Palácio da Alvorada virou um comitê reeleitoral
Josias de Souza
Diz o artigo 73 da Lei Eleitoral: é proibido aos agentes públicos “ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios.”
Certas leis implicam com muita gente. Mas pouca gente implica com certas ilegalidades. Preocupados assegurar ao povo brasileiro a felicidade de mais quatro anos de presidência petista, Dilma, Lula e Cia. converteram o Palácio da Alvorada em comitê reeleitoral.
O Alvorada já sediou pelo menos quatro encontros de campanha. Num deles, em outubro do ano passado, Dilma reuniu-se por cinco horas, em pleno horário de expediente, com Lula, o marqueteiro João Santana, o presidente do PT Rui Falcão, o ex-ministro Franklin Martins e o ministro Aloizio Mercadante.
Além de financiar o palácio, o conforto, a água mineral, o cafezinho, o serviço de copa e o garçom, os contribuintes brasileiros —inclusive os que votam em Eduardo Campos e Aécio Neves— pagaram os salários de Dilma e Mercadante para que eles trocassem os negócios da nação pelas articulações partidárias.
Nesta Quarta-Feitas de Cinzas, o grupo voltou a carnavalizar o Alvorada. Além dos personagens de sempre, participaram da conversa Edinho Silva, futuro tesoureiro do comitê, e Giles Azevedo, que deixará a chefia de gabinete de Dilma para integrar-se formalmente à campanha.
Dilma e Lula já nem se preocupam em maneirar. A pretexto de silenciar o zunzunzum do ‘volta Lula’, divulgou-se nas redes sociais e no site do Instituto Lula um retrato da ilegalidade. Nele, Dilma e Lula estreitam suas diferenças num aperto de mãos na biblioteca do Alvorada. Lindo. Porém, ilegal.