parece justo fazer a recontagem rigorosa dos votos. Os presidentes da América Latina não deveriam legitimar uma possível fraude eleitoral, indo assistir à entronização de Maduro. Seria um ato de cumplicidade contra o povo venezuelano, que claramente pede a democratização, a abertura, a mudança de política. É um momento importante, talvez fundamental, na história da América Latina.

ÉPOCA – A presidente Dilma Rousseffenviou cumprimentos a Maduro pela vitória, logo que saíram os primeiros resultados das eleições. Isso é uma forma de apoio?
Llosa – 
É um ato de cumplicidade com o que está ocorrendo na Venezuela. É lamentável isso partir de um governo democrático. Dilma não deveria apoiar uma fraude eleitoral. Ela não é o único caso. Todos os que fazem isso me parecem igualmente lamentáveis. Deveria haver maior coerência entre a política internacional e a política nacional por parte dos governos democráticos. Os governos que praticam a política chavista, que querem o socialismo autoritário, entendo que se solidarizem com Maduro. Mas governos que praticam internamente a democracia agem de forma absurda quando se tornam cúmplices de governos autoritários, mesmo que seja para aplacar internamente  seus radicais. Felizmente, alguns mostram independência. É positiva a atitude da OEA (Organização dos Estados Americanos), ao pedir a recontagem de votos. E devo felicitar governos como o da Espanha, que não enviarão ninguém para representar o país na posse de Maduro, enquanto não se esclarecer o que aconteceu de fato nessas eleições. 
"Os países chavistas representam o atraso na América Latina. Os países que progridem são os comprometidos com a democracia"
ÉPOCA – O socialismo fascinou muitos escritores na América Latina. O caso mais conhecido é o colombiano Gabriel García Márquez, que apoiou o regime cubano. No caso da Venezuela de Chávez, não apareceram muitos escritores para apoiar o regime. O que mudou?
Llosa –
 Mudou algo muito importante. É a primeira vez que um governo populista e autoritário conta com a oposição de praticamente toda a classe intelectual. As universidades, que costumavam ser radicais na Venezuela, são praticamente todas antichavistas, estão na vanguarda na luta pela democratização. Não conheço um escritor venezuelano importante que não esteja combatendo em favor da democratização. A única exceção é o romancista Luís Britto Garcia. É um sintoma alentador, porque, no passado, a intelectualidade latino-americana cometeu a insensatez de apoiar regimes como Cuba, a ditatura mais longa que o continente já teve em toda a sua história.
O presidente venezuelano Hugo  Chávez (1954-2013). Para Llosa,  ele é uma exceção no continente (Foto: Lynsey Addario/VII Network/Corbis)
ÉPOCA – O senhor foi um desses intelectuais, não? Quais as razões para esse fascínio por Cuba e Fidel Castro?
Llosa – 
Sim, também faço minha autocrítica. Reconheço que, quando jovem, senti um entusiasmo acrítico com o que acontecia. No fim dos anos 1950, quando a América Latina era um continente de regimes militares e osEstados Unidos apareciam como aliados dos ditadores, Cuba parecia representar a alternativa, o progresso, a democracia, a liberdade. Por outro lado, parecia uma revolução que não tinha sido feita pelo stalinismo e o Partido Comunista, e sim por jovens idealistas, socialistas libertários. Estávamos enganados sobre a Revolução Cubana no início. Havia um contexto que explicava esse entusiasmo. É difícil manter a ilusão 54 anos depois. Cuba é uma ditadura que destruiu o espírito crítico, empobreceu selvagemente o país. O país depende hoje da caridade venezuelana. Ao lado da Coreia do Norte, Cuba representa o maior anacronismo de nosso tempo. Esses regimes não são modelos para ninguém. Vivem o final de seus ciclos, como aconteceu com todos os regimes socialistas autoritários do mundo.
ÉPOCA – Há, hoje, vários intelectuais latino-americanos comprometidos com a causa democrática, inclusive em Cuba.
Llosa – 
Sim, claro. Recentemente conheci duas mulheres extraordinárias. Uma delas é a cubana Yoani Sánchez, uma mulher inteligente, que converteu seu blog num instrumento de protesto e crítica, sob condições dificílimas. A outra é María Corina Machado, uma deputada de oposição venezuelana, mulher de personalidade extraordinária e grande convicção democrática. Ela fez uma palestra na Argentina sobre o que ocorre na Venezuela. Conclama os democratas de todo o continente a se solidarizarem com o povo venezuelano nesta luta tão heroica – que, ademais, é uma luta por todos nós. Se o chavismo continuar a fazer estragos na Venezuela, todos estamos ameaçados na América Latina.
ÉPOCA – O senhor escreveu no romance Conversa na catedral que as toxinas do autoritarismo demoram a sair do corpo de uma nação. Essas toxinas estão finalmente começando a sair do continente, a América Latina?
Llosa – 
Acredito que sim. Se você compara a situação hoje com a de 15, 20 anos atrás, há um progresso considerável. Temos muito mais governos democráticos que autoritários. Acontece agora um fenômeno: a existência de uma esquerda democrática, pela primeira vez, na América Latina. Antigamente, a esquerda era autoritária, acreditava em governos firmes, em políticas intervencionistas, no Estado empresário e lidava mal com a diversidade. Isso está desaparecendo pouco a pouco. A esquerda está se tornando civilizada. Da mesma forma, a direita também ficou democrática, bem diferente da direita golpista, militarista do passado. A nova esquerda e a nova direita estão dando à América Latina um dinamismo, um progresso que justifica o otimismo. Os países que seguem o chavismo são poucos e representam um atraso em relação ao restante dos países latino-americanos. São os países democráticos que progridem, não só em termos econômicos, como também políticos.
ÉPOCA – No Brasil, os quatro pré-candidatos à Presidência são de partidos que se definem como “esquerda”. Por que a direita desapareceu por aqui?
Llosa –
 É um fenômeno bem latino-americano: ninguém quer ser de direita. No máximo, aceita-se ser de centro-esquerda. Mas não importa tanto as etiquetas que os partidos põem, e sim o que fazem. E o que fazem hoje está mais para centro-direita do que para esquerda.
"Vivi na Inglaterra nos anos de Thatcher. Com ela, o país voltou a ter um protagonismo e uma presença internacional extraordinários"
ÉPOCA – Qual sua impressão sobre o legado da primeira-ministra britânicaMargaret Thatcher, cuja morte recente tem rendido homenagens, mas também protestos?
Llosa – 
Vivi na Inglaterra nos anos de Thatcher. Conheço as obras mais positivas dela. Quando ela subiu ao poder, no fim dos anos 1970, a Inglaterra era um país apagado, mergulhado na mediocridade do socialismo. As empresas eram estatizadas. O Estado crescia de uma maneira cancerosa, perdera o nervo criativo e o dinamismo. O país empobrecia e se mediocrizava. A palavra “decadência” exprimia fielmente a realidade inglesa. A transformação promovida por Thatcher foi extraordinária, com as privatizações realizadas com um critério eminentemente social. As empresas foram obrigadas a competir. Acabaram-se os subsídios, o clientelismo, os privilégios. A economia de mercado obviamente trouxe alguns sacrifícios, mas, ao mesmo tempo, gerou um progresso formidável da economia inglesa. Pela primeira vez em muitos anos, a renda per capita da Inglaterra superou a França. A Inglaterra voltou a ter um protagonismo e uma presença internacional extraordinários.
A primeira-ministra inglesa Margaret Thatcher (1925-2013). Llosa faz  um balanço positivo de seu governo (Foto: Terry O’Neill/Hulton Archive/Getty Images)
ÉPOCA – Não há nada a criticar em Thatcher? E o apoio ao ditador chileno Augusto Pinochet?
Llosa –
 O apoio a Pinochet foi lamentável. Ela fez isso para agradecer os serviços que a ditadura chilena prestou à Inglaterra durante a Guerra das Malvinas. Também foram lamentáveis os últimos anos do governo de Thatcher, com os ataques à Europa, numa atitude nacionalista exacerbada. Mas, quando fazemos um balanço dos anos Thatcher, o lado positivo é muito maior.
ÉPOCA – O senhor conheceu Thatcher pessoalmente?
Llosa – 
Encontrei com ela quatro vezes. A primeira foi num jantar promovido por Hugh Thomas, então ministro dela. Durante a conversa, a submetemos a um verdadeiro exame, educado mas severo. No final, quando ela foi embora, um dos presentes, o professor Isaiah Berlin, disse uma frase que resumiu a impressão geral: “Nothing to be ashamed of”. Nada do que possamos nos envergonhar. A segunda vez encontrei-a em seu gabinete em Downing Street. Eu era candidato à Presidência do Peru e lhe perguntei: “Primeira-ministra, se ganhar a eleição, qual seria a decisão mais importante que eu deveria tomar?”. Nunca esqueci a resposta: “Cerque-se de um grupo leal e corajoso. Porque, se você fizer as reformas liberais, a reação será tão feroz que as piores traições virão de seus amigos, não de seus adversários”. E Thatcher sairia do poder não porque a oposição ganhou, e sim por uma traição interna do Partido Conservador, encabeçada por Geoffrey Howe (chefe de gabinete de Thatcher).
ÉPOCA – E os outros dois encontros?
Llosa –
 A terceira vez que a vi foi no México. Ela desmaiara durante uma conferência, estava abatida. Lembro-me do marido dela, Dennis Thatcher, que contraíra uma espécie de horror da América Latina depois daquela excursão. Chamava a todos nós de “mexicanos”. Da última vez que a vi, ela estava já fora do poder. Fui a sua casa acompanhado de cubanos exilados, que queriam convidá-la para fazer uma conferência em Miami. Ela se mostrou simpática e divertida, tomou três uísques. Falou muito, contou piadas. No final, acompanhou a gente até a porta e, como uma menina revolucionária, levantou o braço e disse: “Temos de derrotar Castro!”.
"Os gays sofreram terrivelmente ao longo da história, sobretudo em países machistas como os latinos. A união homossexual é bem-vinda" 
ÉPOCA – O que o senhor pensa do governo argentino?
Llosa –
 A Argentina não merece o governo da senhora Kirchner. É um país que já foi Primeiro Mundo, quando três quartos da Europa pertenciam ao Terceiro Mundo. Foi um país industrial, que teve um sistema educacional fora de série. Foi o primeiro país que acabou com o analfabetismo no mundo – ninguém mais se lembra disso. Como a Argentina pode ter retrocedido dessa maneira? Foi por razões puramente políticas, e isso tem um nome: peronismo. Minha esperança é que venha uma reação das bases. Não há sentido algum a Argentina fazer parte do pelotão dos regimes atrasados, encabeçado por Raúl Castro e Nicolás Maduro. É um anacronismo flagrante, que não faz jus ao país.
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Ela representa a permanência do peronismo (Foto: AFP)
ÉPOCA – A união civil entre homossexuais tem sido um tema bastante discutido na América Latina. Ela foi aprovada no Uruguai, na Argentina... Llosa – ...e espero que seja aprovada em todos os países da América Latina. É um ato de justiça contra uma minoria perseguida, que sofreu terrivelmente ao longo da história, sobretudo em países machistas como os nossos. Já era hora de haver uma reação positiva para combater esse preconceito absurdo de que são vítimas os homossexuais. Os direitos humanos precisam ser compreendidos na América Latina em toda a sua extensão. O casamento gay é a reparação de uma injustiça. E é bom que figure na agenda política.  
ÉPOCA – O senhor acredita que o papa Francisco, argentino, colaborará com o progresso dos direitos humanos e com as liberdades individuais?
Llosa –
 As primeiras iniciativas do papa têm sido boas. Ele está se aproximando das pessoas e dando mostras de simplicidade e modéstia. Dá a impressão de ser um homem bem-intencionado, consciente de que a Igreja Católica precisa realizar uma política de abertura e modernização. A Igreja tem se tornado anacrônica e assim continuará, se ele não abordar com coragem as reformas necessárias.

ÉPOCA – O que teria de mudar na Igreja Católica?
Llosa –
 Duas reformas seriam importantes. A Igreja teria de abolir o celibato clerical, em parte responsável pelos escândalos de pedofilia que tanto dano trouxeram. E teria de dar acesso à mulher a cargos e responsabilidades eclesiásticos. A Igreja mantém uma discriminação antimoderna.
ÉPOCA – Até que ponto ganhar o Prêmio Nobel foi importante para sua vida? Alguns escritores sentiram-se paralisados criativamente com o Nobel, como o irlandês Samuel Beckett. Isso acontece ao senhor, que criticara o prêmio no passado?
Llosa –
 Ganhar o Nobel foi uma grande surpresa. Estava absolutamente seguro de que nunca me dariam o Nobel. Eu tinha feito todo o necessário para não ganhá-lo, com tudo o que defendo e critico. Olha, o Nobel é uma semana de sonho. A gente vai a Estocolmo para receber o prêmio – e vive uma espécie de realidade divertida, belíssima, simpática. Em seguida, essa semana de sonho dá lugar a um ano de pesadelo. Porque a responsabilidade, as obrigações, as indicações, o assédio dos jornalistas, tudo isso é algo enlouquecedor. É preciso lutar para conseguir algum tempo para poder escrever. É terrível. Estou contente, claro, mas ganhar o Nobel envolve realmente uma pressão terrível. Ganhei, estou feliz, como feliz de ter ganhado outros prêmios ao longo de minha vida, mas já estou velho para ficar vaidoso com um prêmio a menos ou a mais. Continuo a fazer meu trabalho, embora com mais dificuldade, porque a pressão é maior. É importante manter as ilusões e os projetos até o último momento. Lutar contra o tempo. Isso mantém o homem vivo, e isso tenho de sobra.

ÉPOCA – No livro A anatomia de um instante, o escritor espanhol Javier Cercas esmiúça um único acontecimento histórico num livro, o golpe militar contra o presidente Adolfo Suárez em 1981. Existe um tema da história atual que, a seu ver, daria um livro?
Llosa –
 Eu escolheria esta transição à democracia que acontece na Venezuela. A rejeição do populismo autoritário terá um enorme significado, não apenas para a Venezuela e os países semivassalos da Venezuela – casos de Nicarágua, Bolívia e Equador –, mas também para toda a América Latina. Isso dará um grande impulso à democracia. É um momento nevrálgico, que merece uma reportagem a respeito, como a de Cercas sobre o golpe na Espanha.

ÉPOCA – Não poderia ser um romance, como A festa do bode, que o senhor escreveu sobre a República Dominicana?
Llosa –
 Poderia, só que o título seria A festa do passarinho.  

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Lupa financeira alcança mentiras de Cristina Kirchner sobre inflação

17/04/2013
 às 20:34 \ Vasto Mundo

A FALTA QUE FAZ A LIBERDADE DE IMPRENSA: reportagem crítica de VEJA ao governo Cristina Kirchner cai na web e milhares de leitores argentinos visitam o blog — para concordar com o que publicamos

(CLIQUE NA IMAGEM PARA VÊ-LA EM TAMANHO MAIOR)
(CLIQUE NA IMAGEM PARA VÊ-LA EM TAMANHO MAIOR)
Amigas e amigos, o blog está sendo visitado por milhares de leitores da Argentina — até agora, mais de 30 mil –, atraídos por reportagem de VEJA mostrando as tramoias econômicas do governo da presidente Cristina Kirchner e reproduzida neste espaço no dia 29 de março.
Num país em que a liberdade de imprensa está cada vez mais restrita pela prepotência do kirchnerismo, e em que poucos veículos de imprensa têm coragem de publicar verdades que o governo detesta, foi só ser publicada nota a respeito no site do tradicionalíssimo jornal La Nación (fundado em 1870) na segunda-feira, 15, que a reportagem se espalhou para todo lado: o próprio jornal voltou ao assunto no dia seguinte, e o tema foi reproduzido também no Yahoo argentino e, entre outros, no site urgente24.
Abaixo, uma amostra dos comentários de leitores argentinos que confirmam o retrato triste que VEJA fez da situação da Argentina, seu governo e sua economia, e elogiam a revista e o blog. Os leitores estão identificados com o nome com que se apresentaram e os textos são reproduzidos da forma como vieram. Alguns, num português canhestro, utilizaram o Google Tradutor para enviar suas mensagens.
Confiram:
Dito – “Lastimoso que la realidad de Argentina la conozcan mejor en el exterior que en el propio país… Estamos como cuando teníamos que escuchar radios de otros países para saber cómo iba la guerra de Malvinas…”
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Fabian — “lo que dice este articulo es totalmente cierto y cualquier argentino que aparezca aqui diciendo lo contrario es un amigo del gobierno que quiere seguir haciendo creer la mentira en la que nos tienen desde hace tiempo. La prueba son las innumerables empresas extranjeras que cerraron y se fueron, y ni hablar de las empresas argentinas que se fundieron!!!”
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Francisco — “Hola gente, soy argentino. Excelente nota, coincido 100 % con lo dicho por Valentina Ponce.
Por suerte en Argentina existe un periodismo que bajo altísima presión de los medios oficiales sigue mostrando las barbaridades que hace el gobierno K. El gobierno K está desesperado por demostrar de cualquier manera que la verdad mostrada y demostrada, documentada legalmente, es mentira. Existe una máquina de decir barbaridades, que permite obrar con prepotencia inusual a los mismos funcionarios políticos para imponer “su” verdad. Es como si estuvieran viviendo en Argentina y mirando la calidad de vida en Mónaco. A principio de semana se anunció el congelamiento de los precios de los combustibles por 6 meses. En las últimas 48 horas YPF (petrolera oficial) ya lo aumentó más del 10 %. Está prohibida la compra de moneda extranjera y se castiga al que la vende; por la peatonal Florida del centro porteño hay un vendedor cada tres metros que anuncia a viva voz la venta de dólares, euros, etc. Éstos son amigos K y no se los castiga. Espero, por ser ARGENTINO que pronto toda esta miseri y decadencia podamos dejarla atrás y volver al país civilizado que habíamos empezado a disfrutar.”
***
Px — “Soy argentino, vivo en Argentina. CFK es la peor presidente desde el 1983. Es un gobierno de mafiosos, estafadores, asesinos. Nada de lo que yo pueda decir les va a dar una idea de lo mal que se vive. No espero nada, a esta altura. Quiero que se vayan del gobierno.”
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Mario — “Hola, la nota dice la verdad al 100%. Agradezco que nuestros vecinos los brasileros lean la verdadera realidad de lo nefasto que es este gobierno…la corrupcion es elevadisima, impunidad es una palabra habitual hoy en dia. Seguimos asi sin que nadie haga nada, Argentina lamentablemente esta siendo enferma de un Kancer que, sin la ayuda externa, no podremos salir… el problema que veo es que de a poco la region (sudamerica) se va contagiando del mismo mal…primero Venezuela, ahora Argentina, en poco tiempo Bolivia, despues Paraguay, Ecuador y vaya uno a saber que pasa… entiendo que Brazil esta fuera de este peligro por el momento pero no se olviden que lamentablemente seremos vecinos de por vida y, si una manzana se pudre, el cajon entero se pudre.
Un abrazo y ojala ustedes brasileros hagan algo coherente por la region.”
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Mrs. Afrodita. — “Soy Argentina y lo dicho en este articulo es 100% real. Me da verguenza ajena mi pais corrupcion a gran escala en todas las esferas! Al final el presidente de Uruguay tenia razon, esta vieja es peor que el tuerto! Gracias por reflejar nuestra actualidad!”
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Tigrao – “En Argentina un grupo mafioso sustenta el poder político. Como son mafiosos utilizan métodos gansteriles para mantenerse en el poder, desde la manipulación de datos públicos, intimidación y represión a los disidentes utilizando diversas metodologías, compra de votos, prácticas populistas de distribución de fondos públicos, distorsión de los valores y premisas constitucionales y sobre todo el vaciamento permanente y constante de dinero público y proveniente de negociados corruptos, evadiéndolos a traves de paraísos fiscales. La falta de liderazgos dentro de la oposición allanan el camino fácil de estos delincuentes. Como consecuencia, la división social creó dos grupos antagónicos: los favorecidos contra el grupo que los sustenta. Gracias por ocuparse de los problemas argentinos, porque en nuestro país la libertad de prensa está restringida.”
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GAVINO — “…totalmente cierto Ricardo lo que escribis,.pero no hace falta que te lo diga, lo sabes. La mayoria de los que comentan en contra de esta nota son blogueros pagados a tal fin por el gobierno..”
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Sebastian – “Lamentablemente el daño que los KK hicieron a la sociedad tardará no menos de 20 años en revertise, y eso es si se hacen las cosas bien desde ahora… Lamentablemente, como no se dé un giro de 180°, Argentina es una causa perdida.”
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Aldo Escudero – “Muchas gracias por la nota. Refleja la realidad argentina. Una mafia llamada peronismo esta enquistada en el poder de Argentina desde hace décadas, y ha logrado pervertir el sistema democrático y republicano, de modo tal que por un mecanismo ilegal y corrupto, extraen fondos del presupuesto nacional, usandolo parte para un enriquecimiento personal y parte para financiar campañas políticas que pervierten a grandes masas populares, convirtiendolas en “clientes politicos”, acostrumbrandolos a recibir beneficios sin trabajar, y sumergiendolos en la ignorancia y la miseria, ya que tampoco acceden a una educacion que les permita decidir libremente su futuro. Peron decia ‘zapatillas si, libros no’”.
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Tabano – “Oi Galera! Es asim. Pero muchos argentinos no compartimos en absoluto su gestión, su visión de país, ni su proyecto absolutista. No nos juzguen a todos por la idiotez de algunos! Um forte abraço pra os irmãos do Brasil! Un fuerte abrazo también para ti y para el pueblo hermano de Argentina. Su país y su pueblo son mucho más grandes que los políticos.”
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Roberto — “Esto que esta en esta nota es 100% verdad. Argentina se parece cada dia mas a nuestra madre patria Venezuela.
Gracias y un afectuoso saludo desde Argentina.”
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Ama – “Estamos muy mal Yo no confio en vos CRISTINA!!!”Eu NO confio em voce CRISTINA!!!”
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Valentina Ponce — “Muy buen articulo. Los felicito por la mirada de la realidad de mi pais. Por otro lado, como argentina estoy de acuerdo con los comentarios de mis compatriotas. Pero me gustaria agregar un par de variables a la situacion: educacion y trabajo. 10 años de asistencialismo KK mediante Planes de ayuda economica, deja como herencia dos generaciones de ignorantes y vagos. La ignorancia de los derechos basicos los vivimos diariamente con por ejemplo los cortes de ruta o la toma ilegal de tierra y la vagancia de los que no trabajan porque el estado les paga un subsidio … por no trabajar. Aun cuando en las proximas elecciones el movimiento KK se retire del gobierno, el daño ya esta hecho. Triste realidad.”
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Eugenia — “Sou Argentina, a semana passada eu estive em Brasil e foi triste demais ouvir palavras muito fortes sobre meu pais. Nossa situacon e terrible… sento muita mágoa…”
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José Ignacio Bettolli — “Como argentino, me duele la nota,que por cierto describe con claridad nuestra realidad.
Es lamentable que un país con la potencialidad del nuestro esté siendo llevado al desastre por una banda de ladrones y corruptos que se han enriquecido a costillas del pueblo.”