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segunda-feira, 2 de maio de 2011

O vôo do buquê de noiva

                                          O VÔO DO BUQUÊ DE NOIVA 

O cerimonial do casamento no mundo tem tradição que vence o tempo. Seu ritual  de milhares de anos permanece em uso sem grandes mudanças. Seu sistema  atravessa fronteiras, infiltra-se em culturas de diversas nações, e impõe-se como tradição.

Com cerimônias acordadas pela experiência ora religiosa, ora profana, ora cultural, ora  financeira elas acompanham os casais como um patrimônio sentimental ou um conceito de valor. Distribuem, assim, suas inúmeras possibilidades de tratar um momento de sagração, de um processo de sedução.

Os noivos caminharam pela passagem do namoro, noivado e chegaram ao altar de consagração de um contrato nupcial. Passaram por jogos de atração, pelos embates de convencimento, por fim, pelo pleito da eleição.

A certificação do processo iniciado, em geral anos atrás, torna-se pública. A diplomação cartorial habilitará o casal a cingir seus sentimentos guardados entre si. A cerimônia religiosa vai nomear uma rainha de branco que fará todos se levantarem à sua chegada à nave nupcial e causará rebuliço, admiração, aprovação, quem sabe inveja. Ao mesmo tempo, aguçará o senso crítico das mulheres, provocará lágrimas,

No altar, desfilam promessas, cânticos, fotos, filmagens, flores,  velas. Ali está o início da jubilação. Um rito de passagem. Uma despedida de um roteiro que nomeia o tempo anterior em jazigo de solteirice. Segue-se um protocolo de afirmação de intenções misturado com os sentimentos de alegria e espanto do futuro par. Somos convidados a levantar os braços e dirigir a palma da mão e torná-las um carimbo de bênção ao casal. E de repente, a emancipação, o selo de independência para os noivos: marido e mulher!

A partir daí, no roteiro da cerimônia, os noivos descem três ou dois degraus , do nível do sagrado, e chegam a outro patamar: o chão da igreja. Ainda assim, seguem acolchoados pela proteção do espaço interior da igreja,  do carisma que ela possui, das metáforas que ela abriga e prega com fé; pelos votos das suas famílias, mais as expectativas dos amigos e padrinhos. Passo a passo, deixam para trás os suspiros da assembléia de esperanças, e percorrem os últimos metros até encontrar outros degraus e tocam o piso da vida: a rua.

Nesse instante tudo muda. Sem bênçãos e carinhos ficam de costas para igreja e passam a serem cobrados por sorrisos, contorções para poses... Estão na companhia dos fotógrafos e cinegrafistas.

Vencem a etapa de transição do momento religioso para a cerimônia laica e sentem-se mais à vontade em seus novos papéis ao se encontrarem com os convidados de sua festa no salão lotado. Quase de imediato todo o roteiro profano modifica o ambiente por causa do movimento que a noiva faz. As meninas atentas percebem que está chegando a hora do buquê da noiva voar até elas. A platéia feminina começa a se organizar para o momento da loteria. Quem será premiada com o ramalhete de flores? 

Tudo pronto. A rainha da festa posiciona-se de frente para o futuro, dá as costas para o passado e atira o símbolo da vitória na direção do sonho de suas amigas presentes. As flores mágicas fazem um percurso de menos de um segundo e voa na direção das mãos de uma delas. O ‘troféu’ é apertado entre os dedos nervosos, esperançosos da sorteada e fica pronto para competir com a desconfiança que se opõe ao mito do buquê de noiva.

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