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Uma crônica que tem perdão, indulto, desafio, crítica, poder...

sábado, 1 de setembro de 2018

O Bispo, a Globo e o Diabo ...

http://aluizioamorim.blogspot.com/2018/09/o-bispo-globo-e-o-diabo.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+BlogDoAluizioAmorim+%28BLOG+DO+ALUIZIO+AMORIM%29

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

O que o Brasil tem contra o Brasil?

https://www.estadao.com.br/

Lava Jato cobra 31 milhões de Lula pelo caso do triplex

https://www.gazetadopovo.com.br/politica/republica/lava-jato-cobra-r-31-milhoes-de-lula-no-caso-triplex-865bx60a0on5rtqwr4nipr2ee

Mais de Michael Jackson... / Forbes

https://youtu.be/sOnqjkJTMaA
Súmula de Forbes

O tráfico está ganhando a guerra do Rio de Janeiro

Traficante tem dinheiro e boas armas, a polícia não: http://cbn.globoradio.globo.com/media/audio/208924/traficante-tem-dinheiro-e-boas-armas-policia-nao.htm
Traficante tem dinheiro e boas armas, a polícia não: http://cbn.globoradio.globo.com/media/audio/208924/traficante-tem-dinheiro-e-boas-armas-policia-nao.htm

Bolsonaro : "Como presidente vou tirar o Brasil do Conselho dos Direitos Humanos da ONU... "

https://www.gazetadopovo.com.br/instituto-politeia/bolsonaro-conselho-onu/

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Boa parte de brasileiros corteja o desastre

Augusto Nunes (@augustosnunes) tweetou: Nascida em BH, Dilma virou gaúcha com pouco mais de 20 anos e chegou ao Planalto pela rota do RS. Agora setentona, a pior governante da História lidera a corrida para o Senado em MG. Os eleitores de Dilma pertencem à tribo cujo maior sonho é a eternização do pior dos pesadelos https://twitter.com/augustosnunes/status/1035154536200065024?s=17

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Notícias do dia no G1

https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/08/29/brasil-tem-mais-de-208-milhoes-de-habitantes-segundo-o-ibge.ghtml

Fortaleza vira cidsde sem paz


Cidade de Fortaleza registra 43 mortes em 4 dias

Assassinatos aconteceram após as mortes de três policiais na periferia da cidade; em todo o Estado, foram mais de 60 mortes

Arthur Soares, Especial para O Estado
29 Agosto 2018 | 20h25
FORTALEZA - Pelo menos 43 pessoas foram mortas em quatro dias, de quinta-feira a domingo, em Fortaleza, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Em todo o Estado, foram mais de 60 mortos. 
Os assassinatos aconteceram após as mortes de três policiais na periferia da cidade. Os homicídios do sargento da reserva José Augusto de Lima, de 58 anos; do tenente Antônio Cezar Oliveira Gomes, de 50; e do subtenente Sanderley Cavalcante Sampaio, de 46, aconteceram na quarta-feira da semana passada. 
Representantes da SSPDS, porém, descartam a ligação entre os crimes e atribuem as mortes de civis à guerra de facções por disputa pelo tráfico de drogas.
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Boneca Momo reacende debate sobre segurança de crianças na internet

Imagem que circula nas redes sociais é relacionada a boatos sobre morte e manipulações

Priscila Mengue e Aline Torres, O Estado de S. Paulo
29 Agosto 2018 | 19h57
Uma imagem feminina de longos cabelos pretos e olhos grandes tem causado preocupação entre mães e pais. Chamada de Momo, a boneca reacende o debate sobre a segurança de crianças e adolescentes na internet, após preocupações com o jogo da Baleia Azul, no ano passado. A boneca Momo é apontada em correntes de internet como um espírito que envia mensagens de terror, especialmente por um número japonês de WhatsApp. As discussões sobre a boneca cresceram nas redes sociais e em canais de YouTube a partir de meados de julho. 
Isso deu origem a boatos de que criminosos teriam criado perfis falsos da Momo para abordar crianças e adolescentes pela internet, a fim de extrair informações, extorquir e manipular. O caso de maior repercussão atribuído supostamente à boneca é o de Artur Luis Barros dos Santos, de 9 anos, que foi encontrado enforcado no quintal de casa no Recife em 15 de agosto. Embora ainda esteja em investigação, há poucos indícios de que a morte do menino tenha sido causada por um perfil ligado à boneca - de acordo com Yêda Nascimento, advogada da família.
Segundo a advogada, a única ligação com a Momo é que o garoto havia mostrado rapidamente uma foto da boneca para a mãe, a professora Jany Nascimento. Após a morte do filho, ela soube por uma sobrinha de que existia um desafio de enforcamento compartilhado por perfis da boneca.
Especialista em crimes cibernéticos, Yêda acredita que o menino tenha morrido acidentalmente ao tentar cumprir um desafio de sufocamento divulgado pela internet, mas sem relação com a boneca. “Encontramos dados importantes que nos fazem crer”, aponta. De acordo com ela, Artur era de uma família de classe média, fazia natação e badminton e não apresentava nenhum sinal de depressão. “Não tinha motivos para suicídio”, afirma.
Caso seja comprovado que o menino foi induzido a participar de um desafio, o autor pode ser responsabilizado por indução ao suicídio. A pena pode ser de dois a seis anos, com prazo ampliado quando infringido contra menor de idade, segundo a advogada.
A confeiteira Muriel Moura, de 34 anos, foi abordada pela filha de 12 anos quando a menina recebeu uma suposta mensagem da boneca há pouco mais de um mês. "Ela recebeu uma mensagem dizendo que a conhecia e sabia onde morávamos e que fazia bolos. Minha filha veio pálida me mostrar", conta. Elas decidiram, então, bloquear o número e apagar as mensagens. "Ela havia comentado que estavam mandando mensagens para todos da escola”, conta a capixaba.
Em julho, dez colegas de uma escola no interior de Santa Catarina receberam mensagens do momo, que começaram como conversas banais e avançaram para um comportamento pedófilo. Assustadas com o pedido de fotos sensuais, as garotas resolveram mostrar o conteúdo aos pais, que foram juntos registrar  a ocorrência na delegacia. 
“Ele queria fotos íntimas”, conta o delegado Felipe Orsi, da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso. O criminoso, segundo ele, “aparentava observar a rotina das meninas”, por saber o nome de cada uma e pelo desenrolar da conversa. O texto não parecia ser escrito por outra criança ou adolescente.

Origem da boneca Momo

A Momo é divulgada com a imagem de uma escultura japonesa de uma mulher-ave exibida na Vanilla Gallery, de Tóquio, em 2016. Ela começou a ser mais compartilhada a partir de julho, entrando em declínio no fim do mês, de acordo com dados do Google Trends. No Brasil, voltou a ser comentada após a divulgação da morte do menino pernambucano.
Na internet, ganhou repercussão em especial no YouTube, onde canais postam supostas conversas com a boneca como se fossem reais. Há, ainda, aqueles que criaram vídeos cômicos sobre o assunto. Por outro lado, pais têm compartilhado correntes que misturam informações falsas e verdadeiras sobre a Momo.
Há uma semana, um colégio de Salvador divulgou nota em que negava ser o autor de um alerta a pais que viralizou no WhatsApp. Outras instituições de ensino também já emitiram comunicados sobre o tema, como a Rede Salesiana Brasil de Escolas e o Centro Educacional Recriando, do Rio de Janeiro.

Cuidados com crianças na internet

A situação tem reacendido debates sobre segurança de crianças e adolescentes na internet. Neste mês, a ONG Safernet chegou a emitir a nota com dicas para as famílias após ser procurada por pais e educadores. “Precisamos ter uma cautela muito grande para lidar com esse tipo de tema, porque pode despertar a curiosidade dos jovens, que entram em um circuito e buscam um conteúdo que nem sabiam que existia”, ressalta o diretor de Prevenção e Atendimento, Rodrigo Nejm.
No caso do Momo, por exemplo, ele diz que o conteúdo pode ser veiculado por alguns motivos. O mais simples deles é o de “zoeira” ou brincadeira, realizado especialmente entre adolescentes, mas há também aqueles que utilizam informações disponíveis na internet (a partir de pesquisas em redes sociais) para extorquir a criança ou adolescente.
Nejm lembra que, principalmente pelas redes sociais, é possível encontrar informações pessoais que podem ser utilizadas para dar a impressão de que o criminoso conhece a criança. “Alguns se aproveitam da onda do momento, que agora é o Momo, que já foi a Baleia Azul, para roubar conteúdo, dados. Uma vez aceita a conversa, já é possível ver o número, a foto e eventualmente até o nome completo”, ressalta.
Professor de Ciência e Computação da Mackenzie, Vivaldo Bretenitz afirma que o “perigo se inicia” realmente quando a criança ou adolescente estabelece uma conversa com a pessoa desconhecida. Dentro disso, é preciso estar atento a links que possam ser utilizados para extrair dados da vítima. “Fica mais complicado, porque estabelece uma conexão com o dispositivo.”
Além disso, a Safernet ressalta que a participação dos pais é importante. “Quando acontece alguma coisa, a criança ou adolescente sabe que fez besteira e tem medo de contar, por medo de levar bronca, ficar sem celular”, diz Nejm. Outra dica é não ridicularizar as crianças quando afirmam estar amedrontadas ou em sofrimento.
“A internet é a maior praça pública do planeta. Como um espaço público, tem pessoas mal intencionadas, não é 100% adequado para uma criança. Ela pode saber mexer, mas, dependendo da idade, não tem discernimento para diferenciar o que é lenda urbana.”

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Michael Jackson... e seus "60 anos "

https://youtu.be/rmCA3qQkqso

terça-feira, 28 de agosto de 2018

26.100 mortes violentas no primeiro semestre do ano sem pedir números de 3 estados...

Mapa da violência registrou mais de 26 mil assassinatos no primeiro semestre do ano 2018

Índice nacional de homicídios criado pelo G1 acompanha mês a mês os dados de vítimas de crimes violentos no país. Como não estão contabilizados números de Maranhão, Paraná e Tocantins, que não divulgam a estatística completa, dado é ainda maior.


Leia... fique triste e desconfie como que o Brasil consegue ser conhecido como a "casa de mãe Joana !

Caminho da bala: como munição desviada da PM de SP foi usada em crime no Rio e contra a própria polícia em tiroteio

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Image copyrightKAKO ABRAHAM/BBCIlustração sobre roubo de munição e uso dela para crimes

O pedreiro Antonio de Oliveira, de 45 anos, chegou às 6h45 no trabalho naquela segunda-feira, 18 de agosto de 2014. Desceu de sua moto, uma XRE-300 vermelha, na altura do número 100 da avenida Sapopemba, uma das mais importantes vias da periferia de São Paulo, na zona leste. Então sentiu algo encostar em seu ombro: uma arma. "É um assalto", disse uma voz.
Os desdobramentos desse roubo, que terminou na morte do assaltante, apontam para um problema que voltou à tona com oassassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) , ocorrido em março deste ano: as falhas no controle e o desconhecimento das autoridades sobre o que acontece com parte da munição comprada pelas forças de segurança do país. A parlamentar foi morta com projéteis desviados da Polícia Federal, e o crime continua sem solução.
No caso do roubo narrado acima, as balas que estavam na arma do assaltante vinham de um lote de munição da Polícia Militar de São Paulo, o BQZ-91. Depois do roubo, o ladrão usou os projéteis para atirar em agentes da própria corporação.
Nos últimos dois meses, a BBC News Brasil investigou a história desse lote. Ele foi comprado pelo governo estadual junto à Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) em 2008 - custou R$ 6,8 milhões aos cofres públicos. Além do roubo na zona leste paulista, a trajetória do BQZ-91 é marcada por furtos dentro da própria polícia, desvios para facções criminosas e assassinatos no Rio de Janeiro.

O assalto da moto em Guaianases

O entregador de pizzas Geovane dos Santos, de 18 anos, foi apontado pela polícia como o ladrão que roubou a moto do pedreiro Antonio de Oliveira. Uma hora depois do crime, o motoboy foi morto por dois militares com quatro tiros - três deles na barriga. Ele estava com a moto roubada em uma rua de terra de uma favela em Guaianases, bairro periférico da zona leste paulistana.

Image copyrightCECILIA TOMBESI/BBCLinha do tempo citando o roubo da munição e crimes usando balas do lote

O inquérito criminal diz que ele levou a moto do pedreiro, encontrou dois PMs pelo caminho, tentou fugir e atirou duas vezes nos agentes, mas não conseguiu feri-los. Os policiais reagiram e o mataram. O pedreiro reconheceu o jovem momentos depois, por meio de fotos, na delegacia. "Era ele mesmo. Lembro da roupa que ele usava quando me assaltou", diz Oliveira à BBC News Brasil, quatro anos depois.
O grande mistério dessa história é como o motoboy de 18 anos teria conseguido os projéteis que pertencem à Polícia Militar de São Paulo. Laudos apontaram que as duas cápsulas usadas por ele para atirar nos policiais eram dos lotes AFZ-44 e BQZ-91, ambos comprados pela corporação paulista.
O mistério intrigou o delegado Maurício José Mendes Resende, responsável pelo caso. Em 27 de janeiro de 2016, ele questionou a Corregedoria da PM, em ofício: "Solicito, com a brevidade possível, se consta eventual registro de desvio, furto ou roubo de munição calibre 38 pertencente ao lote BQZ-91".
A instituição demorou quase nove meses para responder que não tinha informações sobre desvios. "Consoante ao que nos foi informado, o controle de distribuição de munições por lote só foi iniciado a partir do ano de 2010", escreveu.
O lote BQZ-91 tinha 3,9 milhões de unidades.

Controle de munição é falho?


Image copyrightREPRODUÇÃORevólver e munição
Image captionAs cápsulas das balas supostamente usadas por Geovane. Ambas pertenciam aos lotes AFZ-44 e BQZ-91, ambos comprados pela Polícia Militar de São Paulo.

Para Bruno Langeani, gerente e pesquisador em segurança pública do Instituto Sou da Paz, a falta de controle e até de conhecimento das forças de segurança sobre sua própria munição são fatos "muito graves". "As polícias precisam saber para onde foi cada lote de munição, porque assim as investigações ficam muito mais afuniladas. Você consegue saber que a munição 'x' foi para batalhão 'y'. Se ela for desviada, será mais fácil descobrir onde ocorreu o desvio", diz.
Quando o lote é maior, com milhões de balas, a tendência é que ele seja distribuído para inúmeras unidades da polícia. Assim, é improvável descobrir onde eventualmente ocorreu um desvio.
Saber o endereço final de uma munição comprada pelo Estado, por exemplo, ajudou a esclarecer o assassinato da juíza Patrícia Acioli, morta por policiais militares em 2011, no Rio de Janeiro. Os projéteis usados no crime haviam sido enviados para um batalhão de policiais que estavam sendo julgados por ela. Apenas munição comprada pelo Estado é marcada em lotes.
Segundo o promotor Marcelo Oliveira, que por anos atuou na Justiça Militar de São Paulo, o controle da munição só começou a ser feito pouco tempo atrás, ainda que de maneira lenta. "Digamos que um policial saísse para a rua com 32 projéteis. Se ele participasse de uma ocorrência e voltasse com 20, dificilmente a polícia saberia o que aconteceu com o restante", explica.
A reportagem encontrou um caso semelhante a esse envolvendo o lote BQZ-91.
Em março de 2015, um policial militar foi preso depois de vender acesso ao rádio da PM a bandidos. Quando foi detido em seu carro, o agente portava uma arma pessoal com numeração raspada - ela estava carregada com dez projéteis do lote BQZ-91. Ele foi acusado e depois condenado por peculato, pois não poderia utilizar um recurso público em um bem particular. Seus advogados recorreram.
Segundo o promotor Oliveira, grande parte dos casos em que policiais são processados pelo Ministério Público envolvem desvios como esse ou a perda de armas e munição. "Cada PM tem uma arma (de calibre) .40, com dois cartuchos de 16 balas cada um. Há casos em que o policial alega que perdeu tudo. Ele responde por peculato. Se tiver desviado para bandidos, dificilmente alguém consegue provar o crime. A PM desconta R$ 1.200 do salário pela perda. No mercado negro, uma arma .40 com munição custa R$ 5.000", diz.

Rua onde o entregador de pizzas Geovane dos Santos foi morto pela PM, em Guaianases, zona leste
Image captionO entregador de pizzas Geovane dos Santos, de 18 anos, foi morto pela PM em uma rua da favela Etelvina, na zona leste de SP

Oliveira atuou na acusação da chacina de Osasco, quando 17 pessoas foram mortas. Três policiais militares e um guarda-civil foram condenados. As munições usadas nos crimes foram compradas pela PM, Exército e Polícia Federal - um dos lotes, da PF, também foi utilizado no assassinato da vereadora Marielle.

Quem era o jovem que atirou na PM com balas da própria polícia?

Em uma manhã de julho, a BBC News Brasil visitou a casa onde morava o motoboy Geovane dos Santos, o jovem que teria atirado em agentes em policiais usando balas da própria polícia. A família vive em uma ocupação irregular que existe há décadas em Guaianases, a 4 quilômetros da favela onde ele morreu.
Santos parou de estudar na oitava série do ensino fundamental e fazia bicos em pizzarias do bairro. Um dos seus irmãos, um garoto de 15 anos, conta que o sonho do jovem era ter uma moto XRE-300, veículo que ele teria roubado antes de morrer. "Era o que o Geovane mais queria na vida. Conseguiu. Andou um pouquinho e morreu", diz.
A matriarca da família, Elizete dos Santos, de 53 anos, conta que, no dia em que foi morto, o filho saiu de casa com quatro amigos que ela não conhecia. "Eles vieram buscá-lo aqui, durante a madrugada. Não posso dizer que ele não fez coisas erradas", diz, segurando uma caixa com os documentos do filho, entre eles, um currículo que o garoto entregava em empresas da região. "Se ele roubou alguém, prende o menino, deixa 10 anos na cadeia, dá um cacete nele. Mas não precisa matar. O que eles (PMs) fizeram foi covardia", afirma.
Um laudo pericial relatou que havia indícios de que a arma atribuída a ele (calibre 38, numeração raspada) realizou dois disparos. O caso foi arquivado depois de a Justiça Militar concluir que os policiais agiram em legítima defesa.
A Secretaria de Segurança Pública afirma que o episódio foi investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e enviado à Justiça.
Quando morreu, Geovane dos Santos deixou um filho de sete meses, hoje com pouco mais de quatro anos.

Forças de segurança ignoram orientação do Exército

A história do lote BQZ-91 começa em 2008, seis anos antes do episódio que vitimou Geovane. Vendido pela CBC à Polícia Militar de São Paulo, o BQZ-91 ocupa a décima posição no ranking de maiores lotes de munição comprados pelas forças de segurança do Brasil desde 2005. Tinha 3,9 milhões de projéteis.
O maior volume da lista tinha 19 milhões de unidades e foi vendido à Marinha.
Em 2004, o Exército, que regula o setor, lançou uma portaria que pede às forças de segurança que comprem munições com apenas 10 mil unidades por lote, no máximo. A regra, que ajudaria a esclarecer crimes pois ficaria mais fácil rastrear possíveis desvios, tem sido ignorada pelas polícias: o Estado continua a comprar um grande volume de balas de um mesmo lote.
Segundo Antônio Edílio Magalhães Teixeira, procurador do Ministério Público Federal na Paraíba, o resultado da falha na distribuição é que munições das polícias são desviadas e se espalham pelo país sem que ninguém saiba de onde elas partiram. "Como o Exército não fiscaliza e não cobra lotes menores da CBC, o que a gente tem visto é que a maior parte dos crimes segue sem solução, porque não se consegue rastrear de onde as balas saíram", diz.

Image copyrightGETTY IMAGESTipos de munição
Image captionPortaria do Exército diz que lote devem ter no máximo 10 mil unidades, mas ela nem sempre é seguida

Há alguns meses, Teixeira percebeu que balas usadas em um assalto a uma agência dos Correios na cidade Serra Branca (PB) tinham o mesmo número de lote que as do assassinato de Marielle Franco, no Rio, e da chacina de Osasco, em São Paulo. Como os projéteis saíram das mãos da PF e chegaram a criminosos diferentes em três Estados é um mistério.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou que atualmente compra lotes de 10 mil unidades e que hoje é possível rastrear os projéteis até o "nível dos batalhões", em um "controle rigoroso no armazenamento e distribuição das munições."
Já o Exército disse que está averiguando por que a CBC não vem seguindo a determinação de vender lotes menores. Também cita a criação de sistemas para aperfeiçoar a fiscalização e rastreamento de munições. Por sua vez, a CBC afirmou que a portaria do Exército é apenas uma referência e que não há lei que estabeleça a quantidade máxima de um lote. Diz que segue a legislação e que trabalha junto ao Exército para aperfeiçoar a regulamentação sobre o assunto.

Sargento desviou munição da PM

Depois de sair da fábrica da CBC, o lote investigado pela BBC News Brasil, o BQZ-91, foi enviado a um centro de distribuição da PM de São Paulo. Esse órgão é encarregado de repassar os suprimentos para batalhões e centros de treinamento.
Foi em um desses locais, a Escola de Educação Física da Polícia Militar, onde ocorreu um dos maiores desvios de munição conhecidos até hoje. O acusado (e condenado) pelo crime é o ex-sargento Ricardo Tadeu de Souza Ferraz, que entre 2005 e 2009 foi o responsável por fazer o controle de armamento e munição em treinamentos de tiro na escola.
Entre os projéteis furtados por ele estavam 2 mil unidades do lote BQZ-91, calibre 7.62 (usadas em fuzil).
O desvio só foi descoberto por acaso. No dia 29 de julho de 2009, policiais federais pararam um ônibus na cidade de Arujá, na Grande São Paulo, em uma operação de rotina. O veículo tinha o Rio de Janeiro como destino. Em malas de dois casais de passageiros foram encontrados milhares de projéteis da PM paulista.

Image copyrightGETTY IMAGESMunição
Image captionSargento furtou munição de centro de treinamento

Segundo o processo judicial, um dos membros da quadrilha afirmou conhecer um sargento da PM chamado Ricardo, ex-integrante da Rota (batalhão de elite da polícia), cuja esposa se chamava Patrícia. Disse que era esse agente que furtava e repassava as munições para serem vendidas a uma facção criminosa da favela da Rocinha, no Rio. Na agenda telefônica de uma das mulheres do bando havia o número da esposa do PM.
Dias depois, a Polícia Civil foi até a casa do sargento Ricardo Tadeu de Souza Ferraz, pois suas informações pessoais batiam com a denúncia. No local, foram encontrados outros carregamentos de munição - exatamente dos mesmos lotes que estavam no ônibus parado pela PF.
O oficial foi preso em flagrante. Depois, acabou expulso da PM e condenado a oito anos de prisão. No julgamento, sua defesa alegou que a munição encontrada em sua casa era um presente de um militar amigo. Também pediu a suspensão do processo porque um laudo do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (Imesc) apontava que Tadeu é esquizofrênico. Para seu advogado, Luiz de Vitto, ele deveria ser inimputável.
Por outro lado, a Justiça realizou outro laudo médico que afirmou o contrário: Ricardo fingia ser esquizofrênico, diz o documento.
O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal, mas o ministro Marco Aurélio Mello rejeitou os pedidos da defesa. Em julho do ano passado, a Justiça pediu a sua prisão preventiva - o agente está foragido desde então.
A BBC News Brasil procurou a família do ex-policial, mas os parentes não quiseram comentar.

Briga entre facções com munição da PM de SP

Não é possível saber se a quadrilha desviou mais projéteis da PM paulista para facções criminosas do Rio. O processo se refere apenas aos carregamentos encontrados pela PF em 2009.
No entanto, coincidência ou não, dois assassinatos na cidade de São Gonçalo, no Rio, foram cometidos com balas do lote investigado pela BBC News Brasil e desviado pelo ex-sargento Ricardo Tadeu de Souza Ferraz, o BQZ-91.
Por volta das 13h30 do dia 26 de julho de 2015, os jovens Wallace Mendes e Matheus da Silva Carvalho foram mortos na rua Expedicionário Joaquim Onilo Borges, bairro Pacheco, em São Gonçalo. Um dos rapazes levou 21 tiros e o outro, 26. Além do BQZ-91, outra boa parte das balas também foi comprada pela PM de São Paulo - há outra parcela da PF.

Image copyrightREPRODUÇÃOMunição usada em assassinatos em São Gonçalo, no Rio de Janeiro
Image captionMunição coletada na cena do crime em São Gonçalo. As balas vinham do mesmo lote que havia sido desviado da PM

A Promotoria apontou como motivo dos homicídios uma briga entre as facções Comando Vermelho e Amigos dos Amigos, que dominam o tráfico de drogas em favelas do Rio. Dois homens - um deles, menor de idade - foram presos sob a acusação de serem os assassinos, mas outras pessoas teriam participado do crime.
Segundo a denúncia da Promotoria, Cleyton Passos Gomes, o Cleytinho, decidiu assaltar uma mercearia junto a comparsas da Amigos dos Amigos. Durante o roubo, o grupo reconheceu Mendes e Carvalho dentro do estabelecimento. As vítimas seriam membros do Comando Vermelho, facção rival que comandava o morro vizinho, da Chatuba. Foram fuzilados.
As investigações apontam ainda para o motivo do crime: Mendes teria composto um funk que desagradou aos traficantes do bairro vizinho.
Cleyton foi condenado pelos assassinatos. A reportagem procurou sua defesa várias vezes nos últimos dois meses, mas os advogados não se pronunciaram até a publicação desta reportagem.
Não se sabe como os assassinos conseguiram a munição comprada pela PM de São Paulo.

'Estado armando criminosos'

Não é possível saber exatamente quantas vezes as balas do lote BQZ-91 foram usadas por criminosos. Depois de repassadas ao batalhões da PM, suas 3,8 milhões de balas praticamente saíram do radar.
Para Bruno Langeani, do Instituto Sou da Paz, a trajetória do lote BQZ-91 é um exemplo da falta de controle da munição comprada pelo Estado. "As polícias precisam enxergar que armas e munições são objetos valiosos que geram interesse na criminalidade. É preciso ter um controle de mais qualidade para evitar que esse armamento esteja no dia seguinte dando tiro em policial."
Um relatório do escritório da ONU para Paz, Desarmamento e Desenvolvimento da América Latina e Caribe, divulgado recentemente, recomendou que toda a munição brasileira "seja devidamente marcada e gravada", mesmo aquela vendida a civis. Também orientou que a norma do Exército sobre lotes menores seja cumprida.
Já o procurador Antônio Edílio Magalhães Teixeira, do MPF, analisa as consequências da falta de controle da munição brasileira. "Se continuarmos essa prática, o Estado brasileiro continuará gastando dinheiro público para armar grupos de criminosos", diz.