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sábado, 11 de julho de 2015

O Brasil parece não ter compromisso com o futuro.../ O Estado de São Paulo / Editorial


Editorial de “O Estado de S. Paulo”: Na contramão da inovação

Um dos desafios do país é inovar mais. No entanto, o governo brasileiro parece não se dar conta dessa realidade. Ao invés de buscar meios para promover um ambiente favorável à inovação, o governo tem sido um claro empecilho ao desenvolvimento de novas tecnologias. Conforme revelou reportagem do Estado, atualmente, a duração média de um processo de pedido de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) é de 11 anos. Em algumas áreas, o tempo de espera é ainda maior. Por exemplo, um pedido de patente do setor de telecomunicações leva aproximadamente 14 anos para ser aprovado.
Não raras vezes, esse longo período de espera para a obtenção de uma patente faz a inovação tornar-se obsoleta. Por exemplo, existem no Inpi pedidos de patente de software desenvolvidos em 1997. Dificilmente sua aprovação terá ainda alguma serventia ou sentido econômico, pois o tempo corroeu qualquer benefício que tal descoberta tecnológica poderia proporcionar.
O desempenho do Inpi deixa o Brasil no penúltimo lugar entre 20 países no ranking de celeridade para a aprovação de uma patente. O país só ganha da Polônia. Os países mais ágeis são os Estados Unidos e a Coreia do Sul. Mas há também casos de sucesso na América do Sul. Na Colômbia e no Peru, por exemplo, o tempo médio de aprovação de uma patente é de 2 a 3 anos.
A lentidão dos processos no Inpi – autarquia vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) e responsável por aprovar os pedidos de patente – vem se agravando ao longo dos anos. Em 2003, o tempo médio para o encerramento de um processo de pedido de patente era de 6 anos. Em 2008, estava em 9 anos; agora está em 11 anos.
A razão para essa delonga relaciona-se com o sucateamento do instituto. Em setembro de 2013, o então presidente do Inpi, Jorge Ávila, havia reconhecido em audiência no Congresso Nacional que “o panorama geral é triste. É uma calamidade”. No final daquele ano, Ávila foi substituído por Otávio Brandelli, que também já não está na função. Em abril, a presidente Dilma Rousseff o exonerou e ainda não definiu seu substituto. A presidência do órgão é ocupada interinamente por Ademir Tardelli.
Um dos dados mais preocupantes do Inpi é a carência de examinadores, cuja quantidade vem diminuindo. Em 2012, eram 225; agora, 192. Atualmente existem no instituto 184 mil pedidos de patente, o que dá uma média de 960 pedidos por examinador. Nos Estados Unidos, a média é de 77 pedidos para cada técnico. A média brasileira de pedidos por examinador pode diminuir em breve, já que 100 pessoas foram aprovadas em concurso público para a função, mas, até o momento, ninguém foi convocado.
Um técnico do Inpi, ouvido pelo Estado, relatou problemas que afetam o funcionamento do órgão: falha na digitalização dos documentos, calotes de empresas terceirizadas, falta de material. Há vezes em que falta até mesmo papel. “A situação no Inpi é insustentável, uma bagunça, nada funciona direito, examinadores são pressionados e assediados por chefes e diretores”, afirmou o técnico do órgão, que pediu anonimato.
Num discurso em junho do ano passado, a presidente Dilma Rousseff disse: “Eu sei que tem um delay entre a pesquisa e a patente, mas, no nosso país, há que se reconhecer que temos poucas patentes”.
Em primeiro lugar, deve-se reconhecer que o delay brasileiro está acima de qualquer senso de razoabilidade – e urge diminuí-lo. Deve-se também admitir que a causa para o baixo número de patentes pode estar relacionada com o longo tempo de espera. Não é muito animador saber que irão se passar 11 anos até se obter a patente de uma nova tecnologia descoberta. Esse longo prazo de espera é uma clara mensagem de desestímulo à inovação.
Como sempre, o governo faz suas promessas. No início de 2012, chegou a afirmar que o tempo médio para obtenção de uma patentes seria reduzido para dois anos e meio. A promessa ficou no papel.
Fonte: Editorial de O Estado de S. Paulo, 9/7/2015

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Os enrolos do PT / coluna de Augusto Nunes / Estadão

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/opiniao-2/editorial-do-estadao-as-tramas-do-lulopetismo/


02/06/2015 
 às 11:05 \ Opinião

Editorial do Estadão: As tramas do lulopetismo

Documento interno da corrente do PT da qual Lula é o mandachuva, a ser apresentado no Congresso do partido que se reúne este mês em Salvador, proclama: “Não se pode fazer da necessidade de sanear a situação fiscal a ocasião para a apologia de uma política econômica conservadora, cujas consequências bem conhecemos”. A crise em que o projeto de poder de Lula mergulhou o País sugere, porém, que a forma mais adequada de colocar a questão é outra: não se pode fazer da necessidade de defender conquistas sociais a ocasião para a apologia de uma política econômica populista e irresponsável cujas consequências, que bem conhecemos, é o empobrecimento geral.
Não passam de pura encenação e de mero jogo de disputa de poder os arreganhos dos lulopetistas contra o projeto de ajuste fiscal coordenado, em nome da presidente da República, pelo ministro Joaquim Levy. Ninguém no PT ignora que o futuro do partido depende da capacidade do governo, pelo qual o partido é responsável, de corrigir os próprios erros para promover a recuperação da economia e a retomada do crescimento, condição essencial à garantia e ampliação de conquistas sociais. Ninguém, no PT de Lula, ignora que a gravidade da situação exige o remédio amargo do corte de despesas e aumento de taxas e tributos, agora, indispensáveis para o saneamento das contas públicas. Ninguém no PT de Lula – como, de resto, todos os brasileiros, à exceção talvez da militância acrítica e da massa sindical manipulada – ignora que o ajuste fiscal exige sacrifícios do conjunto da sociedade e não apenas dos mais pobres, embora seja sensato e justo cuidar para que o impacto sobre estes últimos seja o menor possível.
Mas o lulopetismo está comprometido, muito mais do que com a defesa de causas populares das quais se proclama patrono exclusivo, com sua própria ambição de permanecer no poder a qualquer custo. Por isso não se peja de, sendo o partido do governo, posar de opositor às medidas que o governo propõe para tirar o País do buraco no qual o lançou.
A estratégia lulopetista consiste em atacar Joaquim Levy, o “mão de tesoura”, o “neoliberal”, o “representante dos banqueiros”, na tentativa de vê-lo substituído pelo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, antigo e competente membro do quadro petista, saudado como “desenvolvimentista”. Supondo que Dilma Rousseff se deixe pressionar a ponto de promover essa troca, o que ocorrerá? Nelson Barbosa vai rasgar o programa de ajuste fiscal que ajudou Levy a elaborar e está ajudando a implantar, independentemente de eventuais divergências pontuais com o parceiro? Dilma Rousseff, que claramente apoia o trabalho que seu ministro da Fazenda desenvolve em seu nome, vai pedir desculpas ao PT e abandonar a “política econômica conservadora”?
Se o comando da equipe econômica viesse a ser assumido por alguém indicado pelo PT – na hipótese aparentemente improvável de que, por qualquer razão, Joaquim Levy deixasse o cargo –, é difícil de acreditar que, no essencial, alguma coisa mudasse. O discurso oficial seria certamente “adaptado” às tradicionais bandeiras petistas, mas o programa de ajuste permaneceria basicamente o mesmo, por absoluta falta de alternativa. E, docemente constrangidos, os petistas assumiriam a mesma postura pragmática que adotaram no primeiro mandato de Lula, quando as bases para seu ambicioso programa social foram garantidas pela estrita observância dos fundamentos do Plano Real e Lula e o PT faturaram alto com os resultados obtidos.
De qualquer modo, um problema sério estaria criado. Quando nomeou Joaquim Levy, a presidente da República tinha em mente a intenção de conquistar a confiança e o apoio do mercado para o desafio de recolocar o País na trilha do crescimento. É certo que os agentes financeiros e econômicos, daqui e de fora, considerariam uma eventual reviravolta dessa natureza um retrocesso definitivamente comprometedor da credibilidade do governo Dilma.
Aos trancos e barrancos o governo tem conseguido aprovar no Congresso as propostas para o reajuste fiscal. Se tudo der certo, todos ganham, inclusive o PT. Mas Lula continua pescando em águas turvas para poder botar em Dilma a culpa de tudo o que der errado.

domingo, 7 de junho de 2015

"A agonia de um segredo " / Fernando Gabeira./ coluna de Augusto Nunes (atualizado)

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/opiniao-2/fernando-gabeira-a-agonia-de-um-segredo/


05/06/2015
 às 9:56 \ Opinião

Fernando Gabeira: A agonia de um segredo

Publicado no Estadão
FERNANDO GABEIRA
Quando surgiu, achei grave e um pouco subestimado o veto de Dilma ao projeto de transparência nos negócios do BNDES. Ela entrou em conflito com o Congresso. Dias depois, o próprio Supremo autorizou o Tribunal de Contas a ter acesso aos empréstimos à Friboi, empresa que financia generosamente as campanhas do PT.
Em qualquer país onde o governo entre em choque com o Congresso e o Supremo o tema é visto como uma crise institucional. Como se não bastasse, Dilma entrou numa terceira contradição, desta vez consigo mesma: partiu dela a lei que libera o acesso aos dados públicos.
O ministro Luiz Fux (STF) sintetizou seu voto numa entrevista: num banco que move dinheiro público, o segredo não é a arma do negócio.
O PT tem razão para temer a transparência. Súbitos jatos de luz, como a denúncia do mensalão e, agora, do petrolão, abalaram seus alicerces. No caso do BNDES, não se trata da possibilidade de escândalos. É uma oportunidade para conhecer melhor a história recente.
Empresas amigas como a Friboi e a Odebrecht, governos amigos como os de Cuba e Venezuela, foram contemplados. Em ambos, a transparência vai revelar o viés ideológico dessa orientação. Um porto em Cuba, um metrô em Caracas são apenas duas escolhas entre mil possibilidades de usar o dinheiro. Para discutir melhor é preciso conhecer os detalhes. Na campanha Dilma mentiu sobre eles, ocultando o papel de fiador do Brasil.
O que sabemos da Friboi? Os dados indicam que destinou R$ 250 milhões a campanhas do PT. Teremos direito de perguntar sobre os detalhes do empréstimo do BNDES e até desconfiar de seus elos com campanhas eleitorais.
A análise da política do governo deverá estender-se à sua fracassada tentativa de criar empresas campeãs. Quem foram e quem são os parceiros, que tipo de transação? Como dizia Cazuza, mostre sua cara, qual é o seu negócio, o nome do seu sócio.
No momento do veto prevaleceu uma certa Dilma. Mas a outra Dilma, a que mandou a lei de acesso, é que estava no rumo certo da História. Não só porque a transparência é um desejo da sociedade, mas porque a tecnologia estreita o espaço do segredo.
Os debates nos EUA concentram-se hoje numa restrição à vigilância de indivíduos, sem licença judicial. Mas chegam a essa discussão graças a Edward Snowden, que revelou os próprios segredos do governo.
Ironicamente, Dilma foi espionada pelos EUA e decreta o sigilo nos dados de um banco que movimenta recursos públicos. Sou solidário com ela no primeiro episódio. Evidente que seria atropelada no segundo. Esta semana começou a ensaiar a retirada, via Ministério do Comércio, que vai disponibilizar dados das transações internacionais e algumas nacionais.
O PT deveria meditar sobre o segredo. Ele foi detonado pela quebra do segredo entre quatro paredes, no mensalão. Agora, no caso da Petrobrás, entraram em cena novos mecanismos de investigação, melhor tratamento dos dados.
Nos primeiros meses de governo, já tinha uma visão do PT. Nem todos a compartilhavam, pois o partido venceu três eleições depois de 2002. Aos poucos, os momentos de transparência sobre os escândalos foram criando uma percepção nacional sobre o tipo de governo que se implantou no Brasil.
Não há dúvidas de que os segredos do BNDES serão revelados. Sociedade, Congresso e Supremo caminham numa mesma direção. E o próprio governo começa a abri-los.
É um elo para a compreensão do papel do PT. Embora ainda não tenha os dados completos, já posso afirmar que o BNDES financiou pobres e ricos. Mas ambos, os pobres de socialismo, como os ricos aqui, do Brasil, são escolhidos entre os amigos do governo. De um modo geral, o processo foi de financiar amigos ricos para que construam para os amigos pobres.
Tanto a Friboi como a Odebrecht fazem parte dessa constelação política econômica que dominou o fluxo dos investimentos do BNDES. Isso teve repercussão nas campanhas eleitorais. De um lado, o Bolsa Família assegurava a simpatia dos eleitores: de outro, a bolsa dos ricos contribuía para as campanhas do tipo vivemos num paraíso. Contribuía, porque hoje sabemos que outras fontes menos sutis, como o assalto à Petrobrás, injetavam fortunas no esquema.
Falou-se muito no petrolão como o maior escândalo da História, mobilizando pelo menos R$ 6 bilhões. Quando todos os segredos, inclusive os do fundo de pensão, forem revelados, não importa a cifra astronômica que surgir daí: o grupo brasileiro no poder é o mais voraz em atuação no planeta. Não posso imaginar salvação depois da conquista desse título.
O PT e aliados podem continuar negando, na esperança de que o tempo amenize tudo. É uma tática de avestruz. Será que não se dão conta de que apenas um décimo da população os aprova hoje? O que será do amanhã, quando quase todos saberão quase tudo sobre o que fizeram com o País?
Nesta paisagem de terra arrasada, a economia é apenas uma das variáveis. O processo político degradou-se, os valores foram embrulhados por uma linguagem cínica, a credibilidade desapareceu já há tempo. O Brasil pode até conviver com esse governo, que tem mandato de quatro anos. Mas não creio que mude de opinião sobre ele, alternando momentos de um desprezo silencioso com as manifestações de hostilidade.
Um governo nasce morto e a lei nos determina um velório de quatro anos. Muito longos, até os velórios costumam ser animados. E algo que anima este velório é a revelação dos últimos segredos, como o sigilo do BNDES e tantas outras linhas de suspeita que foram indicadas nas investigações da Petrobrás. E daqui por diante nem o futebol será uma distração completa. A cúpula da Fifa transitou de um hotel cinco-estrelas para uma cela de prisão. Imprevisíveis roteiros individuais rondam os donos do poder. E essa história ainda será escrita com todas as letras.

domingo, 15 de junho de 2014

Um passeio de drone mostra diversos lugares interessantes do mundo

Drone reúne paisagens filmadas por drones em várias partes do mundo Filmes com Monumento ás Bandeiras, em SP, e geleiras da Antártida são destaques de plataforma Por Camilo Rocha

sábado, 12 de outubro de 2013

PCC e um partido novo? Pois é... parece !

http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/pcc-planeja-matar-o-governador-geraldo-alckmin-revelam-escutas
Atualizado: 11/10/2013 14:15 | Por Marcelo Godoy, estadao.com.br

PCC planeja matar o governador Geraldo Alckmin, revelam escutas

Escutas mostram membros da facção se queixando da repressão ao tráfico no Estado e discutindo um plano para executar o governador de São Paulo



PCC planeja matar o governador Geraldo Alckmin, revelam escutas (© Estadão Conteúdo)
SÃO PAULO - O Primeiro Comando da Capital (PCC) decretou a morte do governador Geraldo Alckmin. Interceptações telefônicas mostram que pelo menos desde 2011 a facção planeja matar o governador de São Paulo. O Estado teve acesso ao áudio de uma interceptação telefônica na qual um dos líderes do PCC, o preso Luis Henrique Fernandes, o LH, conversa com dois outros integrantes da facção. O primeiro seria Rodrigo Felício, o Tiquinho, e o segundo era o integrante da cúpula do PCC, Fabiano Alves de Sousa, o Paca.
Veja também:

A conversa ocorreu no dia 11 de agosto de 2011, às 22h37. Paca questiona os comparsas sobre o que deveriam fazer. Em seguida, manda seus comparsas arrumarem "uns irmãos que não são pedidos (que não são procurados pela polícia) e treinar". O treinamento para a ação seria para fazer um resgate de presos ou para atacar autoridades.
No meio da conversa, surge a revelação. LH diz que o tráfico de drogas mantido pela facção está passando por dificuldades. E diz: "Depois que esse governador (Alckmin) entrou aí o bagulho ficou doido mesmo. Você sabe de tudo o que aconteceu, cara, na época que 'nois' decretou (mandou matar) ele (governador), então, hoje em dia, Secretário de Segurança Pública, Secretário de Administração, Comandante dos vermes (PM), estão todos contra 'nois'."
Em escutas recentes, a ordem de matar o governador foi novamente mencionada por membros do PCC.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Vem aí uma longa briga - Reproduzido do suplemento “Link” do Estado de S.Paulo, 2/4/2012; intertítulos do OI | Observatório da Imprensa | Observatório da Imprensa - Você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito

Vem aí uma longa briga - Reproduzido do suplemento “Link” do Estado de S.Paulo, 2/4/2012; intertítulos do OI | Observatório da Imprensa | Observatório da Imprensa - Você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito

MARCO CIVIL DA INTERNET

Vem aí uma longa briga

Por Tatiana de Mello Dias em 03/04/2012 na edição 688
Reproduzido do suplemento “Link” do Estado de S.Paulo, 2/4/2012; intertítulos do OI
u acho que vai ser difícil”, diz o deputado João Arruda (PMDB-PR), presidente da comissão da Câmara criada na semana passada para discutir o Marco Civil da Internet. “A discussão passa pela censura. Passa pelas empresas privadas. E também pelos responsáveis por investigar crimes. É preciso encontrar equilíbrio.”
Arruda foi o escolhido pelo PMDB para presidir a comissão especial que vai discutir o Marco Civil da Internet, projeto de lei enviado pelo Executivo ao Congresso em agosto do ano passado. O Marco Civil adapta alguns direitos da Constituição – como a liberdade de expressão e a privacidade – à internet. Além disso, estabelece parâmetros para a atuação de empresas. Por exemplo, o Google e o Facebook, segundo o texto, não podem ser responsabilizados por conteúdo postado por usuários. Hoje, na falta de regulação, muitas vezes a Justiça brasileira culpa os provedores por posts. O Marco Civil também obriga as empresas a guardarem registros de conexão por um ano (contra três anos do PL 84/99, a Lei Azeredo, prazo considerado extenso demais).
“O monitoramento dos cidadãos pode ser visto como censura. Não podemos colocar uma tornozeleira em cada cidadão pensando que eles podem cometer um crime. O monitoramento seria como se estivéssemos grampeando todos os telefones do Brasil”, diz Arruda.
Ao mesmo tempo, porém, o deputado afirma que é preciso ouvir a polícia. Ele cita uma reclamação do banco Itaú, de que perderia R$ 500 milhões a cada seis meses por causa de fraudes bancárias na internet. “Eu quero ouvir os que entendem de tecnologia, a polícia científica, e ao mesmo tempo aqueles que consideram que um trabalho muito rigoroso de investigação possa gerar censura”, diz. “Eu quero provocar os militantes da internet a encontrarem soluções conosco.”
Meados do ano
O texto do Marco Civil da Internet surgiu de um extenso processo iniciado no Ministério da Justiça no final de 2009. O ministério apresentou um texto-base, com princípios para a atuação dos usuários, empresas e governos na internet no Brasil. O projeto foi discutido em consulta pública na internet ao longo de 2010 e enviado ao Executivo no fim daquele ano. Permaneceu parado até agosto do ano passado, quando a presidente Dilma Rousseff o enviou aos deputados. E, para eles, ainda há muito mais o que debater sobre o projeto.
Segundo o relator da comissão, Alessandro Molon (PT-RJ), o plano é realizar audiências públicas pelo País e discutir o texto por meio do site e-Democracia, portal da Câmara dedicado a debates abertos à população sobre projetos de leis. “Nós acreditamos que ainda é possível aperfeiçoar o texto”, diz Molon. Para João Arruda, a discussão na Comissão, “não pode ser o fim do debate na internet”.
Um dos pontos destacados por Arruda é a definição de regras para as empresas. “A privatização das telecomunicações fez nosso país ter um número enorme de reclamações. A internet não pode virar o que viraram as empresas de celular. Temos de exigir qualidade de serviço, discutir tecnologia e preço”, argumenta.
Arruda é autor de um projeto de lei que prevê a instalação de Wi-Fi gratuito em órgãos e instituições que recebem recursos públicos. Outro ponto a ser aperfeiçoado, acredita Molon, é a definição de parâmetros para a proteção dos dados dos usuário. “É preciso definir até onde o Marco Civil pode avançar”, explica.
Tanto o presidente quanto o relator da Comissão planejam enviar o projeto para votação em plenário até o meio do ano. Arruda, porém, é mais cauteloso. “É preciso neutralizar todos esses pontos nos próximos meses e chegar a um acordo entre todos os pontos de resistência. Acho que vai ser difícil”, diz.
Definição do cronograma
O presidente da comissão é um dos autores do PL 2793/2011, que tipifica crimes digitais, apresentado pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP), em coautoria com outros membros da base aliada. A proposta foi uma estratégia do governo para brecar o trâmite do PL 84/99, que tem uma forte oposição por ser considerado restritivo demais.
O Marco Civil da Internet é visto como uma legislação prioritária – o governo quer aprovar o texto antes de qualquer lei de cibercrimes ou outra regulação para a internet. A próxima reunião da comissão está marcada para terça-feira [3/4]. Nela deve ser definido o cronograma de atividades.
[Tatiana de Mello Dias, do Estado de S.Paulo]


domingo, 29 de janeiro de 2012

Estádio do Corinthians será mais caro do que outros seis estádios da Copa 2014...

http://esporte.uol.com.br/futebol/copa-2014/ultimas-noticias/2012/01/28/dinheiro-publico-no-itaquerao-chega-a-r-581-mi-mais-que-o-custo-de-seis-estadios-da-copa.htm


Dinheiro público no Itaquerão chega a R$ 581 mi, mais que o custo de seis estádios da Copa


O cálculo considera os incentivos destinados pela prefeitura de São Paulo ao Corinthians (R$ 420 milhões em créditos tributários), a construção de arquibancadas móveis com 20 mil lugares que serão bancadas pelo Estado de São Paulo (a um custo estimado pela Odebrecht, que constrói o estádio, de R$ 70 milhões) e a renúnicia fiscal do governo federal através do Recopa (Regime Especial de Tributação para Construção, Ampliação, Reforma ou Modernização de Estádios de Futebol), estimada em R$ 91 milhões e obtida pelo Corinthians na sexta-feira.
O valor da renúncia representa 10% do valor total da obra do estádio, excetuando a parte bancada pelo governo estadual. Isso porque a assessoria de imprensa do Corinthians informou que o incentivo fiscal concedido pelo Recopa não implica em redução do custo da obra, uma vez que o orçamento da arena foi calculado considerando que o estádio conseguiria as isenções.
Assim, o valor do estádio sem a parte do governo estadual (R$ 820 milhões), representaria 91% do custo total sem os incentivos federais. Dessa forma, sem a isenção, o preço seria de R$ 911 milhões. Como a economia de impostos pelo Recopa é de cerca de 10%, R$ 91 milhões é a renúncia federal com o estádio corintiano.
Além dos recursos públicos injetados no estádio do Corinthians, há um financiamento de R$ 400 milhões provido pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que finaliza a composição financeira da obra. Tal montante não foi incluído no cálculo porque trata-se de um empréstimo, que deverá ser pago de volta ao banco estatal. Caso não seja, o fiador é o Banco do Brasil.